DUAS DÉCADAS de desafios e conquistas na educação



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Transcrição:

1995 A Natura criou a linha de produtos Crer para Ver, em parceria com a Fundação Abrinq. Acreditando que todos são responsáveis pela educação, a iniciativa se inspirou na interdependência e no potencial da rede de relações, unindo colaboradores da empresa, sua rede de consultoras e consultores Natura, consumidores e outras organizações em prol da transformação da educação. Como primeira fonte de recursos, foram formatados cartões de Natal em parceira com renomados artistas plásticos brasileiros, que cederam o uso da imagem de suas obras para reprodução dos cartões Crer para Ver. No primeiro ano, o programa arrecadou R$ 659 mil com a venda de aproximadamente 715 mil cartões. 1996 A comercialização de Crer para Ver ao longo do ano resultou em receita de R$ 2,2 milhões. Foram financiados 16 projetos, de oito estados, atingindo 433 escolas e 95.856 crianças, focados na pré-escola e no Ensino Fundamental. Os projetos foram inscritos por meio de editais elaborados por associações de pais e mestres e conselhos de escola, associações comunitárias, centros de pesquisa e assessoria, fundações e associações de classe. DUAS DÉCADAS de desafios e conquistas na educação Nesse ano, o índice de analfabetismo no Brasil era de 15,5%. Esse número caiu para 8,3% em 2013, totalizando 13 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais contingente de pessoas que supera a população da cidade de São Paulo (11,8 milhões). Criação da TV Escola/MEC canal de educação para apoiar tecnicamente as redes de ensino e promover debates importantes para a educação brasileira. Criada a proposta de emenda constitucional (PEC) para instituir o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundef) enviada para tramitação no Congresso. (PDDE), que repassa parte do salário-educação para que as escolas possam fazer a gestão desse recurso de forma autônoma. Aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), após oito anos de discussão: exige formação inicial para professores e reconhece que a educação não ocorre apenas na escola, mas em todos os ambientes onde há aprendizado (vida familiar, trabalho, movimentos sociais, manifestações culturais etc.). Estabeleceu a Educação Infantil de 0 a 6 anos como primeira etapa da Educação Básica, tirando as creches da assistência social e dividindo as competências educacionais entre os diferentes níveis da federação: Municípios: Educação Infantil e Ensino Fundamental Estados: Ensino Fundamental e Ensino Médio Sendo que todos os entes devem cooperar uns com os outros em regime de colaboração técnica e financeira. Estabeleceu também a obrigatoriedade do Ensino Fundamental: todas as crianças de 7 a 14 anos devem estar na escola um dever da família e uma obrigação do estado. O Congresso aprovou a lei do Fundef e a presidência da república sancionou a lei que criaria um fundo fiscal com normas para utilização dos recursos em educação. Realizado o 1º Congresso Brasileiro de Educação (Coned), organizado pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública. Criado o Programa Dinheiro Direto na Escola União: Ensino Superior 1

1997 Apoio ao Projeto Chapada, na região da Chapada Diamantina (BA), para a formação de professores do Ensino Fundamental. Projeto mais antigo beneficiado pelo Crer para Ver, o apoio contribuiu para a consolidação de uma rede que mobilizou 19 municípios da região e originou o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), uma década mais tarde. 1998 Foram recebidos 178 projetos, de várias partes do país, com 21 iniciativas sendo apoiadas e beneficiando 343 escolas e 67.780 crianças. A comercialização da linha de produtos arrecadou R$ 2,1 milhões. Começaram a ser promovidos os Encontros de Formação, a partir do desejo de criação da Rede Crer para Ver para a Melhoria da Qualidade da Escola Pública. Todos os coordenadores de projetos participaram de conferências, mesasredondas, oficinas, jogos de integração, painéis de relatos e reflexões coletivas sobre as experiências e discutiram temas como elaboração, monitoramento e avaliação de projetos, políticas públicas e concepções de educação. O Crer Para Ver recebeu o Prêmio PNBE Pensamento Nacional das Bases Empresariais na categoria Melhor Projeto de Educação. O objetivo da premiação é reconhecer publicamente iniciativas de empresários, entidades e cidadãos que contribuem para melhorar as condições de vida de outros brasileiros. 