Índice de Qualidade Institucional 2011

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Transcrição:

Índice de Qualidade Institucional 2011 AUTOR E PESQUISADOR: MARTÍN KRAUSE PATROCÍNIO DA EDITORA INTERNATIONAL POLICY PRESS, UMA DIVISÃO DA INTERNATIONAL POLICY NETWORK DE LONDRES Lançamento da edição em português em 9 de Maio de 2011, Porto Alegre, Brasil. Entidades Parceiras Responsáveis:

ÍNDICE DE QUALIDADE INSTITUCIONAL 2011 Por Martín Krause Diretor da CIMA, Centro de Investigaciones de Instituciones y Mercados de Argentina (Centro de Pesquisas de Instituições e Mercados da Argentina) e da ESEADE, Escuela Superior de Economía y Administración de Empresas (Escola Superior de Economia e Administração de Empresas). Publicado pela Internacional Policy Press, uma divisão da Internacional Policy Network. Salas 200-205 Temple Chambers 3-7 Avenido Temple Londres ECAY OHP Reino Unido Fone: +44 20 3393 8419 Fax: +44 20 3393 8411 e-mail: info@policynetwork.net sitio web: www.policynetwork.net 2010 International Policy Network Todos os direitos reservados. Sem detrimento dos direitos reservados de propriedade intelectual, nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, armazenada ou incorporada a um sistema de recuperação, nem divulgada de forma alguma ou por qualquer meio (eletrônico, mecânico, fotocopiado, gravado ou outros) sem o consentimento prévio por escrito, tanto do proprietário do direito de propriedade intelectual quanto do editor deste livro. Internacional Policy Network A IPN (Rede de Política Internacional) é uma organização sem fins lucrativos localizada no Reino Unido e nos Estados Unidos (501c3). É uma organização não governamental, educativa e não partidária financiada por doações realizadas por pessoas, fundações e empresas a fim de que ela possa levar a cabo a sua obra. Não aceita dinheiro do governo. O objetivo da IPN é dar poder às pessoas e promover o respeito pelas pessoas e pela propriedade a fim de eliminar a pobreza, melhorar a saúde humana e proteger o meio ambiente. A IPN promove o reconhecimento sobre a importância desta visão em todo o mundo, tanto para os ricos quanto para os pobres. A IPN trabalha em prol deste objetivo promovendo o papel das instituições em determinados debates chaves sobre políticas internacionais: o desenvolvimento sustentado, a saúde, a globalização e o comércio. A IPN trabalha com acadêmicos, eruditos, jornalistas e redatores de políticas em todos os continentes.

A MALDIÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS? Martín Krause Esta história é conhecida: certos países descobrem vastos recursos naturais e onde tudo indica que se inicia um período de prosperidade e progresso, acontece tudo o contrário. O crescimento econômico é menor ao de países similares que não contam com essa bonança 1. Ditaduras, hiperinflações e até guerra civil podem ser o resultado do que já foi chamado de a maldição dos recursos naturais, ou também de o paradoxo da abundância. O recurso pode ser o petróleo, como nos casos de Angola, Nigéria, Sudão ou Venezuela, ou diamantes, como em Serra Leoa, na Libéria, no Congo, ou no Zimbábue. Este assunto é relevante na atualidade, porque estamos atravessando um ciclo positivo para os preços dos recursos naturais também chamado de boom das commodities, que afeta todos os países do mundo de formas muito diferentes. Os países pobres sem recursos naturais sofrem o impacto dos altos preços e têm aprofundada a pobreza dos seus setores marginais. Outros, com recursos naturais, poderiam ser favorecidos por essa conjuntura, mas isso não está assegurado. Como a composição de recursos é muito díspar entre países, é difícil generalizar com respeito ao impacto deste ciclo, ou mesmo montar uma cesta de recursos que reflita o impacto em um país particular, mas tomemos como amostra um país com vastos recursos naturais como é a Austrália. O índice de preços elaborado pelo Reserve Bank of Australia, que inclui minerais, metais, combustíveis e alimentos 2 mostra o seguinte desempenho desde 1987: 1 Sachs & Warner (1995) pesquisaram economias com uma alta porcentagem de exportações de recursos naturais em relação ao PIB do ano 1971 e descobriram que em 1989 tinham atingido taxas de crescimento menores às de países com recursos naturais escassos. 2 http://www.rba.gov.au/statistics/frequency/commodity-prices.html

O gráfico mostra o notável aumento dos preços a partir do ano de 2003, sua queda com a crise financeira de 2008/2009, mas uma notável recuperação e crescimento até 2011. Desde 2003, os preços triplicaram. Isso é uma tragédia? As opiniões divergem em relação a essa questão. O argumento inicial fazia referência a que o incremento inesperado de recursos fiscais gerava receitas facilmente capturadas pelos governos, tornando-os independentes dos contribuintes e conferindo-lhes recursos para subornar os grupos de pressão, evitando a necessidade de um pacto do tipo impostos em troca de instituições representativas 3. Outro argumento (Dunning, 2008), pelo contrário, afirma que o boom dos recursos naturais seria uma bênção, por exemplo, para a América Latina, porque os países desse continente têm uma distribuição muito desigual de renda e, ao receberem esses fundos inesperados da produção de um recurso natural, as elites apoiariam sua redistribuição entre os setores mais pobres, sem temerem fazer isso pela democracia majoritária com sua própria renda (isto é, a receita das elites). Isso fortaleceria a democracia. Finalmente, para outros, não existiria 3 Lembremos o famoso princípio expressado na Carta Magna (1215): no taxation without representation.

