O Index 1 como material de referência para a reflexão



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Transcrição:

O Index 1 como material de referência para a reflexão Mayara Oliveira mayoliveira_05@yahoo.com.br Faculdade de Letras 8 período Alline dos Santos allinenascimento84@gmail.com Faculdade de Letras Graduada Simone Gonçalves Pesquisadora convidada simonehego@gmail.com Orientadora: Mônica Pereira dos Santos Faculdade de Educação Construindo Culturas, Desenvolvendo Políticas e Orquestrando Práticas de Inclusão no Cotidiano Escolar Projeto Cícero Penna Coorientadora: Lillian Carneiro lillian.fundacao@gmail.com Faculdade de Educação Introdução O presente trabalho objetiva apresentar os primeiros resultados da pesquisa colaborativa entre o Laboratório de Pesquisa, Estudo e Apoio a Participação e à Diversidade em Educação LaPEADE - e os profissionais de uma escola pública do município do Rio de Janeiro, bem como os próximos passo que se pretende dar, no sentido de promoção da inclusão na comunidade escolar. Tal pesquisa foi solicitada pela própria instituição, que demonstrou interesse no combate às exclusões, entendendo que as mesmas podem ocorrer mesmo quando não intencionais. Reconhecendo o importante papel que a universidade tem na sociedade, principalmente quando lhe é solicitado participar na solução de problemas referentes à minimização de barreiras à aprendizagem e à participação, o grupo de pesquisa atendeu prontamente à solicitação feita pela escola. O LaPEADE, que já vem desenvolvendo pesquisas utilizando o Index para a Inclusão (BOOTH e AINSCOW, 2005) como referencial teórico, propôs, em conversa com a gestão, o aprofundamento do estudo do material na escola com o objetivo de 1 Construção coletiva e em constante transformação, o Index para a Inclusão é um material testado e validado internacionalmente, utilizado como recurso para apoiar o desenvolvimento inclusivo de escolas. 1

mapear as dificuldades, oferecendo alternativas para o desenvolvimentos de culturas, políticas e práticas de inclusão. Metodologia A perspectiva metodológica utilizada no trabalho com os profissionais da escola é o método da pesquisa-ação. Segundo Thiollent (1996), a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica realizada em associação com uma ação ou resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Sendo assim, a proposta é desenvolver práticas de pesquisa-ação, no sentido de aumentar a capacidade da escola em responder à diversidade, auxiliando os docentes na formulação de estratégias que promovam informações, discussões e decisões pedagógicas, as quais envolvam, dessa forma, as dimensões culturais, políticas e práticas da vida humana e social. Referencial Teórico O Index para Inclusão é um material usado como recurso para apoiar a promoção da inclusão nas escolas, orientando qualquer um a encontrar seus próprios próximos passos no desenvolvimento de ambientes mais inclusivos. Os conceitos-chave do Index são inclusão', barreiras à aprendizagem e à participação', recursos para apoiar a aprendizagem e a participação' e apoio à diversidade', na tentativa de discutir um desenvolvimento educacional cada vez mais inclusivo. De acordo com Santos (2003), Inclusão não é a proposta de um estado ao qual se quer chegar. Também não se resume na simples inserção de pessoas deficientes no mundo do qual têm sido geralmente privados. Inclusão é um processo que reitera princípios democráticos de participação social plena. [...] Inclusão refere-se, portanto, a todos os esforços no sentido de garantia da participação máxima de qualquer cidadão em qualquer arena da sociedade em que viva, à qual ele tem direito, e sobre a qual ele tem deveres (p. 81). 2

