HALAN COELHO DA SILVA GUNTHER O ESTRESSE OCUPACIONAL, SOB A PERSPECTIVA DE INTEGRANTES DE UM BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR EM BARRA DO GARÇAS-MT

Documentos relacionados
SÍNDROME DE BURNOUT das causas ao cuidado

Estresse. O estresse tem sido considerado um problema cada vez mais comum, tanto no

Higiene, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho no Serviço Público

1 O EDITORIAL INTRODUÇÃO EDITORIAL ÍNDICE COMBATA O ESTRESSE

BURNOUT NA EQUIPE DE SAÚDE: Como lidar? Dra. Patricia Dalagasperina

Administração. Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho. Professor Rafael Ravazolo.

Gestão de Cultura e Clima Organizacional

ESTRESSE E QUALIDADE DE VIDA. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

GERENCIANDO O STRESS DO DIA-A-DIA GRAZIELA BARON VANNI

Idade vsriscos Psicossociais. Como actuar?

Unidade IV MODELOS DE LIDERANÇA. Prof. Gustavo Nascimento

Comunidade Pastoral ADOECIDOS PELA FÉ?

Mente Sã Corpo São! Abanar o Esqueleto - Os factores que influenciam as doenças osteoarticulares. Workshop 1

Entenda sua ansiedade. Novembro

O ambiente hospitalar e o entusiasmo pela vida

Todos os animais têm direito a vida

RISCOS DE ADOECIMENTO NO TRABALHO: estudo entre profissionais de uma instituição federal de educação

CONFLITO. Processo onde as partes envolvidas percebe que a outra parte frustrou ou irá frustrar os seus interesses.

EFEITOS DA DANÇATERAPIA NO ESTRESSE DE IDOSOS DURANTE O PERÍODO DA INTERVENÇÃO.

LER A DOENÇA DO SÉCULO

Estresse no trabalho

Medo, Fobia, Vergonha e Estresse no Esporte

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

Nosso objetivo: Exposição de casos clínicos, compartilhar conhecimentos e ampliar as possibilidades de atendimentos no seu dia a dia profissional.

Pesquisa realizada pela UFPR revela que poluição sonora não causa danos somente à audição, mas principalmente a qualidade de vida das pessoas

Todos os animais têm direito a vida

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Estresse: Teu Gênero é Feminino... Dr. Renato M.E. Sabbatini Faculdade de Ciências Médicas UNICAMP

Qualidade de Vida no Trabalho

CAMPANHA DE PREVENÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO TRABALHO

STRESSOCUPACIONAL E PRÁTICAS MINDFULNESS

Profº Me. Daniel Campelo GPH - RELAÇÕES INTERPESSOAIS E DINÂMICA DE GRUPO

Sistema de Gestão Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) ESTRUTURA ISO :2016

Disciplina Comportamento Organizacional

PERFIL PSICOLÓGICO DO SOLDADO PM DE 2a CLASSE

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos

Se você sofre com os sintomas da endometriose, pode estar fazendo isso.

TRABALHO E SAÚDE MENTAL. Cargas de trabalho e possíveis transtornos

ANEXO IX. Manual da Avaliação de Desempenho. São Paulo Turismo S.A.

Doença Mental??? Conceitos Fundamentais da Saúde Mental e seus fatores prédisponetes. Ou Saúde Mental???? Saúde Mental é...

SEGURANÇA DO TRABALHO. Riscos Ambientais

STRESS E QUALIDADE DE VIDA

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O BEM-ESTAR DISCENTE/DOCENTE

No Contexto Bioclimatológico, não se refere a um simples parâmetro ou conjunto de reações, mas sim a uma classificação do fenômeno;

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO MAGISTÉRIO CICLO AVALIADO 2017 COMO UTILIZAR O FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO

IMPACTOS DO DESEMPREGO NA SAÚDE, EMOÇÕES E RELACIONAMENTOS FEVEREIRO 2018

AVALIAÇÃO E MEDIDA DO BEM-ESTAR ANIMAL

SAÚDE MENTAL DOS MÉDICOS RESIDENTES. Luiz Antonio Nogueira Martins

O NOVO CENÁRIO DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS Tecnologia e stress

12 Meses 12 Temas. Riscos Psicossociais no Trabalho Stress Ocupacional. SST Outubro de 2018

Certificado. Missão da Rosenberger. Visão da Rosenberger. Missão e Visão

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

Teoria das Relações Humanas O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, escapam ao próprio entendimento e controle humano. Essas ca

QUALIDADE DE VIDA & PRODUTIVIDADE

Análise do Artigo para leitura

Alexandre L. Ramos. 27 de Agosto de 2013

Como lidar construtivamente com a raiva?

