PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS INTERNADOS NA CLINICA MÉDICA E CLÍNICA CIRÚRGICA EM UM HOSPITAL DE GUARAPUAVA PARANÁ Michele Teixeira (CVI-UNICENTRO), Evani Marques Pereira (UNICENTRO), Evani Marques Pereira (Orientadora), email: evanimp@hotmail.com Universidade Estadual do Centro-Oeste/Centro de Ciências da Saúde - Departamento de Enfermagem - Guarapuava PR Palavras-chave: Enfermagem, Idoso, Epidemiologia. Resumo O objetivo deste estudo foi traçar o perfil epidemiológico da população idosa internada na clinica médica e cirúrgica de um Hospital da cidade de Guarapuava. Trata-se de um estudo quantitativo, participaram quarenta e nove idosos, de ambos os sexos. Utilizou-se para a coleta de dados segmentos do Brazil Old Age Schedule (BOAS) e atendeu as normas éticas da Resolução 196/96. Para análise dos dados utilizamos o Programa EPIINFO. Permitiu conhecer a realidade social do idoso desta pesquisa caracterizada por mulheres, com idade entre 60 e 69 anos, casados, com escolaridade primária, possuem filhos e não moram sozinhos. O motivo do internamento foram os problemas cardiovasculares (38,8%), demonstrando a necessidade de repensar na reestruturação da promoção e prevenção no âmbito da saúde pública. Introdução A Organização Mundial da Saúde OMS define a população idosa como aquela a partir dos 60 anos de idade, fazendo-se uma distinção quanto ao local de residência desses idosos. Este limite é valido para os países em desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se trata de países desenvolvidos. No Brasil o idoso configura um contingente de quase 16 milhões de pessoas 2. A expectativa de vida da população tem aumentado consideravelmente, com isso o número de pessoas idosas está cada vez maior 3. O envelhecimento traz várias mudanças tanto fisiológicas quanto psicossociais para o indivíduo, diante disso, a educação em saúde é muito importante para a prevenção de várias doenças como: hipertensão, diabetes, neoplasias, osteoporose, que são prevalentes na velhice.
Materiais e Métodos Caracterizou-se por um estudo exploratório de caráter quantitativo, com idosos internados na clínica médica e cirúrgica do Hospital na cidade de Guarapuava-PR, no período de fevereiro a março de 2009. Participaram do estudo 79 idosos, nos quais 15 não possuíam condições neurológicas para responder o questionário e 12 se recusaram a participar. No total participaram 49 idosos com idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos. Foi utilizado como base para a coleta de dados segmentos do Brazil Old Age Schedule (BOAS). As entrevistas foram realizadas mediante consentimento livre e esclarecido, sendo garantido sigilo e anonimato aos participantes. O projeto foi aprovado sob o protocolo no. 100884/2007 atendendo as normas éticas da Resolução 196/96. A análise dos dados foi com uso do Programa EPIINFO. Resultados e Discussão No que diz respeito aos dados sociais, a população em estudo foi composta por 49 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, dos quais vinte e cinco (51%) eram do sexo feminino e vinte e quatro (49%) do sexo masculino. A distribuição entre as faixas etárias apresentou vinte e oito (57,1%) dos indivíduos entre 60 e 69 anos; quatorze (28,6%) entre 70 e 79 anos; seis (12,2%) com 80 e 89 anos e um (2%) com 90 anos ou mais. Destaca-se, quanto ao estado conjugal, que vinte e três (46,9%) são casados/morando junto, quatro (8,2%) são divorciados, vinte (40,8%) são viúvos e dois (4,1%) nunca se casou. Quanto à escolaridade, quatorze (28,6%) são analfabetos, trinta e um (63,3%) possui apenas o primário, três (6,1%) possui 2º grau e um (2%) possui ensino superior. Na estrutura familiar observou-se que quarenta e seis (93,9%) tem filhos e dezoito (36,70%) moram pelo menos com uma pessoa. Com o surgimento de doenças o idoso necessita de cuidados e encontra na família sua rede de apoio, neste estado de saúde há a probabilidade do desenvolvimento de sentimentos como fragilidade, dependência, insegurança, medos, tristeza e inutilidade podendo levar a agravos de saúde como a depressão. 4 Em face à hospitalização muitos idosos que antes eram chefes de família, passam desta condição, a depender de cuidadores familiares. Este enfrentamento do idoso e sua família do processo saúde-doença ocasionam necessidades, muitas vezes, de uma nova reestruturação familiar na qual um dos familiares passa a gerenciar o cuidado ao idoso. A perda de sua autonomia e
independência leva o idoso, muitas vezes, a insatisfação, o que gera uma busca de melhorar de estar melhor e qualidade de vida. Dos entrevistados, quarenta e um (83,7%) disseram estar satisfeito com sua vida de maneira geral. A satisfação com a vida pode ser definida como uma avaliação geral da própria vida que avalia suas condições de moradia, saúde, trabalho, relações sociais, autonomia entre outros, inclui também suas experiências de vida positivas, refletindo o bem-estar subjetivo individual composto pelos componentes afetivo e cognitivo 5. À medida que um indivíduo envelhece sua qualidade de vida e a satisfação é associada a questões de habilidade de manter sua autonomia e a independência 6. No entanto, este estudo demonstrou que os idoso insatisfeitos com a vida foram (16,3%) os quais apresentaram problemas de saúde, falta de atividades, problemas com moradia e conflito nos relacionamentos pessoais. Em relação ao envelhecimento, este é um processo dinâmico e progressivo que provoca