AÇÕES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO CONTEXTO DA



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Transcrição:

Educação permanente e saúde da família Artigo de Pesquisa AÇÕES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA CONTINUING EDUCATION IN THE CONTEXT OF THE FAMILY HEALTH STRATEGY ACCIONES DE EDUCACIÓN PERMANENTE EN EL CONTEXTO DE LA ESTRATEGIA SALUD DE LA FAMILIA Valquiria Coelho Pina Paulino I Ana Lúcia Queiroz Bezerra II Nayla Cecília da Silva Silvestre Branquinho III Thatianny Tanferri de Brito Paranaguá IV RESUMO: A educação permanente, no Brasil, tem sido desenvolvida como uma política de desenvolvimento humano para o Sistema Único de Saúde. Este estudo teve como objetivo verificar o significado e contribuições da educação permanente sob a ótica dos enfermeiros que atuam na Estratégia Saúde da Família. Trata-se de um estudo descritivoexploratório, realizado em um dos distritos sanitários de Goiânia-GO, no período de fevereiro e março de 2007, com 12 enfermeiros, através de um questionário que abordava questões sobre o tema e suas contribuições. A partir das respostas foi possível extrair as seguintes categorias: Identificação de falhas e resolução de problemas na organização do trabalho; maior integração entre equipe e comunidade e maior estímulo para a qualificação. Foram identificadas pelos profissionais contribuições na organização e no funcionamento do serviço, além de mudanças na prática quanto à forma de atendimento aos usuários, trabalho em equipe e sua qualificação. Palavras-chave: Educação continuada; saúde da família; educação em saúde; enfermagem em saúde comunitária. ABSTRACT: In Brazil continuing education has been applied as a human development policy for the Unified Health System. This study aimed to determine the significance and contributions of continuing education in the view of nurses working in the Family Health Strategy. It was an exploratory descriptive study conducted in a health district of Goiânia, Goiás, in February and March 2007, with 12 nurses, using a questionnaire that addressed issues of continuing education and its contributions. From their responses, the following categories could be extracted: trouble shooting and problem solving in work organization; greater integration between team and community; and greater stimulus to gain qualification. The health personnel identified contributions to service organization and operation, and to changes in practices in how users are attended to, in teamwork and in team qualification. Keywords: Continuing education; family health; health education; community health nursing. RESUMEN: La educación permanente en Brasil, ha sido desarrollada como una política de desenvolvimiento humano para el Sistema Único de Salud. Este estudio tuvo como objetivo verificar el significado y contribuciones de la educación permanente bajo la visión de los enfermeros que trabajan en la Estrategia Salud de la Familia. Se trata de un estudio descriptivo-exploratorio, realizado en uno de los distritos sanitarios de Goiania-GO-Brasil, en febrero y marzo de 2007, con 12 enfermeros, por medio de un cuestionario que enfocaba cuestiones sobre el tema y sus contribuciones. A partir de las respuestas fue posible extraer las categorías siguientes: identificación de fallas y resolución de problemas en la organización del trabajo: mayor integración entre equipo y comunidad y mayor estímulo para la calificación. Fueron identificadas por los profesionales contribuciones en la organización y en el funcionamiento del servicio, allén de cambios en la práctica cuanto al modo de atendimiento a los usuarios, trabajo en equipo y su calificación. Palabras clave: Educación permanente; salud de la familia; educación en salud; enfermería en salud comunitaria. INTRODUÇÃO A educação permanente V tem sido adotada, no Brasil, como política de desenvolvimento humano para o Sistema Único de Saúde (SUS). Apresenta-se como uma proposta de ação estratégica em cumprimento à Constituição de 1988, à Lei 8080/90 e à Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do I Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás Campus Jataí. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: valquiria_enf@yahoo.com.br. II Orientadora. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professor Adjunto III da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: analuciaqueiroz@uol.com.br. III Enfermeira. Mestranda da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: naylacecilia@gmail.com. IV Enfermeira. Mestranda da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: thatywish@yahoo.com.br. V Extraído da dissertação O processo de educação permanente de uma estratégia saúde da família do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, 2008. p.368 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):312-6. Recebido em: 23.01.2012 18.08.2011 Aprovado em: 29.01.2012 25.04.2012

