PROJETO BRINCOS, CANTIGAS E OUTRAS BRINCADEIRAS CANTADAS Rosângela Vitale Mazzanti Michele de Assis Negri RESUMO: Este trabalho apresenta o Projeto realizado na EMEB Dr. Edward Aleixo de Paula, bem como seu desenvolvimento, participação da família e transformações ocorridas no âmbito escolar. Palavras-chave: Projeto, Cultura Popular, Família. INTRODUÇÃO: O Projeto nasceu da necessidade de aprimoramento e ampliação do trabalho com a música e suas diversas formas de expressão na escola e fora dela, da valorização do acervo cultural oral brasileiro e da busca de intimidade e integração com as famílias dos alunos. Além das necessidades apresentadas, o projeto também tem a finalidade de oferecer oportunidade para que a criança, no processo de elaborar sentidos pessoais, se aproprie de elementos significativos de sua cultura e também estabeleça uma relação orgânica com o acervo cultural, com as tradições, os saberes e as identidades das diversas populações. DESENVOLVIMENTO A partir de 2008, todas as escolas públicas e privadas do Brasil tiveram que incluir o ensino de música em suas grades curriculares. A exigência surgiu com a lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que determinou que a música deveria ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica. Apesar de, nas palavras de Teca Alencar, sermos seres musicais, quando o assunto é o desenvolvimento de propostas musicais ricas de sentidos para as crianças, as dúvidas e inseguranças surgem como notas musicais em uma complexa composição.
A fim de responder a pergunta Por que trabalhar música na escola?, Nicolau (2003) traz a seguinte explanação: A música e o movimento são as primeiras linguagens a que a criança tem acesso. Ainda no útero materno a batida do coração e o ritmo da respiração marcam a pulsação e o sentido da vida imersa na água e na escuridão. A mãe empresta seu corpo e todo seu ser para que o bebê possa nascer. Empresta seu colo, seu peito e sua voz para que a criança, rompendo o cordão umbilical, possa crescer e transformá-lo em vínculo simbólico-cultural amoroso com a vida, permitindo o encorajamento para a exploração e ampliação do mundo... (p. 77) Considera-se também que a parceria e a presença dos pais dentro da creche é de extrema importância, pois as DCNEIs preconizam que as instituições devem oferecer experiências que valorizem nossa cultura e também que garantam tempo de participação, diálogo e escuta cotidiana das famílias. Para isso, foram elencadas uma série de estratégias que possibilitassem a aproximação dos agentes da escola, alunos e pais por meio da música. Assim, as cantigas, os brincos e algumas brincadeiras cantadas foram utilizadas para muitos momentos do trabalho com a música na creche. Segundo Hortélio (2009), [...] as brincadeiras cantadas são música da cultura infantil, com movimento, aliada à representação e a expressão do corpo inteiro. É uma música para ser brincada próximo ao outro, com o outro, pela livre vontade de brincar, enriquecida pelas canções que contém as raízes da identidade de um povo. (p. 78) Considerando o movimento como indissociável da aprendizagem na educação infantil, principalmente em se tratando de música, Hortélio ressalta que As crianças pequenas que conhecem, saboreiam e aprendem as possibilidades do corpo em movimento poderão, sem dúvida estabelecer uma forma pessoal e diferenciada de estar no mundo. As sensações, o prazer, o desprazer, os gostos e desgostos também estão no corpo: (re)conhecê-los, saber fazer escolhas e comunicar-se com os outros fazem parte da educação do corpo, pois o corpo é fonte de autoconhecimento. (2009, p.78) Desse modo, o desenvolvimento do projeto contou com as seguintes etapas: 1) Levantamento das fragilidades e avanços do trabalho realizado com Musicalização durante o ano passado: durante esse período foram realizadas discussões em grupo com
o intuito de buscar respostas e estratégias para as dúvidas e fragilidades em relação ao desenvolvimento da musicalização apresentadas pelo grupo; 2) Sensibilização Musical com a equipe e com as crianças: Em fevereiro deste ano foi incluído um momento de sensibilização e apreciação musical antes dos encontros coletivos, a fim de que o movimento de exploração de sons, sentimentos, conteúdos, etc que a música pudesse oferecer fosse vivenciado pelos educadores, para que despertos, pudessem levá-los às crianças de um outro lugar interno. 3) Estudo e planejamento em grupos e socialização de boas práticas: detalhamento e estudo de bibliografias relacionadas ao tema e socialização de propostas planejadas em grupos. 4) Envolvimento com a família: os pais foram convidados, uma vez ao mês, a virem brincar com as crianças na hora da saída, num momento denominado por nós como Saída musical. Nesses momentos, as educadoras incentivaram os pais a brincarem jogos musicais, brincos e cantigas com os filhos. A seleção dessas brincadeiras não se deu de forma aleatória, já que cada faixa etária possui suas particularidades e necessidades específicas. Sendo assim, foram escolhidos alguns Brincos para o berçário, já que nem todos andavam e os pais poderiam segurá-los no colo enquanto brincavam, diferentemente do grupo 3, em que as crianças, além de terem um domínio motor mais elaborado, conseguiam simbolizar e imaginar, as brincadeiras envolveram graus de complexidade maiores, como a Dança do Camaleão, por exemplo. 5) CD e livro com as brincadeiras cantadas para os pais: como o Projeto ainda não foi finalizado, ao final os pais receberão um CD com as brincadeiras cantadas e um pequeno manual de instruções de tudo o que foi brincado. 6) CD com todas as músicas usadas durante o Projeto (sensibilização e repertoriação) para as educadoras: as educadoras receberão, ao final do Projeto, um CD com todas as canções utilizadas no momento de Sensibilização Musical. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O desenvolvimento do Projeto demonstrou que esse momento, muito mais do que ensinar brincadeiras, trabalhar música, proporcionar experiências significativas às crianças, foi um palco de muito afeto, sensibilização, emoções, abertura e aproximação entre adultos e crianças e entre adultos, crianças e música.
Referências Bibliográficas ALENCAR, Teca. A música na Educação Infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. BRASIL, Ministério da Educação, (2009). Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação Infantil. Brasília, MEC/SEF. BRASIL, Ministério da Educação, (2012). Brinquedos e brincadeiras de creches: manual de orientação pedagógica.brasília, MEC/SEF. CENPEC. O brinquedo e a brincadeira na Infância. São Paulo, 2009 JUNDIAÍ, Secretaria de Educação, (2013). Diretrizes Pedagógicas Fundamentais Iniciais da SME: Educação Como Ação Política Transformadora. Jundiaí, SME. KISHIMOTO, T. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. Disponível em:http://educacao.diadema.sp.gov.br acesso em 25/11/2014. OLIVEIRA,Z. O currículo na educação infantil: O que propõem as novas Diretrizes Nacionais?Disponível em:http://educacao.diadema.sp.gov.br acesso em 1/12/2014.