O trabalho docente e suas dificuldades na avaliação por competências e habilidades no ensino técnico: área da saúde



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Transcrição:

O trabalho docente e suas dificuldades na avaliação por competências e habilidades no ensino técnico: área da saúde Cristiane Martins¹ Fabíola Dada² Pablo Assis Almeida Fraga³ Resumo: Este artigo é resultado de um estudo feito com professores dos cursos técnicos do Instituto de Educação Cenecista Marquês de Herval, da CNEC/Osório. Buscou-se discutir as dificuldades relacionadas à elaboração da avaliação por competências e habilidades. Palavras-chave: avaliação, dificuldades, competência e habilidade. Abstract: This article is the result of a study of teachers of technical courses the Instituto de Educação Cenecista Marquês de Herval, da CNEC/Osório. We tried to discuss the difficulties related to the preparation of the assessment of competencies and skills. Key-words: evaluation, difficulties, competence and skil. Introdução A noção de competência permeia o espaço educacional e a fala social e contemporânea. Faz-se referência a ela, estabelecendo-a como uma direcionadora das ações e discussões pedagógicas. Levando assim os professores a buscarem subsídios, para o seu desenvolvimento e propiciar um aumento do conhecimento para sua aplicabilidade em sala de aula. Conforme Perrenoud (1999) uma competência orquestra um conjunto de esquemas. Envolve diversos esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação. O autor define competência como a capacidade de agir com eficiência em situações diversas, baseando-se em conhecimento sem limitar-se a eles. Existem vários conceitos de habilidade. No geral as habilidades têm um significado não tão abrangente quanto ás competências. Sendo assim dentro das competências existem várias habilidades (LENISE GARCIA, 2005). A construção deste artigo partiu das discussões, dificuldades e questionamentos entre os professores no ambiente escolar em relação ao desafio da avaliação neste processo de aperfeiçoamento das diretrizes ao ensino por competências e habilidades. 177

Mudar o foco para o desenvolvimento de competência e habilidade implica, além da mudança de postura da escola, um trabalho pedagógico integrado em que se definam as responsabilidades de cada professor nessa tarefa. Um grande obstáculo, aqui, é que nós mesmos, professores, podemos ter dúvidas sobre o que consiste, realmente, uma determinada habilidade, e mais ainda sobre como auxiliar o seu desenvolvimento. Afinal, possivelmente isso nunca foi feito conosco... Mas as dificuldades não nos devem desalentar. Pelo contrário, representam o desafio de contribuir para uma mudança significativa na prática didática da escola. (LENISE GARCIA, 2005). Para a realização da presente pesquisa, foi coletada informações junto ao Instituto de Educação Cenecista Marquês de Herval com a participação de 20 professores dos cursos técnicos de radiologia, enfermagem, informática e segurança do trabalho. A análise foi realizada através de um questionário com 26 questões abertas e fechadas no período de outubro a novembro de 2010. Resultados e Discussões Conforme os resultados apresentados na figura 1, relacionada às atividades que os professores realizam com seus alunos, se têm possibilitado a prática de ler, discutir com colegas e escrever textos relacionados com a área de formação: Figura 1 Ler, discutir com colegas e escrever textos relacionados com a área de formação. Osório, 2010. De acordo com a figura 2, relacionada às atividades que os professores realizam com seus alunos, se têm possibilitado a discussão de textos, explorando as diferenças entre fatos e opiniões: 178

Figura 2 Discutir textos, explorando as diferenças entre fatos e opiniões. Osório, 2010. Conforme a figura 3, algumas afirmações usadas para explicar as dificuldades de aprendizagem, decorrem do nível cultural dos alunos: Figura 3 - As dificuldades de aprendizagem dos alunos são decorrentes do nível cultural. Osório, 2010. Pelos resultados nas figuras 1, 2 e 3. correlacionadas às atividades propostas em sala de aula pelos professores com seus alunos, observa-se que a leitura e discussões de textos não faz parte da rotina semanal. Os professores destacam o baixo nível cultural dos alunos como um agravante na dificuldade de apreender destes alunos, mas o trabalho baseado na análise destes textos é aplicado dentro do planejamento curricular apenas uma vez ao mês pela maioria dos docentes pesquisados. Quando abordados sobre a maior dificuldade na elaboração das avaliações por habilidades e competências, cinco professores responderam que não apresentam dificuldades, três referem não ter clareza das habilidades e competências por curso, dois a dificuldade de relacionar a disciplina às habilidades e competências. Também foi referida falta de clareza dos critérios, não ter feedback da coordenação do curso, nem sempre a metodologia por habilidades e competências adaptam-se aos conteúdos, a falta de tempo para a elaboração das questões, desenvolvimento de exercícios que permitam a avaliação entre outros. 179