1999 71 projetos foram implementados, beneficiando 227 mil crianças e jovens, de 1.430 escolas públicas brasileiras. E havia mais projetos sendo pleiteados, o que demandou uma equipe técnica para visitar e examinar mais de 600 projetos, vindos de todos os estados brasileiros. Recursos líquidos arrecadados no ano: R$ 1,8 milhão. Começou a ser publicado o Informativo Crer Para Ver, com tiragem de 3 mil exemplares e periodicidade trimestral, que faz um intercâmbio entre os projetos apoiados e a equipe gestora e curadora do programa. Em 6 de outubro, foi promovido, no Teatro São Pedro, em São Paulo, o 3º Seminário do Crer Para Ver, com o tema Educação e Cultura, que contou com público de mais de 700 pessoas. Representantes de secretarias municipais e de projetos relataram suas experiências. No plano estrutural do Projeto Crer Para Ver, seis princípios foram destacados: Parcerias comprometidas Participação voluntária Diversidade cultural Valorização da escola enquanto espaço de transformação Valorização da transformação da sociedade por meio da educação Valorização do aprendizado 2000 68 projetos foram recebidos ao longo do ano, e os recursos líquidos arredados foram de R$ 1, 054 milhão. Criação do Projeto Consultoras-Professoras, para sensibilizar integrantes da rede que também são professores a discutir a melhoria do ensino. O Instituto de Estudos Especiais (IEE) da PUC de São Paulo foi procurado pela Coordenação do Crer para Ver para a elaboração de um projeto de pesquisa com a finalidade de avaliar os investimentos da empresa em educação, alinhado aos propósitos da Fundação Abrinq e da Natura. O Instituto de Estudos Especiais da PUC de São Paulo divulgou o documento Discutindo o Referencial Teórico Sobre Qualidade da Educação Definindo as Dimensões da Pesquisa. No capítulo Buscando as dimensões da qualidade da educação, o documento lista sete itens que definiriam o conceito de educação de qualidade: articulação entre cultura e escola construção de novos conhecimentos e novas abordagens de aprendizagem formação dos educadores inserção da escola na comunidade, constituindo-se num espaço público dessa comunidade Ano marcado pelo falecimento de dois grandes pensadores e executores da educação brasileira: Paulo Freire e Darcy Ribeiro. Escolas de Ensino Médio passaram a ser avaliadas pelo provão, antes realizado apenas para o Ensino Superior. Aconteceu o primeiro ato em defesa da escola pública no Congresso Nacional, articulado pela sociedade civil e por entidades de classe. O MEC criou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para avaliar a formação dos alunos ao fim da Educação Básica e inspirar políticas públicas de melhoria da qualidade da educação. Criado pelo MEC o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que passou a distribuir livros de literatura para as escolas de Ensino Fundamental. Depois, foi ampliado para o Ensino Médio e para a Educação Infantil. Foi criada a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, movimento social que busca representatividade da sociedade civil nas discussões nacionais sobre educação. Realizado o primeiro seminário de avaliação do Fundef, com ampla participação da sociedade civil, dos poderes Executivo e Legislativo, do Consed, da Undime e de organismos internacionais e sindicatos. Seis metas foram lançadas pela Unesco para os próximos 15 anos. Entre elas, redução do analfabetismo, acesso à educação, ensino de jovens e adultos e qualidade da educação. O Plano Nacional de Educação (PNE) é aprovado, como projeto de lei, reconhecendo a necessidade de aumentar o nível de escolaridade dos brasileiros e definindo metas para os próximos dez anos no país. Unesco e Undime publicaram pesquisa sobre o perfil dos dirigentes municipais de educação no Brasil, um estudo que durou dois anos. Elaborado o primeiro manifesto por uma educação sem exclusão, que passou a colocar em pauta o tema da inclusão nas discussões nacionais. 2 3