relação entre a descoberta de recursos naturais e a deterioração da democracia (Haber & Menaldo, 2010). A verdade é que parece haver exemplos para todos esses casos. Aos fracassos de países com petróleo ou diamantes citados acima poderiam somar-se os países que têm condições naturais para a produção de drogas (Bolívia, Afeganistão) ou outros com solos férteis para a produção agrícola (Argentina). Mas também há casos positivos: a Austrália, o Canadá, a Nova Zelândia, os Estados Unidos, a Noruega, a Holanda são todos exemplos de países que se beneficiaram da sua riqueza natural, seja por prolongados períodos, ou por uma descoberta repentina que não gerou nenhum colapso econômico ou institucional. E nem em Botsuana ou no Chile. Parece, então, que a bonança de recursos naturais resulta em uma maldição para uns e em uma bênção para outros. No âmbito da Economia, uma das explicações geralmente apresentada para os problemas que enfrenta um país que recebe um choque positivo é a da doença holandesa 4. O ingresso de divisas provindas das exportações de commodities revaloriza a moeda local e empurra o tipo de câmbio ao nível de rentabilidade da produção dessas commodities, não sendo o referido câmbio suficiente para que outros setores da economia possam concorrer, principalmente a indústria. A moeda revalorizada prejudica as exportações de outros bens comercializáveis e torna competitivas as importações em detrimento da produção local. Isso gera recessão, desindustrialização e desemprego. No entanto, os modelos da Doença Holandesa geralmente consideram o impacto temporal e inesperado da descoberta de um recurso natural como a descoberta de gás natural na Holanda, de onde provém seu nome um recurso não renovável que eventualmente se esgotará. Esse não é o caso da Argentina, um país que praticamente se fundou com a produção agrícola e pecuária, recursos renováveis, sendo extremamente competitivo nesse ramo desde então. Isso significa que esse país nunca teve nem terá o tipo de câmbio revalorizado pelo boom das commodities, pois ali já existia produção de commodities muito antes do surgimento de quaisquer indústrias. Por outro lado, ao mesmo tempo em que a produção agrícola e pecuária se expandia pela região do Pampa, várias indústrias se estabeleciam nas cidades mais importantes, aparentemente não prejudicadas por uma moeda revalorizada (Irigoin, 1984). Já países como a própria Holanda, a Noruega, com as receitas do petróleo, a Austrália, com a mineração, e o Chile, com o cobre, ou os Estados Unidos e o Canadá, não só conseguiram desenvolver uma economia diversificada, mas também conseguiram ser competitivos em outras indústrias. Em 1913, os Estados Unidos eram o produtor dominante de quase todos os minérios industriais daquele momento (Wright & Czelusta, 2004). A descoberta de ouro, primeiro, e de petróleo, depois, não impediu que a Califórnia desenvolvesse uma economia sofisticada. E, em relação ao acontecimento específico na Holanda, as exportações de bens e serviços aumentaram de menos de 40% do PIB, em finais dos anos 1960, para 70% na 4 O modelo teórico foi desenvolvido basicamente por Corden & Neary (1982), Corden (1984) y van Wijbergen (1984).

atualidade, uma proporção elevada para os padrões mundiais. Não parece existir um processo de desindustrialização. Ao que parece, mais do que procurar a Doença Holandesa, dever-se-ia olhar em outra direção para encontrar uma resposta para os referidos desempenhos. Uma direção poderia ser a da qualidade das instituições. E se a Doença Holandesa provém de um repentino boom de recursos, parece que o resultado depende criticamente do ponto de partida: se as instituições forem boas e o número de agentes ocupados em atividades empreendedoras for grande, um incremento dos recursos da economia incrementaria a empresarialidade e, portanto, a receita; mas se a qualidade institucional for fraca e um grande número de indivíduos se ocuparem da procura de receitas no momento do boom, este gerará um incremento nas atividades de procura de receitas, e a receita poderá até cair (Baland & Francois, 2000). Mehlum et al. (2005) desenvolvem um modelo para explicar que não necessariamente a descoberta de um recurso ou um boom de commodities geram deterioração institucional. Segundo os autores, existe uma tensão entre as atividades de produção e formas especiais de procura de receitas. Quando as instituições são sólidas e têm boa qualidade, as atividades de lobby podem ser complementares das atividades produtivas, mas quando a qualidade institucional é baixa, a procura de receitas atrai o esforço empreendedor de políticos, funcionários, empresários e sindicalistas para atividades improdutivas, para a mera partilha do bolo que caiu do céu. Quanto melhor for a qualidade institucional, menor será a rentabilidade da procura de receitas e maior a das atividades produtivas, e, por isso, os empreendedores se localizam nessas últimas, o que torna menos rentável e mais difícil a procura de privilégios e prebendas. Quais são os principais exportadores de commodities que seriam beneficiados pelo boom nos seus preços? Esta questão também não tem uma resposta simples, pois existem economias que são grandes exportadoras de commodities, mas para as quais essas commodities representam uma porcentagem relativamente baixa do total. Por exemplo, se considerarmos exportações de produtos agrícolas, os principais exportadores são os Estados Unidos e a União Europeia, mas essas exportações somam apenas 11,3% e 7,2%, respectivamente, do total. Para avaliar o impacto do boom de commodities, vamos considerar países para os quais essas exportações representam mais de 20% de suas exportações totais. Segundo os dados da OMC 5, ordenados conforme seu volume e mostrando a referida porcentagem sobre o total para o ano 2009, esses países são os seguintes: Alimentos: Brasil (33,9%), Argentina (49,5%), Nova Zelândia (52,4%), Chile (20,6%), Ucrânia (23,8%), Equador (35,3%), Costa do Marfim (46,4%), Uruguai (63,6%), Guatemala (44,2%). Combustíveis: Rússia (62,5%), Arábia Saudita (86,1%), Noruega (63,2%), Canadá (22,8%), Emirados Árabes Unidos (39,3%), Irã (84,3%), Venezuela (94,1%), Kuwait (92,7%), 5 Organização Mundial do Comércio (OMC). International Trade Statistics 2010: http://www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2010_e/its10_merch_trade_product_e.htm#overview