Artigo de Pesquisa Sistema Único de Saúde (NOB/RH-SUS). Foi aprovada como política pelas Portarias 198/2004, 1.996/ 2007, 43/2007 e 48/2007 1,2. O termo educação permanente aparece, pela primeira vez na França, em 1955, utilizado por Pierre Furter num projeto de reforma de ensino e tinha a tarefa de continuar a formação fora da escola. Mais recentemente, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) inseriu esse conceito em vários países como um modelo diferenciado de educação para adultos, proposta para reorientar a educação dos trabalhadores da saúde. Esta proposta utiliza como tendência pedagógica a educação problematizadora. Está sustentada na concepção de aprendizagem significativa que produza sentido e proporcione a transformação das atividades profissionais mediante a reflexão crítica sobre as práticas reais dos serviços de saúde 1,3. A educação permanente é uma estratégia fundamental para a reformulação das práticas de gestão, atenção, formação e controle social, uma vez que o processo de aprendizagem tem natureza participativa, e apresenta como eixo principal o cotidiano nos serviços de saúde 4. Na Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo assistencial da atenção básica, a educação permanente constitui-se como um instrumento essencial para a capacitação e qualificação dos profissionais, buscando as lacunas de conhecimentos e atitudes, dando subsídios para que eles possam entender e atender às necessidades de saúde da população, de resolutividade, de organização dos serviços e de transformação da realidade 1. Em relação à ESF que tem sua expansão em todo país, a importância das capacitações para formação e qualificação dos profissionais que atuam nesta estratégia, deve-se evidenciar o papel essencial do enfermeiro, as facilidades, dificuldades e as contribuições deste processo para a qualidade da assistência e modificação da realidade. Este estudo teve como objetivo verificar o significado e contribuições da educação permanente sob a ótica dos enfermeiros que atuam na ESF, no município de Goiânia. REFERENCIAL TEÓRICO A ESF A ESF tem suas origens no Programa Saúde da Família (PSF) oficializado em 1994. Constitui-se, portanto, em uma estratégia de estruturação de um modelo assistencial, no Brasil, com propostas de alavancar o SUS. A atenção está focada na saúde, tendo como sujeitos do processo de ação o indivíduo, a família e a comunidade em seu espaço vital, a partir das ações da equipe de saúde 5,6. Paulino VCP, Bezerra ALQ, Branquinho NCSS, Paranaguá TTB O PSF foi implantado inicialmente nas regiões norte e nordeste do país, com intervenções localizadas, tendo como foco o controle das epidemias, redução da mortalidade materno-infantil e melhoria da qualidade de vida da população. Em virtude da melhoria significativa da saúde da população, o programa foi expandido para outras regiões, sendo considerado pelo Ministério da Saúde como a estratégia de reorganização dos serviços básicos de saúde, denominada ESF 5,7. A ESF representa a mais importante mudança estrutural já realizada no âmbito da saúde brasileira firmado pelo pacto pela Saúde. Este pacto é um conjunto de reformas institucionais do SUS pactuado nas três esferas de Governo (União, Estados e Municípios) com o objetivo de promover inovações e instrumentos de gestão, além de redefinir as responsabilidades de cada gestor em função das necessidades de saúde da população e na busca da equidade social, assim como prioriza as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde de in-divíduos e famílias, de forma integral e contínua, em sintonia com os princípios do SUS 5. Entre os profissionais que atuam na ESF está o enfermeiro que desenvolve importante papel, sendo um agente que contribui efetivamente para a consolidação dessa estratégia, sendo um