RELATÓRIO. Os Comboios em Portugal



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Transcrição:

RELATÓRIO Os Comboios em Portugal Comboios de Mercadorias Grupo CIV212: Ana Correia José Henriques Luís Moreira Miguel Cunha Miguel Seixas Nuno Pereira 1

Resumo Sendo o tema do projecto Os Comboios em Portugal e tendo em conta o facto de este ser um assunto que abrange diversas áreas, foi dada especial atenção à temática Comboios de Mercadorias. O transporte ferroviário de mercadorias é uma parte fundamental da cadeia logística que facilita as trocas comerciais e o crescimento económico. Assim, aprofundar-se-á o tema, focando alguns dos aspectos mais relevantes. Porém, este projecto não tem só como objectivo o estudo do referido tema. Mais que isso, este trabalho permite-nos de forma ligeira ter uma noção da tipologia de problemas que a engenharia resolve e, deste modo, pôr-nos em contacto com este nosso novo mundo - a engenharia. Ideias-Chave -Transporte de mercadorias - Rede Ferroviária Nacional - Evolução - Tipos de mercadorias transportadas 2

Índice Lista de figuras 4 1. Introdução 5 2. Definição de transporte 6 3. Evolução dos transportes ferroviários 6 4. Características do transporte ferroviário 8 5. Vantagens e desvantagens do transporte ferroviário 8 6. Diferenças entre comboios de mercadorias e comboios de passageiros 9 7. Tipos de comboios de mercadorias 10 8. Tipo de mercadorias transportadas em Portugal 11 9. Rede ferroviária nacional 11 10. Principais linhas ferroviárias 12 11. Principais terminais ferroviários 13 12. Conclusão 15 13. Bibliografia 16 14. Anexos 18 3

Lista de figuras 1. Figura 1 Máquina a vapor de James Watt 6 2. Figura 2 - Esquema de funcionamento de uma máquina a vapor 7 3. Figura 3 Comboio de passageiros 9 4. Figura 4 Comboio de mercadorias 9 5. Figura 5 - Locomotiva Híbrida 10 6. Figura 6 Comboio de transporte de cereais 11 7. Figura 7- Comboio de transporte de cimento 11 8. Figura 8- Terminal de Leixões 13 9. Figura 9- Terminal de Bobadela 14 10. Figura 10- Rede Ferroviária Nacional (RFN) 18 11. Figura 11- Diagrama das linhas férreas e estações portuguesas 19 12. Figura 12- Topologia das vias e distâncias 20 13. Figura 13- Patamares de velocidade mais elevada 21 4

1. Introdução No âmbito da unidade curricular Projecto FEUP foi-nos proposto trabalhar o tema intitulado Os comboios em Portugal, mais especificamente o problema número do referido tema Como se caracterizam os comboios para o transporte ferroviário de mercadorias em Portugal? Como evoluíram esses veículos ao longo do tempo?. Deste modo, este relatório contém de forma estruturada e organizada toda a informação recolhida e tratada acerca do tema em questão. Tendo em vista uma relação entre o assunto que nos foi proposto e o curso que frequentamos (MIEC), decidimos tratar questões que apresentamos no corpo do relatório tais como a evolução histórica do transporte ferroviário de mercadorias no nosso país, a distinção entre diferentes tipologias de comboios de mercadorias que circulam em Portugal, as vantagens e desvantagens do referido tipo de transporte face ao transporte rodoviário, as diferenças a nível da geometria e características mecânicas face aos comboios de passageiros e ainda o conhecimento da rede ferroviária nacional no que diz respeito a linhas, estações e velocidades. Respondendo a todas as questões acima enumeradas, tornou-se possível resolver o problema que nos foi apontado Como se caracterizam os comboios para o transporte ferroviário de mercadorias em Portugal? Como evoluíram esses veículos ao longo do tempo? e também alcançar os objectivos traçados no início do projecto. 5

2. Definição de transporte O transporte ferroviário é a transferência de pessoas ou bens, entre dois locais geograficamente separados, efectuada por um comboio. O transporte ferroviário é uma parte fundamental da cadeia logística que facilita as trocas comerciais e o crescimento económico. É um meio de transporte com uma elevada capacidade de carga e energeticamente eficiente, embora careça de flexibilidade e exija uma contínua aplicação de capital. O transporte comercial moderno está ao serviço de interesses públicos e inclui todos os meios e infra-estruturas implicados nos movimentos das pessoas ou bens, serviços de recepção, entrega e manipulação de bens. O transporte comercial de pessoas diz respeito ao serviço de transporte de passageiros, enquanto o transporte comercial de bens se prende com o serviço de mercadorias. 3. Evolução do transporte ferroviário Em 1705, Thomas Newcomen inventa a máquina a vapor, melhorada por James Watt em 1765. A primeira locomotiva foi apresentada em público em 1814, graças a George Stephenson. Durante a Revolução Industrial houve um aumento do volume da produção de mercadorias e a necessidade de transportá-las com rapidez. Figura 1 Máquina a vapor de James Watt 6