Austrália (29,3%), Nigéria (86%), Argélia (98,3%), Iraque (99,8%), Angola (98,2%), Qatar (93,4%), Indonésia (27,6%), Líbia (90,3%), Cazaquistão (69,5%). Em termos de qualidade institucional, encontramos nesses dados uma enorme variedade de países, desde alguns que ocupam posições muito destacadas (Nova Zelândia, 2º; Noruega, 12º; Chile, 21º) até outros que se localizam nas piores posições (Venezuela, 185º; Iraque, 183º; Angola, 181º; Líbia, 173º; Costa do Marfim, 172º; Irã, 166º; Nigéria, 157º; Rússia, 150º; Ucrânia, 149º; Argélia, 146º). A maldição não seria para todos, então. A descoberta de novos recursos naturais, ou um aumento importante dos preços, pode beneficiar um país sem colocar em risco sua qualidade institucional, sem desencadear uma feroz pugna pelas receitas advindas desses recursos. Nos casos dos primeiros países, o boom de preços contribui para consolidar a posição fiscal, tanto presente quanto futura, e os novos fundos são distribuídos seguindo critérios neutrais, o que gera maior credibilidade e promove novos investimentos. Os países se consolidam ainda mais. No caso dos países de baixa qualidade institucional (e vários deles estiveram nas notícias nos primeiros meses de 2011), a bonança acaba sendo, antes, pessoal ou do séquito de bajuladores que acompanham o líder político, as instituições não existem ou sofrem uma deterioração ainda maior ao se desencadear a rapina. O fundamental, então, são as instituições. Com elas, os recursos naturais podem consolidar o progresso; sem elas, são geralmente uma condena. Bibliografia Baland, Jean-Marie & Patrick Francois (2000), Rent-Seeking and Resource Booms, Journal of Development Economics 61-2, p. 527-542. Dunning, Thad (2008); Crude Democracy: Natural Resource Wealth and Political Regimes, New York: Cambridge University Press. Haber, Stephen H. and Menaldo, Victor A. (2010), Natural Resources in Latin America: Neither Curse Nor Blessing (June 15, 2010). Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=1625504 Mehlum, Halvor, Karl Moene & Ragnar Torvik (2005), Cursed by Resources of Institutions? Working Paper Series 10, Department of Economics, Norwegian University of Science and Technology, Trondheim, Norway. http://ideas.repec.org/p/nst/samfok/5705.html Wright, G. & J. Czelusta (2004), The myth of the resource course, Challenge 47 (2): 6-38. Sachs, Jeffrey & Andrew M. Warner (1995), Natural Resource Abundance and Economic Growth, Working Paper 5398, Cambridge, Mass: National Bureau of Economic Research. http://www.nber.org/papers/w5398.pdf

A QUALIDADE INSTITUCIONAL As mudanças institucionais são inevitavelmente lentas. Por essa razão não se registram grandes mudanças de um ano para o outro. A Dinamarca continua ocupando o primeiro lugar por quarto ano consecutivo, embora agora a Nova Zelândia tenha substituído a Suíça no segundo lugar, que fica então na terceira posição. A Finlândia, o Canadá, a Suécia, a Austrália, a Holanda, os Estados Unidos e o Reino Unido completam as dez primeiras posições. O Índice de Qualidade Institucional contém dois componentes: um relativo à qualidade das instituições políticas e outro referente à qualidade das econômicas. A Dinamarca tem uma segunda posição muito sólida quanto às instituições políticas e ocupa um quarto lugar nada desprezível nas instituições econômicas; a Nova Zelândia o país que segue, embora apresente um índice um pouco mais baixo, é mais uniforme, pois classifica na 5ª posição em política e na 7ª em mercados. A Suíça também é um país parelho: 7º em política e 6º em mercados. A Finlândia ocupa a 3ª posição em política e a 10ª em mercados. O componente de qualidade das instituições políticas é liderado pela Suécia, seguida da Dinamarca, a Finlândia, a Noruega, a Nova Zelândia, a Holanda, a Suíça e Luxemburgo. O componente de qualidade nas instituições econômicas é encabeçado por Cingapura (25º no IQI), seguida de Hong Kong (18º), os Estados Unidos (9º), a Dinamarca (1º), o Canadá (5º), a Suíça (3º), a Nova Zelândia (2º), o Reino Unido (10º) e a Austrália (7º). Quanto à evolução dos últimos anos, destaca-se o avanço do Canadá (da 11ª posição para a 5ª) e da Austrália (da 13ª para a 7ª) e os retrocessos de Luxemburgo e da Islândia. País IQI 2011 2011 2010 2009 2008 2007 Dinamarca 0.9729 1 1 1 1 2 Nova Zelândia 0.9626 2 3 3 2 4 Suíça 0.9595 3 2 2 6 1 Finlândia 0.9536 4 4 4 3 3 Canadá 0.9488 5 5 6 9 11 Suécia 0.9383 6 9 13 7 6 Austrália 0.9319 7 8 11 11 13 Holanda 0.9299 8 10 8 8 9 Estados Unidos 0.9275 9 7 9 9 8 Reino Unido 0.9262 10 12 10 14 10 Irlanda 0.9238 11 6 7 10 12 Noruega 0.9195 12 11 14 5 14 Luxemburgo 0.9137 13 16 15 15 7 Alemanha 0.9078 14 14 16 12 15 Islândia 0.8988 15 13 5 4 5 Áustria 0.8939 16 15 18 17 17 Japão 0.8801 17 18 22 20 18 Hong Kong 0.8795 18 17 20 27 20

