2. Órbitas e Navegação de Satélites

Documentos relacionados
4.1 INTRODUÇÃO Geodésia Celeste - Objetivo científico e operacional Métodos geométricos e dinâmicos

Leis de Newton. Leis de Kepler. Perturbações da órbita Orientação Espacial METEOROLOGIA POR SATÉLITE

Trajetórias espaciais

EAC-082: Geodésia Física. Aula 2: Introdução à Teoria do Potencial

IFRS Câmpus Rio Grande Física IV LISTA I - GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

O PROBLEMA DE DOIS CORPOS

Paulo J. S. Gil. Cadeira de Satélites, Lic. Eng. Aeroespacial

Sistemas de coordenadas e elementos orbitais

Denomina-se gravidade a interação ente dois ou mais corpos devido sua massa. A força da gravidade é uma força de ação à distância, que torna-se mais

o módulo da quantidade de movimento do satélite, em kg m s, é, aproximadamente, igual a: a) b) c) d) e)

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 1- Gravitação Física II

Redes de Comunicações Via Satélite. Prof. Gilson Alves de Alencar

AS LEIS DE KEPLER A LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

Denomina-se gravidade a interação ente dois ou mais corpos devido sua massa. A força da gravidade é uma força de ação à distância, que se torna mais

Órbitas dos Satélites GNSS

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 6 de junho de 2013

Curso de aprofundamento em Física Assunto: Gravitação Universal; Leis de Kepler Prof: Marcelo Caldas Chaves

1. GRAVITAÇÃO PARTE I

Estudo da Física. Prof. Railander Borges

IDEIAS - CHAVE. A massa de um corpo é uma medida da sua inércia.

FEP-111 Fisica I para Oceanograa. Márcio Katsumi Yamashita. Lista de Exercícios 6 Gravitação

Referências Bibliográficas

07/08/15. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL DE MINAS GERAIS Câmpus Inconfidentes ROTAÇÃO. Aula 03 ROTAÇÃO NO EIXO X

Movimento Circular e Uniforme

HISTÓRICO GEOCÊNTRICO MODELOS: HELIOCÊNTRICO

FÍSICA. A resultante das forças que atuam num corpo em equilíbrio é igual a zero.

-Tales de Mileto (585 a.c.) geometria dos egípcios aplicada ao céu- previsão de um eclipse solar em 5 de Maio de 585 a.c. -Pitágoras (500 a.c.

Geodésia II. Gabriel Oliveira Jerez Prof. Dra. Daniele Barroca Marra Alves

-Tales de Mileto (585 a.c.) geometria dos egípcios aplicada ao céu- previsão de um eclipse solar em 5 de Maio de 585 a.c. -Pitágoras (500 a.c.

Halliday Fundamentos de Física Volume 2

Questão 01) TEXTO: 1 - Comum à questão: 2

10 m s. d) A ordem de grandeza da distância entre a Próxima Centauri e o sistema solar é igual a 12

Lista 8 : Cinemática das Rotações NOME:

Física 1 Mecânica. Instituto de Física - UFRJ

Lista de exercícios Gravitação

Movimento Orbital. Referenciais, Kepler, Leis de Newton, Campo gravitacional, Campo central, Quantidade de movimento angular, Taxa areolar, Trajetória

UNIDADE GRAVITAÇÃO

t RESOLUÇÃO COMECE DO BÁSICO = 0,1 cm/min . Para as frequências temos: v v 2 f r 2 f r f 1,5 r f r f 1,5 f.

-Tales de Mileto (585 a.c.) geometria dos egípcios aplicada ao céu- previsão de um eclipse solar em 5 de Maio de 585 a.c. -Pitágoras (500 a.c.

