PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: FORMAÇÃO TECNOLÓGICA E DIDÁTICA PARA PROFESSORES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 1 Maria Auxiliadora Soares Padilha 2 ; Georgina Marafante Sá 3 ; Maria do Socorro da Silva 4 ; Cynthia Maria Lins de Oliveira 5 Introdução A universidade já não é a mesma. E, embora mantenha seus princípios universais de produção do conhecimento, inovação científica e tecnológica, possui um perfil bastante conservador em se tratando de ensino, um de seus principais pilares. No campo da docência vimos que diversos professores buscam inovar em suas práticas, instigados por seus alunos, que urgem por uma outra postura do professor e desejam atuar de forma mais ativa na produção de sua própria aprendizagem, ou mesmo por suas próprias convicções e concepções pedagógicas. Contudo, muitas dessas experiências são produzidas mais como um arranjo inovador (PADILHA, ZABALZA, 2015) do que uma prática apoiada institucionalmente. Professores e alunos se engajam em coreografias didáticas inovadoras promovidas, na maioria das vezes, com seus próprios recursos. A instituição não possui uma coreografia institucional que favoreça práticas pedagógicas inovadoras. Seja por falta de políticas e ações que fomentem 1. Artigo apresentado ao Eixo Temático 11 Educação a Distância / Educação Online / Métodos e Processos Pedagógicos do IX Simpósio Nacional da ABCiber. 2. Pesquisador é professor da Universidade Federal de Pernambuco. É Doutora em Educação (UFPE) e participa do Grupo de Pesquisa em Novas Tecnologias e Educação (UFPE). E-mail: dorapadilha@gmail.com 3. Pesquisador é técnico em assuntos educacionais da Universidade Federal de Pernambuco. É Doutoranda em Equidade e Inovação na Educação (USC/ES) e participa do Grupo de Pesquisa em Grupo de Pesquisa em Novas Tecnologias e Educação (UFPE). E-mail: georginamarafante@gmail.com 4. Pesquisador é técnico em assuntos educacionais da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: mariasocorrosilva47@gmail.com 5. Pesquisador é técnico em assuntos educacionais da Universidade Federal de Pernambuco. É Mestre em Educação (UFPE). E-mail: cynthiamlins@gmail.com
essas práticas, seja pelas dificuldades de infraestrutura e até de recursos humanos formados para isso. Nesse sentido, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), numa ação promovida pela Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos (Proacad), vem buscando construir uma cultura de inovação docente e, para isso, desde 2014 instituiu um grupo de estudos e promoção de inovação pedagógica junto à Coordenação de Inovação Pedagógica e Acompanhamento de Atividades Docentes. Entre suas ações, essa coordenação promoveu uma pesquisa sobre as concepções e práticas inovadoras dos professores da UFPE (AMARAL, et. al, 2015). Visando promover e fomentar a Inovação Pedagógica para a melhoria da qualidade do ensino da graduação e da aprendizagem dos alunos, a Proacad estabeleceu o Programa Institucional de Inovação Pedagógica (Inova UFPE) que contempla seus 3 Campi, 12 centros e todos os cursos de graduação (106). O Programa está organizado em 6 dimensões: 1) Campanhas; 2) Formações; 3) Pesquisa; 4) Apoio pedagógico; 5) Apoio à elaboração de material didático e; 6) Publicação pedagógica e científica. Este estudo faz parte de uma pesquisa maior, que visa compreender como a promoção de um cenário institucional inovador pode contribuir para efetivação de coreografias didáticas profundas e significativas, por professores e alunos, numa instituição federal de educação superior. Para isso, investigamos a coreografia institucional para inovação e os impactos dessa coreografia nas práticas de professores e alunos. Neste artigo, iremos destacar a formação de professores para o uso de tecnologias no processo educativo, com alguns dados iniciais. Mas... O que estamos chamando de inovação pedagógica? Para Zabalza (2000) a principal mudança ocorrida nos últimos tempos, na educação, foi a transferência do foco do professor para o aluno. Assim, inovação pedagógica é o fomento e a promoção de práticas pedagógicas que favoreçam a flexibilização curricular, com foco na aprendizagem do aluno, na autonomia, no pensamento crítico e na reflexão sobre o seu próprio processo de aprendizagem e a indissociação entre ensino e aprendizagem, rompendo com um ensino tradicional, mecânico e memorístico. Assim, a inovação não está relacionada diretamente ao uso de tecnologias em sala de aula, embora reconheçamos que estas provocam mudanças significativas nas práticas de professores e alunos. E, com esse reconhecimento, os professores universitários estão cada vez mais atentos à necessidade de ensinar e aprender com a tecnologia. A formação para as TDIC no Programa Inova UFPE
Uma das ações do Programa Inova UFPE é a formação continuada dos professores e servidores da universidade, buscando investir na inovação pedagógica e integração das TDIC nas práticas de professores e alunos. Para atender a este Programa foi criada uma carteira de cursos distribuídos nos seguintes tipos: a) Oficinas de 3h, que possuem natureza mais prática e envolvem novas metodologias, introdução de TDIC e outros conteúdos inerentes à práticas docentes. b) Minicursos, com uma natureza teórico-prática e carga horária ampliada (de 20h a 45h) para maior tempo de reflexão e produção de conteúdos e materiais. c) Disciplina Interdisciplinar de Docência Universitária e Integração de TDIC. d) Pós-Graduação Lato Senso em Docência Universitária e Inovação Pedagógica, com formatos e conteúdos inovadores. e) Cursos de Idiomas. f) Edital para Estudos de Pós-Doutorado, versando sobre práticas docentes inovadoras. g) Eventos diversos, como palestras, seminários e edições de Hacker-club, um espaço colaborativo, que busca fomentar a troca de conhecimento, o compartilhamento de ideias e o desenvolvimento de metodologias e ações didáticas inovadoras. Tecnologias e formação de professores universitários Para Zabalza (2003) hoje, há uma distância geracional e cultural muito grande entre professores e alunos, na universidade, muito maior que em outros tempos. E isso também decorre da cultura digital de cada um desses grupos. Bates e Sangrá (2012) afirmam que as instituições devem fomentar o uso das tecnologias no ensino e aprendizagem para melhorar a qualidade da formação ofertada e também para adaptar-se ao estilo dos estudantes. Para eles, algumas instituições não possuem um plano estratégico de integração de tecnologias, mas isso deve ser uma meta urgente e prioritária, para a busca de melhores e mais eficazes formações. Primeiros resultados Tendo a UFPE integrado o discurso da introdução de tecnologias e práticas inovadoras em seus documentos, como o Plano Estratégico Institucional (PEI) e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), passa agora para a colocação em prática desses discursos. O Programa Inova UFPE é um instrumento de concretização dessas propostas. Embora seu lançamento tenha ocorrido em agosto de 2016, desde fevereiro do mesmo ano ele já vinha sendo colocado em prática.
