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Transcrição:

Vivências off-line e online de jovens-alunos do Ensino Médio: mútuaafetação entre o processo midiatização da cultura contemporânea e as interações juvenis de três turmas escolares em Belo Horizonte. Tese de doutorado de pesquisa apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação (UFMG) Linha de pesquisa: Educação, Cultura, Movimentos Sociais e Ações Coletivas. Orientador: Prof. Dr. Geraldo Leão Doutoranda: Cirlene Cristina de Sousa Belo Horizonte Abril de 2014

Resumo: A relação mídia-juventude na contemporaneidade tem sido estudada por vários autores, especialmente a partir dos anos noventa, quando se verifica um verdadeiro boom de tecnologias de comunicação nos âmbitos institucional, mercadológico e pessoal. Parte desses estudos volta-se à questão de como essas tecnologias, com seus dispositivos midiáticos, afetam e são afetados no que concerne aos valores, representações, identidades e práticas culturais juvenis. Neste sentido, a mídia tem sido uma presença cada vez mais significativa na vida dos indivíduos e das instituições sociais hodiernas. No que toca diretamente à juventude, indaga-se como alguns dos elementos característicos da sua condição em termos de sonhos, projetos, afetividade, sociabilidade, consumo, lazer e expressões culturais, se encontram atravessados pela vasta gama de símbolos, valores e motivações próprias da mídia. Evidencia-se, deste modo, o quanto a vida humana tem sido atravessada nos seus vários âmbitos interacionais pelo assim denominado processo de midiatização. Tal processo não se limita à inovação dos meios, mas altera o modo de conceber a comunicação humana, com seus sujeitos e questões, que passam a ser combinados no contexto cultural de uma tecno-interação. Para alguns pesquisadores essas mudanças são tão radicais, que estaríamos em plena gênese de um bios midiático distinto, de profunda incidência no tecido social. Nesta nova ambiência se instalaria uma ecologia comunicacional inédita: o bios virtual, como diz Gomes (2008). Para este autor, mais do que uma tecnologia, está surgindo um novo modo de ser no mundo, representado pela midiatização da sociedade (Gomes, 2008, p. 19-20). Em face deste contexto, compartilhamos com Braga o pressuposto de que a midiatização está se tornando, na contemporaneidade, o processo social de referência: entre os muitos processos que referenciam a socialização, as tecnologias e ambientes comunicacionais têm sido a mediação mais transversal e preferencial em comparação a outros de cunho econômico, religioso, étnico, profissional, educacional etc. Este dado se confirma, aliás, pelo quanto estes outros processos têm sido progressivamente atravessados pela cultura midiática. Como bem observa Braga (2006), hoje os novos meios e ambientes midiáticos têm uma participação mais efetiva na construção social da realidade, alcançando espaços de intervenção, seja nas individualidades, seja nas instituições sociais.

É dentro desse contexto geral, que problematizamos o objeto de pesquisa da presente tese, a saber: quais aspectos do processo de midiatização da cultura contemporânea marcam de forma mais singular a juventude hodierna, com o recorte específico na apreensão de como tal processo afeta e/ou reconfigura os papéis de aluno(a) de um grupo de jovens estudantes, tomados em suas relações cotidianas nos ambientes da mídia e da escola. Portanto a pesquisa esteve focada em como os jovens-alunos sofrem a midiatização e quais os seus efeitos nos modos de tais jovens interagirem com a escola e conduzirem os seus papéis de aluno. Para tanto, colhemos e classificamos dados de campo realizado no ano de 2012 em duas escolas: o Instituto particular de educação básica Carmem Pereira e a Escola Estadual Francisca do Amaral. Para a análise de dados, servimos-nos de autores que têm desenvolvido estudos sociais, comunicacionais e educativos com foco prioritário nos sujeitos com suas identidades, vínculos e processos atentos à singularidade dos indivíduos na variada malha de relações sociais na contemporaneidade. Nossa tese está estruturado em cinco capítulos: Cap. 1. Ser jovem e ser aluno numa cultura midiatizada. Neste capítulo, empreendemos uma discussão sobre os modos de ser jovem e a cultura contemporânea midiatizada. De forma geral, relacionamos a tríade juventude, mídia e escola; Cap. 2. A condição juvenil-escolarizada na modernidade reflexiva. Aqui problematizamos nosso problema de pesquisa, no contexto da modernidade em movimento. Pontuamos as singularidades da escola contemporânea neste contexto e a afetação dos processos de individuação, das identidades juvenis e de suas práticas estudantis; Cap. 3. O jovem-aluno sob olhar relacional. O claro foco nos sujeitos-em-relação põe o dado humano-cultural no centro das questões, o que nos exigiu uma leitura qualitativa do material pesquisado, não redutível às estatísticas ou equações. Por isto, cuidamos em evitar posições teóricas e/ou investigativas de abordagem instrumental ou tecnologizante sobre a temática, considerada não só a abrangência da relação entre jovens e mundo midiático, mas sua diversidade de encaixes e sentidos, mais ou menos significativos para os próprios sujeitos pesquisados. Para tanto, procuramos o apoio teórico de autores e de métodos de coleta de dados que pudessem nos ajudar a construir um olhar mais conjuntural-relacional do problema abordado em nossa tese. Nessa busca, selecionamos três vias de acessos ao nosso objeto de pesquisa: a via da sociologia da ação, a via freireana da educação comunicativa e a via do paradigma praxiológico da comunicação. Neste capítulos, sistematizamos como

