Sociedades de Revisores OFICIAIS de CONTAS

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Sociedades de Revisores OFICIAIS de CONTAS Foto: Daniel Grill/Tetra Images/Corbis/VMI Faz parte integrante do Diário Económico n.º 5826 de 19 de Dezembro de 2013 e não pode ser vendido separadamente Estreitamento do mercado cria novos desafios à actividade de auditoria. Sociedades de revisores começam a apostar noutras geografias. Conheça as alterações que a anunciada Reforma do IRC e a nova Directiva da Contabilidade trazem às empresas e ao trabalho dos ROC.

ÍNDICE EDITORIAL FRANCISCO FERREIRA DA SILVA, SUBDIRECTOR Actividade vive tempos de mudança Pedro Aperta 06 ENTREVISTA José Azevedo Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas Queremos abrir esta actividade a outros licenciados Director António Costa Director-executivo Bruno Proença Subdirectores Francisco Ferreira da Silva e Helena Cristina Coelho Coordenação Sónia Branco Colaboram nesta edição: Fátima Ferrão e Helena Peralta Produção Ana Marques (chefia), Artur Camarão, Carlos Martins João Santos Departamento Gráfico Dário Rodrigues (editor), Ana Maria Almeida Tratamento de Imagem Samuel Rainho (coordenação), Paulo Garcia, e Tiago Maia Impressão e Acabamento SIG Presidente Nuno Vasconcellos Vice-presidente Rafael Mora Administradores Paulo Gomes, António Costa Gonçalo Faria de Carvalho Director Geral Comercial Bruno Vasconcelos Redacção Rua Vieira da Silva, nº45, 1350-342 Lisboa, Tel.: 21 323 67 00/ 21 323 68 00 Fax: 21 323 68 01 04 MERCADO DA AUDITORIA Existe muito trabalho para as sociedades de revisores, mas a pressão sobre os preços e o estreitamento do mercado fazem com que a rentabilidade seja reduzida. 10 REFORMA DO IRC Grandes e médias empresas em processo de internacionalização poderão ser das poucas entidades a beneficiar efectivamente da anunciada reforma. 12 DIRECTIVA DA CONTABILIDADE O que muda no panorama contabilístico nacional após a aplicação da nova directiva comunitária. 14 INTERNACIONALIZAÇÃO Os PALOP representam uma oportunidade para as sociedades nacionais. Conheça dois casos de sucesso. 16 OLD SCHOOL & NEW SCHOOL Duas gerações de revisores, sentados à mesma mesa, partilham visões, estratégias e opiniões sobre a profissão. 20 FÓRUM Quais os desafios e as oportunidades da actividade de revisão oficial de contas? 24 AS SOCIEDADES Conheça as SROC em Portugal O ambiente de retracção económica e o decréscimo no número de empresas sujeitas a auditoria aumentam a pressão sobre os revisores oficiais de contas, ao mesmo tempo que também sobe o nível de exigência e descem os preços. O principal activo dos ROC é a credibilidade, o que obriga a manter ou aumentar a qualidade do trabalho. Além disso, o sector público é dos mais problemáticos para os profissionais desta área que vêem a actividade tabelada perante um volume crescente de normativos e requisitos legais que complicam a vida dos auditores. As alterações sucessivas, sobretudo no novo século, prejudicam a estabilidade do edifício fiscal e abalam a confiança nas leis, sobretudo nos Orçamentos do Estado, que são o veículo da maior parte dessas alterações. Essa realidade, aliada ao incremento da regulação e às novas normas de conduta empresarial, significa uma cada vez maior exigência para os ROC que estão sujeitos ao escrutínio do mercado e a uma maior fiscalização por parte da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). As dificuldades do sector empresarial reflectem-se nas sociedades de ROC. A saída é, por isso, muitas vezes a internacionalização e os países de língua oficial portuguesa (PALOP) são a oportunidade de um primeiro passo. Os revisores oficiais de contas vivem, por isso, tempos de mudança que não são necessariamente maus, mas que exigem cada vez mais valências, resiliência e capacidade de adaptação à nova realidade e às novas regras. < > 3

