TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA



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Transcrição:

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA II curso Transtornos Afetivos ao Longo da Vida GETA

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Após os transtornos de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e de conduta, os transtornos ansiosos encontram-se entre as doenças psiquiátricas mais comuns em crianças e adolescentes. Até 10% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno ansioso. Transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC, que afeta até 2% das crianças e adolescentes.

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Mais de 50% das crianças ansiosas experi-mentarão um episódio depressivo como parte de sua síndrome ansiosa. É fator de risco importante para um transtorno ansioso de início na infância ter pais com algum transtorno de ansiedade ou depressão. Cerca de metade das crianças com transtornos ansiosos tenha também outro transtorno ansioso comórbido.

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Etiologia: condições associadas ao neurodesenvolvimento x contribuição genética. Quadros mais freqüentes :transtorno de ansiedade de separação(tas), com prevalência em torno de 4%6, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG; 2,7 a 4,6%) e as fobias específicas (FE; 2,4 a 3,3%). A prevalência de fobia social (FS) fica em torno de 1%7, e a de transtorno de pânico (TP), em 0,6%.

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA O tratamento psicológico comprovadamente eficaz para é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Diferentemente do que ocorre no tratamento de adultos, medicamentos psicoativos, como antidepressivos e ansiolíticos, não são considerados terapêutica de primeiraescolha em crianças e adolescentes portadores de transtornos ansiosos.

SINTOMAS NÃO PATOLÓGICOS Ansiedade de separação a partir dos 6 meses. Angústia de separação aos 8 meses. Inquietação nos primeiros 3 anos de vida. Fase da birra de 1 ano até cerca de 5 anos. Amigos imaginários até 5/6 anos. Diversos medos nas diferentes idades. Sintomas compulsivos dos 8 aos 10 anos.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO Caracteriza-se por ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou seus substitutos, não adequada ao nível de desenvolvimento, que persiste por, no mínimo, 4 semanas. Os sintomas causam sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente. É fator de risco para o desenvolvimento de diversos transtornos de ansiedade, entre eles os transtornos do pânico e de humor, na vida adulta.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO Caracteriza-se por sintomas de ansiedade de variada gravidade nas situações de iminente separação, afastamento dos pais ou de outras pessoas amadas. Freqüentemente manifesta-se por dores abdominais ou outras queixas somáticas. Comum certa relutância em ir para escola. Preocupação exagerada dos pais ferirem-se. Dificuldade de ir dormir sem a presença dos pais. Pesadelos com temas de separação.

TRANSTORNO DO PÂNICO Caracterizado pela presença de ataques de pânico (presença de medo intenso de morrer, associado a inúmeros sintomas autonômicos, como taquicardia, sudorese, tontura, falta de ar, dor no peito, dor abdominal, tremores),seguidos de preocupação persistente de vir a ter novos ataques.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Crianças com TAG apresentam medos e preocupações exageradas e irracionais em relação a várias situações. Estão constantemente tensas e dão a impressão de que qualquer situação é ou pode ser provocadora de ansiedade. Preocupam-se muito com o julgamento de terceiros em relação a seu desempenho em diferentes áreas e necessitam exageradamente que lhes renovem a confiança, que os tranqüilizem. Dificilmente relaxam, apresentam queixas somáticas sem causa aparente, sinais de hiperatividade autonômica (por exemplo, palidez, sudorese, taquipnéia, taquicardia, tensão muscular e vigilância aumentada).

FOBIAS ESPECÍFICAS Caracterizam-se pela presença de medo excessivo e persistente relacionado a um determinado objeto ou situação, que não seja situação de exposição pública ou medo de ter um ataque de pânico. Dentre as FE mais comuns na infância destacam-se as de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos intensos.

FOBIA SOCIAL Caracteriza-se por medo persistente e intenso de situações onde a pessoa julga estar exposta à avaliação de outros ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa. Em jovens, a ansiedade pode ser expressa por choro, acessos de raiva ou afastamento de situações sociais onde haja pessoas não familiares.

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT) Crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis a violência e abuso sexual. Essas experiências traumáticas podem ter um impacto grave e duradouro sobre eles. Considera-se o TEPT como um fator de risco para o desenvolvimento posterior de patologias psiquiátricas.

33 a 40% das crianças com TAS irão desenvolver ao menos uma doença psiquiátrica na vida adulta (Flakierska. Br J Psychiatry,1988) Persistente TAS é um importante preditor de Depressão na vida adulta (Aschenbrand. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry, 2003) 18 a 50% dos adultos com Transtorno de Pânico tiveram TAS na infância ou adolescência (Breier. Arch Gen Psychiatry,1986)