INCLUSÃO DA CASCA DE SOJA NO CONCENTRADO DE CAVALOS ADULTOS: ph, N-AMONIACAL E ÁCIDOS DE CADEIA CURTA NAS FEZES

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Transcrição:

INCLUSÃO DA CASCA DE SOJA NO CONCENTRADO DE CAVALOS ADULTOS: ph, N-AMONIACAL E ÁCIDOS DE CADEIA CURTA NAS FEZES Nayara Yone Bueno YAMASHITA* 1, Isabelle Errobidarte de MATOS 1, Ibrahim Miranda CORTADA NETO 2, Rafaela Nunes COELHO 1, Rafael Padilha de REZENDE 1, Natália de Oliveira VIEGAS 1, Giovana Albuquerque dos Santos NANTES 1, Gumercindo Loriano FRANCO 1, *Autor para correspondência: nayara_yone@hotmail.com.br 1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Mato Grosso do Sul,79070-900, Brasil Abstract: The objective of this study was to evaluate the inclusion of soybean hulls in 0, 250 and 500 g kg -1 dry matter (DM) in the concentrated supplement of adult horses on ph, ammoniacal nitrogen (N-NH3) and short chain fatty acids (SCFA) in feces. The horses received hay-grass in the 1.25 g kg -1 body weight (BW) and supplement concentrate in 1.0 g kg -1 BW divided in two equal portions at 7:00 am and 5:00 pm. The experimental design was the 3x3 double Latin square (group A, group B), with three treatments, three animals and three periods. There was no effect on ph and fecal N-NH3 values (P>0.05). The inclusion of soybean hull changed both the concentration (mmol ml -1 ) and the molar participation (ml 100-1 ml) of all SCFA (P<0.05). For the inclusion of 500 g kg -1, the proportion of acetate was higher (P<0.05) and that of propionate lower (P<0.05). The presence of isobutyric, n-butyric, isovaleric and n-valeric acids increased with the inclusion of soybean hull (P<0.05), but not between 250 and 500 g kg -1. The inclusion of soybean hulls alters the energy digestion site, increases fermentation and increases acetate: propionate ratio. Palavras-chave: acetato, amido, equinos, propionato, butirato Introdução

Tem-se tornado comum a presença de estabelecimentos equestres (centro hípico, centro de treinamento, manège, ranchos) próximo a centros urbanos e, por limitação de área para pastagem ou produção de forragem, o cavalo tem sido alimentado com grandes quantidades de grãos de cereais. No entanto, este solípede apresenta uma baixa atividade da alfa-amilase quando comparado com outras espécies (Kienzle, 1993) e pesquisas tem sido feitas para avaliar o efeito da substituição do amido por fibra solúvel (pectina). A fermentação microbiana da fibra no intestino grosso (IG) dos equinos tem como principal produto o ácido acético. Após absorvido o acetado pode ser utilizado tanto para a síntese de ácido graxo, quanto como fonte de energia, uma vez que, ele é percussor metabólico de acetil-coa. Em condições aeróbicas o acetato pode ser utilizado na via do ácido tricarboxílico para a produção de adenosina trifosfato (ATP). O objetivo deste estudo foi avaliar a inclusão da casca de soja para cavalos adultos sobre o ph, nitrogênio amoniacal (N-NH3) e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) nas fezes. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Laboratório de Metabolismo Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Campo Grande, MS) e o protocolo experimental aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (819/2016). Foram utilizados seis cavalos castrados da raça Pantaneiro com idade de 10 ± 1 ano, peso corporal (PC) de 393 ± 24,8 kg e altura de cernelha de 144 ± 2,5 cm. Os cavalos foram alojados em baias individuais providas de cocho de alvenaria e bebedouro, que permitia a quantificação do alimento consumido e água. Os tratamentos experimentais foram níveis de inclusão de casca de soja no suplemento concentrado, sendo: T0, T250 e T500 para 0, 250 e 500 g kg -1 MS de