MERCADO DA AUDITORIA Muito trabalho mas pouca rentabilidade O ESTREITAMENTO DO MERCADO FAZ COM QUE HAJA CADA VEZ MENOS EMPRESAS SUJEITAS A AUDITORIA. AS SOCIEDADES DE REVISORES TÊM BASTANTE TRABALHO, MAS A PRESSÃO SOBRE OS PREÇOS É MUITO MAIOR, ASSIM COMO NÍVEL DE EXIGÊNCIA DA PROFISSÃO. OMERCADO DA AUDITORIA e da revisão oficial de contas continua a enfrentar os mesmos desafios de anos anteriores. As circunstâncias actuais em que o país está mergulhado não favorecem o desenvolvimento desta profissão. Essas circunstâncias têm reflexo na actividade das empresas nacionais, que são, por sua vez, o principal mercado dos revisores oficiais de contas. Empresas a desaparecer ou a reduzirem a sua facturação, saindo assim das balizas que as obriga à revisão oficial de contas, conduzem a uma redução significativa do mercado, deixando algumas Sociedades de Revisores Oficiais de Contas (SROC) numa situação complicada. Os auditores acumulam preocupações. O estreitamento do mercado, o que leva a que haja cada vez menos empresas sujeitas a auditoria, ou porque reduzem a sua actividade ou porque se fundem ou até optam pela insolvência. As SROC têm até muito David Paul Morris/Bloomberg trabalho, mas pouca rentabilidade, e por isso muitas delas vivem ainda a contar a tesouraria ao fim do mês para pagar salários, refere, a propósito, José Azevedo Rodrigues, bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Para este responsável, a situação é transversal a todo o país e a todas as classes profissionais. O bastonário, em entrevista ao Quem é Quem nas SROC, fala mesmo numa espiral da morte, de empobrecimento geral, que debilita a economia. Para José Azevedo Rodrigues, o País necessita de uma estratégia nacional, definida para determinado período, que permita aos investidores terem uma noção clara do que podem encontrar dentro de fronteiras. Só assim se conseguirá captar investimento estrangeiro, essencial em algumas áreas. E é aqui que entram alterações normativas como o novo Código do IRC que, na generalidade, a Ordem vê com bons olhos. Para o bastonário, é fundamental um enquadramento legal que apoie as decisões de investimento, e que não seja apenas um conjunto de opções e entendimentos sem grande ligação. Na especialidade há alguns aspectos normativos com os quais a OROC não se identifica, mas estão a ser dados passos no bom sentido. Também ao nível das normas, o novo regulamento europeu para a auditoria tem registado avanços e retrocessos e a aprovação final deverá acontecer durante o próximo ano. PREÇOS E EXIGÊNCIA Outra das questões actuais nesta profissão é a forte pressão para a descida dos preços praticados pelos auditores, sobretudo no sector público, em que a actividade é tabelada. Neste ponto, a OROC revela forte preocupação, pois põe em causa a qualidade do serviço 4

O mercado da auditoria em números 1313 Revisores oficiais de contas (ROC) 698 ROC a exercer a actividade em sociedades (sócios e contratados) 494 ROC a exercer a actividade em nome individual (213 com empresas, 281 sem empresas) 222 Sociedades de Revisores Oficiais de Contas (SROC) 30.314 Entidades sujeitas a revisão (com mandato em aberto) 77 Cotadas 1308 Entidades de Interesse Público 244,7 milhões de euros Volume de negócios do sector em 2011 233,4 milhões de euros Volume negócios das SROC em 2011 11,3 milhões de euros Volume negócios ROC individuais em 2011 oferecido. Esta questão é ainda mais preocupante ao nível do sector público, muito legislado, com um grau de dificuldade e de exigência também elevado. As sociedades de revisores precisam de ter equipas com competências alargadas para este tipo de trabalho que é, efectivamente, pago abaixo do que seria desejável. Segundo o discurso de abertura do XI Congresso dos ROC, feito pelo bastonário da Ordem, o tema do mesmo era «Auditoria: Desafio e Confiança», porque este lema é o mais apropriado no contexto financeiro, económico e social por que estamos a passar, o que nos leva a acreditar que, inquestionavelmente, o serviço mais relevante transaccionado pelos revisores oficiais de contas é mesmo a confiança. E é para manter a credibilidade da profissão, que é indiscutivelmente o seu maior activo, que a OROC está empenhada em fiscalizar, cada vez mais, todos os casos que suscitem dúvidas, para manter a qualidade mínima da profissão. Não estamos preocupados com o facto de o profissional trabalhar barato, mas sim se consegue fazer um bom trabalho por esse preço, diz, em entrevista, José Azevedo Rodrigues. Acima de tudo, a profissão é hoje mais exigente do que era há alguns anos, e o grau de fiscalização também tende a acompanhar essa exigência. < > 5

