ESTRATÉGIA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE MENTAL: PRODUÇÃO DE VÍDEO DOCUMENTÁRIO SOBRE BULLYING



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ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de Filosofia e Currículo. Petrópolis: Vozes, 2008.

Transcrição:

ESTRATÉGIA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE MENTAL: PRODUÇÃO DE VÍDEO DOCUMENTÁRIO SOBRE BULLYING Maria Cristina Soares Guimarães 1, Carlos Eduardo Estellita-Lins 1, Cícera Henrique da Silva 1, Rosane Abdala Lins de Santana 1, Rosany Bochner 1, Autores Rosinalva Alves de Souza 1, Eliane Batista Pontes 1, Isabel Aparecida Mendes 2, Luiza Rosângela da Silva 1 Instituição 1. Icict/Fiocruz, Instituto de Com. e Inform. Cient e Tecnol. em Saúde, Av. Brasil, 4365 - Rio de Janeiro - RJ 2. COC/Fiocruz, Casa de Oswaldo Cruz, Av. Brasil, 4365 - Rio de Janeiro - RJ CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Considerada ponto de referência, lugar de fazer amigos, a escola vem se tornando o principal palco de uma prática agressiva entre os adolescentes. Mais sutil e cruel, especialistas em infância e adolescência denominaram essa prática de bullying - palavra inglesa que se traduz em atos de perseguir, atormentar, humilhar, ou como os adolescentes mesmos dizem: zoar. O termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais adolescentes contra outros, causando dor e angústia, e executados dentro de uma relação desigual de poder. Presente cada vez mais nos noticiários das mais diferentes mídias, o tema tornou-se também pauta do dia na agenda de pais, psicólogos, educadores e demais profissionais que lidam com o universo adolescente no âmbito escolar. Mais recentemente essa prática passou a ocupar outro espaço: o ambiente virtual, conhecido como cyberbullying, praticado em blogs e sites de relacionamentos, onde o autor e/ou autores dirigem aos seus alvos insultos, ataques morais, ameaças físicas, rumores negativos e toda ordem de violência nesse contexto. A pesquisa ora apresentada elegeu o adolescente no âmbito escolar como ponto de partida para a elaboração de uma estratégia de informação em saúde mental que, baseada na literatura especializada, registra que muitos dos jovens que sofrem bullying acabam desenvolvendo problemas psíquicos, em alguns casos, irreversíveis, redundando algumas vezes em suicídio da vítima ou homicídio do agressor. Especialistas que se debruçam sobre o tema indicam que recentemente o bullying já é definido como um problema de saúde pública e que não cabe mais ser visto, tratado e nem considerado como um fenômeno

exclusivo da área educacional, e que deve entrar na pauta de todos os profissionais que atuam na área médica, psicológica e assistencial com mais abrangência. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA O caminho metodológico percorrido até se chegar ao tema bullying passou por várias etapas, especialmente pelo caráter transdisciplinar do projeto e pelo perfil multidisciplinar da equipe então formada, que acolhia pesquisadores de diferentes linhas: cientistas da informação, médicos-psicoterapeutas, pesquisadores em saúde pública, comunicadores sociais, cineastas, publicitários e profissionais especializados na produção de vídeos em saúde. Assim, as discussões que guiaram a escolha do transtorno mental tiveram início na primeira reunião da equipe do projeto. Pela primeira vez, e introduzido por um dos médicos-psicoterapeutas, surgiu o conceito bullying. Segundo depoimento do mesmo, que possui uma atuação ativa na clínica, especialmente com o atendimento privado e individual a adolescentes, esse era um tema ainda não acolhido na saúde pública. O método adotado foi a sistemática realização de grupos focais temáticos com educadores, profissionais de saúde que trabalham com adolescentes, vítimas de bullying, especialistas que tratam do tema, e por fim, um grupo de adolescentes, visando discutir a questão sob diferentes ângulos e perspectivas. A opção pelo audiovisual como mídia de divulgação da informação, deu-se em função de pesquisas qualitativas na área, apontarem essa ferramenta como uma das estratégias de comunicação mais efetivas, além de apresentar uma melhor relação custo/benefício. No que diz respeito aos públicos, os pesquisadores apontam que aqueles dirigidos aos adolescentes em ambiente escolar despontam como os mais efetivos para a aquisição de informação e mudança de comportamento em relação aos transtornos mentais, e registram ainda que as mudanças de percepção dão indícios de ser mais efetiva e durável quanto à produção e compreensão de conteúdos. Portanto, a proposta é transformar o vídeo não apenas num veículo de educação, mas também num instrumento de dialética audiovisual. EFEITOS ALCANÇADOS