alterações físicas, psicológicas e sociais causando o declínio das mesmas, e aumentando a suscetibilidade as Doenças Crônicas Não- Transmissíveis (DCNT). Com o desenvolvimento de novas tecnologias, a expectativa de vida das pessoas acima dos 60 anos aumentou. Diante disso, 38,8% mencionaram problemas cardiovasculares como causa principal de sua internação e 55,1% relatou que esse problema de saúde atrapalha a fazer as coisas que precisa ou quer fazer. As doenças cardiovasculares são as causas mais freqüentes de óbito na população idosa, conseqüentemente, as incidências das doenças cardiovasculares acompanharam o processo de envelhecimento 7. Nesta pesquisa, quando questionados em relação ao tempo que tem sofrido com estas doenças treze (31,7%) dizem ter a doença de 13 meses a 6 anos e oito (19,5%) de 7 anos a 12 anos. Quando perguntados se possui problemas nos pés que inibe a mobilidade 11 (22,4%) relataram que sim. Ainda, dezessete (34,7%) possuem problemas nas articulações dos braços, pernas, mãos e pés. Entretanto, oito (16,3%) relataram ter tido queda e três (6,1%) referiu fratura em membros superiores como conseqüência. O equilíbrio do idoso pode sofrer alterações devido a postura fletida, os passos curtos, o movimento rígido da cintura pélvica e escapular, a diminuição da visão e audição e a marcha lenta. Com o equilíbrio alterado pode sofrer queda ocasionando complicações no desenvolvimento das atividades de vida diária 8. Na população estudada, 44,9% relataram estar com a audição ruim e 55,1% disseram que a audição ruim atrapalha a fazer as atividades. Em relação a visão, 55,1% relataram estar com a visão ruim e 61,2% disseram que a visão ruim atrapalha a fazer as atividades.
A pesquisa mostra que vinte e três (46,9%) possuem perda de urina involuntariamente seja porque não deu tempo de chegar ao banheiro, ou quando está dormindo, ou quando tosse ou espirra, ou faz força. Destes, (20,4%) relatou que em uma freqüência de uma a duas vezes por semana apresentam incontinência urinária. Quanto ao uso de medicamentos, os sujeitos desse estudo demonstraram que 43 (87,8%) fazem uso de medicamentos e quarenta (81,6%) disseram usar o serviço médico de instituição pública gratuita quando necessita de atendimento de saúde, e ainda, quarenta e um (83,7%) disseram que o médico foi o responsável pela indicação do medicamento. A medicação mais utilizada pelos idosos na pesquisa foi o hipotensor arterial com vinte e nove (59,2%) de uso. No paciente idoso a terapia com hipotensor arterial deve ser utilizada com cautela, para que os sistemas renal e hepático não sejam comprometidos em relação a sua função 7. Conclusões O idoso apesar de sua doença crônica, hospitalização e medicalização possui uma percepção positiva em relação em sua vida e se diz satisfeito. Este fato ficou comprovado com quarenta e um (83,7%) dos entrevistados, que o idoso demonstrou satisfação em relação as suas condições de moradia, saúde, trabalho, relações sociais, autonomia entre outros. A relevância desse trabalho nos permitiu conhecer a realidade social do idoso residente no Município de Guarapuava onde a maioria dos entrevistados é composta por mulheres, com idade entre 60 e 69 anos, casados, com escolaridade primária, possuem filhos e não moram sozinhos. Outro aspecto importante foi o fato de 38,8% mencionar os problemas cardiovasculares como a principal causa de internação. Este dado nos remete a uma reflexão ao cuidado específico do idoso com problemas cardiovasculares, uma vez que, este alto índice apresentado no estudo demonstra uma necessidade de repensar na reestruturação da promoção e prevenção no âmbito da saúde publica. O enfermeiro deve conhecer as alterações decorrentes do envelhecimento para poder detectar precocemente os fatores de risco associados às Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT). Além, da implantação da assistência sistematizada para o cuidado proporcionando o bem-estar, autonomia, independência e qualidade de vida.
Referências Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico, 2000. Rio de Janeiro; 2002. Ministério da Saúde. DATASUS População Residente Brasil, segundo região. Período de 2007. Disponível em: < http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popuf.def>. Acessado em: 12 ago 2007. Smeltzer, S.C; Bare, B.G; Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 8a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. Neri, A.L. Qualidade de vida no adulto maduro. Interpretações teóricas e evidências de pesquisa. In Neri AL. Qualidade de vida e idade adulta. 2a. ed. Campinas: Papirus; 1999. Albuquerque, A.S; Tróccoli, B.T. Desenvolvimento de uma escala de bemestar subjetivo. Psicol Teoria Pes. 2004;20: 153-64. Organização Mundial da Saúde. Organização Pan- Americana da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: OMS/OPAS; 2005. Al Khaja, J.K.A; Sequeira, R.P; Mathur, V.S. Prescribing patterns and therapeutic implications for diabetic hypertension in Bahrain. Ann Pharmacother. 2001;35: 1350-9. Caldas, C.P. A Saúde do Idoso: a arte de cuidar. In: Caldas CP. Cuidados Relativos as Alterações Urinarias. Rio de Janeiro: EdUERJ; 1998. p. 123-124. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência Pub. L. N. 1.060-1; 2002. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual2.pdf. Acessado em 14 abr 2009. Perry, A.G; Potter, P.A. Fundamentos de Enfermagem. 6º Edição. Rio de Janeiro:Editora Elsevier; 2005. p.1647-1648.