As ações de formação, portanto, ocorrem desde 2014 e apresentam os seguintes resultados: Quadro 1 - Formações promovidas através da Conecte Ano Formações Cursistas 2014 5 cursos de formação para EAD 1 para docência universitária 2015 6 cursos para gestão organizacional 3 sobre tecnologias diversas 145 1391 2016 6 5 cursos sobre moodle 1 sobre desenho curricular 3 sobre docência universitária 5 sobre tecnologias diversas 6 sobre gestão organizacional Fonte: www.ufpe.br/conecte Observa-se, neste quadro, que a maior quantidade de cursos promovidos é de gestão organizacional, promovido pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida (Progepe). Os cursos sobre Moodle vem crescendo na procura devido à campanha de EAD realizada pela própria Conecte, com o objetivo de dar visibilidade e ampliar a ação de atividades a distância nos cursos de graduação, com a aprovação dos 20% a distância nos Projetos Pedagógicos dos Cursos. Os cursos sobre tecnologias diversas se ampliam na medida em que os servidores da Conecte pesquisam sobre ferramentas tecnológicas disponíveis para o processo educativo, estudam e disponibilizam cursos para a comunidade acadêmica. Por enquanto, os cursos ainda estão disponíveis apenas para professores e servidores, mas a proposta visa integrar também o aluno, pois, parte da premissa de que não há inovação pedagógica sem a participação dos alunos. Uma grande dificuldade é a quantidade de pessoal para a realização de mais cursos. Pois a equipe é pequena e ainda é responsável por todo o planejamento, execução, avaliação e produção do Programa Inova UFPE e das atividades de Educação a Distância da UFPE. A Conecte é composta por 4 grupos de pessoal: pedagógico, tecnológico, financeiro e multimídia, num total de 11 técnicos-administrativos e 4 professores. A universidade possui cerca de 40 mil estudantes, 3 mil professores e 4 mil servidores técnico-administrativos (dados do site www.ufpe.br). Para Bates e Sangrá (2012) a definição de recursos para a integração das tecnologias no ensino é fundamental para o sucesso dessa proposta. Portanto, é preciso que a coreografia institucional apoie, tanto legalmente como financeiramente o proposto nos documentos 1534 6 Ainda em andamento.
institucionais, para que deixe de ser simples retórica política e passe a ser a concretização de ações pedagógicas viáveis e efetivas. Palavras-chave: Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação; Inovação Pedagógica; Programa Institucional; Formação docente. Referências bibliográficas AMARAL, Raul; BELIAN, Rosalie; TEDESCO, Patrícia; PADILHA, Maria Aauxiliadora Soares. Compreensão da inovação pedagógica protagonizada por docentes em instituição de ensino superior no Brasil. Congreso Internacional de Docência Universitaria. Vigo, 2015. BATES, Anthony; SANGRÁ, Albert. La gestión de la tecnología en la educación superior: estrategias para transformar la enseñanza y el aprendizaje. Ediciones Octaecho: Barcelona, 2012. PADILHA, Maria Auxiliadora Soares; ZABALZA, Miguel. Coreografias Didáticas no Ensino Superior: um cenário de integração de TIC na docência universitária. Relatório de Pesquisa. CAPES, Universidade Federal de Pernambuco: Recife, 2015. ZABALZA, Miguel. Competencias docentes del profesorado universitario: calidad y desarrollo profesional. Narcea Ediciones, 2003.. Enseñando para el cambio. Estrategias didácticas innovadoras. In: Sociedad Española de Pedagogía. Ponencias Vol.1, 241-271. XII Congresso Nacional I Iberoamericano de Pedagogía: Madrid. 2000. Disponível em: http://www.prodigyweb.net.mx/ lgunther/contenidos.htm. Acesso em março de 2015.