dos principais atores do processo de ensino e aprendizagem, sendo a educação permanente imprescindível e fundamental na formação e no cotidiano da prática 8. A educação permanente A educação dos profissionais é um forte indicador de qualidade porque representa a estratégia básica de formação dos recursos humanos 9. Na América Latina, a educação permanente tem sido divulgada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), desde a década de 80, como um modelo diferenciado de educação de adultos - entendida como um conjunto de processos de aprendizagem que possibilita aos adultos o desenvolvimento de suas capacidades, o enriquecimento de seus conhecimentos e a melhoria de suas competências técnicas ou profissionais 2. A educação permanente é baseada na pedagogia da problematização; no trabalho reflexivo grupal e na transformação das práticas dos serviços. É sustentada pela concepção de aprendizagem para a transformação das atividades profissionais mediante a reflexão crítica sobre as práticas reais dos serviços de saúde 2,10. Trata-se de um processo amplo que envolve aspectos do desenvolvimento integral do ser humano não se limitando a treinamentos formais. Entendida assim, a educação continuada deixa de ser uma responsabilidade exclusiva dos serviços para ser uma busca principalmente da própria pessoa, cuja motivação propicia o uso das experiências vividas no trabalho, na família, na sociedade para se educar continuamente. Esta educação, além da aquisição de conhecimentos, proporciona a aquisição de uma visão critica dos problemas vivenciados, responsabi- Recebido em: 16.04.2011 Aprovado em: 08.09.2011 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):312-6. p.369

Educação permanente e saúde da família lidade social e motivação para continuar a aprender. É um compromisso pessoal a ser conquistado com mudanças de atitudes decorrentes de experiências, por meio da relação com os outros, com o meio, com o trabalho buscando a transformação 11. Na saúde, o contexto social, histórico e econômico deve ser evidenciado, é preciso ter visão ampla além de suas necessidades biológicas por meio da escuta, do acolhimento, da relação humanizada, do vínculo, da responsabilização e do estímulo à autonomia 12. A educação permanente na ESF Na ESF, a educação permanente constitui-se como um instrumento essencial na capacitação e qualificação dos profissionais, buscando as lacunas de conhecimentos e atitudes que são parte da estrutura explicativa dos problemas identificados no cotidiano dos serviços e dando subsídios para que eles possam entender e atender às necessidades de saúde da população, contribuir na organização dos serviços e na formação dos profissionais da área de saúde 5. As ações educativas da educação permanente devem considerar as especificidades regionais, as necessidades de formação dos profissionais e a capacidade de oferta de ações formais de educação na saúde. A gestão deve ser de âmbito regional, por meio de colegiados formados pelos gestores estaduais, municipais, pelas comissões permanentes de integração ensino serviço, constituída por gestores, trabalhadores em saúde, instituições de ensino e movimentos sociais. O financiamento obedece aos critérios de adesão às políticas setoriais de saúde, número de população e profissionais e iniquidades regionais 2 A educação permanente tem o objetivo de promover mudanças por meio de transformações de atitudes pessoais dos profissionais, que devem refletir no ambiente do trabalho 1. O desejo é que essa parceria, no contexto da ESF, proporcione a formação e o desenvolvimento de um profissional crítico de sua prática, capaz de elaborar mudanças imprescindíveis na sua realidade 11. A construção de um processo educativo, voltado para os profissionais, traduz-se na possibilidade de se oferecer um serviço de melhor qualidade e resolutividade, visão mais abrangente da necessidade do usuário, programação de ações para a saúde, intervenção efetiva em relação aos problemas locais. Nesse sentido, a ação educativa desenvolvida pelo enfermeiro deve propiciar uma reflexão crítica, problematizadora, ética, estimulante da curiosidade, do diálogo, a escuta e a construção de conhecimentos compartilhados. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória com abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada em um dos distritos sanitários do município de Goiânia-GO, no ano de 2008. Artigo de Pesquisa Os sujeitos da pesquisa foram 12 enfermeiros que atuam na ESF desse distrito, abordados aleatoriamente por se encontrarem no ambiente de trabalho no momento da coleta. Para a coleta de dados foi criado um questionário enfocando seu entendimento sobre educação permanente, as vivências de educação permanente na ESF, as dificuldades, facilidades e contribuições nesta vivência. Os questionários foram preenchidos pelos próprios enfermeiros, os quais foram abordados pelos pesquisadores no local de trabalho. Para resguardar a identidade dos depoentes, nos trechos de relatos descritos, foram atribuídos aos mesmos códigos formados pela letra E (enfermeiro) seguida de um número. Os dados foram coletados em fevereiro e março de 2007. Atendendo ao estabelecido na Resolução n o 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, o projeto de pesquisa foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, sob o protocolo n o 168/2006, e, além disso, todos os sujeitos aceitaram participar voluntariamente da pesquisa, assinando um termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo, permitindo a identificação das unidades de significado 13. A análise aconteceu em três etapas: na primeira etapa foi realizada a leitura flutuante das respostas obtidas; na segunda etapa os dados foram codificados em unidades de significados através de leitura exaustiva; e na última obteve-se a construção dos indicadores que fundamentassem o estudo. A construção das categorias se deu com a leitura exaustiva do material donde foram extraídas as seguintes categorias: Identificação de falhas e resolução de problemas; integração entre equipe e comunidade; e estímulo para a qualificação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Identificação de falhas e resolução de problemas Na ESF, a promoção à saúde implica um novo olhar dos profissionais da equipe multidisciplinar, vislumbrando um conceito ampliado de saúde, tendo a integralidade como princípio de ação. Nesse sentido, para suprir as lacunas de formação destes profissionais para esse novo olhar, o processo de educação permanente em saúde é essencial. Nesse Distrito Sanitário de Goiânia, que foi cenário de nossa pesquisa, o processo de educação permanente está presente no cotidiano da ESF, uma vez que nele se desenvolve um projeto de articulação teoria e prática, onde a Universidade, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Estadual de Saúde, oferece diversas capacitações com o intuito de quali- p.370 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):312-6. Recebido em: 23.01.2012 Aprovado em: 25.04.2012

Artigo de Pesquisa ficar os profissionais, especialmente os que atuam na ESF, entre os quais está o enfermeiro. Os enfermeiros desse Distrito referem que o processo de educação permanente traz contribuições para a qualificação dos trabalhadores, para a identificação de possíveis falhas no atendimento, para a conscientização das necessidades reais de saúde dos usuários, na organização e funcionamento do serviço, para o trabalho em equipe, aperfeiçoamento, atualização e mudanças na prática. As falas dos enfermeiros mostram que a educação permanente contribui para a qualificação dos trabalhadores, para aprender a trabalhar com a comunidade, para a identificação de possíveis falhas no atendimento: A ESF é uma estratégia comunitária de ações de promoção em saúde, atendimento à comunidade, então o que a gente aprende ajuda a trabalhar na comunidade. (E8) Acho que a educação permanente contribui para a ESF, à medida que a gente utiliza o que aprendeu no atendimento ao usuário na forma de cuidar, aprendendo o que é certo ou errado a gente consegue atender melhor as pessoas. (E3) Acho que as capacitações melhoram a gente nossa forma de atender, corrige nossos erros, então entendemos melhor o nosso usuário e contribui para o desenvolvimento da ESF. (E1) A educação deve servir para preencher lacunas do conhecimento, para identificar os possíveis problemas no cotidiano de trabalho e com isso contribui para a transformação das práticas profissionais e da organização do trabalho 1. Uma maior atenção à concepção educativa em prol das contribuições pessoais, sociais e institucionais podem advir das diferentes formas de perceber e exercer a educação permanente em saúde e no trabalho da enfermagem, especialmente