A do Canadá é uma história de sucesso que merece ser contada e que tem sido pouco apreciada até o momento atual. O país progrediu notavelmente desde que atravessara um período de governo limitado ligado principalmente à figura do Primeiro Ministro Wilfrid Laurier (liberal, católico e francófono), que ocupou esse cargo entre 1896 e 1911 (Crowley et al., 2010). Como em outros países, esse período deu lugar ao protecionismo e ao estatismo dos anos 30, seguidos de uma nova liberação e prosperidade depois da Segunda Guerra Mundial e de um novo período de forte papel do Estado a partir dos anos 70. Em meados dos anos 90, 12% da população da maior e mais rica província, Ontário, vivia de planos sociais. Na vizinha Quebec, um quarto da população recebia algum tipo de auxílio público. A participação do governo na economia passou de 28% em 1960 para 53% em 1992. O país não conseguiu atingir um orçamento balanceado em nenhum ano entre 1974 e 1998, sendo que os impostos e a dívida cresceram em forma continuada (Crowley et al., 2010, p. 45). O desemprego aumentou, e as portas foram fechadas para a imigração e para o investimento estrangeiro. Como resultado, se em 1960 a renda per capita era similar à dos Estados Unidos, em 1992 a brecha era de 22%. No entanto, as coisas começariam a mudar. A mudança e o impulso para sucessivas mudanças começaram no comércio exterior. O primeiro ministro Pierre Trudeau (1968-79 e 1980-84) criou uma comissão presidida por um ex-ministro de finanças, Donald McDonald, que, após vários anos, entregou um relatório assinalando a necessidade da abertura comercial e de participar na incipiente globalização. Trudeau não promoveu essas mudanças, mas seu sucessor, o candidato do partido conservador, Brian Mulroney (1984-1993), que fizera campanha contra o livre comércio, finalmente chegou a um acordo com Ronald Reagan e terminou assinando um Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos em 1988, que depois se estenderia ao México. O líder do partido da oposição, John Turner, manifestou sua completa oposição ao tratado e a negativa do seu partido (Liberal) a assiná-lo, o que provocou uma acalorada campanha eleitoral na que Mulroney obteve um claro apoio, tendo sido aprovado o tratado. Os votantes canadenses tinham atingido um consenso favorável ao livre comércio. Isso alavancou o resto das mudanças (reforma impositiva para conseguir competitividade frente aos Estados Unidos; gasto público; programas sociais; recuperação do federalismo) no contexto de um consenso entre os sucessivos governos pertencentes a todos os partidos políticos importantes do Canadá (Liberais, Conservadores, Conservadores Progressistas). O sentido das reformas para políticas fiscais responsáveis, abertura comercial e menores impostos melhorou notavelmente a qualidade institucional do Canadá em matéria de instituições de mercado, ocupando nesse subíndice o 5º lugar. No que se refere às instituições políticas, o país ocupa o também destacado 10º lugar. O ingrediente da melhora é comum a vários países da América do Sul (reformas de mercado que obtêm consenso e se prolongam no tempo com partidos opositores aos que iniciam as reformas). É o caso do Chile, principalmente, mas também do Brasil, o Peru e o Uruguai.