Figura 2 Esquema de funcionamento de uma máquina a vapor A Europa começa a incentivar este meio de transporte e a desenvolver as suas próprias redes e as ligações com os países vizinhos. As primeiras locomotivas tinham fraco poder de tracção e partiam o diferencial motor-rodado, pelo que foram substituídas pelo modelo diesel-eléctrico. Este sistema consiste num motor diesel ligado a um gerador de corrente eléctrica. A corrente eléctrica assim gerada vai accionar motores eléctricos ligados aos rodados. Existem variantes deste sistema como as diesel-hidráulicas e as de turbina de gás. As carruagens de carga também sofreram grandes modificações, sendo que hoje as carruagens de mercadorias são especializados e vão desde os mineiros aos cisternas, para já não falar nos de transporte de automóveis. Para além destas inovações o transporte ferroviário conheceu nas últimas décadas outras inovações: electrificação das redes, modernização das vias e dos sistemas de sinalização que lhe permitiu adquirir maior velocidade, comodidade, especialização dos serviços e uma diminuição dos custos, devido à forte competição com os outros modos de transporte. A rede ferroviária portuguesa é pouco extensa e muitas linhas do interior do país encontram-se desactivadas. O despovoamento e a melhoria das vias rodoviárias contribuíram para a diminuição da utilização do comboio em algumas regiões. 7

4. Características do transporte ferroviário -Os veículos movimentam-se sobre carris; -Constituídos por carruagens interligadas entre si; -A infra-estrutura apresenta terminais (estações), onde é permitida a carga e descarga; -Os serviços de transporte são arrendados ao operador que poderá ser privado ou público; -Tem uma boa capacidade de transportar grandes volumes, com elevada eficiência energética, principalmente em casos de deslocamentos a médias e grandes distâncias; -Apresenta maior segurança, em relação ao transporte rodoviário, com menor índice de acidentes e menor incidencia de furtos e roubos. 5. Vantagens e desvantagens do transporte ferroviário (Tabela 1) Vantagens - Maior capacidade de carga em relação aos transportes rodoviários e ao aéreo. - Menor ocupação do espaço pelas vias férreas comparativamente às estradas). - Horários rígidos. Desvantagens -Necessidade maior de transbordo. - Sem congestionamentos. - Existência de uma via pode condicionar competitividade... - Menor impacto ambiental, caso das redes electrificadas (eficaz em termos energéticos). - Menor custo de transporte para grande distâncias. - Terminais de carga próximo das fontes de produção. - Adequado para produto de baixo valor acrescentado e alta densidade. - A natureza da sua estrutura implica fraca flexibilidade. - A exclusividade da exploração do transporte ferroviário limita a sua capacidade concorrencial face à diversidade da oferta apresentada pelo rodoviário. -Elevada dependência de outros transportes. -Pouco competitivo para pequenas distâncias. - Independente das condições atmosféricas. -Elevados custos de manuseamento. 8

6. Diferenças entre comboios de mercadorias e comboios de passageiros Os veículos ferroviários para transporte de passageiros recebem esta denominação quando incluem um ou mais compartimentos ou espaços especialmente reservados para bagagem, volumes, correio, etc. Cada veículo separado de um conjunto indivisível, destinado ao transporte de passageiros, conta-se como um veículo ferroviário de passageiros. Este tipo de transporte serve sobretudo as grandes áreas urbanas. Facilita a mobilidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, através do descongestionamento do tráfego rodoviário e da redução da emissão de poluentes. Normalmente, estes serviços são reforçados nas horas de ponta. Em Portugal, as principais linhas suburbanas existentes concentram-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Em 2005, foram transportados nos serviços suburbanos de Lisboa um total de 117 milhões de passageiros, sendo a linha de Sintra aquela que apresenta um maior número de passageiros transportados. Relativamente ao Porto, o número de utentes dos seus suburbanos foi de 17 milhões, destacando-se os serviços suburbanos de Aveiro e Braga, que no conjunto representam cerca de 68% do total de passageiros transportados. A taxa de ocupação média anual representa valores relativamente baixos, função de uma procura predominantemente pendular concentrada nos períodos de ponta da manhã e da tarde. Figura 3 Comboio de Passageiros Figura 4 Comboio de Mercadorias O transporte de mercadorias destina-se à mobilização de cargas efectuada por meio de veículos ferroviários entre o local de carga e o local de descarga. Os preços do transporte variam de acordo com a distância, peso e dimensão do bem a transportar. 9