Quando questionados sobre os critérios utilizados para a avaliação do aluno durante a execução das atividades em sala de aula, dez reconheceram que a participação do aluno é fator principal, oito o interesse do aluno pelo assunto abordado, quatro a pontualidade na entrega dos trabalhos e clareza nas respostas durante as avaliações. Além destes dados, foram apontados como critérios relevantes a qualidade dos trabalhos e sua coesão, a escrita e apresentação, o raciocínio crítico, assiduidade e colaboração, organização do aluno e postura na sala de aula. Também é levado em consideração o resultado apresentado pelo aluno, a capacidade de relacionar teoria e prática e a execução de relatórios. Outra questão relaciona-se às dificuldades na correção dos instrumentos avaliativos. Dos vinte questionários devolvidos, sete professores relataram que não encontram nenhuma dificuldade na correção e cinco descrevem que a escrita dos alunos é confusa não possibilitando um entendimento claro do que os alunos querem dizer. Demais obstáculos na correção distribuem-se em otimização do tempo extraclasse, dúvidas se o aluno está apto mesmo ou influenciado pela subjetividade do método, as respostas longas, a clareza dos critérios e o entendimento do aluno, se o aluno é um mero repetidor da idéia do educador, a decepção com as respostas e os erros de português. Considerações finais A avaliação da aprendizagem, como um processo formativo e permanente de reconhecimento de saberes, competências, habilidades e atitudes, deixa de ser pontual, punitiva e discriminatória (Fernandes,2003), para se constituir em uma avaliação que respeite a individualidade do aluno e favoreça sua formação com qualidade e competência. Ela passa a ser apreendida como aprendizagem, devendo ser iniciada desde o ingresso do aluno no curso, de maneira processual, identificando as necessidades e dificuldades dos mesmos e propondo estratégias capazes de supera essas dificuldades. Vale destacar que a tarefa da prática avaliativa tem como premissa básica a constante reflexão dos docentes sobre sua prática pedagógica e o acompanhamento do aluno na sua caminhada de construção do conhecimento, tendo como claro que o erro é o ponto de partida para esclarecimentos e nunca como motivo de punição. (Fernandes,JD et al,2005). Lenise Garcia (2005) refere em seu artigo que a mudança de postura na escola, também deverá acontecer na avaliação. Quando a habilidade é 180

considerada como objetivo do ensino, a posse do conhecimento deve ser avaliado. Lino de Macedo (2002) refere que, mesmo durante a prova, os alunos podem estar aprendendo através dos desafios na análise das questões. As formas de avaliação devem ser estimulantes ao raciocínio e a tomada de decisões. Mesmo reconhecendo as dificuldades na elaboração deste tipo de avaliação, o resultado final compensa pelo que instiga no aluno em relação ao conhecimento e aprendizagem. Analisando as respostas da pesquisa, vê-se que as dificuldades comuns em relação as avaliações, tanto na sua elaboração quanto na sua correção, relacionam-se, na sua maioria, à preocupação de habilitar este aluno à sua prática profissional. A pesquisa mostrou, também, que mesmo a escola já tendo implantado, junto ao seu corpo docente dos cursos técnicos, as diretrizes do ensino por habilidades e competências não há um consenso em todos os critérios para a avaliação deste aluno. É importante que todos os profissionais trabalhem na mesma linha de pensamento, voltados para um mesmo objetivo. Para isso ocorrer também é fundamental que aconteçam mais oportunidades de verbalizações das dificuldades e angústias dos professores junto ao próprio grupo docente e coordenação. Referências FERNANDES JD, Ferreira SLA, Oliva DSR, Santos MP, Costa HOG. Diretrizes estratégicas para a implantação de uma nova proposta pedagógica na Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. RevBrasEnferm 2003, 56(4): 392-5. FERNANDES, JD, Xavier IM, Ceribelli MIP, Bianco MHC, Moeda D, Rodrigues MVC. Diretrizes curriculares e estratégias para a implantação de uma nova proposta pedagógica. Revista Brasileira de Enfermagem. USP, v. 39 n. 4 São Paulo dez. 2005. GARCIA, Lenise Aparecida Martins. Competências e Habilidades: você sabe lidar com isso? Educação e Ciência On-line, Brasília: Universidade de Brasília, 2005. 181

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre : Artes Médicas, 1999. PERRENOUD, Philippe; THURLER, Monica; MACEDO, Lino; MACHADO, Nílson José; ALLESSANDRINI, Cristina. As competências de ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. 182