Nesse sentido, acredita-se que inclusão é um processo infindável em busca da minimização das situações de exclusão, o qual veicula princípios democráticos de participação social. Com base nisso, o Index tem como proposta analisar a realidade institucional de acordo com as dimensões de culturas, políticas e práticas de inclusão, possibilitando o desenvolvimento de uma atitude autônoma. Segundo Tony e Ainscow (2002, apud Lago e Santiago, 2013, p. 690) construir culturas de inclusão relaciona-se aos princípios éticos desenvolvidos no cotidiano, presente nas políticas e vivenciado nas práticas escolares. A dimensão das culturas estaria, portanto, relacionada aos valores compartilhados no ambiente escolar por todos os seus membros, os quais orientam ações de inclusão e/ou exclusão. Já a dimensão das políticas refere-se à criação de estratégias quem visem minimizar as pressões excludentes. Por fim, a dimensão das práticas tem a ver com o fazer pedagógico, isto é, reflete as culturas e as políticas de inclusão/exclusão da escola. Diante disso, percebe-se que, no processo de inclusão, essas três dimensões são inseparáveis, complementando-se em um movimento dialético, complexo e contínuo de luta contra as exclusões. Dialético porque reflete a incessante transformação desse conjunto - culturas, políticas e práticas - que é antes processo em constante devir (PRADO Jr., 2001, p.36), e complexo porque desenvolve um pensamento que trata com a incerteza e consegue, apesar de e por isso mesmo, conceber a organização (MORIN, 2011). Resultados Como primeiros resultados da pesquisa, evidenciaram-se reflexões nos professores sobre suas práticas cotidianas. A partir do estudo do Index para a Inclusão, foi realizada uma atividade com os professores, tendo em vista os valores inclusivos presentes no mesmo. Da atividade obteve-se a formulação de conceitos como: 1. A inclusão passa por conhecimento, método, contexto e, consequentemente, por uma ação motivadora. 2. A ação do professor passa pela vontade. 3. Cada cidadão, por ser diverso, tem o direito de aprender do seu jeito., dentre outras. Desde um ponto de vista que propõe valores inclusivos para toda a comunidade escolar, sem distinção, as proposições formuladas pelos professores foram muito 3

interessantes. Levando-se em conta a escolha anterior de algumas palavras-chave, as quais consideravam essenciais para o processo de inclusão, para só então formular seus respectivos conceitos de inclusão, frases como 1 e 3 refletem aspectos muito positivos do trabalho com o Index, demonstrando reflexões sobre as culturas, políticas e práticas de inclusão/exclusão. Entretanto, frases como 2 são passíveis de algumas reflexões. Formulada pela diretora da escola, a frase deixa claro que, para ela, o processo de inclusão depende da vontade do professor, como se os processos de exclusão/inclusão ocorridos fossem decorrentes somente da vontade (ou da falta dela) do professor, deixando de fora, portanto, todo o resto da comunidade escolar. Sendo a escola um espaço comunitário que envolve professores, gestores, funcionários, alunos e pais, não há como pensar que os movimentos de inclusão/exclusão dependam apenas da vontade do professor. Sendo assim, não há como excluir os demais segmentos que integram a comunidade escolar. Considerações finais Em resumo, o desenvolvimento do Index para a Inclusão pretende a construção de uma cultura de autorrevisão que auxilie toda a comunidade escolar a caminhar em direção à construção de culturas, desenvolvimento de políticas e orquestração de práticas cada vez mais emancipatórias. Ainda que a participação dos professores não corresponda à totalidade dos que atuam na escola, há mostras de um pensamento crítico bastante voltado para a questão da inclusão como um e que, principalmente, depende de todos para sua efetivação. Entendendo a inclusão como um processo em constante movimento, o projeto em conjunto com a escola pretende aumentar ainda mais a participação dos educadores, visando à elaboração de um Projeto Político Pedagógico no qual os profissionais se reconheçam e reconheçam seus alunos estabelecendo como horizonte a inclusão de todos os membros da comunidade escolar. Referências Bibliográficas BOOTH, Tony, e AINSCOW, Mel. Index para a Inclusão: Desenvolvendo a aprendizagem e a participação na escola. 2ª edição. Edição: UNESCO/CSIE. Tradução: Mônica Pereira dos Santos. Produzido pelo Laboratório de Pesquisa, 4

Estudos e Apoio à Participação e à Diversidade em Educação LaPEADE, FE- UFRJ: 2002. Disponível em http://www.lapeade.com.br LAGO, Mara e SANTIAGO, Mylene. O processo de inclusão no Ensino Médio: O protagonismo dos alunos em foco. (p. 690-691). In: Seminário Internacional Inclusão em Educação: Universidade e Participação 3. 2013. Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: 2013. CD-ROOM. MORIN, Edgar (2011) e PRADO JR., Caio (2001) apud SANTOS, Mônica Pereira dos, et.al. A Perspectiva Omnilética: reflexões sobre Inclusão em Educação em uma escola municipal do Rio de Janeiro. In: Seminário Internacional Inclusão em Educação: Universidade e Participação 3. 2013. Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: 2013. CD-ROOM. SANTOS, Mônica Pereira dos. O Papel do Ensino Superior na Proposta de uma Educação Inclusiva. Movimento, v. 7, n. maio 2003, p. 78-91, 2003. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. 16ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. 5