MITOLOGIA DO CRATO CONTADA POR ALUNOS SURDOS Maria Fabiana Gomes Vieira/ SEDUC-CE



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Transcrição:

1 MITOLOGIA DO CRATO CONTADA POR ALUNOS SURDOS Maria Fabiana Gomes Vieira/ SEDUC-CE RESUMO Trata-se de atividades de letramento realizadas por 23 (vinte e três) alunos com deficiência auditiva, matriculados no Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos EJA. Através de diversificadas práticas comunicativas, estes alunos produziram um livro, onde um mito e uma lenda da cidade de Crato-CE são por eles contados em Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais LIBRAS. A produção bilíngüe contribuiu para o empoderamento desses estudantes, a partir do diálogo entre os signos linguísticos das culturas surda e ouvinte, possibilitou-lhes uma análise crítica de crenças e valores da cultura hegemônica materializados nos textos mitológicos, de acordo com o modo de ser e viver dos surdos. Palavras chave: Educação Especial - Letramento - Multiculturalismo CONTEXTO Este projeto foi realizado no Centro de Educação de Jovens e Adultos Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira, de Crato, Ceará, com 23 (vinte e três) alunos com deficiência auditiva matriculados no Ensino Fundamental, sendo 13 (treze) na modalidade presencial e 10 (dez) na modalidade semi-presencial. Foi idealizado e coordenado pela coordenadora escolar pedagógica, Maria Fabiana Gomes Vieira, e executado pelas professoras-intérpretes, Roberta Kelly Silvestre e Juliana Gouveia Carlos. Contou também com a colaboração do professor da área de Ciências Humanas, José Nilton de Figueiredo, na conceituação de mitos e lendas; com o apoio do servidor administrativo incumbido da impressão dos livros, Fernandino Gomes Ferreira, e da coordenadora escolar de gestão, Francisca Anália Alves Diniz, responsável pela logística das aulas de campo e pelos painéis de divulgação do projeto. CRONOGRAMA Início do Projeto: 01 de Março de 2010 Término do Projeto: 16 de Junho de 2010 SETE SABERES Estas atividades de letramento de jovens e adultos surdos se aproximam do III SABER Ensinar a condição humana, mais diretamente ao item Educação e o triângulo da vida, que problematiza a representação dos conceitos de diferença, diversidade, desigualdade e das relações entre indivíduo, sociedade e cultura nas práticas educacionais. Nesta perspectiva, este projeto promove uma abordagem

2 multicultural da educação especial, em que os alunos se apropriam de conteúdos da cultura oral e escrita hegemônica, considerando-os a partir das especificidades históricoculturais dos surdos. BREVE HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO O Centro de Educação de Jovens e Adultos Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira, situado na Avenida José Alves de Figueiredo, S/N, no Centro da Cidade de Crato- Ceará, foi criado em 26 de maio de 1982. É mantido pelo governo do Estado do Ceará, sob a dependência administrativa da Secretaria de Educação do Estado SEDUC e da 18ª Coordenadoria Regional de Educação CREDE. Tem suas ações voltadas para Jovens e Adultos que não tiveram acesso à escola ou continuidade de estudos em idade própria no Ensino Fundamental e Médio e também para os que necessitam de oportunidades de aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos, experiências pedagógicas e profissionais. Destaca-se, também, pela oferta de educação para grupos marginalizados, como por exemplo, alunos detentos, e para deficientes auditivos, que necessitam de ações educativas especiais. Oferece aos seus estudantes a possibilidade de matrícula nas modalidades presencial ou semipresencial. Seu currículo concebe a escola como um espaço multicultural; a aprendizagem como construção do sujeito aprendente; o conhecimento como resultado de um processo interativo; a avaliação como direcionamento para aprimorar a aprendizagem; o aluno como ser social que interage com diferenças biológicas, culturais e étnicas. OBJETIVO GERAL Proporcionar o letramento empoderado dos estudantes surdos, através das comparações, análises e sínteses que envolvem a apropriação de textos da mitologia cratense e sua representação em Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais LIBRAS. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conceituais: Reconhecer especificidades da Língua Portuguesa oral e escrita. Utilizar os verbos no passado, de acordo com a progressão narrativa; Utilizar os diversos elementos de coesão textual; Identificar as características dos gêneros textuais Lenda e Mito ; Distinguir as especificidades da LIBRAS e da Língua Portuguesa; Procedimentais:

3 Selecionar recursos expressivos da LIBRAS, da computação gráfica e das artes plásticas e dramáticas para contar lendas e mitos locais; Utilizar dicionários de Língua Portuguesa e Libras; Formular hipóteses e conceitos; Julgar personagens e desfechos; Atualizar temas e discursos; Distinguir fato de opinião; Atitudinais: Reconhecer a Lenda como produto histórico-cultural, espelho dos valores e crenças de um povo; Utilizar os elementos culturais dos ouvintes de forma crítica e reflexiva, situando-os ideologicamente e também reconhecendo a si mesmo como ser histórico e social; Valorizar a LIBRAS como meio de comunicação objetiva, de uso corrente, e língua oficial na rede pública de ensino para surdos, no estado do Ceará. CONTEÚDOS CURRICULARES Variação lingüística Usos dos verbos no Pretérito do Modo Indicativo nos textos narrativos; Correlação Verbal Elementos de coesão textual Conceitos de Linguagem, Língua e Fala, na perspectiva dialógica. Signos verbais e imagéticos na comunicação humana Conceito de Mito e Lenda Características dos gêneros narrativos Mito e Lenda verbetes de Dicionários de LIBRAS e Língua Portuguesa A leitura dramática em LIBRAS: postura, ritmo, expressão facial e corporal. ESTRATÉGIAS UTILIZADAS Contação de lendas por adultos surdos e ouvintes, para toda a comunidade escolar, utilizando a LIBRAS, a fala coloquial em Língua Portuguesa e recursos expressivos da computação gráfica e das artes plásticas e dramáticas; Oficinas de leitura e produção textual bilíngue (Trabalho com o gênero Lendas, Leituras de imagens, descrição de personagens e lugares); Visita à Igreja da Sé Centro de Crato CE (Lenda da Pedra da Batateira); Pesquisa em dicionário de Libras e Língua Portuguesa;

4 Visita ao Museu de Paleontologia de Crato (Lenda da Pedra da Batateira); Oficina de leitura e produção textual bilíngue (Texto lacunado, opinião sobre fatos, legenda de fotos); Pesquisa de textos literários e não literários sobre lendas do Cariri cearense; Caminhada no leito do Rio Batateiras, Bairro Gisélia Pinheiro, Crato-CE; (Lenda da Pedra da Batateira); Produção textual bilíngue da lenda A Pedra da Batateira e do mito Vicente Fininho ; Confecção e lançamento do livro Duas histórias do Crato contadas por surdos em Língua Portuguesa e LIBRAS: A Pedra da Batateira e Vicente Fininho. AVALIAÇÃO Na avaliação da aprendizagem, que se desenvolveu durante todo o projeto, registrou-se que: Os alunos surdos reconheceram diferenças entre a Língua Portuguesa oral e escrita, apesar de terem muitas dificuldades no uso de artigos, preposições, conjunções, ou seja, de elementos lingüísticos próprios da língua portuguesa escrita; Compreenderam o tempo e as transformações das ações da narrativa, mas tendiam a utilizar os verbos no infinitivo, conforme observado nas respostas em textos lacunados e nas produções escritas; Tiveram muita dificuldade para utilizar os diversos elementos de coesão textual, construindo frases geralmente apenas utilizando palavras-chave; Identificaram as características dos gêneros textuais Lenda e Mito, em respostas às professoras-intérpretes e comentários escritos sobre textos lidos e traduzidos em gestos na LIBRAS. Distinguiram as especificidades da LIBRAS e da Língua Portuguesa, inclusive comparando e agrupando os recursos expressivos de cada língua de acordo com os paradigmas que lhes iam sendo propostos; Selecionaram, com ajuda das professoras-intérpretes, recursos expressivos da LIBRAS, da computação gráfica e das artes plásticas e dramáticas e contaram lendas e mitos locais para toda a comunidade escolar; Conseguiram utilizar dicionários de Língua Portuguesa e Libras, com ajuda das professoras-intérpretes;