Movimento dos Planetas

SISTEMAS CELESTES. GA116 Sistemas de Referência e Tempo

Tópicos Especiais em Física. Vídeo-aula 3: astronomia esférica 25/06/2011

Fís. Monitor: Arthur Vieira

Assistir aos vídeos aulas Kepler e Gravitação (resolução de exercícios)

Capítulo 11 Rotações e Momento Angular

EXEMPLOS FORÇA CENTRÍFUGA AULA 23. Prof a Nair Stem Instituto de Física da USP

Capítulo 6. Gravitação Universal

Exercícios Gravitação Universal

Movimento Circular Uniforme

Aula 1b Tipos de Órbitas

Movimentos da Terra. Planetas e sistemas planetários (AGA0502) Enos Picazzio - IAGUSP

Astronomia de Posição: Aula 06

estudos 3º trimestre. Matemática-Física-Química Orientação de estudos

Física para Zootecnia

Sistemas de coordenadas e tempo

Capítulo 9 - Rotação de Corpos Rígidos

FEP2195-Física Geral e Exp. para a Engenharia I - 1 a Prova - Gabarito 11/04/2013

Energia Solar Térmica. Prof. Ramón Eduardo Pereira Silva Engenharia de Energia Universidade Federal da Grande Dourados Dourados MS 2014

Universidade do Estado do Rio de Janeiro CAp/UERJ - Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira

Fís. Leonardo Gomes (Caio Rodrigues)

REFORMULAÇÃO DA LEI DOS PERÍODOS A PARTIR DOS PRINCÍPIOS NEWTONIANOS

Astronomia de posição (II)

Física aplicada à engenharia I

3ª OLIMPÍADA GOIANA DE ASTRONOMIA (OGA 2019) GABARITO OFICIAL PROVA NÍVEL 2 (Ensino Médio)

1.3. Forças e movimentos. Professora Paula Melo Silva

Fís. Semana. Leonardo Gomes (Arthur Vieira)

Gravitação IME. Lista de Exercícios 3

Astronomia de posição (II)

Introdução À Astronomia e Astrofísica 2010

FIS-26 Prova 03 Maio/2011

Noções de Astronomia e Cosmologia

Tarefa online 8º EF. Física - Prof. Orlando

INSCREVA-SE: CANAL FISICA DIVERTIDA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

GRAVITAÇÃO O QUE É A GRAVIDADE? 09/08/16

Lista 13: Gravitação NOME:

Disciplina: FÍSICA Série: 2º ANO ATIVIDADES DE REVISÃO PARA A BIMESTRAL (4º BIMESTRE) ENSINO MÉDIO

Notação Científica. n é um expoente inteiro; N é tal que:

Funções Vetoriais. Copyright Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

Prova 1/3. Nome: Assinatura: Matrícula UFES: Semestre: 2013/2 Curso: Física (B e L) Turmas: 01 e 02 Data: 11/11/2013 GABARITO

Geodésia II - Astronomia de Posição: Aula 07

Geodésia II - Astronomia de Posição: Aula 02

MOVIMENTO ROTACIONAL DE SATÉLITES ARTIFICIAIS

Sistema. de Referência. Equador

Dinâmica de Sistemas Planetários

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Física Departamento de Astronomia. Fundamentos de Astronomia e Astrofísica

Física. Setor A. Índice-controle de Estudo. Prof.: Aula 9 (pág. 92) AD TM TC. Aula 10 (pág. 92) AD TM TC. Aula 11 (pág.

Aula 2a Elementos Orbitais

Gravitação Universal, Trabalho e Energia. COLÉGIO SÃO JOSÉ FÍSICA - 3º ano Livro Revisional Capítulos 5 e 6

Lista de Gravitação Universal

11 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia

Astronomia de posição (II)

Exterior. Interior. C = Conjunção O = Oposição Q = Quadratura Oc. = Ocidental (W) Or. = Oriental (E) S = Superior I = Inferior ME = Máxima Elongação

Forças Gravitacionais Diferenciais e Sistema Solar

Física 1. 3 a prova 30/06/2018. Atenção: Leia as recomendações antes de fazer a prova.

ROTEIRO PARA RECUPERAÇÃO PARALELA DO 3º TRIMESTRE 1º EM A e B Professor: Fernando Augusto Disciplina Física A

Mecânica I (FIS-14) Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá Sala 2602A-1 Ramal 5785

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: FÍSICA I ROTAÇÃO. Prof.

28/Fev/2018 Aula Aplicações das leis de Newton do movimento 4.1 Força de atrito 4.2 Força de arrastamento Exemplos.