na ESF onde o enfermeiro deve visar uma atenção integral ao usuário 14. A enfermagem deve inserir-se por meio de ações de promoção da saúde que capacitem o indivíduo e a comunidade a exercerem autonomia, para uma mudança de comportamento comprometida com a saúde, tendo em vista que enfermeiros integrados à ESF encontram-se próximos à comunidade e convivem com suas dificuldades, podendo buscar alternativas que as minimizem ou solucionem 15. Integração entre equipe e comunidade Os enfermeiros pesquisados referem que desconhecem os indicadores de impacto das ações de educação permanente, mas reconhecem que a capacitação contribui para as mudanças necessárias no cotidiano e para a integração entre a equipe e a comunidade. Os profissionais comprometidos com a educação permanente contribuem para a melhor qualidade dos serviços, e a resolutividade, satisfação dos usuários e integração com a comunidade estimulam nela a autonomia e o autocuidado 1. Paulino VCP, Bezerra ALQ, Branquinho NCSS, Paranaguá TTB Os discursos dos enfermeiros mostram a contribuição da educação permanente para o desenvolvimento dos profissionais da equipe: Acho que as capacitações permanentes são importantes para toda a equipe. O agente de saúde, por exemplo, é a porta de entrada da ESF, acho que ele ter conhecimento é fundamental porque o conhecimento dele repercute na comunidade melhorando inclusive índices de morte materna, de gravidez na adolescência, de diabetes e hipertensão. (E4) As capacitações permanentes na ESF contribuem para o trabalho em equipe, uma vez que os profissionais se capacitando e adquirindo conhecimento podem realizar melhor o seu trabalho, e isso repercute na saúde da comunidade. O processo educativo vai além da construção de espaços de troca, pois, através do trabalho em equipe, possibilita a construção de uma visão mais global e coletiva do trabalho, reforçando o compartilhamento de tarefas e a necessidade de cooperação para alcançar objetivos 16. O aprimoramento da atuação de enfermagem principalmente para a ESF, tendo em vista as contribuições extraídas desse contexto, mostra que o relacionamento em equipe possibilita perceber e avaliar as necessidades evidenciadas melhorando o cuidado com a comunidade 17,18. Estímulo para a qualificação Para os enfermeiros, o processo de educação permanente é um processo contínuo que contribui para e conscientização das necessidades reais de saúde dos usuários, o que possibilita a melhora da qualidade da assistência: A educação permanente é muito importante visto que se você está aprendendo constantemente você passa a atender mais consciente e mais seguro. (E4) Os enfermeiros valorizam a educação permanente como forma de capacitação pessoal que auxilia na prevenção e correção de erros e mudanças de atitudes: A educação permanente melhora o processo de trabalho, melhora muito a maneira de agir, melhora a maneira de organizar o serviço porque quando você sabe bem algo isso repercute no seu serviço. (E11) A fala dos enfermeiros revela que as capacitações melhoram o processo de trabalho uma vez que permite uma reflexão sobre a forma de agir e organizar o trabalho. E isso vai ao encontro do que é preconizado pela política nacional de educação permanente, onde esse processo é compreendido como momento de reflexão sobre o cotidiano de trabalho 2. De acordo com os enfermeiros, a educação permanente possibilita a transformação da realidade de trabalho, visto que, ao se identificar os problemas nas capacitações, se buscam soluções para a melhoria do trabalho: Recebido em: 16.04.2011 Aprovado em: 08.09.2011 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):312-6. p.371

Educação permanente e saúde da família Tenho percebido mudanças na prática, no meu dia a dia na forma de realizar meu trabalho, de atender o usuário. (E5) Nós não temos números oficiais sobre o impacto das ações educativas na comunidade, mas essas ações influenciam bastante na hora da equipe dialogar em um grupo de educação em saúde, acho que então repercute na comunidade. (E2) A educação permanente deve propiciar o crescimento pessoal e profissional e contribuir para o processo de trabalho 2. Para os enfermeiros, a educação permanente contribui para atualização de conhecimentos, é capaz de mudar valores e padrões de condutas sobre aspectos da prática profissional e promove segurança: As