ENTREVISTA José Azevedo Rodrigues Bastonário da Ordem dos Revisores Ofi ciais de Contas (OROC) Queremos abrir esta actividade a outros licenciados José Azevedo Rodrigues afirma que os novos estatutos da OROC favorecem uma maior abertura no regime de acesso à profissão. Os maiores problemas do sector continuam a ser o estreitamento do mercado e a queda de preços, sobretudo no sector público. O que se mantém e que é que se alterou na actividade da revisão de contas durante o último ano? A nova regulamentação europeia é, sem dúvida, o tema mais actual e que, aliás, se mantém desde o ano passado. As negociações com a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu não têm sido fáceis, e têm-se registado avanços e retrocessos. Há uma posição diferenciada e antagónica entre países, no que diz respeito a algumas matérias, e não temos conseguido chegar a bom porto. De qualquer forma, tem havido uma evolução positiva e o normativo actual reflecte um pouco melhor o que é a actividade da auditoria. Alguns pontos, dos quais éramos críticos, caíram e, por isso, considero que estamos no bom caminho. Mas não sabemos ainda quando sairá a nova legislação, provavelmente será em 2014. E a divisão dos países é equilibrada? Penso que não. A União Europeia tem de trabalhar por consenso das minorias de bloqueio. E Portugal, numa ou noutra matéria, tem feito parte dessas minorias. Porém, temos evoluído na questão da Directiva da Contabilidade, que foi aprovada em Junho de 2013. Esta directiva não tem grandes implicações no trabalho do revisor, mas sim no do contabilista, mas entendemos que representa um retrocesso. Ora, isso preocupa-nos bastante, pois a futura directiva de auditoria poderá seguir o mesmo caminho. A primeira tem enfoque no papel da contabilidade, e a segunda tem enfoque nos profissionais de auditoria, na sua organização, nas actividades que podem ou não exercer. A Directiva da Contabilidade permite que os contabilistas tenham mais liberdade e que se possam organizar à sua maneira, enquanto que a auditoria está mais limitada. Consideramos que o modelo subjacente à Directiva da Contabilidade é um retrocesso, pondo em causa o modelo contabilístico nacional que se tinha focado fundamentalmente nas normas internacionais. A União Europeia não alinhou numa visão anglosaxónia, mas sim numa visão mais continental, influenciada sobretudo pela Alemanha e pela França, e acredito que isso traga uma regressão nos conceitos e nas práticas contabilísticas. E a nível interno, que alterações houve? Internamente houve avanços significativos ao nível da lei das Associações Públicas de Profissionais, tendo a Ordem apresentado a sua proposta dos novos estatutos. Fizemos algumas alterações que favorecem uma maior abertura da profissão, sobretudo no regime de acesso. Pretendemos que a profissão seja aberta a licenciados, independentemente da sua formação de base. O projecto está já na fase final. Pretendemos também uma maior abertura nas relações com os PALOP, como Angola e Moçambique. Penso que os estatutos nos dão agora uma liberdade que não davam anteriormente, e, mesmo na actividade dos audito- >>> 6