Benefícios gerais da actividade física

Fórum de Avaliação da Violência no Trabalho Em Saúde. Salvador, 15 de dezembro de 2017 Elias Abdalla-Filho

Não-Ergonomia: organização do trabalho e seus impactos na saúde do trabalhador. Engª. Cristiane Galassi

Teste das Forças e Virtudes Pessoais

DOENÇAS OCUPACIONAIS: O SOFRIMENTO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO 1 OCCUPATIONAL DISEASES: THE SUFFERING IN THE WORK RELATIONSHIPS

Administração. Clima Organizacional. Professor Rafael Ravazolo.

Perda de audição pode gerar indenização por acidente de trabalho. por Kendra Chihaya Qua, 11 de Janeiro de :44

Doenças Mentais e os Riscos Psicossociais no Trabalho

O TRABALHO NOTURNO E O SONO DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Gestão de Pessoas. Prof (a): Mestre Patrícia Bellotti

Trabalhando a ansiedade do paciente

DUPLO DIAGNÓSTICO: Transtornos Mentais na Síndrome de Down

SEGURANÇA NO TRÂNSITO: uma abordagem prática dos acidentes de trabalho

TRANSTORNOS DE HUMOR

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL. Profa. Fátima Soares

Estresse. Saiba identifi car o excesso de preocupação e nervosismo.

Tratamento Com freqüência, é possível se prevenir ou controlar as cefaléias tensionais evitando, compreendendo e ajustando o estresse que as ocasiona.

ABORDAGEM COMPORTAMENTAL

XX Jornada Catarinense de Saúde Ocupacional. Transtornos Mentais e Trabalho. Criciúma Agosto 2017

VIVER BEM ALCOOLISMO

Segurança no Trabalho

Michael Zanchet Psicólogo Kurotel Centro Médico de Longevidade e Spa

Maria Dionísia do Amaral Dias

Teoria Básica da Administração. Decorrências da Teoria das Relações Humanas. Professor: Roberto César

Soluções em Recursos Humanos, Treinamento e Conhecimento

Ficha Informativa + Segurança. Saúde no Trabalho. Edição n.º 33 Iluminação e Ambiente Térmico. fevereiro de 2018

Sistema de Gestão Segurança e Saúde do Trabalho (SGSSO) ESTRUTURA ISO 45001:2018

Nosso objetivo: Exposição de casos clínicos, compartilhar conhecimentos e ampliar as possibilidades de atendimentos no seu dia a dia profissional.

Motivação Página 1. Motivação

A Aposentadoria Policial não é PRIVILÉGIO!

Gestão de Pessoas Prof (a): Mestre Patrícia Bellotti

Juliana Torres a fundadora

Escola de Formação Política Miguel Arraes

A FISIOTERAPIA DO TRABALHO NA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O ESTRESSE EM UM SETOR ADMINISTRATIVO

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas

Andréia de Conto Garbin

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

matando está você americanos estão estressados com seu trabalho, e 75% das pessoas Um estudo da universidade everest mostrou que mais de 80% dos

ADMINISTRAÇÃO GERAL. Abordagem Humanística Parte 2. Prof. Fábio Arruda

CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA

Sintomas Patológicos na Sociedade Tecnológica

Aula 4 Cultura e Sociedade

do stress em nível fisiológico, o que inclui técnicas eletrodérmicas, procedimentos eletromiográficos e medidas cadiovasculares.

Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINSTRAÇÃO, ECONOMIA E CIÊNCIAS CONTÁBEIS NÚCLEO DE EDUCAÇAO ABERTA E A DISTÂNCIA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO-MODALIDADE À DISTÂNCIA HALAN COELHO DA SILVA GUNTHER O ESTRESSE OCUPACIONAL, SOB A PERSPECTIVA DE INTEGRANTES DE UM BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR EM BARRA DO GARÇAS-MT BARRA DO GARÇAS-MT 2011

