ANÁLISE DO EMPREGO E DESEMPREGO A PARTIR DO CADASTRO DA CAT Andréia Arpon* Adriana Fontes *



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Transcrição:

ANÁLISE DO EMPREGO E DESEMPREGO A PARTIR DO CADASTRO DA CAT Andréia Arpon* Adriana Fontes * Pesquisas indicam que o desemprego é um dos maiores problemas, senão o maior, enfrentados pela população brasileira nos últimos tempos. Uma série de iniciativas, seja do governo, da sociedade civil ou dos sindicatos estão surgindo na tentativa de amenizar o impacto deste na vida das pessoas. Essas iniciativas podem ser classificadas como políticas passivas, quando tem como objetivo assistir financeiramente o trabalhador desempregado e/ou diminuir a oferta de trabalho (ex: seguro-desemprego), e ativas, quando a intenção é aumentar as chances do trabalhador encontrar um emprego. A intermediação de mão-de-obra é uma das mais tradicionais políticas ativas que busca melhorar o casamento entre a oferta e demanda de trabalho. Constitui-se em um sistema de informações sobre o mercado de trabalho que auxilia o empregador a encontrar o trabalhador que necessita e o desempregado a encontrar uma vaga. Desta forma, busca reduzir o tempo de busca tanto do trabalhador como do empregador. Na tentativa de contribuir ativamente no combate ao desemprego, a Social Democracia Sindical SDS em parceria com o MTE inaugurou em junho de 1999 a Central de Apoio ao Trabalhador CAT. Localizada na região central do município do Rio de janeiro, mais precisamente no sindicato dos alfaiates e costureiras, a CAT foi criada para prestar, além da intermediação de mão-de-obra, os seguintes serviços aos trabalhadores cariocas: qualificação profissional; habilitação para o recebimento do seguro-desemprego; orientação para a obtenção da carteira de trabalho; orientação para a abertura do próprio negócio. Com uma grande estrutura a CAT 1 já realizou mais de 800 mil atendimentos 2 desde o início do seu funcionamento, cadastrou cerca de 417 mil trabalhadores em busca de um emprego, encaminhou mais de 234 mil pessoas para uma vaga e colocou em torno de 65 mil em postos de trabalho formais. Através da tabela abaixo pode-se observar a evolução dos principais indicadores de funcionamento da CAT relacionados a intermediação de mão-deobra. Desde 1999, todos os indicadores apresentaram crescimento, com exceção do total de inscritos que em 2001 foi inferior ao ano anterior. * IETS e COPPE/UFRJ. 1 Os dados presentes neste artigo foram fornecidos pela própria CAT e são de sua responsabilidade. 2 Por atendimento entende-se todos as vezes que os trabalhadores passaram pelo serviço de intermediação da CAT, por exemplo: quando um trabalhador inscrito retorna para verificar a existência de vagas contabilizase um novo atendimento. 1