gestão democrática da escola vivência da arte criação de novas formas de avaliar o ato de ensinar/ aprender Em maio, foi realizado em São Paulo o 4º Seminário Crer Para Ver, com o tema Escola de Qualidade, que reuniu 70 coordenadores de projetos apoiados em todo o país. A pauta incluiu discussões sobre o Plano Nacional de Educação (PNE). Em outubro, foi promovido o 5º Seminário do Crer para Ver, no Sesc Vila Mariana. Fotos e materiais relativos aos 24 projetos apoiados em 1999 foram expostos na Praça de Convivência do Sesc. 2001 15 novos projetos receberam apoio técnico e financeiro. Desde a criação de Crer para Ver, foram arrecadados R$ 10,7 milhões. Foi realizado o 6º Seminário do Crer para Ver, com o tema Memória, História e Educação, no Teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Foram expostos, em painéis, 20 projetos apoiados no ano. Divulgada a avaliação feita pelo Instituto de Estudos Especiais da PUC de São Paulo, trazendo pontos positivos e as principais fragilidades do programa. Essa avaliação contribuiu para a reelaboração do Referencial de Escola Pública de Qualidade, que passou a abordar quatro dimensões: Políticas públicas e direitos Estrutura e funcionamento escolar Formação de professores Ensino e aprendizagem 2002 No ano, foi arrecadado R$ 1,776 milhão, totalizando R$ 12,4 milhões investidos em educação desde 1995. 2003 O Crer para Ver encerrou o ano com nove projetos apoiados: Escola Ilê Ori/ BA; Escola e Vida no Litoral/ CE; Escola de Índios II/PE; Eco-Moya/SP; Montanha Encantada/SP; Escola Indígena da Floresta/AC; Cinema e Vídeo Brasileiro nas Escolas/SP; Janelas Cruzadas/RJ; e Chapada/BA. O Crer para Ver arrecadou a quantia recorde de R$ 2,6 milhões, 52,3% a mais que em 2002. 2004 Aproveitando a energia da rede de consultoras e consultores Natura, Crer para Ver lançou, em parceria com o MEC, uma campanha nacional para incentivar jovens e adultos a voltar a estudar. Em quatro anos, 162 mil pessoas retornaram à sala de aula ou iniciaram seus estudos por intermédio da campanha. A Campanha EJA nasceu com foco em três frentes de atuação: 1) seleção, financiamento e acompanhamento técnico de projetos orientados para a formação de professores de jovens e adultos. 2) lançamento do Prêmio Inovando a Educação de Jovens e Adultos, em associação com o MEC. 2005 Em parceria com o Ministério da Educação, foi lançado o Prêmio EJA, para reconhecer boas práticas nas escolas do país. O Crer para Ver também apoiou o projeto Em Cada Saber, um Jeito de Ser, que capacitou, até 2008, 160 professores no semiárido baiano. 2006 A Natura assumiu a gestão integral do Crer para Ver, encerrando a parceria com a Fundação Abrinq. O êxito da campanha EJA levou ao desenvolvimento de outra ação: o Projeto de Incentivo à Leitura. Desenvolvido em parceria com as ONGs Ação Educativa, Alfabetização Solidária e Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, 50 títulos literários foram colocados à disposição de 1.500 escolas públicas que acolheram estudantes matriculados no EJA. 3) Mobilização das consultoras e dos consultores Natura para que, voluntariamente, identificassem e sensibilizassem potenciais alunos a voltar à escola. Foi criado o Bolsa Escola, que prevê a doação de recursos financeiros para famílias que mantêm seus filhos matriculados e frequentando as escolas de Ensino Fundamental. Undime elaborou roteiro para apoiar os municípios na definição de seus Planos Municipais de Educação. Tramitou no Congresso projeto de lei para a criação dos sistemas municipais de educação, como recomendava a LDB. Formação em pedagogia da 1ª turma de professores municipais do Brasil financiada com recursos do Fundef. Iniciou-se no Brasil o processo de construção do Custo Aluno Qualidade (CAQ). Discussões sobre a ampliação do Fundef para toda a Educação Básica começaram a