capacitações contribuem muito para a nossa prática a gente muda valores, padrões, condutas. (E6) As capacitações são muito importantes, pois melhoram sua conduta, as ações de educação não permitem que a gente fique ultrapassada, que faça ações que não existem mais, por isso é necessário que as capacitações sejam permanentes. (E11) A educação se relaciona com os valores, diante de cada situação reage de acordo com a sua escala de valores. Se a situação não vai ao encontro desta escala, o homem tenta transformar essa realidade. No processo de educação permanente na ESF, as ações educativas devem ser problematizadas e só serão relevantes se despertarem nos trabalhadores a capacidade de reflexão sobre seus valores e condutas no cotidiano e provocar transformações. A atualização é necessária para a realização do trabalho visto que o conhecimento é dinâmico e a cada dia surgem novas informações que o profissional precisa buscar e acompanhar. O enfermeiro, no ambiente de trabalho, pode ser considerado um agente de mudança, pois desenvolve ações educativas com a equipe, os ACS e a comunidade. Um dos enfermeiros considerou que a educação permanente contribui para mudanças importantes no ambiente de trabalho: Acredito que as mudanças no trabalho não dependam das capacitações, mas do profissional que está participando. Toda capacitação trás algum conhecimento vai ser aplicado na prática depende de cada profissional. Acredito que quando a pessoa aplica o que aprendeu na prática pode modificar efetivamente o cotidiano de trabalho. (E9) Entende-se que a mudança não é um trabalho exclusivo de alguns homens, mas dos homens que a escolhem, estes homens são então sujeitos do processo de transformação 7. A educação permanente na ESF permite a inserção dos enfermeiros na condição de atores sociais do trabalho, traçando soluções concretas para o seu Artigo de Pesquisa cotidiano. Assim esses profissionais são protagonistas da mudança de realidade desejada pelas práticas educativas 2. As ações educativas devem levar o ser humano a despertar nele a capacidade de pensar sobre o papel do aprendizado, no seu contexto individual e de trabalho, além da sua capacidade de ser sujeito do processo de mudança. Portanto, o processo de educação permanente deve levar em consideração os profissionais como protagonistas no campo da prática 2. Para que as capacitações realizadas de forma permanente na ESF tragam efetivas contribuições para essa estratégia, para a qualidade da assistência, para a conscientização das necessidades reais de saúde da comunidade, para a promoção de saúde na comunidade. O interesse pelo conhecimento é um fator muito importante para que haja aprendizado. Para que alguém aprenda é necessário que ele queira aprender. Fica evidente que ações educativas devem primeiramente despertar o interesse de quem está se capacitando. Portanto, é necessário que os profissionais sejam consultados sobre o que querem aprender, de que forma, para que tais ações sejam realmente viáveis, no contexto da ESF 12. Os enfermeiros entrevistados revelam que a equipe da ESF do Distrito, onde eles trabalham, é receptiva, e que isso contribui para o processo de aprendizagem: O que facilita o que motiva é a vontade de aprender que toda equipe. Tenho um grupo de trabalho que é muito bom. (E5) O que facilita é que a equipe está aberta ao aprendizado, eles trazem as necessidades, questiona muito sobre seus próprios problemas. Outra facilidade é que a equipe é bastante integrada. O que facilita é o interesse dos agentes, a consciência da responsabilidade que eles têm com a comunidade. (E9) Os aspectos evidenciados nessas falas mostram que a educação permanente está relacionada ao interesse pessoal pelo aprendizado, à integração, ao trabalho em equipe e à responsabilidade com a comunidade. A integração da equipe auxilia no processo de aprendizado. O trabalho em equipe é uma tendência atual, uma vez que, frente à complexidade e diversidade dos problemas vivenciados na prática, os profissionais devem desenvolver competências associadas à capacidade de cooperação, na resolução de problemas 12,14, 17, 18. Um dos enfermeiros mostra que a integração da equipe é essencial para o desenvolvimento e sucesso das capacitações no processo de educação permanente em saúde: A integração da equipe é um fator importante. (E10) A aprendizagem deve acontecer em equipe. O ato de aprender por meio de trocas de informações favorece a aplicação do aprendizado, no cotidiano de trabalho. p.372 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):312-6. Recebido em: 23.01.2012 Aprovado em: 25.04.2012

