Eficiência da Gestão Pública: Segurança Jurídica e Governança

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Transcrição:

Eficiência da Gestão Pública: Segurança Jurídica e Governança Pinheiro IBRE/FGV IE/UFRJ Apresentação na Confederação Nacional da Indústria Brasília, 28 de fevereiro de 2018

Números e fatos estilizados Diagnóstico Segurança jurídica e governança Propostas

Motivos paralisação projetos de infraestrutura Número % Abandono pela Empresa 49 9% Ambiental 7 1% Judicial 17 3% Orçamentário /Financeiro 46 9% Órgãos de Controle 12 2% Técnico 267 52% Titularidade/ Desapropriação 9 2% Outros 110 21% Total 517 Fonte: Ministério do Planejamento.

Estágio em que obra foi paralisada Estágio Número % 0 a 25% 192 37% 25% a 50% 134 26% 50% a 75% 109 21% 75% a 100% 82 16% Fonte: Ministério do Planejamento.

Prejuízos com atrasos e paralisações de obras de infraestrutura são significativos Custo econômico causado pelo atraso (R$ milhões) FIOL PISF Transnordestina Perda de PIB (valor adicionado) 12.604 23.013 Custo de oportunidade dos recursos investidos e sobrecusto da obra 2.163 8.752 7.595 Total 14.767 31.765 7.595 Fonte: CNI (2018).

Macro planejamento Seleção de projetos: Falta planejamento setorial plurinaunal Falta análise custo-benefício Interferência política encurta prazos e dificulta planejamento Modalidade de execução Planejamento financeiro da obra Falta de previsão para custo de operação

Micro planejamento Projetos de engenharia Orçamento Licenças ambientais Desapropriações Interferências Articulação entre órgãos do governo

Órgãos de Controle Ibama, Funai, IPHAN etc. Ministério Público Tribunal de Contas Judiciário

Max Weber A predominância de formas de produção estruturadas através do mercado requer um sistema legal com efeitos calculáveis racionalmente pelas partes; a sobre-determinação dos contratos por considerações que não podem ser racionalmente calculadas pelas partes afeta negativamente a produção e o emprego.

Princípio da segurança jurídica Se inspira na confiança que deve ter o indivíduo de que os seus atos, quando alicerçados na norma vigente, produzirão os efeitos jurídicos nela previstos. Se traduz por uma norma jurídica estável, certa, previsível e calculável. Papel da segurança jurídica: proteger direitos de propriedade e garantir a negociação a baixo custo.

Segurança jurídica (Canotilho, 1991) Previsibilidade ou eficácia ex ante da norma Os indivíduos devem ter certeza e calculabilidade em relação aos efeitos jurídicos dos seus atos, das relações em que se envolvam, e dos atos a que estão submetidos.

Percepções dos gestores Órgãos de controle: postura policialesca e presunção de culpa Órgãos de controle têm levado à criminalização da gestão : irregularidades são interpretadas como intencionalmente voltadas para lesar o erário, e não como possíveis erros; Controles exigem que gestores se dediquem a controle de legalidade e preocupações formais, em detrimento do trabalho voltado para os resultados das ações Órgãos de controle muitas vezes imiscuem-se em decisões relativas à implementação das políticas públicas Às vezes órgãos de controle divergem quanto às mesmas regras e determinam ações diferentes: situação de alta instabilidade e insegurança jurídica para gestores. Fonte: Olivieri (2016).

Visão dos Órgãos de Controle Controle externo é conquista democrática e só foi fortalecido com constituição de 1988 e após CPI do Orçamento Eficiência dos controles: Problemas recorrentes em projetos Estimativas de recursos poupados com intervenções Necessidade de expandir controles Apesar de discurso de órgãos como TCU e CGU demonstrar preocupação com o desempenho da gestão, foco do controle realizado é na legalidade Mais do mesmo não vai alterar quadro de insegurança jurídica e perdas com má governança de projetos de infraestrutura

Resultados Foco excessivo em questões legais, com atenção de menos na eficácia e eficiência dos projetos Grande recorrência dos problemas

Medidas adotadas ou em discussão RDC (Regime Diferenciado de Contratação) PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) Projeto Senador Anastasia (PL 7448/2017) (interesses gerais) Decisões administrativas, controladoras e judiciais: não podem se basear só em valores jurídicos abstratos Disciplina punição a gestores públicos Regime de transição na reinterpretação ou reorientação normativas Possibilidade de termo de compromisso entre administração pública e interessados para eliminar irregularidade PLS 441/2017 (Senador José Medeiros): Altera Lei de Licitações: decisão de paralisar obra por irregularidade deve considerar repercussões, inclusive custo econômico e financeiro da decisão

Propostas: Planejamento e Estruturação de Macroplanejamento: Planos setoriais plurianuais Critérios transparentes para a seleção de projetos e da sua modalidade de execução Micro planejamento Projetos Fortalecimento das equipes setoriais Unidade central de infraestrutura (PPI)

Propostas: Órgãos de Controle Fortalecimento dos órgãos de controle interno Unidade central de infraestrutura pode fazer checagem da conformidade legal Relação de órgãos de controle externo com gestores e controle interno deve passar de antagonismo para cooperação Terceirização do controle interno? Iniciativa PPI: auditoria externa Estudo IPEA: unidades de compliancee interação com órgãos de controle internas aos projetos

Obrigado!