tomar força e articulações já falavam em um novo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação, incluindo a Educação Infantil e o Ensino Médio. Criação do Programa Brasil Alfabetizado, para promover a superação do analfabetismo entre jovens e adultos e contribuir para a universalização do Ensino Fundamental. Recursos destinados à educação, como o salárioeducação, passaram a ser repartidos também com os municípios, que começaram a receber recurso conforme o número de matrículas, o que tornou a distribuição financeira na educação mais igualitária e de acordo com o que prega a LDB em relação ao sistema federativo educacional. Ampliou-se a discussão sobre o Fundeb em todo o país. O 3º Fórum Mundial de Educação foi realizado no Brasil, em Porto Alegre, tendo como tema Para outro Mundo Possível, outra Educação é Possível, contando com ampla participação de alunos do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e de universidades. Foi criado o Movimento Fundeb pra Valer, como forma de pressionar os poderes Executivo e Legislativo para a ampliação do Fundef para toda a Educação Básica. Undime, em parceria com Unicef, publicou o diagnóstico da situação da educação dos municípios em relação aos Planos Municipais de Educação (PMEs). Estudantes de 4ª e 8ª séries (5º e 9º anos) passaram a fazer a Prova Brasil, criada para avaliar a qualidade do aprendizado ao fim do Ensino Fundamental. Intensificaram-se as discussões sobre a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a inclusão das crianças de 6 anos nessa etapa. MEC produziu orientações para essa ampliação aos sistemas de ensino. O MEC lançou o Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime), com foco em formação para um gestão com qualidade e voltada à aprendizagem dos alunos. Criado o movimento Fraldas Pintadas, em prol da inclusão das creches no Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação), com forte pressão da sociedade civil, conquistando seu objetivo. Começaram as discussões nacionais sobre a criação do piso salarial para professores da Educação Básica e as articulações para a realização da 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae). 4 5

2007 A arrecadação líquida do Crer para Ver no ano chegou a R$ 2,4 milhões. Utilizando um fundo de recursos formado nos anos anteriores, foram investidos ao longo do ano R$ 4,3milhões na mobilização pelas matrículas em EJA e em cinco projetos de estímulo à leitura. São definidos os seguintes projetos: Formar em Rede, em parceria com o Instituto Avisa Lá e o Instituto Razão Social, para a educação de crianças de 0 a 6 anos Projeto de Incentivo à Leitura, em parceria com as ONGs Ação Educativa, Alfabetização Solidária e Cenpec, destinado a apoiar a leitura em 1.500 escolas públicas de EJA Encontros de Leitura, em parceria com o Cedac, para formação de profissionais que atuam na educação de crianças de 4 a 6 anos da rede pública de dez municípios, onde distribuiu também 18.352 livros de literatura de qualidade às 248 escolas participantes Projeto Chapada, desenvolvido pelo Instituto Chapada de Educação e Pesquisa, atuando na formação continuada de coordenadores, diretores pedagógicos e demais profissionais da educação em 26 municípios da região da Chapada Diamantina, na BA Em Cada Saber, um Jeito de Ser, desenvolvido pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), capacitando professores que trabalham com Educação de Jovens e Adultos nas cidades de Sento Sé, Senhor do Bonfim e Filadélfia, na BA 2008 Sete projetos foram implementados: o Projeto Chapada, de formação de profissionais do Ensino Fundamental Em Cada Saber, um Jeito de Ser, coordenado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPPA), de formação pedagógica para professores de EJA em três municípios do semiárido nordestino Formar em Rede, de formação de profissionais da Educação Infantil Projeto de Incentivo à Leitura: Lendo Nossa Gente, o primeiro projeto próprio desenvolvido pelo Crer para Ver, incentiva a leitura na Escola de Jovens e Adultos Encontros de Leitura, de formação de professores da Educação