No caso dos que se encontram no final da lista, é preciso levar em conta que o IQI incrementou o número de países avaliados de 184, em 2007, para 192, de 2008 a 2010, e para 194 em 2011. Assim, países como o Mianmar e a Coreia do Sul, que sempre estiveram no final da lista, não caíram relativamente desde então. A República Democrática do Congo é o nome atual do país que foi o Zaire até 1997, sendo antes disso uma colônia francesa. O Congo é o país vizinho, que foi colônia belga, embora nesses casos a qualidade institucional seja muito baixa. Há dois países da América Latina (Cuba e Venezuela), onze da África e sete da Ásia. País IQI 2011 2011 2010 2009 2008 2007 Cuba 0.1340 175 163 162 155 164 Congo 0.1329 176 173 175 167 166 Laos 0.1299 177 175 177 181 168 República Centro-Africana 0.1279 178 176 168 175 163 Guiné 0.1243 179 177 176 179 160 Sudão 0.1226 180 182 184 184 180 Angola 0.1164 181 174 179 178 171 Burundi 0.1070 182 179 180 168 173 Iraque 0.1058 183 178 181 180 176 Uzbequistão 0.1034 184 184 178 186 177 Venezuela 0.0994 185 180 174 174 161 Guiné Equatorial 0.0959 186 185 185 187 175 Afeganistão 0.0831 187 181 182 182 164 Zimbábue 0.0711 188 187 188 183 179 Chade 0.0672 189 186 187 185 178 Eritreia 0.0670 190 183 183 176 162 Congo, Rep. Dem. 0.0656 191 188 186 188 182 Turquemenistão 0.0401 192 189 189 189 181 Mianmar 0.0203 193 191 191 192 184 Coreia do Norte 0.0193 194 192 190 190 183 A partir de uma classificação geográfica, que não é a melhor para uma análise comparativa da qualidade institucional, a Europa continua ocupando o primeiro lugar com um indicador médio de 0,7089, seguida da Oceania, com 0,5504; muito perto segue toda a América, com 0,5453, seguida da Ásia, com 0,4270, e, finalmente, a África, com 0,2835. América Se levarmos em consideração o continente americano em seu conjunto, como foi dito acima, encontraremos uma média muito próxima da média da Oceania e superior à média da Ásia e da África, mas se considerarmos apenas o Canadá e os Estados Unidos, o indicador médio é de

0,9382 e, para o resto da América, o indicador cai para 0,5228. Se, além disso, dividirmos o resto da América, veremos que os países não latinos do Caribe mostram um indicador médio de 0,6651 enquanto o da América Latina é de 0,4705, o que implica uma melhora em relação ao índice de 0,4474 do ano 2010. As maiores mudanças negativas desde que começou a ser publicado este índice em 2007 correspondem à Argentina e à Nicarágua (-32 posições de 2007 a 2011), à Bolívia (-25), à Venezuela (-24), às Bahamas (-18), ao Equador (-15), a El Salvador (-14), à Jamaica (-13), à Honduras, à Guiana e a Cuba (-11). As maiores mudanças positivas foram as do Haiti (13), o Peru (12), a Colômbia (11), a Costa Rica (9) e o Panamá (8). O Chile subiu uma posição na região, superando agora Santa Lúcia. Quanto às mudanças desde o último ano, os piores resultados correspondem a São Cristóvão e Nevis (caiu 17 posições) e Honduras (16 posições a menos, refletindo os problemas institucionais que sofreu o país durante o ano). No que se refere às melhoras, destacam-se as de Belize, que subiu 12 posições, e a do Peru, que subiu 11. América IQI 2011 2011 2010 2009 2008 2007 Canadá 0.9488 5 5 6 9 11 Estados Unidos 0.9275 9 7 9 9 8 Chile 0.8328 21 22 24 26 22 Sta. Lúcia 0.8280 23 21 23 25 25 Porto Rico 0.7496 35 29 34 34 São Vicente e Granadinas 0.7482 36 30 28 30 29 Barbados 0.7368 40 31 39 23 32 Bahamas 0.7313 41 34 29 22 23 Costa Rica 0.6882 45 49 52 57 54 Uruguai 0.6772 46 52 60 55 50 Antígua e Barbuda 0.6664 48 48 47 50 51 Belize 0.6636 50 62 76 64 56 Domínica 0.6627 51 44 44 46 44 São Cristóvão e Nevis 0.6604 53 36 32 37 47 Panamá 0.6261 60 61 68 77 68 Granada 0.5986 66 58 58 61 59 Peru 0.5895 68 79 83 86 80 Trinidad e Tobago 0.5848 70 71 67 66 63 Jamaica 0.5844 71 69 66 65 58 El Salvador 0.5592 79 76 77 85 65 México 0.5338 85 82 79 79 75 Colômbia 0.5018 89 92 97 99 100 Brasil 0.4817 94 95 98 91 90 República Dominicana 0.4341 100 101 102 93 114 Bermuda 0.4300 101 Guatemala 0.4275 103 102 109 131 109