5 Todos formularam hipóteses e conceitos em atividades de comunicação em LIBRAS; mas em Português, poucos registraram hipóteses utilizando as condicionais se e caso e o verbo ser no presente do indicativo para a construção de conceitos; Julgaram personagens e desfechos de narrativas, utilizando a lógica e os valores éticos e morais pertencentes a diferentes culturas, comunicando-se em LIBRAS, em atividades de deslocamento de papéis, espaços e épocas; Atualizaram temas e discursos de textos mitológicos de várias culturas, discutindo sua pertinência na sociedade que se pretende hoje formar; Conforme observação das respostas em exercícios de leitura, a maioria dos alunos ainda não consegue distinguir fato de opinião, nas narrativas estudadas; Em depoimentos, os alunos reconheceram a Lenda como produto histórico-cultural, espelho dos valores e crenças de um povo; De acordo com avaliação dos professores e coordenadores envolvidos no projeto, os alunos interagiram com as narrativas da mitologia cratense e com elementos da Língua Portuguesa em atividades de letramento crítico e reflexivo, numa perspectiva histórica e dialógica da linguagem; Nos depoimentos de autoavaliação, os alunos valorizaram a LIBRAS como língua própria da cultura dos surdos e afirmaram desejo de aprender o Português. PONTOS FORTES DO PROJETO Neste projeto confrontaram-se especificidades comunicativas da Língua Portuguesa e da LIBRAS, possibilitando aos alunos surdos maior autonomia na construção dos sentidos textuais. Proporcionou-lhes, também, a inclusão históricocultural enraizadora da cidadania que a Constituição Brasileira lhes assegura. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SETE SABERES E O PROJETO APRESENTADO Para transformar a escola num espaço democrático, de emancipação e desenvolvimento humano, é necessário inserir no seu currículo ações que assegurem, por um lado, a identificação e contextualização das experiências dos alunos surdos e por outro, o aprendizado da convivência na diversidade e do reconhecimento da importância da cultura alheia, por estudantes e profissionais ouvintes. Isso se justifica porque o enfoque totalizante da cultura ensinada exclui do currículo a possibilidade de discutir sobre a diversidade humana, na perspectiva histórica e social da construção das diferenças, negando, assim, o caráter emancipatório da educação.

6 Assim sendo, este projeto alinhou-se aos propósitos tematizados nos Sete Saberes Necessários à Educação do Presente, que preconizam a Educação para a diversidade e na diversidade. Em oposição à pedagogia a serviço da dominação e alienação de grupos historicamente estereotipados e excluídos, neste trabalho constroem-se alguns desses saberes voltados para o diálogo democrático e intercultural, na configuração de uma nova ética para as relações humanas. REFERÊNCIAS CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, Antonio Flávio; CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo: Diferenças culturais e práticas pedagógicas Petrópolis: Vozes, 2008. GOMES, Dilma Lino. Indagações sobre currículo: diversidade e Currículo. Brasília: MEC/ SEB, 2008. MORIN, Edgar. Sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2002. 6 ed. SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. 3 ed. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte MG: Autêntica Editora, 2009 VALOURA, Leila de Castro. Paulo Freire, o educador brasileiro autor do termo empoderamento, em seu sentido transformador. mimeo. Disponível em: www.paulofreire. org. Acesso: 20/01/2010.

7 MITOLOGIA DO CRATO CONTADA POR ALUNOS SURDOS Maria Fabiana Gomes Vieira/ SEDUC-CE CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO Este projeto foi realizado, de 01 de março a 16 de junho de 2010, no Centro de Educação de Jovens e Adultos Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira, de Crato Ceará, com 23 (vinte e três) alunos com deficiência auditiva matriculados no Ensino Fundamental. Através de diversificadas práticas comunicativas, estes alunos produziram um livro, onde um mito e uma lenda da cidade de Crato-CE são por eles contados em Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais LIBRAS. OBJETIVO GERAL Proporcionar o letramento empoderado dos estudantes surdos, através das comparações, análises e sínteses que envolvem a apropriação de textos da mitologia cratense e sua representação em Língua Portuguesa e LIBRAS. ARTICULAÇÕES ENTRE O PROJETO E OS SETE SABERES Estas atividades de letramento de jovens e adultos surdos se aproximam do III Saber Necessário à Educação do Presente, Ensinar a condição humana, mais diretamente ao item Educação e o triângulo da vida, que problematiza a representação dos conceitos de diferença, diversidade, desigualdade e das relações entre indivíduo, sociedade e cultura nas práticas educacionais. AVALIAÇÃO Apesar de não ter realizado todos os objetivos na aprendizagem da Língua Portuguesa, o diálogo entre os signos linguísticos das culturas surda e ouvinte possibilitou uma análise crítica de crenças e valores materializados nos textos mitológicos, entendidos na perspectiva cultural própria dos surdos. REFERÊNCIAS CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, Antonio Flávio; CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo: Diferenças culturais e práticas pedagógicas Petrópolis: Vozes, 2008.

8 GOMES, Dilma Lino. Indagações sobre currículo: diversidade e Currículo. Brasília: MEC/ SEB, 2008. MORIN, Edgar. Sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2002. 6 ed. SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. 3 ed. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte MG: Autêntica Editora, 2009. VALOURA, Leila de Castro. Paulo Freire, o educador brasileiro autor do termo empoderamento, em seu sentido transformador. mimeo. Disponível em: www.paulofreire.org. Acesso: 20/01/2010.