1999* 2000 2001 2002** Total Inscritos 52.771 181.246 115.577 68.136 417.730 Encaminhados 22.943 75.253 94.599 41.929 234.724 Colocados 2.588 13.528 35.079 14.406 65.601 Vagas 15.241 61.981 94.858 37.735 209.815 * dados de junho a dezembro ** dados até junho Tabela 1. Evolução dos dados gerais da CAT A partir desses dados também é possível extrair alguns simples indicadores de eficiência, habitualmente utilizados na avaliação de programas de intermediação de mão-de-obra. O percentual dos trabalhadores inscritos que conseguiram ao menos serem encaminhados para uma vaga ofertada na CAT foi de 56% ao longo desse período, já o percentual que realmente conseguiu se inserir no mercado de trabalho formal foi de cerca de 16%. Outra taxa importante para mensurar os resultados desse tipo de serviço é o aproveitamento dos trabalhadores encaminhados, ou seja, quantos dos direcionados para uma vaga a preencheram (28%). Como indicadores de atratividade do serviço para os empregadores, temos a média de trabalhadores encaminhados para uma vaga (1,1) e o percentual de vagas preenchidas (31%). Como pode ser observado o banco de dados mantido pela CAT é formado por uma extensa quantidade de trabalhadores desempregados e/ou em risco de desemprego, além de vagas ofertadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) durante os últimos. Fica evidente, então, a rica fonte de informações sobre a dinâmica do mercado de trabalho formal do Rio de Janeiro em que consiste este banco. Identificar o perfil dos trabalhadores cadastrados, das vagas disponibilizadas, dos profissionais que conseguem efetivamente um emprego e principalmente as características que determinam o aumento ou redução da probabilidade de colocação desses trabalhadores são informações relevantes que podem ser extraídas a partir do banco de dados do serviço de intermediação de mão-de-obra da CAT. Com esse intuito o presente artigo consiste em uma breve análise exploratória dessas informações, baseado em características como gênero, faixa etária, escolaridade e ocupação 3 dos inscritos, dos colocados e das vagas ofertadas. Perfil da Oferta de Trabalho Com relação ao perfil dos trabalhadores que se cadastraram no banco de empregos da CAT, os homens são a maioria (54%) e a faixa etária predominante é a de 21 a 30, ou seja, 47% dos profissionais em busca de um emprego são jovens. Através do gráfico abaixo fica nítido que atratividade desse tipo de serviço é reduzida de acordo com o aumento da idade dos trabalhadores. 3 Em termos de ocupação só serão trabalhados os dados referentes a ocupação dos trabalhadores inscritos, pois até momento da elaboração deste texto não estavam disponíveis informações sobre ocupações solicitadas pelas vagas ofertadas e dos trabalhadores colocados. 2

5 Gráfico 1. Trabalhadores inscritos na CAT por faixa etária 46,8% 4 28,0% 16,1% 2,9% até 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 5,1% 51 a 60 1,1% maior de 60 A escolaridade dos profissionais cadastrados na CAT pode ser classificada como média, uma vez que quase 50% alcançaram o segundo grau. Também existe um número significativo de trabalhadores com o primeiro grau completo e incompleto, mas é interessante ressaltar que tanto nas classes representativas dos níveis de escolaridade mais baixos quanto dos níveis mais altos, encontram-se poucos trabalhadores. 35,0% 25,0% 15,0% 5,0% Gráfico 2. Trabalhadores inscritos na CAT por escolaridade 32,6% 17,2% 17,1% 13,0% 4,7% 5,9% 5,7% 3,6% 0,3% Analfabeto até 4ª série incomp 4ª série comp até 8ª série incomp 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo 3º grau completo Um fato relevante é a baixa participação de trabalhadores oriundos do mercado de trabalho formal. Do total de inscritos apenas 48% declararam já terem tido experiência com carteira assinada, ou seja, mais da metade das pessoas em busca de um emprego através da CAT são jovens a procura do primeiro emprego ou trabalhadores informais tentando conseguir um emprego com carteira assinada. Deve-se ressaltar que esse percentual retrata a realidade da baixa participação do emprego com carteira assinada no Rio de Janeiro (42% em maio de 2002). 3

Analisando a experiência anterior no mercado de trabalho formal, observa-se que existe uma concentração de trabalhadores com experiência em ocupações referentes a serviços de conservação e limpeza (15%) e vendedores (10%). As ocupações da área administrativa, como auxiliar de escritório, auxiliar de contabilidade/caixa e recepcionista também se destacam com 8%, 6% e 4%, respectivamente. Os trabalhadores com experiência formal na ocupação guarda de segurança representam 5% dos inscritos. Perfil da Demanda de Trabalho Na tentativa de identificar possíveis entraves encontrados pela CAT para inserir esses trabalhadores no mercado de trabalho formal é necessário analisar as semelhanças e/ou diferenças entre o perfil desses trabalhadores e os pré-requisitos exigidos pelos empregadores para o preenchimento das vagas oferecidas. A discriminação por gênero fica evidente quando se verifica que durante todo o período analisado 44% das vagas ofertadas exigiam profissionais do sexo masculino e apenas 15% exigiam mulheres, já 41% das vagas eram indiferentes ao sexo do trabalhador. Em outras palavras, isto quer dizer que os homens estavam aptos a concorrer em 85% das vagas, enquanto que as mulheres em apenas 56%. Gráfico 3. Vagas ofertadas na CAT por faixa etária 45,0% 4 40,5% 35,0% 25,0% 15,0% 5,0% 0,3% até 20 12,2% 21 a 30 27,3% 31 a 40 41 a 50 16,5% 51 a 60 3,3% maior de 60 A faixa etária máxima exigida pelos empregadores que disponibilizaram vagas na CAT demonstra certa flexibilidade com relação à idade dos trabalhadores, uma vez que, do total de vagas ofertadas 40% aceitavam pessoas com até 50. 4