7 Fotos: Pedro Aperta

ENTREVISTA >>> res, haviam limitações que hoje não se vindo a aumentar o grau de fiscalização do Conselho Nacional de Super- tamos sujeitos a preços definidos por justificam. Por isso, em conjunto com o Ministério das Finanças, entendemos remover essas limitações. maior exigência no novo regulamento visão de Auditoria e há também uma europeu de auditoria, e dos próprios Quais as maiores dificuldades que se vivem actualmente neste sector? São várias as preocupações que nos movem. A principal é o estreitamento do mercado, o que leva a que haja cada vez menos empresas sujeitas a auditoria, porque reduzem a sua actividade, realizam fusões ou avançam para a insolvência. Isto diminuiu o mercado dos auditores e provoca a necessidade de muitos fazerem uma concorrência por preços. Esta é uma matéria que nos preocupa bastante, pois há preços que não permitem remunerar as competências necessárias, o que prejudica a qualidade do trabalho oferecido. E, por isso, a Ordem vai realizar fiscalizações complementares em todos os casos que nos suscitem dúvidas. Estamos empenhados em manter a qualidade mínima na profissão, através de mecanismos que possam inverter esta tendência de descida de preços. Não estamos preocupados com o facto de o profissional trabalhar barato, mas sim que consiga fazer um trabalho bem feito por esse preço. Hoje, o nível de exigência dos auditores é muito superior ao que era há cinco anos. Tem Muitas vezes não se tem a noção de que um bom acompanhamento das contas vale muito mais do que aquilo que se paga, e a generalidade dos auditores tem feito um trabalho muito positivo no sector público. utilizadores da informação auditada, pelo que acredito que as estruturas tenham de mudar. O sector público continua a arrastar os preços para baixo? Tem vindo a aumentar o nível de intervenção dos auditores no sector público, com cada vez mais entidades obrigadas a terem auditoria. Isto é positivo para a profissão, por um lado, porque melhora a transparência das contas públicas, mas, por outro, es- decretos ou despachos ministeriais. Muitas vezes não é possível fazer o trabalho por aqueles valores. O sector público é muito exigente em termos de qualidade, por vezes demasiado legislado, e fazer auditoria numa entidade pública não é tarefa simples. Há uma quantidade de normativos, de requisitos legais a que estão sujeitos a que o auditor não conseguirá responder com qualidade por aqueles preços. Não conseguem fazer uma revisão destes valores? Nesta altura, essa posição seria em contra-ciclo. Muitas vezes não se tem a noção de que um bom acompanhamento das contas vale muito mais do que aquilo que se paga, e a generalidade dos auditores tem feito um trabalho muito positivo no sector público. Neste momento, estamos a trabalhar para chegar a um protocolo com o Tribunal de Contas para um melhor acompanhamento das entidades públicas e, na medida do possível, com redução de encargos para o erário público. Este protocolo está ainda em fase de negociação, mas esperamos que fique demonstrado que não podemos fazer muito mais com os valores que nos estão a propor. Estamos a falar de valores de menos de 20% do salário do 8

presidente das entidades auditadas, o que é verdadeiramente aflitivo, pois os revisores não trabalham individualmente, tendo equipas para pagar. Mas, por outro lado, o sector público representa um aumento de volume e criação de postos de trabalho, não? Sim, aliás tem sido uma área onde se tem crescido, nomeadamente na criação de postos de trabalho, sobretudo nas pequenas sociedades de auditores. As maiores não gostam muito do sector público, pois já fizeram as suas contas e sabem que não é nada rentável, por isso abre-se o caminho a sociedades mais pequenas. Por isso, nesse aspecto tem sido positivo, embora reconheça que há auditores que atravessam algumas dificuldades. Ou seja, temos muito trabalho, mas pouca rentabilidade, e por isso muitas sociedades vivem a contar a sua tesouraria no fim de cada mês para pagar salários. Este é o retrato da auditoria actual, tal como é o retrato do País. É um país que corta às cegas, em que todos vamos empobrecendo. É a chamada espiral da morte, e quando as empresas entram nesta espiral, está tudo errado. Ou tomamos medidas ou vamos todos morrendo aos poucos, as empresas vão desaparecendo, deixando a economia abalada. Fazemos parte do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), que representa cerca de 300 mil profissionais, e vejo que o problema é extensível a todos. Estas dificuldades têm levado a consolidações ou fusões de sociedades? Nós temos alertado muito para a estrutura organizativa e para a dimensão das sociedades, e aconselhamos para que se agrupem e trabalhem em conjunto. Mas temos uma cultura latina, que é muito individualista, e isso nota-se muito nas SROC. Há profissionais que não entendem que se dermos cinco podemos receber sete de volta. E esta postura fragiliza todo o processo, acabando por haver uma forte concentração nas grandes auditoras. Temos de reconhecer quando somos pequenos. Se há um cliente que cresce e se o queremos acompanhar nesse crescimento, temos de ter uma lógica de trabalho conjunto. Este é, de facto, um problema. Existem muitas sociedades unipessoais e esta figura tem tendência a desaparecer nos novos estatutos, não nos opusemos nessa matéria quando foi proposta pelo Governo. Achamos que os revisores devem formar as suas sociedades e unindo-se há, de facto complementaridades, experiências distintas e melhorias no serviço ao cliente. Há anos que procuro passar esta ideia, mas com muita dificuldade. Em Portugal, se a lei exige, fazemos, se não exige, desleixamos. A proposta do novo Código do IRC prevê uma norma que poderá ser complicada para as pequenas sociedades. Segundo a proposta, as sociedades que não tiverem seis sócios passam a ter um regime fiscal tributável em sede de transparência fiscal, que é mais penalizante do que o regime em sede de IRC. Portanto, se for aprovada, esta nova norma vai despertar o interesse dos auditores em se agruparem. Ou seja, graças a imposições legais, poderão seguir-se melhores práticas e ter melhores organizações. Quanto à reforma do IRC, qual é a sua visão face ao que está proposto? Manifestámos a nossa posição ao senhor secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Na generalidade, não podíamos estar mais de acordo com a necessidade de uma reforma, sobretudo porque temos falta de estabilidade fiscal. Não se consegue captar investimento estrangeiro quando não se estabelece uma relação de confiança com o investidor, numa lógica de médio e longo prazos. Na especialidade, há algumas matérias em que alertámos para o risco subjacente a alguns artigos. < > 9

