Área: DIREITO Pesquisador responsável (ou coordenador do projeto do grupo): PAULA MONTEIRO DANESE E-mail: PAULA.DANESE@USJT.BR Outros docentes envolvidos no projeto: Professor (a) e-mail: Título do projeto: Direitos Humanos e Empresas: O direito a não discriminação em função do gênero e raça nas empresas Resumo 1. INTRODUÇÃO Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura) a igualdade de gênero a igualdade de direitos entre homens e mulheres, é um direito humano fundamental, um elemento essencial para a construção da justiça social e uma necessidade econômica. Considera, ainda, como um fator essencial para alcançar todos os objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente, bem como um objetivo em si mesmo. 1 Segundo dados do mesmo órgão internacional, as mulheres são mais de dois terços dos 796 milhões de adultos em todo o mundo que não têm as habilidades básicas da alfabetização. As mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores do mundo, o que demonstra que há uma clara discriminação em função do gênero, que impede a fruição e gozo dos direitos humanos internacionalmente reconhecidos. 2 Analisando os dados mencionados, pode-se afirmar que todas as formas de discriminação entre homens e mulheres são violações aos direitos humanos, bem como uma barreira significativa para alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, pois as mesmas oportunidades de vida devem ser oferecidas a homens e mulheres 1 UNESCO. Igualdade de Gênero. Disponível em:< http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/social-and-humansciences/human-rights/gender-equality/>. Acesso em 27 de abril de 2019 2 Ibidem
igualmente, bem como a liberdade de as escolhas, as capacidades, os poderes e os conhecimentos de forma igualitária, como cidadãos iguais. Tendo em conta as desigualdades e grandes assimetrias que persistem, a promoção da igualdade passa, um pouco por todo o mundo, pelo empoderamento das mulheres. O empoderamento visa o equilíbrio de poder entre homens e mulheres, ao criar as condições para que a mulher seja autónoma nas suas decisões e na forma de gerir a sua vida. De acordo com os dados do FNUAP, o Fundo das Nações Unidas para Desenvolvimento da População, proporcionalmente há mais mulheres pobres que homens. Ou seja: a pobreza é feminina. As desigualdades são óbvias em todas as áreas, como a saúde e educação. 3 Nesse sentido, importante ter ferramentas que proporcionem a inserção das mulheres no mercado de trabalho e na tomada de decisão de Empresas e órgãos públicos. É notável que o número de homens e mulheres em empresas é discrepante e que quando falamos em cargos de liderança, esse número é ainda mais alarmente - As mulheres ainda são minoria no topo da hierarquia do setor público e privado. Embora representem pouco mais da metade (51,7%) dos trabalhadores brasileiros, somente 37,8% delas estão em cargos gerenciais existentes no país, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 4 - isso sem levarmos em consideração a questão racial, pois há uma inviabilização da mulher negra, o que impede o acesso aos dados reais sobre a participação da mulher negra em grandes e médias empresas. Tal fato traz consequências não só jurídicas como também econômicas. De acordo com dados da ONU MULHERES: Empresas, lideranças empresariais e empreendedoras são agentes decisivas para a igualdade de gênero, trabalho decente e desenvolvimento sustentável. Essa é a constatação da ONU Mulheres Brasil com base nos Princípios de Empoderamento das Mulheres (Women s Empowerment Principles WEPs, na sigla em Inglês), que conta 198 adesões de empresas privadas e públicas no Brasil. O país é o terceiro no ranking internacional de 2.183 signatárias. 3 UNFPA. Ensuring rights and choices for all. Disponível em:< https://www.unfpa.org/>. Acesso em 26 de abril de 2019. 4 VALOR ECONÔMICO. Mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de chefia no Brasil, aponta IBGE. Disponível em:<https://www.valor.com.br/brasil/5368813/mulheres-ocupam-apenas-38-dos-cargos-de-chefiano-brasil-aponta-ibge>. Acesso em 27 de abril de 2019.