Gráfico 4. Vagas ofertadas na CAT por escolaridade 4 35,0% 25,0% 15,0% 5,0% 2,3% 4,8% 9,0% 11,8% 28,2% 7,8% 33,5% 1,2% 1,4% Analfabeto até 4ª série incomp 4ª série comp até 8ª série incomp 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo 3º grau completo Com relação à escolaridade, apenas pouco mais de ¼ das vagas aceitam trabalhadores que não concluíram o primeiro grau. Cerca de 36% das vagas exigem pelo menos o segundo grau completo. As exigências de alto nível de escolaridade são confirmadas, de certa forma, quando observamos que metade dos trabalhadores colocados tem ao menos o segundo grau completo. No entanto, cerca de 1/3 dos colocados não completaram o primeiro grau, o que pode estar relacionado com a baixa qualidade das vagas ofertadas. A flexibilidade em relação à idade não parece ser confirmada, pois há clara predominância dos jovens no total de trabalhadores que conseguiram um emprego com carteira assinada através da CAT (53% dos colocados tinham entre 21 e 30 ). Já a preferência por trabalhadores homens é ratificada pelos dados de colocados: 64% são homens. Probabilidade de casamento entre oferta e demanda Como dito anteriormente, a probabilidade de um trabalhador que se inscreve na CAT encontrar um emprego formal é de 16%. No entanto, essa probabilidade difere muito dependendo das características dos trabalhadores. Nessa seção analisaremos a probabilidade de cada grupo de acordo com: gênero, idade e escolaridade. Esses indicadores representam tanto a eficiência do serviço para o trabalhador inscrito como a capacidade do mercado de trabalho de absorver trabalhadores com certa característica. Os homens têm probabilidade maior de conseguir uma vaga que as mulheres. Dos homens inscritos na CAT 21% conseguem se inserir no mercado de trabalho formal, enquanto apenas 14% das mulheres são colocadas. Já os trabalhadores entre 21 e 30, apesar de serem a grande maioria dos inscritos, têm a mesma probabilidade de serem colocados que os trabalhadores com 31 a 40. A partir dessa faixa etária a probabilidade de colocação cai de acordo e com o aumento da idade dos 5

trabalhadores. Vale ressaltar que a probabilidade para os mais jovens, que estão em sua maioria na busca do primeiro emprego, é baixa: apenas 9% das pessoas com até 20 conseguem se inserir no mercado de trabalho formal através da CAT. 25% 20% Gráfico 5. Probabilidade de Colocação por Faixa Etária 20% 20% 15% 12% 10% 5% 9% 6% 4% 0% até 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 maior de 60 Em relação à escolaridade, os resultados confirmam a importância da obtenção do diploma para o trabalhador encontrar um emprego. Aqueles com o primeiro e o segundo grau completo têm as maiores probabilidades de colocação (22%). Outro fato relevante é o crescimento da probabilidade de acordo com a aquisição dos primeiros de estudo até o término do primeiro grau. Já o terceiro grau tem um comportamento peculiar que provavelmente está relacionado à qualidade das vagas ofertadas no programa. A obtenção do terceiro grau completo reduz a probabilidade do trabalhador encontrar um posto de trabalho, talvez, por esse ter restrições a aceitar um emprego não condizente com a sua formação e/ou salário que deseja receber. 6

25% 20% 15% 10% 5% 0% Gráfico 6. Probabilidade de Colocação por Escolaridade 4% 7% 9% 13% 22% 17% 22% 16% 13% Analfabeto até 4ª série incomp 4ª série comp até 8ª série incomp 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo 7