Apresentação Outras Coordenadas... 39

Transcrição:

IFRS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Câmpus Rio Grande Rio Grande/RS Disciplina: Física IV - 018 Conteúdo: Satelização. Órbitas e Navegação de Satélites Para entender e usar apropriadamente dados de satélites é necessário conhecer as órbitas nas quais os satélites são desenhados e a geometria com a qual eles vêem a Terra. Nesse item serão discutidos os princípios básicos que definem a forma da órbita e como orientar o plano da órbita no espaço. Este conhecimento possibilita conhecer a posição dos satélites a qualquer tempo. Também são discutidos as perturbações e os seus efeitos sobre os satélites meteorológicos. Em seguida, são exploradas a geometria do trajeto e a localização das medições à superfície, obtidas com satélites. Isto conduz a discussão acerca da amostragem espaço-tempo. Por fim, têm-se uma breve exploração dos veículos lançadores e opções de inserção de órbitas..1- Leis de Newton Isaac Newton descobriu os princípios básicos que governam os movimentos dos satélites e outros corpos celestes. Leis do movimento de Newton: 1- Todo corpo continuará em repouso, ou em movimento retilíneo uniforme, exceto se uma força externa modificar tal condição; - A taxa de variação do momentum é proporcional à força aplicada e é dirigida na direção desta; 3- Ação e reação são forças iguais e opostas; Uma vez que o momentum é o produto m v, a a Lei de Newton na sua forma mais conhecida, é dada por:.. (.1) onde F é a força, m a massa, a a aceleração, v a velocidade e t o tempo. Adicionalmente, Newton nos oferece a forma funcional da força que determina o movimento dos satélites: a Lei da Gravitação Universal. Esta lei estabelece que a força de atração entre duas massas pontuais m 1 e m, separados de uma distância r, é dada por: m1 m F = G (.) r

onde G é a constante de atração gravitacional de Newton (ou constante universal de gravitação e vale 6,6759x10-11 N.m.kg - ). Consideremos uma órbita circular como a da Figura.1. Assumindo que a Terra é uma esfera, podemos tratá-la como uma massa pontual. A força centrípeta requerida para manter o satélite em órbita circular é igual a mv r, onde v é a velocidade orbital do satélite. A força da gravidade que mantém tal força centrípeta é G me m r, onde m e é a massa da Terra (m e = 5,97370x10 4 ) e m a massa do satélite. Igualando essas forças, tem-se que: v me m m = G (.3) r r Dividindo por m, possibilita concluirmos que a órbita de um satélite independe de sua massa. O período da órbita do satélite é igual à órbita da circunferência descrita pelo mesmo, dividida pela sua velocidade: T = π r v. Substituindo na equação.3, tem-se: T 4π = r G m 3 e (.4) Figura.1 Satélite de órbita circular. Os satélites da série NOAA orbitam a cerca de 850 Km acima da superfície da Terra. Uma vez que o raio equatorial terrestre é cerca de 6.378 km, o raio da órbita é aproximadamente igual a 7.8 km. Substituindo esse valor na Equação.4 conclui-se que o período de tais satélites é de cerca de 10 min. Como um segundo exemplo, calculemos o raio da órbita de um satélite geoestacionário (Geossíncrono), que corresponde a um tipo de órbita na qual o satélite possui a mesma velocidade angular da Terra. A velocidade angular de um satélite é dada por:

Ao substituirmos a Equação.5 na Equação.4, teremos: ω = π/t (.5) r³ = G.m e /ω² (.6) Inserindo na equação acima a velocidade angular da Terra (ω = 7,9115 x 10-5 rad.s -1 ) conclui-se que o raio da órbita de um satélite geoestacionário é de 4.164 km, ou cerca de 35.786 km acima da superfície da Terra.. Órbitas Keplerianas Satélites, entretanto, não navegam em círculo perfeito, muito embora a órbita circular tenha sido o objetivo de muitos satélites meteorológicos. É possível se deduzir a forma exata da órbita de um satélite com base nas leis do movimento de Newton e na lei da gravitação universal. Os resultados desta dedução estão praticamente sumarizadas nas leis de Kepler e nas suas equações...1 Leis de Kepler Johannes Kepler morreu 1 anos antes do nascimento de Newton e, portanto, não teve como se utilizar das vantagens dos trabalhos de Newton. Kepler formulou suas leis ao analisar massa de dados acerca da posição das planetas. Esta atividade foi dificultada em virtude da rotação terrestre e do seu movimento em torno do Sol, o que faz com que os movimentos dos planetas pareçam muito complexos. Na sua forma moderna, as leis de Kepler podem ser escritas como: 1. Todos os planetas descrevem órbitas elípticas, estando o Sol num dos focos;. O vetor posição de um planeta, com origem no Sol, varre áreas iguais em tempos iguais; 3. A razão entre o quadrado do período de revolução pelo cubo do semi-eixo maior da órbita de um planeta é a mesma para todos os planetas que orbitam em torno do Sol. Estas mesmas leis se aplicam, se substituirmos planeta por satélite, e o Sol por Terra. A Equação.4 é um caso típico da 3 ª Lei de Kepler para o caso especial de órbita circular... Geometria da Elipse Os parâmetros que são usados para especificar as órbitas dos satélites são baseadas em parte na terminologia geométrica. A Figura. ilustra a geometria da órbita elíptica. O ponto de maior proximidade da Terra é chamado de Perigeu, ou mais genericamente, de Perijóco. O ponto onde o satélite se encontra à distância máxima da Terra, é denominado de Apogeu (ou Apojóco). A distância do centro da elipse ao Perigeu compreende o semi-eixo maior e será representado por a. A distância do centro da elipse ao foco ocupado pela Terra, dividido pelo semi-eixo maior, define a excentricidade da órbita (ε). para uma elipse

a excentricidade varia de zero a um ( 0 ε 1). Note-se que uma circunferência é uma elipse com ε = 0. A equação da elipse, isto é, o caminho que um satélite percorre, é dada em coordenadas polares, tendo a terra como origem, através de: ( 1 ε ) a r= (.7) 1 + ε cosθ O ângulo θ é denominado de anomalia verdadeira (true anomaly) e é sempre medido a partir do perigeu e em sentido anti-horário. Figura. Geometria da elipse...3 Equação de Kepler Numa órbita circular a velocidade angular de um satélite é constante. De acordo com a ª Lei de Kepler, no entanto, um satélite que orbita em trajetória elíptica não possui velocidade angular constante. Ele tem sua velocidade aumentada na medida que se aproxima da Terra. Assim, a posição de um satélite em função do tempo pode ser obtida através da equação de Kepler, qual seja: ( p) ε ( ) M = n t t = e sen e (.8) onde M é a anomalia média (mean anomaly); M aumenta linearmente com o tempo a uma taxa n, chamada de constante do movimento médio (mean motion constant), e é dada por:

π G me n= = (.9) 3 T a Por definição M é zero quando o satélite se encontra no perigeu; portanto, t p é o tempo da passagem no perigeu. O ângulo e é a anomalia excêntrica (excentric anomaly), e está relacionada com a anomalia verdadeira, segundo: (Ver Figura.3) cos e ε cosθ = (.10a) 1 ε cos e cosθ + ε cos e= (.10b) 1 + ε cosθ Figura.3 Relação geométrica da anomalia verdadeira (θ) e excêntrica (e)..4 Orientação no Espaço Ao se calcular r e θ no tempo t, estaremos posicionando o satélite no ano de sua órbita. Agora, precisamos posicionar o seu plano orbital no espaço. Para tanto, precisamos definir um sistema de coordenadas apropriado. Este sistema deve constituir um sistema de coordenadas inercial; isto é, que não seja um sistema acelerado, no qual são válidas as leis de Newton. Um sistema de coordenadas fixo com a Terra não constitui tal sistema. assim, adotaremos um sistema astronômico de coordenadas, denominado de sistema de coordenadas ascensão reta-declinação. Neste sistema (Figura.4). o eixo Z está alinhado com o eixo de rotação da Terra. O eixo X é escolhido de forma que contenha o centro da Terra e se dirija para o Sol durante sua passagem no Ponto Vernal, isto é, quando o Sol está