REFORMA DO IRC Reforma... mas pouco GRANDES E MÉDIAS EMPRESAS EM PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO PODERÃO SER DAS POUCAS ENTIDADES A BENEFICIAR EFECTIVAMENTE DA ANUNCIADA REFORMA DO IRC. REDUÇÃO DO DESEMPREGO E CAPTAÇÃO DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NÃO ESTÃO GARANTIDOS. A REDUÇÃO GRADUAL DA TAXA do IRC nas empresas é a medida emblemática da reforma anunciada pelo Governo para ter início já em 2014. Da actual taxa de 25%, as empresas passariam a entregar ao Estado entre 17% a 19% em 2016. Ou seja, teriam uma redução de 6% a 8% nos seus impostos em três anos fiscais. Contudo, e de acordo com alguns especialistas e revisores oficiais de contas (ROC), o impacto das medidas anunciadas não serão, só por si, geradoras de investimento empresarial, crescimento económico ou redução das taxas de desemprego. Com esta medida, empresas que apresentem lucros tributáveis não superiores a 1,5 milhões de euros veriam a sua carga fiscal reduzir-se dos actuais 25% para uma percentagem entre os 17% e os 19%, já em 2016. Já os contribuintes com lucro tributável superior a 1,5 milhões de euros beneficiarão, a partir de 2018, da eliminação das taxas da derrama municipal e da derrama estadual, reduzindo-se a taxa máxima de imposto dos actuais 31,5% (na parte do lucro tributável em excesso a 7,5 milhões de euros), para a taxa que vier a ser fixada no aludido intervalo de 17% a 19%, explica José Parada Ramos, revisor oficial de contas e secretário da Assembleia Geral da OROC. Este profissional acredita que, perante os dados actualmente conhecidos, esta reforma está mais virada para as grandes e médias empresas em processo de internacionalização. E exemplifica: A reforma inclui uma medida particularmente penalizadora para as micro e pequenas empresas, que consiste no aumento do limite mínimo dos pagamentos especiais por conta de mil para 1750 euros, deixando os pagamentos por conta de serem considerados no seu cálculo. Esta medida poderá, em muitos casos, fazer a diferença entre ter capacidade de investimento ou facturar apenas para pagar impostos e despesas. Esta opinião é totalmente partilhada por Luís Ferreira Alves, ROC, consultor de gestão e docente universitário. A presente reforma, tendo subjacente o objectivo de estímulo da competitividade fiscal do País, além das medidas de simplificação adoptadas, parece estar tendencialmente virada para as grandes empresas. As mais pequenas, acrescenta, não terão benefício directo destas medidas. Para muitas PME, dada a sua situação deficitária, ser-lhesá indiferente as alterações promovidas pois encontram-se a acumular prejuízos há vários anos. Estes são fiscalmente reportáveis nos pretendidos lucros futuros com as limitações previstas na lei, é claro e não serão invertidos em razão da política fiscal, mas antes pela reinvenção dos seus mercados, processos, produtos e valorização dos seus quadros de pessoal. ESTABILIDADE FISCAL PRECISA-SE Ambos os profissinais contactados pelo Quem é Quem concordam ainda que não será pela simples aplicação destas medidas que Portugal encontrará o caminho do crescimento ou que atrairá novos investimentos estrangeiros. Tendo em conta a inconstância do nosso sistema fiscal, o sucesso de medidas que visem contribuir para o crescimento económico do país pressupõe que sejam dadas garantias aos investidores quanto ao horizonte temporal durante o qual as mesmas irão perdurar, assegura José Parada Ramos. Uma missão difícil, como re- 10