HALAN COELHO DA SILVA GUNTHER O ESTRESSE OCUPACIONAL, SOB A PERSPECTIVA DE INTEGRANTES DE UM BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR EM BARRA DO GARÇAS-MT Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração na modalidade à Distância, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso, sob a orientação da Profª Me.Anna Maria Penalva Mancini e do Prof. Esp. Olívio de Souza dos Santos Junior. Orientadores: Profª Me. Anna Maria Penalva Mancini e Prof. Esp. Olívio de Souza dos Santos Junior. BARRA DO GARÇAS-MT 2011

GUNTHER, Halan Coelho da Silva. O ESTRESSE OCUPACIONAL, SOB A PERSPECTIVA DE INTEGRANTES DE UM BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR EM BARRA DO GARÇAS-MT UFMT/FAEeCC/NEAD, 2011. 88 f. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração pela Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, sob a orientação da Profª Me. Anna Maria Penalva Mancini e Prof. Esp. Olívio de Souza dos Santos Junior. 1. Meio Ambiente de Trabalho 2. Clima Organizacional 3. Estresse 4. Polícia Militar.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINSTRAÇÃO, ECONOMIA E CIÊNCIAS CONTÁBEIS NÚCLEO DE EDUCAÇAO ABERTA E A DISTÂNCIA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO-MODALIDADE À DISTÂNCIA HALAN COELHO DA SILVA GUNTHER O ESTRESSE OCUPACIONAL, SOB A PERSPECTIVA DE INTEGRANTES DE UM BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR EM BARRA DO GARÇAS-MT Aprovado pela Banca Examinadora em / / Nota Profª. Me. Anna Maria Penalva Mancini Orientadora Prof. Esp.: Olívio de Souza dos Santos Junior Examinador Barra do Garças-MT, de de 2011.

DEDICATÓRIA À minha amada mãe, pelos ensinamentos sobre valor moral e pelo exemplo que é para mim, pela tenacidade, amor à vida e entusiasmo para enfrentar os dissabores da vida. À minha esposa Adline, companheira amada, que me traz paz e me ensina a ser mais humano. Aos filhos, André e Nathalia, pérolas de valor inestimável. À Profª. Me. Anna Maria, minha orientadora, por toda a ajuda a mim dispensada. Ao Prof. Olívio, por não ter desistido de mim, mesmo quando eu já havia desanimado. À Profª. Maria Claudino, minha mestra, sempre pronta a ajudar um aluno. Aos meus colegas de curso, pela colaboração para o meu conhecimento. Aos companheiros de trabalho, sinônimos de força, coragem e honra.

AGRADECIMENTOS À Deus, pela vida maravilhosa que tenho. À minha mãe, pelo empenho em me oferecer o melhor possível. À minha esposa, que ensina-me a viver com amor e alegria. Aos professores por dividirem seus conhecimentos.

RESUMO O meio ambiente de trabalho é um local onde uma pessoa vive grande parte de sua vida e por conseguinte, é submetida a diversas situações positivas e negativas, que lhe causam satisfação ou chateações. Nele, assim como em qualquer outro, deve-se manter um clima organizacional ameno, de boa convivência e motivado pela satisfação em estar naquele ambiente. Em se tratando da Polícia Militar, é importante salientar que trata-se de uma profissão que exige múltiplas habilidades, que vão desde a cordialidade para se relacionar com uma pessoa, como a agressividade controlada para enfrentar situações com risco iminente de morte. Tem ainda, o peso dos preceitos militares com suas leis específicas, as quais desagradam muitos de seus integrantes. A extensa jornada de trabalho, bem como o serviço noturno, contribuem para alguns sintomas do estresse. Os estudos acerca do estresse, em suas varias manifestações, inclusive o ocupacional, apontam para a necessidade de uma relação aprazível entre os membros de uma organização, influenciando e sendo influenciado pelo ambiente de trabalho. Com essa pesquisa foi possível conhecer a percepção que os policiais tem sobre a contribuição do seu trabalho para os sintomas do estresse. Palavras-chave: 1. Meio Ambiente de Trabalho 2. Clima Organizacional 3. Estresse 4. Polícia Militar.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...07 1 MEIO AMBIENTE E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: algumas considerações...09 1.1 Clima Organizacional algumas definições e conseqüências para as organizações...12 1.2 O termo estresse desde sua origem...15 1.2.1 O estresse como parte integrante da vivência do homem...15 1.2.2 Concepções de estresse...15 1.2.3 Os fatores estressantes...16 1.2.4 Estresse Ocupacional...19 1.3 A Polícia Militar e o Contexto Político Social...21 1.4 Os problemas Sociais e o crescimento da Criminalidade...22 1.5 O Caráter da atividade Policial Militar...24 1.5.1 A Policia Militar e sua estrutura da organizacional...25 2 METODOLOGIA...28 2.1 Objeto de Pesquisa...28 2.2 O estresse como tema...29 2.3 Breve contextualização da Policia Militar e sua estruturação...30 2.4 A tomada de decisões em um Batalhão de Polícia Militar...31 2.5 Atores da pesquisa...32 2.6 Coleta de dados...34 2.7 O que pretendo responder com esta pesquisa...35 3 APRESENTAÇÃO DOS DADOS...36 3.1 Análise das respostas dos sujeitos da pesquisa...37 3.2 Questionário aplicado aos policiais militares...37 CONSIDERAÇÕES FINAIS...46 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS...48 ANEXO...54 APÊNDICE...58