Infantil, em parceria com o Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac) Projeto Participação da Comunidade na Escola, com a Secretaria Municipal de Educação de Cajamar e a Unicamp Projeto Nossa Língua Digital Comunicação, Expressão e Internet, em parceria com o Klickeducação e a Prefeitura de Cajamar (SP). O Projeto Encontros com a Leitura concorreu ao Prêmio Viva Leitura, promovido por Ministério da Educação, Ministério da Cultura, Organização dos Estados Ibero-Americanos e Fundação Santillana, que é concedido a empresas ou instituições que se destacam na promoção da leitura. O projeto ficou entre os cinco finalistas, entre quase 2 mil projetos apresentados. 2009 Lançamento do projeto TRILHAS de Leitura, com foco na Educação Infantil: de 4 a 6 anos. O projeto, desenvolvido em parceria com a Comunidade Educativa Cedac, é um conjunto de materiais desenvolvidos para instrumentalizar e apoiar o trabalho docente no campo da leitura, escrita e oralidade, criando oportunidades que favorecem o acesso à literatura infantil e, consequentemente, à cultura escrita. Implementado em 310 municípios brasileiros, em mais de 3 mil escolas. 2010 Para fortalecer sua atuação na educação, Natura criou o Instituto Natura, uma Oscip com operação independente da empresa e que nasce com a visão de Criar condições para cidadãos formarem uma comunidade de aprendizagem uma visão que sonha com o fortalecimento das pessoas e organizações que participam da educação por meio de uma atuação em rede, capaz de promover processos e ambientes de aprendizagem mais eficazes e transformadores. 2011 O projeto TRILHAS ganhou relevância com a parceria do Ministério da Educação, que distribuiu o material para 72 mil escolas, em 3.300 municípios, com base no critério de municípios e escolas prioritárias do Ideb. Seu conteúdo foi redesenhado para apoiar a alfabetização de crianças do 1º ano do Ensino Fundamental, contribuindo para o alcance de uma das metas do Plano Nacional de Educação, que visa à alfabetização até o fim do 3º ano do Ensino Fundamental. Em mais um mecanismo para medir a qualidade do ensino, o MEC lançou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), para avaliar cada escola e rede de ensino no país. Foram sancionadas, pela presidência da república, a lei que instituiu o Ensino Fundamental de nove anos e o Fundeb. Lei do piso salarial para professores foi aprovada e sancionada. O MEC e a Undime lançaram o Memorial de Gestão, que tem como objetivo minimizar os efeitos da descontinuidade das políticas educacionais em âmbito municipal. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) abrangeu um número maior de escolas e de alunos em cada estado, gerando uma espécie de ranking mundial de educação, ajudando a definir políticas nacionais de ensino. Foi lançado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, estabelecendo um padrão linguístico para os países de língua oficial portuguesa. A Undime e o MEC lançaram a agenda dos cem primeiros dias e um manual de orientação ao dirigente municipal de educação, como uma forma de colaborar para orientar os novos dirigentes em sua função de gestão da educação municipal. Foi lançado um programa de formação de gestores públicos, com o tema Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR). O MEC realizou a 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae), com a participação de 3 mil dirigentes de educação de todo o país. Começaram as discussões sobre o novo PNE, a ser encaminhado ao Legislativo. O Poder Executivo encaminhou ao Congresso um texto referente ao PNE diferente daquele acordado durante a Conae mais de 3 mil emendas ao textobase começaram a ser discutidas em todo o país. Surgiu o movimento PNE pra Valer!, liderado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que visava pressionar as instâncias políticas a aprovarem o plano elaborado durante a Conae. 6 7