Paulo Figueiredo Principalmente por razões de sucessivo desequilíbrio orçamental, Portugal tem sido fértil na alteração sucessiva do seu regime fiscal, prejudicando a pretendida estabilidade e confiança na lei fiscal. conhece Luís Ferreira Alves. Infelizmente, principalmente por razões de sucessivo desequilíbrio orçamental, Portugal tem sido fértil na alteração sucessiva do seu regime fiscal, prejudicando seriamente a pretendida estabilidade e confiança na lei fiscal. Este profissional acredita, por isso, que um regime fiscal que bem acolha e estimule o investimento e, complementarmente, o crescimento a curto/ médio prazo revela-se indispensável, quer por evitar a deslocalização do tecido empresarial para o exterior, quer para atrair investimento estrangeiro para Portugal. Porém, desde que assegure a sua estabilidade no tempo e, assim, garanta a segurança exigida pelas pessoas e pelos agentes económicos. Já no que se refere à diminuição da taxa de desemprego como resultado directo desta reforma, José Parada Ramos acredita que medidas como a redução da taxa de tributação poderão contribuir para atrair investimentos em empresas operacionais, com a criação de novos postos de trabalho. Se fizermos um paralelismo com os benefícios fiscais proporcionados aos grandes projectos de investimento nos anos 90, não faltam exemplos de grupos multinacionais que se instalaram no nosso País, contribuindo de forma relevante para a criação de postos de trabalho se bem que o quadro de benefícios então disponível era claramente mais atractivo, recorda. Visão partilhada por Luís Ferreira Alves que acrescenta, contudo, que este impacto apenas terá lugar caso as medidas implementadas contribuam, de facto, para estimular o investimento sustentado em Portugal. Se não alcançar este desiderato, cremos que não. Em suma, ambos os profissionais são unânimes na opinião de que o sucesso da meta do crescimento não vai, nem pode, esgotar-se no plano da lei fiscal. < > 11

DIRECTIVA DA CONTABILIDADE Prós e contras da nova directiva comunitária POUCO MUDARÁ NO PANORAMA CONTABILÍSTICO NACIONAL APÓS A APLICAÇÃO DA RECENTE DIRECTIVA DA CONTABILIDADE, PUBLICADA EM JUNHO DE 2013. ESTA RESULTA DE UM CONJUNTO DE COMPROMISSOS ENTRE OS PARCEIROS EUROPEUS. A DIVERGÊNCIA DE OPINIÕES entre os diferentes países da Comunidade Europeia deu origem a uma Directiva da Contabilidade que deixa aos Governos a decisão última sobre as normas a adoptar. Assim, as mudanças em Portugal dependerão apenas da opção do actual executivo. Esperava-se um conjunto de normas que aproximasse a linguagem contabilística europeia para as empresas não cotadas, o que, na realidade, não aconteceu, explica Luísa Anacoreta, ROC e professora auxiliar na Universidade Católica do Porto. No entanto, acredita, estou convencida de que a opção portuguesa será alterar o normativo apenas o necessário para cumprir a directiva, mas tudo depende do rumo que se pretender seguir. Contudo, e não obstante a flexibilidade e liberdade atribuída aos Estados-- -membros, haverá sempre alterações obrigatórias no nosso quadro normativo actual, adianta Luísa Anacoreta. E acrescenta: A maior alteração, que reflecte a grande preocupação da Comissão com a aprovação da recente directiva, relaciona-se com a limitação de informação de relato financeiro a exigir às pequenas empresas. É claro que, como explica a docente, a directiva refere-se a pequenas empresas no quadro da União Europeia. Num país como o nosso, pequenas empresas são quase todas. Só para que se tenha uma ideia das diferenças, no Sistema de Normalização Contabilística (SNC), até agora usado em Portugal, pequenas empresas são aquelas que apresentem um volume de negócios inferior a três milhões de euros. Com a nova directiva, este valor sobe para oito milhões, deixando assim de ser aplicado a muitas PME nacionais. O que vai acontecer com esta alteração de limites é que muitas empresas que usam actualmente o SNC geral serão obrigadas a usar um normativo mais simples e está vedado aos Estados-membros exigirem a estas empresas mais informação do que a prevista na lei, salienta Luísa Anacoreta. DIRECTIVA COM ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS Óscar Figueiredo, revisor oficial de contas, prefere ver as duas faces da moeda. Destaca, por um lado, factores positivos, como a simplificação do processo contabilístico e das obrigações de relato impostas às entidades mais pequenas e, por outro, os mais negativos, como o retrocesso técnico que a nova directiva encerra. Entende-se que as entidades de menor dimensão, não sendo geralmente transnacionais, 12