Para comprovar o transporte, é emitido um documento, a declaração de expedição, que tem de acompanhar o expedidor até à entrega do produto ao destinatário. A circulação de bens e mercadorias entre diferentes países obriga ao cumprimento de um agregado de formalidades. Todas as mercadorias que circulam nas diversas redes ferroviárias têm de se fazer acompanhar por um documento identificativo denominado CIM (Declaração de Expedição de Tráfego Internacional), que substitui o documento de trânsito, facilitando todo o procedimento. 7. Tipos de comboios de mercadorias Os comboios de mercadorias variam consoante o tipo de mercadoria que transportam, podendo ser usados em unidades singulares ou unidades múltiplas, com uma sequência de carruagens que, geralmente estão unidas entre si e funcionam apenas com um motor. Desde que o comboio foi inventado como um modo benéfico de transporte, as pessoas têm vindo a utilizá-los também para o transporte de mercadorias. Locomotiva híbrida A General Electric Company (GEE) apresentou um protótipo híbrido de uma locomotiva para comboios de mercadorias a 24 de Maio em Los Angeles, Califórnia. Este híbrido apresenta 4.400 cavalos de potência e uma série de baterias que captam e armazenam a energia de travagem da locomotiva e usam-na para ajudar a acelerar o comboio. Segundo a empresa, o sistema híbrido reduz o consumo de combustível e emissões até 10 % em comparação com a maioria das locomotivas usadas hoje em dia. A GEE não divulgou os tipos de baterias utilizados na locomotiva, descrevendo-os apenas como inovadores, livres de chumbo e recarregáveis. Figura 5 Locomotiva híbrida 10

8. Tipos de mercadoria transportada Alimentos (cereais, rações e farinha são os mais produtos mais transportados por via ferroviária); Produtos Cerâmicos; Cimento; Brita (muito utilizada em obras da construção civil); Balastro (terra, areia, cascalho); Madeira; Pasta de papel; Contentores. Figura 6 - Comboio de transporte de cereais Figura 7 - Comboio de transporte de cimento 9. Rede ferroviária nacional (RFN) A Rede Ferroviária Nacional é a rede nacional de serviços de transporte de mercadorias e de passageiros pelo meio ferroviário. A RFN está dividida em três tipos de redes ferroviárias. Rede Principal Liga, entre si, as maiores estações, portos e plataformas logísticas do país, uma vez que são as mais procuradas e, geralmente, oferecem melhor serviço de transporte ferroviário. Esta rede está maioritariamente situada na parte litoral de Portugal, já que é aí que se encontram os maiores centros de transporte de mercadorias, como os já referidos portos marítimos, e onde existe também uma maior densidade populacional. Rede Complementar Está encarregue de ligar a rede principal a localidades com um índice de procura relativamente reduzido em comparação com os focos populacionais da rede 11

principal. Está direccionada para zonas mais interiores de Portugal Continental e para certas zonas do litoral não abrangidas pela rede principal, como é o caso da Linha do Oeste que vai da estação da Figueira da Foz até à estação de Agualva-Cacém passando por localidades do litoral. Rede Secundária Está focada em servir zonas com baixa procura, nomeadamente nas regiões mais a leste de Portugal Continental e ainda em alguns locais de procura secundária no litoral, que têm uma densidade populacional e taxa de desenvolvimento inferior às zonas servidas pela rede principal e pela complementar. Nota: Ver imagem da Rede Ferroviária Nacional (RFN) inserida nos anexos (Imagem 1). 10. Principais linhas ferroviárias Linha do Leste É das linhas mais antigas de Portugal, começou a ser construída em 1853 e o primeiro troço entre Lisboa e o Carregado ficou terminado em finais de 1856. A construção desta via foi muito importante pois possibilitou ligações a Espanha. Hoje em dia, os comboios de mercadorias estão mais presentes nesta linha já que têm como objectivo as trocas comerciais no sul de Espanha. Linha do Norte É a grande mais-valia dos comboios em Portugal pois estabelece ligações entre Porto e Lisboa e permitiu um grande desenvolvimento em todas as localidades que são abrangidas pela linha. Além disso esta linha é intersectada por outras, tais como a linha do Oeste, a linha da Beira Alta e a linha do Leste. Linha do Sul É uma via larga também muito importante para Portugal pois estabelece contacto entre a estação de Campolide, em Lisboa, e a estação de Tunes, no Algarve, passando por outras cidades de renome no país. Foi planeada no âmbito do transporte de mercadorias entre Barreiros e as minas do Sul, no entanto só em 1889 é que a obra ficou concluída até Faro. 12