Guiana 0.3743 122 129 130 96 111 Honduras 0.3725 124 108 106 133 113 Argentina 0.3719 125 120 114 103 93 Nicarágua 0.3648 127 121 116 116 95 Paraguai 0.3279 134 140 136 135 128 Bolívia 0.2981 143 145 133 120 118 Equador 0.2822 148 148 143 140 133 Haiti 0.2616 152 153 164 177 165 Cuba 0.1340 175 163 162 155 164 Venezuela 0.0994 185 180 174 174 161 O Brasil, o maior país e a principal economia da América Latina, apresenta uma posição estável levemente por em cima da metade da tabela. No entanto, tem gerado enormes expectativas nos últimos anos, tanto pela moderação do seu governo de esquerda, quanto pelo impulso das suas empresas e a descoberta de novos recursos naturais. O que explica a posição na que se encontra o Brasil? O indicador é resultado de uma média para as instituições políticas de 0,5736 e de outro para as instituições de mercado de 0,3898, o que reflete claramente um melhor desempenho nas primeiras do que nas segundas. Vejamos os indicadores que as compõem. No indicador sobre o Respeito ao Direito (Rule of Law) do Banco Mundial, o Brasil ocupa a posição 108ª (de 213) e, no componente Voz e Prestação de Contas do mesmo organismo internacional, está na posição 81ª (de 212 países). Completam esse subcomponente Liberdade de Imprensa, na posição 91ª (de 196) e Percepção de Corrupção, na posição 69ª (de 178). Claramente, as vantagens do Brasil nesse campo residem no funcionamento da sua democracia, na participação dos seus cidadãos e em uma melhora sustentável em matéria de percepção de corrupção. Quanto às instituições de mercado, o país ocupa o lugar 58º em Competitividade Global (de 139 países), o indicador do Fórum Econômico Mundial, a posição 113ª (de 179) no componente de Liberdade Econômica, da Heritage Foundation e do Wall Street Journal, a 104ª no de Liberdade Econômica no Mundo, do Fraser Institute, Cato Institute e The Economist, e a 127ª de 183 países em Fazendo Negócios, do Banco Mundial. O Brasil obtém a melhor qualificação em matéria de mercados no Índice de Competitividade Global. Ali está na posição 86/139 em matéria de Requerimentos básicos, composta, por sua vez de Instituições (93), Infraestrutura (62), Entorno Macroeconômico (111) e Saúde e Educação Primária (87). Quanto aos Impulsores da eficiência, aparece no lugar 44º; este índice é composto pelos seguintes elementos: Educação superior e capacitação (58), Eficiência nos mercados de produtos (114), Eficiência no mercado de trabalho (96), Desenvolvimento do mercado financeiro (50), Disponibilidade tecnológica (54) e Tamanho do mercado (10). Finalmente, no que se refere aos Fatores de sofisticação e inovação (38), os componentes são: Sofisticação dos negócios (31) e Inovação (42).

Comenta o relatório: O Brasil se encontra bastante estável no lugar 58º, com uma leve melhora da sua qualificação (4,3 vs 4,2 em 2009) depois de uma notável tendência ascendente nos últimos anos (subiu 16 posições entre 2007 e 2009). Seu recente dinamismo nos rankings reflete notáveis avanços nos últimos 20 anos para a estabilidade macroeconômica, a liberalização e a abertura da sua economia, a redução na desigualdade de rendas, entre outras dimensões. Esses esforços foram instrumentais no sentido de firmar a economia em uma base muito mais sólida e de proporcionar um entorno muito mais favorável para os negócios, promovendo o crescimento do setor privado. E, mais, isso lhe permitiu reagir com sucesso em face do impacto da recente crise global enquanto o PIB se contraiu levemente em 2009 (-0,18%) e a economia voltou a crescer em 2010 com uma taxa esperada de 5,5%. A despeito dessas fortalezas, o panorama da competitividade no Brasil é misto, apresentando importantes fortalezas e preocupantes fraquezas e desafios que deverão ser superados para o que país possa aproveitar todo seu potencial competitivo. O Brasil obtém seu pior resultado no indicador Fazendo Negócios, do Banco Mundial, (127/183). Vejamos as razões: Classificação da Categoria Abertura de um negócio Tramitação de licenças para construção Registro de propriedades DB 2011 Classificação DB 2010 Classificação Mudança 128 128 Sem mudança 112 113 1 122 121-1 Obtenção de crédito 89 87-2 Proteção dos investidores Recolhimento de impostos Comércio transfronteiriço Cumprimento de contratos Fechamento de uma 74 73-1 152 149-3 114 98-16 98 98 Sem mudança 132 130-2

empresa Os componentes deste indicador mostram um resultado muito pobre em Recolhimento de Impostos, Fechamento de uma empresa, Abertura de um negócio e Registro de propriedades. Em suma, tanto este indicador quanto o anterior indicam uma perspectiva do Brasil como um país com um importante mercado que gera oportunidades de negócios, com um bom ambiente de negócios que pareceria favorecer as grandes empresas, mas com mercados altamente regulados e pesados trâmites burocráticos que prejudicam principalmente as pequenas e médias empresas. Outros continentes e regiões A Europa conta com seis países localizados nas dez primeiras posições do IQI (Dinamarca, Suíça, Finlândia, Suécia, Holanda e Reino Unido), não tendo nenhum país nos últimos 20 lugares, embora a Bielorrússia esteja na posição 171ª, a Rússia na 150ª e a Ucrânia na 149ª. A Oceania apresenta alguns contrastes, com o ótimo desempenho da Nova Zelândia (2º) e da Austrália (7º) e a concomitante baixa classificação das ilhas Comores (167º). A Ásia mostra o Japão, Hong Kong, Taiwan, Singapura e Macau nas primeiras cinco posições da região e a Uzbequistão, Afeganistão, Turquemenistão, Mianmar e Coreia do Norte nas últimas cinco, sendo que estes últimos três países também ocupam as três últimas posições gerais. A África, o continente com a pior média, apresenta seus melhores resultados no sul: a Botsuana (49º), a África do Sul (59º) e a Namíbia (72º), seguidas de Gana (84º) e Cabo Verde (88º). No entanto, os desempenhos dos países africanos são muito pobres em geral e particularmente nos casos da República Democrática do Congo, da Eritreia, do Chade, do Zimbábue e da Guiné Equatorial. Na conturbada região do Oriente Médio e dos países árabes, o país melhor posicionado é o Qatar (47º), seguido de Bahrein (54º), os Emirados Árabes Unidos (55º), o Kuwait (58º) e a Arábia Saudita (69º), mas é preciso frisar que em todos esses casos se trata de países que obtém uma boa pontuação nas instituições de mercado pois são economias geralmente abertas, mas que têm resultados muito pobres no que se refere às instituições políticas. As últimas posições são ocupadas pelo Afeganistão, a Líbia, o Irã, o Iêmen e a Argélia. Bibliografia Crowley, Brian, Jason Clemens & Niels Veldhuis (2010), The Canadian Century, (Toronto: Key Porter Books Limited; The Macdonald-Laurier Institute for Public Policy).