cruzando o Plano do Equador à partir do Hemisfério Sul para o Hemisfério Norte. O eixo Y é escolhido de forma a torná-lo (o sistema de coordenadas) um sistema de coordenadas que obedece à regra da mão direita. Neste sistema, a declinação de um ponto no espaço corresponde ao seu deslocamento angular ao Norte do Plano do Equador e a ascensão reta é o deslocamento angular, medido no sentido anti-horário, à partir do eixo dos X, da projeção do ponto no Plano do Equador. São usados três ângulos, no sistema de coordenadas ascensão reta-declinação, a fim de posicionar uma órbita elíptica: a inclinação, a ascensão reta do modo ascensional e o argumento do perigeu. A inclinação (i) corresponde ao ângulo formado entre o plano do equador e o plano orbital. Por convenção, se o plano do equador coincide com o plano da órbita, e o satélite gira na mesma direção da terra, então i=0 º. Se os dois planos coincidem, mas o satélite gira em sentido oposto à Terra, i=180 º. Órbitas progressivas (prograde orbits) são aquelas nas quais a inclinação é menor que 90 º (i<90 º ). Órbitas retrógradas, por sua vez, são aquelas em que a inclinação é maior que 90 º (i>90 º ). O modo ascendente (ascending mode) é o ponto no qual o satélite cruza o plano equatorial quando se dirigindo para o Norte. A ascensão reta desse ponto é a ascensão reta do modo ascendente (Ω). Ele é medido no plano equatorial à partir de X (vernal equinox) e dirigindo-se para o modo ascendente. Na prática, a ascensão reta no modo ascendente tem um significado mais geral. Ele é a ascensão reta da interseção do plano da órbita com o plano equatorial. Assim, ele é sempre definido, e não apenas quando o satélite se encontra no modo ascendente. Finalmente, o argumento do perigeu (ω) é definido como o ângulo medido no plano orbital e formado entre o modo ascendente (equatorial plane) e o perigeu...5 Elementos orbitais Os parâmetros de localização de um satélite no espaço, que foram discutidos anteriormente, são coletivamente conhecidos como elementos orbitais clássicos (classical orbital elements). Estes parâmetros podem ser determinados através de observações óticas, de radar ou de rádio ou ao serem associados a observações feitas através de sensores a bordo dos satélites. Os elementos orbitais de um satélite particular estão disponíveis a partir das agências que os operam: NOAA, NASA ou ESAC (Europeau Space Agency) etc. Um parâmetro final, incluído na Tabela.1, é o tempo em que esses elementos são válidos. Este tempo é denominado de epoch time (t 0 ). Alguns elementos orbitais mudam com o tempo, como será visto abaixo. O subscrito o de um elemento orbital indica um dado valor associado ao epoch time. Existe alguma diferenciação na forma como os elementos orbitais são especificados e também, na descrição menos formal da órbita dos satélites, alguém usualmente vê a altura do satélite acima da superfície terrestre, sendo substituída pelo semi-eixo principal. Uma vez que a Terra não é perfeitamente esférica, a distância de um satélite à superfície varia em função de sua posição orbital. Assim, ao se descrever a órbita de um satélite é preferível especificar o seu semi-eixo principal. Aquelas órbitas nas quais os elementos orbitais clássicos (exceto M) são constantes, são denominadas de órbitas Keplerianas. Vistas do espaço, as órbitas Keplerianas são simples. O satélite se move num traçado elíptico, estando o centro da Terra a ocupar um

dos seus focos. Esta elipse mantém constantes seu tamanho, forma, e orientação em relação às estrelas (Figura.7.a). O único efeito provocado pela gravidade solar sobre o satélite é o de mover o foco da elipse (a Terra) numa trajetória elíptica em torno do Sol (órbita terrestre). Vista à partir da Terra, a órbita Kepleriana aparece complicada em virtude da Terra girar em torno do seu eixo na medida que o satélite se move em sua órbita (Figura.8). A rotação da Terra resulta em duas passagens diárias do satélite próximo a um mesmo ponto à superfície (isto se assumirmos que o seu período é substancialmente menor que um dia e que o seu ângulo de inclinação é maior que a latitude do ponto). Uma passagem ocorre durante a porção ascendente da órbita; a outra ocorre durante a porção descendente da órbita. Isto usualmente resulta em se ter uma passagem durante o período diurno e outra durante o período noturno. Elemento Semi-eixo principal Excentricidade Inclinação Símbolo a ε i Argumento do perigeu ω 0 Ascensão reta do modo ascendente Ω 0 Anomalia média µ 0 Epoch time t 0