essas três vias contribuem para a análise de nosso objeto sob o olhar relacional, presente nesta tese. Cap. 4. Contextos, sujeitos e relatos de campos. Neste caracterizamos o contexto escolar e os sujeitos a partir da pesquisa, apresentando os dados colhidos mediante questionário e observação participante, com atenção no que toca o objeto. E, em seguida, descrevemos as cenas, apresentamos as indagações que nos permitiu interrogar e interpretar os dados colhidos, tendo em vista uma análise mais conclusiva; Cap. 5. Juventude midiatizada: jogos do eu na imbricação entre ser jovem-aluno. Neste capítulo, identificamos e analisamos os elementos do processo de midiatização da cultura que afetam mais diretamente a via dos jovens do Instituto Carmem Pereira e da Escola Estadual Francica do Amaral. Mais singularmente, como tal afetação interfere na condição estudantil destes jovens. Atentos à complexidade e a não homogeneidade da midiatização dos jovens pesquisados, dividimos esse capítulo em duas partes. Na primeira, evidenciamos as relações dos jovens pesquisados com o processo de midiatização, postas em três categorias de análise: a) A perspectiva de tempo: um modo de ser jovem contemporâneo. Por um lado, observamos os jovens como sujeitos que vivem uma tensão de lugares e tempos, ritmo e papéis em busca de sentido. Do outro, observamos a mídia como referência cotidiana: articuladora do tempo, articuladora das relações, modos novos de comunicação, referências/busca por pontos de encontros e de ajustes. b) Jogos do Eu e a midiatização: a pessoalidade na relação com a cultura da mídia; a busca pelo outro significativo; o grupo como espaço de experiência: vínculos e práticas culturais, interesses e gostos; a midiatização dos vínculos institucionais: escola, família, religião, consumo e empresas virtuais. c) Escola instituição e escola experiência: ser aluno entre o individual e o coletivo; a experiência virtual da turma escolar: imbricações entre off-line e online. Na segunda parte, evidenciamos em oito histórias individuais dos jovens pesquisados, os elementos da mútua-afetação entre midiatização e práticas juvenis escolares, enfatizando aí o atravessamento da midiatização no processo de individuação e socialização destes jovens. E, por fim, apresentamos a Conclusão, com a inscrição dos nossos apontamentos finais: poderamos como a avalanche de tecnologias digitais se mistura à vida cotidiana dos jovens pesquisados. Conclui-se que os dispositivos midiáticos vão se imbricando nas vidas juvenis de um modo ainda mais extenso (ampliação de espaços e acessos) e mais intenso (assiduidade e envolvimento subjetivo). Exemplo disso são os contatos e amizades virtuais; os acessos online para informação, lazer e comercialização; o uso diário de mensagens via celular; as inúmeras inscrições de perfil nas redes sociais, como

o Facebook e outras. A partir desta imbricação, as referências de identidade, relacionamento e conhecimento sofrem um processo de afetação e de interpelações decorrentes da midiatização que aí se inscreve. Notamos que isto não toca apenas o campo informativo, mas a percepção e autopercepção dos sujeitos, suas trocas interpessoais, suas vivências e modos de serem alunos. Focando o grupo de jovensalunos do Instituto Carmem Pereira e da Escola Estadual Francisca do Amaral, evidenciamos que o processo de interseção entre a vida juvenil e os dispositivos midiáticos é acelerado e influente, mas não homogêneo, principalmente quanto à relação com a internet e suas várias redes sociais. Referimo-nos aqui à assídua ocupação dos jovens, em dias e horas, com a televisão, o computador e a internet, incrementada pelo desenvolvimento de aparatos como net-tops, iphones, smartphones e tablets. Como diz Fischer, isso vai se acentuando de tal forma que pode ser experimentado como um amor à conectividade acompanhado pelo instigante modo de ver a si mesmo como alguém que passa; que some no tempo, numa velocidade incontrolável (Fischer 2012, p. 415). Em se tratando de jovens com idade entre 16 e 18 anos, as redes sociais se apresentou como espaço marcante de seus processos de socialização cotidianos: amizades e namoros, entretenimento e informação, religiosidade e ações políticas, aprendizagens e cotidiano escolar vão aí se instaurando, ao lado de uma nova percepção do tempo, dos vínculos, da identidade e dos limites. A hodierna geração de jovens demonstra uma crescente sensibilidade aos apelos midiáticos e desenvolve habilidades no que se refere às formas de se comunicar por dispositivos tecnológicos. Concomitantemente, em via inversa, a mídia tem se alimentado das linguagens juvenis expressas na cultura, incorporando-as e incrementando o seu poder de influência na formação de valores, conhecimentos, hábitos e atitudes entre os jovens. Na perspectiva dos jovens-alunos, destacamos que mais que oferta de aparelhos inovadores e funcionais a mídia tem proporcionado um espaço ou ambiente a que os jovens acessam para expressar-se e encontrar-se, estimulados pela quantidade e diversidade das opções, especialmente online. Em grande medida, os jovens-alunos contemporâneos são sujeitos midiatizados, que transitam no espaço midiático e no espaço escolar em habitual interatividade: entre si e com seus pares, com a escola e seus atores, online e off-line.