INTRODUÇÃO Esse estudo tem por objetivo perceber o auto-conhecimento que os policiais militares de um Batalhão Policial Militar em Barra do Garças-MT - sujeitos desta pesquisa - possuem com relação ao seu estado de saúde, mas especificamente sobre o estresse decorrente desse trabalho carregado de particularidades. Essas pessoas, as quais são submetidas internamente a um regime extremamente formal o militar e externamente, aos mais inóspitos, insalubres e perigosos ambientes, assim como conflitos dos mais variados níveis de complexidade, além de tudo ainda sofrem com uma jornada de trabalho de longa duração. Esses fatores contribuem para o acometimento do estresse. Pensando nos fatores claramente adversos e buscando conhecer outros, bem como conhecer a visão que os atores sociais têm do estresse proveniente da profissão é que esta pesquisa se desenvolve, abrangendo ainda, alguns conceitos de meio ambiente e meio ambiente de trabalho, clima organizacional e estresse. Já que os gestores da atualidade, buscam conhecer mais a cada dia sobre o ambiente laboral e suas implicações. Pensando assim, entende-se que se faz necessário manter uma interação no ambiente de trabalho que possibilite amenizar os fatores estressantes que o serviço desempenhado pelos policiais militares por si só já trazem para a saúde e o bem estar desses profissionais. A Polícia Militar é responsável pela manutenção da ordem pública, e incumbida de oferecer sensação de segurança a sociedade, trabalhando para a coletividade mesmo que isso ocasione em risco de morte aos policiais. Barra do Garças é uma cidade com um elevado potencial turístico. Esse município está sempre em festa, grandes eventos a movimentam em todas as épocas do ano, chegando a quase dobrar o numero da população em certos períodos. Quanto mais pessoas nas ruas, mais policiais são necessários para servir

a sociedade e isso acaba por aumentar o trabalho para desses profissionais. Mesmo tendo um esforço grandioso dos gestores, ainda assim, o policial acaba se desgastando mais. Foi desenvolvido um estudo sobre a percepção que os policiais têm sobre o estresse. Uma maneira de se estudar o estresse ocupacional, de forma que os servidores públicos, possam expressar sua experiência e suas convicções com relação ao assunto e sobre si mesmo. É corriqueiro o acometimento do estresse em muitas profissões, contudo, nesta especificamente, fatores internos e externos pesam concomitantemente nos agentes de segurança pública, que ainda não tem conhecimento da necessidade de se prevenir o estresse, ou mesmo, não conhecem nenhum programa de prevenção e combate ao estresse. O estudo é estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo, apresenta determinados conceitos que estão ligados ao tema, de acordo com a ótica de alguns autores. O segundo capítulo, trata da metodologia da pesquisa, enfocando, do mesmo modo, os meios em que a coleta de dados foi realizada, assim como a questão-problema. E, no terceiro capítulo, apresento os dados coletados e procuro analisá-los, tendo como base o corpus teórico exposto no Capítulo I. Para extrair as informações necessárias, foram elaborados questionamentos para que um percentual considerável dos policiais atuantes no serviço operacional de Barra do Garças contribuíssem, com suas convicções a respeito do assunto abordado. Este trabalho foi desenvolvido graças a contribuição de policiais militares, os quais se propuseram a responder as indagações sobre o estresse decorrente do serviço policial militar.