Artigo de Pesquisa O processo pedagógico da enfermagem é hoje reconhecido como uma estratégia promissora no enfrentamento dos múltiplos problemas de saúde que afetam as populações e seus contextos sociais. O enfermeiro tem destaque, já que é o principal atuante no processo de cuidar por meio da educação em saúde 12. CONCLUSÃO O estudo constatou as contribuições da educação permanente em uma ESF, destacando-se a identificação de falhas e a resolução de problemas na organização do trabalho; a possibilidade de maior integração entre equipe e comunidade e um maior estímulo para a busca de qualificação, que exige a identificação precoce de falhas no atendimento e a conscientização das necessidades reais de saúde. Dessa forma, a qualidade dos serviços de saúde na ESF representa o resultado de ações e atitudes dos profissionais, tais como criação de vínculos, compromisso e respeito aos valores da comunidade, fundamentados em princípios éticos, capacidade e habilidades para a promoção e proteção da saúde. A educação permanente torna o profissional capacitado a planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam às necessidades da comunidade. E para que isto aconteça, é preciso uma contínua interação com a comunidade, no sentido de mobilizá-la e estimular sua participação. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (Br). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Documentos preparatórios para 3 a Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005. 2. Ministério da Saúde (Br). Portaria GM/MS n o 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e dá outras providências. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2007. 3. Gadotti M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 2000. 4. Ceccim RB, Feuerwerker L. O quadrilátero da formação Paulino VCP, Bezerra ALQ, Branquinho NCSS, Paranaguá TTB para a área de saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. Ciênc saúde coletiva. 2004; 14(1):41-65. 5. Ministério da Saúde (Br). Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, DF: Gráfica MS; 2006. 6. Antunes MJ, Egry EY. O programa de saúde da família e a reconstrução da atenção básica no SUS: a contribuição da enfermagem brasileira. Rev Bras Enferm. 2000; 54:98-107. 7. Ministério da Saúde (Br). Portaria N o 648/GM de 28 de março de 2006. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006. 8. Borges MASF, Nascimento MAA. A concepção da enfermeira sobre o SUS: um caminho sem volta. Rev Bras Enferm. 2005; 58:212-23. 9. Farah BF. A educação permanente no processo de organização do serviço de saúde: as repercussões do curso introdutório para as equipes de saúde da família experiência do município de Juiz de Fora, MG [tese doutorado]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2006. 10. Bezerra ALQ. O contexto da educação continuada em enfermagem. São Paulo: Matinari; 2003. 11. Paschoal AS, Mantovani MF, Méier JM. Percepção da educação permanente, continuada e em serviço para enfermeiros de um hospital de ensino. Rev esc enferm USP. 2007; 42:478-84. 12.Schimith MD, Lima MADS. O enfermeiro na equipe de saúde da família: estudo de caso. Rev enferm UERJ. 2009; 17:252-6. 13.Bardin L. Análise do conteúdo. Lisboa (Por): Edições 70; 1979. 14.Silva LAA, Ferraz F, Lino MM, Backes VMS, Schmidt SMS. Educação permanente em saúde e no trabalho de enfermagem: perspectiva de uma práxis transformadora. Rev Gaúcha Enferm. 2010; 31:557-61. 15.Beserra EP, Alves MDS, Pinheiro PNC, Vieira NFC. Educação ambiental e enfermagem: uma integração necessária. Rev Bras Enferm. 2010; 63:848-52. 16.Sanes MS, Arrieche TA, Cestari MEC. A educação no discurso de uma equipe de saúde da família. Cogitare Enferm. 2010. 15:480-5. 17.Souza RCR, Soares E, Souza IAG, Oliveira JC, Salles RS, Cordeiro CEM. Educação permanente em enfermagem e a interface com a ouvidoria hospitalar. Rev RENE. 2010; 11(4):85-94. 18. Oliveira WMA; Bezerra ALQ. Autoavaliação da estratégia saúde da família por enfermeiros. Rev enferm UERJ. 2011; 19:20-5 Recebido em: 16.04.2011 Aprovado em: 08.09.2011 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):312-6. p.373