Linha de Leixões Esta linha é das mais importantes a nível do transporte de mercadorias uma vez que faz ligação com o porto de Leixões, um dos expoentes máximos em Portugal em termos de infra-estruturas portuárias. Esta linha está então ligada a outras pertencentes à rede principal e que portanto gere de forma eficaz o transporte de mercadorias para a Península Ibérica. 11. Principais terminais ferroviários existentes em Portugal Terminal de Leixões O terminal tem três linhas de carga e descarga de vagões, conhecidas por Linha da Máquina, Linha do Pórtico e Linha Nova. A Linha do Pórtico de carga e descarga de contentores em vagões, abarca duas linhas férreas, sendo uma linha de parque, capaz de posicionar três contentores em altura, e uma via para camiões. É provavelmente o mais importante terminal em Portugal relativamente ao transporte de mercadorias, uma vez que, é utilizada para o carregamento das mercadorias provenientes do porto de Leixões e que serão levadas para o resto do país e da península. Figura 8 Terminal de Leixões 13

Terminal da Bobadela Este terminal está equipado com pórticos, máquinas de elevação de contentores, empilhadores, porta paletes. Figura 9 Terminal da Bobadela 14

12. Conclusão Como previsto, o relatório permitiu adquirir novos conhecimentos, servindo também como ajuda para a elaboração da apresentação final do projecto. Neste relatório são apresentados alguns dos aspectos que consideramos mais importantes dentro da temática e que fomos investigando e analisando ao longo de todo o trabalho. Da análise dos dados recolhidos foi possível concluir que o transporte ferroviário é hoje uma boa opção ao nível do transporte de certas mercadorias, uma vez que, este tipo de transporte é vantajoso tanto a nível económico como a nível da preservação do ambiente, já que grande parte dos comboios utiliza como combustível a energia eléctrica. Assim, atendendo a todas as características destes veículos, torna-se inevitável referir a importância que detêm no que diz respeito ao quotidiano de um país e, consequentemente, da população. Para além da aquisição de novos conceitos e aprendizagens, este relatório e toda a unidade curricular Projecto FEUP tem vindo a permitir uma integração mais rápida e acessível nesta nova etapa. 15

Bibliografia Revistas: Congresso Nacional FER XXI. 2004. "O Transporte de Mercadorias: Liberalização e Logística". Lisboa: ADFER "O Transporte Ferroviário no século XXI". Lisboa: ADFER, 2000 Sítios Web: Wikipédia. Transporte Ferroviário. (www.wikipedia.org/wiki/transporte_ferroviario) (accessed October 8, 2010) Wikipédia. Transporte de Mercadorias. (pt.wikipedia.org/wiki/transporte_ferroviário#transporte_de_mercadorias) (accessed October 8, 2010) Heitor de Sousa. Questões do Transporte Ferroviário em Portugal. (www.esquerda.net/sites/default/files/heitor_sousa_transporte_ferroviario.pdf) (accessed October 8, 2010) Refer. Linha do Tempo do Caminho de Ferro. (www.refer.pt/menuprincipal/transporteferroviario/caminhodeferroemportugal.aspx) (accessed October 9, 2010) Wapedia. Transporte Ferroviário. (wapedia.mobi/pt/transporte_ferroviário) (accessed October 9, 2010) Sapo. Património Ferroviário de Portugal. (comboios.com.sapo.pt/index.htm) (accessed October 9, 2010) Transportes XXI. Comboios de Mercadorias. (www.transportes-xxi.net/fotografia/cat/143) (accessed October 9, 2010) POVT. Transportes Ferroviários. (www.povt.qren.pt/tempfiles/20080116151342moptc.pdf) (accessed October 10, 2010) 16

Free Republic. Hybrid Locomotive. (www.freerepublic.com/focus/f-news/1840706/posts) (accessed October 10, 2010) Emídio Silva. Evolução dos transportes. (emidiosilva.blogspot.com/2009/04/evolucao-dos-transportes.html) (accessed October 10, 2010) A. Barros. Rede Ferroviária Nacional. (www.slideshare.net/abarros/apresentao-rede-ferroviria-nacional-presentation) (accessed October 10, 2010) 17

Anexos 14. Figura 10 - Rede ferroviária nacional (RFN) 18

15. Figura 11 - Diagrama das linhas férreas e estações portuguesas ProjFeup Porto, Outubro de 2010 19

16. Figura 12 - Tipologia das vias e distâncias 20

17. Figura 13 - Patamares de velocidade mais elevados 21