1 MEIO AMBIENTE E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: algumas considerações O termo meio ambiente foi definido, legalmente, pela primeira vez, por meio da Lei nº 6.938/91 em seu artigo 3º, inciso I esta versou vários conceitos alusivos ao meio ambiente em si, sua definição legal e ainda, implementou a Política Nacional do Meio Ambiente o qual aponta o meio ambiente como conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Vale salientar que a Constituição Federal, de 1988, não trouxe nenhuma definição de meio ambiente, contudo, é a primeira Constituição, dentre as anteriores, que possui um capítulo destinado exclusivamente ao meio ambiente, conforme se denota do Capítulo VI Do Meio Ambiente (artigo 225), inserido no Título VIII Da Ordem Social. O referido conceito atinge grande amplitude, pois o legislador selecionou um conceito jurídico aberto, criando um espaço positivo de incidência da norma legal, o qual está em consonância com a Constituição Federal, que em seu artigo 225, tutela os aspectos do meio ambiente compreendido como natural, artificial, cultural e do trabalho, definindo, ainda, o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. A Constituição de 1988 abraçou dois conceitos a cerca da questão ambiental, sendo um imediato, relativo à qualidade do meio ambiente em seu aspecto geral. O outro é tido como mediato, ou seja, a saúde, a segurança e o bemestar do cidadão, expresso nos conceitos de vida em todas as suas formas prescrito no artigo 3º, inciso I, da Lei nº 6.938/91, supra) e em qualidade de vida (predisposto no artigo 225, caput, da CF).

O meio ambiente de trabalho mencionado até então, alcança não apenas aquele que exerce suas funções com carteira de trabalho CTPS assinada e registrada. Transcende essa idéia e abrange de forma ampla e irrestrita, envolvendo todo trabalhador que desempenha uma atividade - remunerada ou não - pois todos são resguardados constitucionalmente, tendo direito de um ambiente de trabalho seguro e adequado, necessário à digna e sadia qualidade de vida. Alguns estudiosos também corroboram com tal conceito, O doutrinador José Afonso da Silva (2000), por exemplo, diz que o meio ambiente do trabalho corresponde a união dos bens imóveis e móveis de uma empresa e de uma sociedade, elemento de direitos subjetivos particulares, e de direitos invioláveis da integridade física, e da saúde dos trabalhadores que o freqüentam. O estudioso Amauri Mascaro do Nascimento in Silva (2000) em sua pesquisa acredita que: [...] o meio ambiente de trabalho é, exatamente, o complexo máquinatrabalho; as edificações, do estabelecimento, equipamentos de proteção individual, iluminação, conforto térmico, instalações elétricas, condições de salubridade ou insalubridade, de periculosidade ou não, meios de prevenção à fadiga, outras medidas de proteção ao trabalhador, jornadas de trabalho e horas extras, intervalos, descansos, férias, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais que formam o conjunto de condições de trabalho etc. O doutrinador Rocha (1997), defende que o meio ambiente do trabalho é caracterizado como a ambiência na qual se desenvolvem as atividades do trabalho humano. Ante as alterações por que passa o trabalho, o meio ambiente laboral não se resume ao micro ambiente - espaço interno de uma fábrica ou empresa, mas se estende a sua residência ou ao ambiente urbano. Para Mancuso (1996), o meio ambiente do trabalho tem o conceito de habitat laboral, ou seja, a amplitude que condiciona e envolve, direta e indiretamente, o local onde a pessoa adquire os meios para alimentar o quanto for necessário para a sua sobrevivência e desenvolvimento, em consonância com o ecossistema. Santos (2000) in Oliveira (2011), afirma que meio ambiente do trabalho é: [...] "o conjunto de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não, estão presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa". [...]