2012 Ao longo de 2012, o MEC distribuiu o material do TRILHAS e o Instituto Natura criou a Rede de Ancoragem, com o objetivo de formar os técnicos das secretarias municipais que receberam os materiais do projeto para que esses formassem os diretores e coordenadores pedagógicos, que, por sua vez, formassem os professores. Foram realizados mais de 100 encontros em 2000 municípios do país. A educação em tempo integral se tornou uma das bandeiras do Instituto Natura, por meio do apoio ao Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE). Inicialmente, o apoio se deu por meio das escolas de tempo integral do estado de São Paulo e, nos anos seguintes, houve a ampliação para outros estados, como Ceará e Espírito Santo. 2013 O Instituto Natura criou a Rede de Apoio à Educação (RAE), para articular e fortalecer a rede de pessoas e organizações (governos, universidades, escolas e comunidade) e facilitar a implementação de políticas educacionais, potencializando compromissos e resultados. O Instituto Natura apoiou uma pesquisa de governança sobre as secretarias estaduais de educação do Brasil, traçando um diagnóstico sobre a gestão nos estados. O resultado dessa análise deu origem a um banco de boas práticas lançado em 2014 e a um projeto de governança do Conselho Nacional de Secretarias Estaduais de Educação (Consed). Foi lançado o Conviva Educação, em parceira com Undime e mais 11 institutos e fundações de educação e com apoio do Consed e da Uncme, uma plataforma virtual gratuita voltada para o apoio aos gestores municipais de educação e suas equipes. Teve início o projeto-piloto Comunidade de Aprendizagem na Escola, em três escolas do Rio de Janeiro, com o objetivo de garantir altos resultados de aprendizagem dos alunos e envolver pais e a comunidade nas atividades da escola. Com o projeto Comunidade de Aprendizagem na Escola, o Instituto Natura iniciou sua atuação nos países em que a Natura tem operações na América Latina. 2014 Os projetos Governança Consed, Conviva Educação, Rede de Apoio à Educação, Escola Digital, TRILHAS, Comunidade de Aprendizagem na Escola e Escola em Tempo Integral contribuem para o cumprimento de algumas metas do PNE. Consolidação do projeto de Comunidade de Aprendizagem na Escola: 550 escolas beneficiadas e a certificação de mais de 90 profissionais formados para a disseminação do projeto no Brasil e na América Latina. Lançamento do projeto Escola Digital, junto com outros dois institutos de educação e que reúne mais de 4 mil objetos digitais de aprendizagem, com o objetivo de proporcionar novos modelos de escola, mais atraentes e eficientes, bem como o desenvolvimento e a ampliação do uso de recursos digitais para aprendizagem. Apoio à disseminação da Base Nacional Comum da Educação. 2015 Apoio ao Centro de Inovação, iniciativa concebida em parceria com o Ministério da Educação e um grupo de institutos e fundações que almeja o desenvolvimento de um ecossistema que promova o surgimento de inovações que transformem a realidade da educação pública. O esforço para alcançar a alfabetização plena foi reforçado pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa programa do MEC em parceria com estados e municípios que visa formar professores para alcançar a meta de toda criança alfabetizada até os 8 anos de idade. Envolve todos os níveis de governo e prevê formação de professores, materiais didáticos, avaliações e controle social. Os dados mostraram o crescimento da taxa da permanência das crianças e jovens de 4 a 17 anos na escola: em 2001, a taxa era de 87,7% e, no ano de 2013, atingiu 93,6%. O Plano Nacional de Educação (PNE) foi regulamentado e estipula 20 metas para os próximos dez anos. Ele reforça a importância do trabalho em rede, comprometendo toda a sociedade e o sistema educacional em um trabalho conjunto. Começaram as discussões sobre o sistema nacional de educação e base nacional curricular. O MEC inicia articulação com estados e municípios para reformular e determinar o currículo mínimo para todos os alunos de Educação Básica do país. Texto com a proposta preliminar sobre a Base Nacional Comum Curricular é publicado e pode receber sugestões de qualquer cidadão por meio do site basenacionalcomum.mec.gov.br. Fonte dos dados educacionais: IBGE/Pnad e sites Observatório do PNE, TPE, Inep e UOL Educação.