A produção do vídeo como instrumento de divulgação da informação, tendo como público-alvo os adolescentes em ambiente escolar foi superada, no entender da equipe do projeto pela atitude pro-ativa dos adolescentes participantes da pesquisa. O grupo promoveu uma oficina para a qual os pesquisadores foram convidados a participar e compor a mesa de discussão, onde os adolescentes apresentaram um vídeo totalmente sobre o tema, totalmente produzido pelo grupo. Para os pesquisadores, por fim, os jovens romperam o silêncio e assumiram literalmente a câmera atuando como protagonistas que são dentro da idéia do projeto. E o documentário idealizado pelo projeto de pesquisa batizado de Sem Noção: zoação tem limite?, com duração de 15 minutos, cujo título surgiu da própria fala dos adolescentes, consolidou a contento as expectativas pensadas e propostas pela pesquisa ora relatada. Também foi promovida uma exibição do vídeo na Fiocruz, em caráter de estréia, seguida de uma debate, com a presença de todos os envolvidos no processo, onde não apenas os profissionais se identificaram com a abordagem feita, mas principalmente os adolescentes que se reconheceram na tela. Mais especificamente, o projeto visou: usar o vídeo em ambiente escolar para discutir questões relativas a atitudes e préconcepções em torno dos transtornos mentais; Propiciar uma visão geral do fenômeno bullying e de suas implicações, compondo um painel a partir das falas de especialistas e do público-alvo, os jovens; Localizar o fenômeno bullying na escola, optando por um recorte científico específico; Dar voz a quem passou pela experiência (ontem e hoje, tendo como conseqüência o transtorno mental ou não, para mostrar as duas possibilidade) ; Ofertar um conjunto de informações relevantes sobre o tema. RECOMENDAÇÕES

O que se vislumbra adiante: para além do projeto Visando sua disseminação pelos canais competentes, mais afins com o público ao qual se destina, o referido documentário encontra-se disponível para acesso publico na VideoSaude Distribuidora da Fundação Oswaldo Cruz, e pode ser solicitado pelo endereço videosaude@icict.fiocruz.br. Para além dos resultados obtidos, alguns desafios se colocam e se abrem como futuras pesquisas: como proceder para que o fenômeno objeto do projeto seja visto e cuidado como um problema de saúde e não somente comportamental? Embora, uma pequena parte da literatura consultada aponte que o bullying deve ser tratado como problema de saúde pública, a grande maioria aborda ou tenta resolvê-lo como problema comportamental, fortemente associado à violência e que requer esforços, investimentos e ações estratégicas conjuntas, por parte de toda a comunidade escolar e das autoridades competentes ligadas à educação, à saúde e à segurança pública, por meio de programas preventivos e assistenciais. (FANTE; PEDRA, 2008). Outra questão surgida na busca de fontes, mas não aprofundada, diz respeito às características do levantamento de comunidades existentes no site de relacionamentos Orkut. O levantamento identificou, na época da pesquisa, 254 comunidades brasileiras dedicadas ao tema e somente 38 fora do país. O que pode ter provocado esta desproporção: o fato de que esta rede social difundiu-se mais no país do que outros similares ou o fato de que o Brasil é campeão em bullying escolar? Uma análise superficial destas comunidades mostra que a maioria foi lançada na rede por adolescentes. Esta atitude de romper o silêncio e assumir a câmera poderá desencadear um movimento de o fenômeno ser entendido e tratado como uma questão de saúde? Enfim, do melhor do nosso conhecimento obtido a partir da experiência com a pesquisa, entendemos que há questões que foram respondidas para tantas outras que foram suscitadas e que a contribuição deste trabalho é justamente estimular o debate entre as partes envolvidas no assunto, como por exemplo, a escola, a família, especialistas, e principalmente o debate entre os próprios adolescentes que, conforme relatado, a partir do que propusemos, os mesmos se mobilizaram e realizaram uma oficina abordando o tema. Dentro dos desdobramentos esperados e os recursos oferecidos pela pesquisa, a expectativa,

de acordo o que já foi sinalizado, é que o tema seja também tratado pela perspectiva da saúde. Para além disto, espera-se que a presente pesquisa tenha contribuído para a tomada de ações, tais como: Abrir novos canais de comunicação e interação entre a escola, os pais, os assistentes sociais, psicólogos e os próprios adolescentes; Estimular criação de parcerias que possibilitem a continuidade das ações de divulgação e educação no tema.