ÍNDICE DE QUALIDADE INSTITUCIONAL Resultados Totais País IQI 2011 2011 2010 2009 2008 2007 Dinamarca 0.9729 1 1 1 1 2 Nova Zelândia 0.9626 2 3 3 2 4 Suíça 0.9595 3 2 2 6 1 Finlândia 0.9536 4 4 4 3 3 Canadá 0.9488 5 5 6 9 11 Suécia 0.9383 6 9 13 7 6 Austrália 0.9319 7 8 11 11 13 Holanda 0.9299 8 10 8 8 9 Estados Unidos 0.9275 9 7 9 9 8 Reino Unido 0.9262 10 12 10 14 10 Irlanda 0.9238 11 6 7 10 12 Noruega 0.9195 12 11 14 5 14 Luxemburgo 0.9137 13 16 15 15 7 Alemanha 0.9078 14 14 16 12 15 Islândia 0.8988 15 13 5 4 5 Áustria 0.8939 16 15 18 17 17 Japão 0.8801 17 18 22 20 18 Hong Kong 0.8795 18 17 20 27 20 Estônia 0.8740 19 20 21 24 19 Bélgica 0.8421 20 19 19 13 16 Chile 0.8328 21 22 24 26 22 França 0.8298 22 23 25 19 21 Sta. Lúcia 0.8280 23 21 23 25 25 Taiwan 0.8173 24 26 30 36 31 Cingapura 0.8082 25 24 26 47 27 Chipre 0.8048 26 25 35 28 26 Macau 0.7964 27 47 República Tcheca 0.7957 28 38 37 42 39 Coreia do Sul 0.7880 29 32 36 45 36 Espanha 0.7859 30 43 38 28 26 Portugal 0.7858 31 33 33 21 24 Malta 0.7843 32 27 27 18 28 Lituânia 0.7755 33 35 43 38 35 Maurício 0.7560 34 28 40 41 43 Porto Rico 0.7496 35 29 34 34 São Vicente e Granadinas 0.7482 36 30 28 30 29 Hungria 0.7462 37 40 41 32 40 Eslováquia 0.7400 38 39 42 44 41 Eslovênia 0.7377 39 41 50 31 45 Barbados 0.7368 40 31 39 23 32 Bahamas 0.7313 41 34 29 22 23 Israel 0.7270 42 42 45 43 34 Letônia 0.6961 43 45 46 39 38

Polônia 0.6887 44 57 72 54 60 Costa Rica 0.6882 45 49 52 57 54 Uruguai 0.6772 46 52 60 55 50 Qatar 0.6755 47 56 61 73 72 Antígua e Barbuda 0.6664 48 48 47 50 51 Botsuana 0.6654 49 51 51 53 55 Belize 0.6636 50 62 76 64 56 Domínica 0.6627 51 44 44 46 44 Mônaco 0.6627 52 São Cristóvão e Nevis 0.6604 53 36 32 37 47 Bahrein 0.6580 54 54 57 98 74 Emirados Árabes Unidos 0.6542 55 55 64 81 69 Itália 0.6342 56 59 53 48 57 Samoa 0.6329 57 53 49 52 42 Kuwait 0.6311 58 60 56 70 61 África do Sul 0.6292 59 50 54 49 52 Panamá 0.6261 60 61 68 77 68 Bulgária 0.6195 61 73 70 62 71 Geórgia 0.6131 62 72 75 82 81 Vanuatu 0.6039 63 64 63 63 53 Palau 0.6029 64 37 31 35 37 Malásia 0.5997 65 66 65 71 64 Granada 0.5986 66 58 58 61 59 Montenegro 0.5957 67 75 82 92 Peru 0.5895 68 79 83 86 80 Arábia Saudita 0.5873 69 81 88 104 102 Trindade e Tobago 0.5848 70 71 67 66 63 Jamaica 0.5844 71 69 66 65 58 Namíbia 0.5838 72 67 71 59 71 Grécia 0.5808 73 63 62 58 66 Tailândia 0.5785 74 70 73 76 62 Ilhas Marshall 0.5771 75 46 48 51 49 Romênia 0.5770 76 74 78 68 83 Macedônia 0.5760 77 80 91 88 94 Turquia 0.5639 78 83 87 75 86 El Salvador 0.5592 79 76 77 85 65 Niuê 0.5536 80 Croácia 0.5458 81 86 90 74 87 Bornéu 0.5451 82 87 103 125 Omã 0.5447 83 68 69 83 70 Gana 0.5428 84 85 85 72 78 México 0.5338 85 82 79 79 75 Jordânia 0.5309 86 77 80 89 77 Albânia 0.5272 87 89 94 123 134 Cabo Verde 0.5208 88 65 74 67 79 Colômbia 0.5018 89 92 97 99 100