inclusão de casca de soja, respectivamente (Tabela 1). Os cavalos receberam feno de capim-humidícola Brachiaria humidicola (Rendle.) Schweickerdt., cultivar Llanero, na porção de 1,25 g kg -1 PC e suplemento concentrado em 1,0 g kg -1 PC, ambos na base seca, divididos às 7 e 17 horas. Os suplementos concentrados foram formulados para atender as exigências de um cavalo em atividade física moderada. Durante o 4º dia do período de colheita de dados foi realizado a determinação do ph fecal por um período de 24 horas, espremendo-se uma alíquota de 150 gramas de fezes frescas e no líquido extraído foi determinado o ph fecal utilizando potenciômetro digital calibrado com solução tampão ph 4 e ph 7 e as concentrações dos AGCC (acético, propiônico, isobutírico, butírico, isovalérico e valérico) e do nitrogênio amoniacal nas fezes. O delineamento experimental foi o quadrado latino 3 x 3 duplo (Grupo A; Grupo B), com três tratamentos, três animais e três períodos e os dados foram analisados por meio do procedimento GLIMMIX do SAS University. Resultados e Discussão A inclusão de casca de soja no suplemento concentrado não alterou os valores de ph (P>0,05). Mesmo no concentrado sem a inclusão de casca de soja, a participação de amido (Tabela 1; 413,9 g) possibilitou uma ingestão de aproximadamente 2 g kg -1 PC, ficando dentro do limite para uma boa digestão précecal do amido (Julliand et al., 2006) e, possivelmente, não houve resíduo suficiente para alterar a fermentação no ceco-cólon. Também não houve efeito da inclusão da casca de soja sobre a concentração de N-NH3 fecal (P>0,05). Para os AGCC a inclusão de casca de soja alterou tanto a concentração (mmol ml -1 ) como a participação molar (ml 100-1 ml) de todos os AGCC (P<0,05).

Tabela 1 - Participação dos ingredientes e composição química dos suplementos concentrados Ingredientes Inclusão da casca de soja (g kg -1 MS) T0 T250 T500 Milho 250,0 - - Farelo de Trigo 305,0 305,0 55,0 Farelo de Arroz 200,0 200,0 200,0 Aveia 200,0 200,0 200,0 Casca de Soja - 250,0 500,0 Núcleo Mineral 1 30,0 30,0 30,0 Carbonato de Ca 15,0 15,0 15,0 Nutrientes Feno Composição química (g kg MS -1 ) Matéria seca 874,7 897,5 897,7 894,5 Proteína bruta 29,2 141,5 142,8 129,0 Extrato etéreo 16,6 60,5 52,13 50,00 Amido - 413,9 322,3 303,2 Fibra em detergente 864,6 266,4 376,4 428,5 neutro Fibra em detergente 504,2 114,3 199,6 279,3 ácido Matéria mineral 63,7 86,2 93,2 95,3 Energia bruta (Mcal/kg) 4,53 4,64 4,35 4,35 1 Iguaphós Equinos (níveis de garantia): Fósforo 60 g/kg; Cálcio 116 g/kg; Sódio 155 g/kg; Enxofre 14 g/kg; Cobalto 40 mg/kg; Manganês 1250 mg/kg; Cobre 625 mg/kg; Iodo 88 mg/kg; Selêno 102 mg/kg; Zinco 2500 mg/kg. Houve um aumento na concentração individual e total de AGCC (P<0,05), indicando uma mudança no sítio da digestão com a inclusão da casca da soja. Para a inclusão de 500 g kg -1 a proporção de acetato foi maior (P<0,05) e a de propionato menor (P<0,05). A participação dos ácidos isobutírico, n-butírico, isovalérico e n-valérico aumentaram com a inclusão da casca de soja (P<0,05), mas não entre a inclusão de 250 e 500 g kg -1.

Tabela 2 Efeito da inclusão de casca de soja no suplemento concentrado o ph no liquido fecal, amônia e ácidos graxos de cadeia curta Variáveis Inclusão da casca de soja (g kg-1 MS) EPM Valor P 0 250 500 ph fecal 6,18 6,24 6,18 0,028 0,287 N-NH3 fecal 7,07 8,64 7,31 1,126 0,429 AGCC (mmol ml -1 ) Acetato 41,12c 46,59b 57,00a 1,737 <0,001 Propionado 10,36c 11,60b 14,18a 0,533 <0,001 Isobutírico 0,37c 0,51b 0,60a 0,018 <0,001 n-butírico 2,74c 3,69b 4,38a 0,148 <0,001 Isovalérico 0,28b 0,46a 0,51a 0,033 <0,001 n-valérico 0,24c 0,33b 0,43a 0,019 <0,001 TOTAL 57,88c 66,02b 79,80a 2,761 <0,001 AGCC (ml 100-1 ml) Acetato 69,74b 69,79b 70,65a 0,334 0,003 Propionado 23,72a 22,32b 21,72c 0,254 <0,001 Isobutírico 0,81b 0,95a 0,90a 0,030 <0,001 n-butírico 5,20b 6,12a 5,97a 0,075 <0,001 Isovalérico 0,51b 0,73a 0,65a 0,051 <0,001 n-valérico 0,53b 0,59a 0,61a 0,017 <0,004 EPM erro padrão da média. Médias seguidas de letras minúsculas diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05). Conclusão A inclusão da casca de soja altera o sítio de digestão da energia, aumenta a digestão fermentativa e aumenta a relação acetato:propionato. Referências Julliand, V.; Fombelle, A. de; Varloud, M. 2006. Starch digestion in horses: The impact of feed processing. Livestock Science, 100: 44-52. Kienzle, E. Carbohydrate metabolism of the cat. 1993. 1. Activity of amylase in the gastrointestinal tract of the cat. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition 69: 92-101.