nem o alvo preferido de potenciais investidores, deveriam ser dispensadas de um conjunto de obrigações contabilísticas ou menos exigentes do que para as entidades maiores, clarifica. Contudo, aquele profissional não entende como alguns requisitos das normas internacionais de contabilidade, aceites e impostas pela União Europeia para determinadas empresas, não venham a ser considerados para a Muitas empresas que usam actualmente o SNC geral serão obrigadas a usar um normativo mais simples, e está vedado aos Estados- -membros exigirem a estas empresas mais informação do que a prevista na lei. Yuriko Nakao/Reuters generalidade das entidades às quais se aplica a directiva. No caso português que ainda há pouco tempo aprovou e pôs em vigor um sistema contabilístico moderno, assente em princípios sólidos e em requisitos técnicos internacionais relevantes e coerentes a transposição da directiva vai provocar alterações a algumas das normas e obrigações contabilísticas e de relato existentes, estando os seus efeitos a ser estudadas no seio da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) para futura decisão. < > 13

INTERNACIONALIZAÇÃO Avançar para lá de fronteiras OS PALOP SÃO UMA OPORTUNIDADE PARA AS SOCIEDADES NACIONAIS, QUE ACABAM POR SER ARRASTADAS PELA INTERNACIONALIZAÇÃO DOS SEUS CLIENTES PARA ESSES PAÍSES. O PRIMEIRO PASSO de internacionalização das sociedades de revisores oficiais de contas é facilmente compreensível: as empresas suas clientes seguem o caminho do exterior e acabam por levar consigo os profissionais em quem confiam. Esta é a forma mais comum de exportar serviços. Ainda assim, já se conhecem algumas tentativas de instalar sociedades em outros países, em parceria com sócios locais. As sociedades portuguesas começam por dar os primeiros passos de cooperação internacional nos países de expressão portuguesa, onde existem maiores afinidades. A própria Ordem dos Revisores Oficiais de Contas estimula esta colaboração. Temos protocolos assinados com Angola e Moçambique, e já criámos alguns mecanismos de facilitação de cooperação com os PALOP, pois pretendemos alargar e aprofundar essas condições de colaboração. A ideia é facilitar a actuação de revisores portugueses em Angola e Moçambique, e vice-versa. Retirámos alguma burocracia e, dentro do que é possível perante as normas europeias, facilitámos os exames e a associação entre parceiros, revela o bastonário José Azevedo Rodrigues. Joaquim Camilo, partner da J. Camilo e Associados, SROC, afirma que a quebra da procura interna tem obrigado as empresas nacionais a avançarem para novos mercados geográficos. Estes riscos podem ser diminuídos se houver acompanhamento internacional por parte do ROC, quer directamente, quer através de profissionais qualificados da sua rede internacional de auditoria, o que possibilita que o empresário obtenha maiores garantias na qualidade da informação financeira, afirma este responsável. Esta sociedade tem quatro revisores e uma estrutura de 20 técnicos, o que ainda é pouco para a expansão, mas mesmo assim 30% da facturação já provém do estrangeiro e o objectivo é passar para 70% nos próximos dois anos. Há cinco anos que a sociedade opera em Angola, com um parceiro local, e está também a instalar-se em Maputo, Moçambique. O parceiro local já está escolhido e os acordos de parceria feitos, diz Joaquim Camilo. O partner explica ainda que está a criar um departamento dentro da sociedade designado de Procurement Consulting, para trabalhar em colaboração com o cliente e seus fornecedores, o que permitirá a esta sociedade chegar também à Europa e à América. BDO ALARGA A SUA REDE José Soares Barroso, CEO da BDO Portugal, explica que esta é uma área de actividade muito específica, muito regulada, em que não é fácil expandir além-fronteiras. Para se ser ROC noutro país tem de haver o princípio da reciprocidade e tem de haver um exame de admissão à Ordem local, quando existe, refere. A BDO é uma rede mundial que tem presença em 139 países, com cerca de 55 mil profissionais. Cada sociedade é independente, 14