Mongólia 0.4985 90 96 84 78 82 Tonga 0.4910 91 84 81 90 67 Índia 0.4901 92 90 92 80 81 Micronésia 0.4844 93 78 55 56 48 Brasil 0.4817 94 95 98 91 90 Tunísia 0.4698 95 97 96 115 88 Armênia 0.4697 96 93 93 107 89 Sérvia 0.4658 97 94 100 95 96 Kiribati 0.4527 98 88 59 60 46 Fiji 0.4367 99 91 86 69 76 República Dominicana 0.4341 100 101 102 93 114 Bermuda 0.4300 101 Indonésia 0.4295 102 106 128 137 127 Guatemala 0.4275 103 102 109 131 109 Seychelles 0.4265 104 100 89 84 84 Cazaquistão 0.4260 105 104 112 146 117 Butão 0.4255 106 98 99 101 99 Zâmbia 0.4206 107 103 124 132 121 Egito 0.4166 108 105 120 127 124 Suriname 0.4159 109 99 101 87 97 Papua Nova Guiné 0.4046 110 107 107 118 104 Bósnia e Herzegovina 0.4037 111 113 125 97 112 Marrocos 0.4005 112 110 113 113 107 China 0.3996 113 112 122 129 125 Ruanda 0.3974 114 128 159 159 169 Benin 0.3954 115 131 129 109 126 Uganda 0.3908 116 109 119 124 116 Maldivas 0.3875 117 122 110 106 101 Sri Lanka 0.3854 118 116 111 105 98 Kosovo 0.3853 119 132 Líbano 0.3797 120 125 105 112 92 Filipinas 0.3765 121 119 115 119 106 Guiana 0.3743 122 129 130 96 111 Moldávia 0.3729 123 114 127 126 110 Honduras 0.3725 124 108 106 133 113 Argentina 0.3719 125 120 114 103 93 Ilhas Salomão 0.3711 126 111 95 100 85 Nicarágua 0.3648 127 121 116 116 95 Mali 0.3619 128 123 117 102 122 Azerbaijão 0.3584 129 117 135 157 141 Burkina Faso 0.3521 130 130 132 121 130 Malaui 0.3512 131 133 141 122 115 Tanzânia 0.3511 132 118 108 114 119 Quênia 0.3329 133 124 121 128 120 Paraguai 0.3279 134 140 136 135 128 Lesoto 0.3274 135 126 126 94 123

Moçambique 0.3273 136 138 137 117 131 Quirguistão 0.3230 137 135 134 149 143 Vietnã 0.3182 138 139 144 142 145 Senegal 0.3169 139 134 123 108 105 Madagascar 0.3052 140 115 118 111 108 Gâmbia 0.3002 141 136 145 147 136 Bangladesh 0.2987 142 146 156 152 150 Bolívia 0.2981 143 145 133 120 118 São Tomé e Príncipe 0.2965 144 127 104 110 103 Mauritânia 0.2923 145 160 147 141 144 Argélia 0.2867 146 141 142 144 140 Suazilândia 0.2851 147 132 131 134 129 Equador 0.2822 148 148 143 140 133 Ucrânia 0.2748 149 144 139 130 132 Rússia 0.2724 150 143 148 153 139 Libéria 0.2652 151 149 153 166 Haiti 0.2616 152 153 164 177 165 Palestina 0.2572 153 164 Iêmen 0.2562 154 154 155 160 146 Gabão 0.2561 155 147 149 132 148 Paquistão 0.2560 156 142 138 139 137 Nigéria 0.2530 157 137 140 148 148 Camboja 0.2466 158 158 154 163 154 Djibuti 0.2369 159 151 151 151 Nepal 0.2322 160 156 150 154 153 Serra Leoa 0.2317 161 152 161 161 156 Etiópia 0.2223 162 157 157 150 152 Timor Leste 0.2173 163 166 152 143 138 Níger 0.2159 164 150 158 145 147 Síria 0.2045 165 161 160 164 151 Irã 0.2041 166 172 167 165 149 Comores 0.2001 167 155 146 136 135 Camarões 0.1913 168 165 163 162 157 Tadjiquistão 0.1755 169 169 165 173 155 Togo 0.1623 170 162 171 171 170 Bielorrússia 0.1589 171 159 172 153 139 Costa do Marfim 0.1583 172 168 169 172 158 Líbia 0.1405 173 167 170 170 167 Guiné-Bissau 0.1386 174 171 173 158 159 Cuba 0.1340 175 163 162 155 164 Congo 0.1329 176 173 175 167 166 Laos 0.1299 177 175 177 181 168 República Centro-Africana 0.1279 178 176 168 175 163 Guiné 0.1243 179 177 176 179 160 Sudão 0.1226 180 182 184 184 180 Angola 0.1164 181 174 179 178 171

Burundi 0.1070 182 179 180 168 173 Iraque 0.1058 183 178 181 180 176 Uzbequistão 0.1034 184 184 178 186 177 Venezuela 0.0994 185 180 174 174 161 Guiné Equatorial 0.0959 186 185 185 187 175 Afeganistão 0.0831 187 181 182 182 164 Zimbábue 0.0711 188 187 188 183 179 Chade 0.0672 189 186 187 185 178 Eritreia 0.0670 190 183 183 176 162 Congo, Rep. Dem. 0.0656 191 188 186 188 182 Turquemenistão 0.0401 192 189 189 189 181 Mianmar 0.0203 193 191 191 192 184 Coreia do Norte 0.0193 194 190 190 190 183 Somália 170 166 191 Andorra 12 Liechtenstein 17