Globalmente, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho gera uma perda média de 15% nas economias dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, a maior participação da mulher no mercado de trabalho e também uma maior projeção profissional aumentaria o PIB em 3,3% seriam 382 bilhões de reais a mais na economia, conforme o Banco Mundial. (...) A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propõem transformações e metas, que demandam o engajamento do setor empresarial para novas práticas econômicas e empoderamento de mulheres. 5 Ademais, ressaltamos que: As desigualdades de gênero e raça continuam a pautar a inserção das mulheres no mundo do trabalho remunerado. Em 2016, a taxa de participação das brasileiras com mais de 15 anos de idade era de 52,8%, recebendo 76,5% do rendimento dos homens. A taxa de desocupação atingiu 9,4% em 2015, sendo que para as mulheres foi de 11,6%. As mulheres negras constituíram a maior parcela da população desocupada e foram as mais atingidas pelo aumento da taxa de desemprego. Seu rendimento, o menor para os grupos populacionais de acordo com sexo e raça/cor, restringiu-se a pouco mais de 40% do rendimento dos homens brancos. 6 Assim, verifica-se que tais diferenças em função de gênero e raça (gênero composto) ferem os direitos fundamentais, igualdade, direitos humanos e a dignidade da mulher. 2. OBJETIVO GERAL A presente pesquisa tem por objetivo geral ampliar a discussão dessa temática, realizando pesquisa empírica e analisando dados sobre a participação de mulheres em empresas, suas condições de vulnerabilidade no mercado de trabalho, investigando as consequências da discriminação em função do gênero em empresas e suas consequências na área de Direitos Humanos e Desenvolvimento, uma vez que, como demonstrado na introdução, a exclusão de mulheres em empresas de médio e grande porte reflete negativamente na economia do país. 5 ONU MULHERES. ONU Mulheres chama empresas a impulsionar igualdade de gênero e empoderamento econômico. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-mulheres-chama-empresas-a-impulsionar-igualdadede-genero-e-empoderamento-economico/>. Acesso em: 26 de abril de 2019. 6 IPEA. Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça 1995 a 2015. Brasília: IPEA, 2017. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/retrato/indicadores_pobreza_distribuicao_desigualdade_renda.html. Acesso em: 26 de abril de 2019.
Far-se-á uma análise de quais direitos humanos são violados nessa prática discriminatória, justificando tal análise com base nos tratados internacionais de direitos humanos. Assim, ao final da análise de dados primários e secundários levantados ao longo da pesquisa, espera-se poder elencar as consequências negativas da discriminação em função do gênero e raça (gênero composto) nas empresas de médio e grande porte, para buscar alternativas de conscientização dos tomadores de decisão do Poder Público e Privado, visando uma sociedade mais igualitária e justa. 3. LINHAS DE PESQUISA Público. Direitos Humanos, Direitos Humanos e Empresas, Direito Internacional 4. MÉTODO E CONTRIBUIÇÕES PARA A ÁREA O estudo será baseado em pesquisa empírica, necessária para a comprovação de que há discriminação da mulher e em especial da mulher negra no âmbito das empresas de médio e grande porte, por meio da observação de determinado contexto para coleta de dados em campo na região do Estado de São Paulo. Também se utilizará da pesquisa bibliográfica, a partir da análise da legislação vigente e também da doutrina (nacional e estrangeira) sobre o tema. Quanto aos artigos, textos e demais materiais bibliográficos, será utilizado o método hipotético-indutivo para estabelecer generalizações e teorias a respeito do problema em tela. No que se refere à legislação, o método será o dedutivo-lógico, a fim de se verificar a aplicação, ao caso concreto, das normas relativas ao Direito Internacional dos Direitos Humanos, compliance de tratados de direitos humanos e respeito às diretrizes de Direitos Humanos e Empresas estabelecidas no âmbito das Nações Unidas. Dessa forma, o presente projeto de pesquisa contribuirá positivamente para área jurídica, pois o conteúdo do seu resultado servirá para solidificar ainda mais a igualdade de gênero, a justiça social e o desenvolvimento social e econômico, visando esclarecer os
direitos humanos envolvidos na temática e meios de conscientização para eliminar a discriminação por gênero e raça dentro do âmbito das empresas, incluindo a participação da sociedade e do Estado para uma sociedade mais inclusiva e igualitária. mulheres. Palavras-chave: Igualdade de gênero, direitos humanos, direito das