Assim, pode ser considerado como meio ambiente de trabalho, o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, remuneradas ou não, em que o equilíbrio baseia-se na salubridade do meio e na ausência de sujeitos que influenciem a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, disjunto da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos etc.). Face aos conceitos supra mencionados, o tema meio ambiente de trabalho é considerado um ramo autônomo, tendo como seu objeto a preservação da pessoa humana em seu ambiente de trabalho contra as várias situações de degradação de sua saudável qualidade de vida. Esse conceito pode ser acatado nos campos doutrinário, legal e constitucional. Considerando que o habitat laboral se revela um local que nem sempre pode assegurar o mínimo de condições para uma razoável qualidade de vida ao trabalhador, tem como conseqüência uma lesão ao meio ambiente do trabalho. Assim, esse conjunto de bens materiais e imateriais pode ser agredido e lesado tanto por fontes poluidoras externas, como internas, que decorre de outros empreendimentos. Nesse sentido, tem-se a noção da responsabilidade sobre o dano, já que os danos causados ao meio ambiente do trabalho não são peculiares somente ao ambiente em que o trabalhador desenvolve sua função, atinge toda a coletividade e à natureza (meio ambiente em seu contexto amplo), tendo resultados irreversíveis, na maioria dos casos. RODRIGUES (2011). O alicerce, a essência da defesa da tese desenvolvida é a pessoa - o homem trabalhador, enquanto ser vivo - da degradação e poluição desenfreadas do meio ambiente, local onde cumpre seu labor, fator primordial à sua qualidade de vida. No campo do direito, o ambiente de trabalho está inserido no meio ambiente, conforme mencionado em parágrafos anteriores, fato entendido na análise do artigo 225, da Constituição Federal, em harmonia com as demais normas constitucionais que disciplinam a saúde do trabalhador, por exemplo, o artigo 200, inciso VIII, o qual dispõe sobre o dever do Sistema Único de Saúde SUS em colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

1.1 CLIMA ORGANIZACIONAL algumas definições e conseqüências para as organizações Vasconcelos (2005), expõe que a política de recursos humanos afirma que as organizações somente terão sucesso, se buscarem os talentosos e os manterem na organização, oferecendo-lhes um ambiente organizacional positivo, ou seja, que promova a motivação e engajamento. Segundo Bergamini & Coda (1997), em administração, clima organizacional é o indicador do nível de satisfação dos membros de uma organização, em relação à realidade perceptível da empresa, política de recursos humanos, modelo de gestão, missão da empresa, processos comunicativos, apreciação profissional e a identificação com a empresa. Complementa, Abbey & Dickson (1983) in Junior, Souza e Cabral (2009) afirmando que clima organizacional refere-se à qualidade de um ambiente interno de uma empresa, orientando a conduta e o comportamento dos seus componentes, servindo como base para interpretar situações, agindo, também, como uma fonte de tensão que direciona as ações. Da mesma forma afirma Isaksen et alli (2000), dizendo que clima organizacional está relacionado à freqüência de um padrão comportamental, atitudinal e sentimental, caracterizando a interação social na organização. Assim, o clima organizacional reflete a imagem que as pessoas têm da organização em que exercem seu labor, podendo sofrer influências externas e internas à organização, de forma determinante em razão de novos eventos provenientes de variáveis intra e inter-organizacionais. Afirma Vasconcelos (2005) in Junior, Souza e Cabral (2009), acerca do clima organizacional, que, uma atmosfera soturna, contaminada de desrespeito, promessas não cumpridas, falta de transparência, tirania, injustiças, entre outras, norteiam as pessoas para a desmotivação e redução do desempenho na empresa. A percepção do participante de uma empresa sobre a qualidade do ambiente de trabalho influencia o seu comportamento. Somos influenciados pelo clima organizacional e, ao mesmo tempo, o influenciamos. Esse ciclo de influências criará um efeito, fazendo com que certas características da cultura sejam potencializadas por meio de repetição de comportamentos nas relações diárias. Assim, se a cultura organizacional for virtuosa, o ciclo que se forma resultará no

aumento dos comportamentos construtivos, gerando mais produtividade e possibilitando maior qualidade de vida. Contudo, se a cultura for viciosa, o ciclo de influências arrastará a empresa para comportamentos negativos e destrutivos, prejudicando a produtividade, acarretando em maior desgaste nos profissionais e em seus relacionamentos. Assim sendo, é mister tomarmos conhecimento dos fatores que dificultam a sustentação de um clima organizacional produtivo se pretendemos intervir de forma significativa. Acerca das intempéries no que se refere a manutenção de um bom clima organizacional, sublinham Cabral, Junior e Souza (2009) As dificuldades na interação entre colegas, administradores e subordinados, a comunicação deficiente, as atitudes negativistas e a instabilidade emocional são os principais propulsores de um clima organizacional tenso, nefasto para a promoção das metas organizacionais, impedindo de cumprir suas finalidades, quais sejam produtos ou serviços com maior qualidade, além de deixar a finalidade social prejudicada. Vasconcelos et al (2005) afirma que o componente relacionamento interno é igualmente indispensável para que uma organização trabalhe sob um padrão de eficiência minimamente aceitável. Para Stoner & Freeman (1999), de uma maneira geral, os fatores ambientais, organizacionais e individuais agem como fontes potenciais de estresse no trabalho. Robbins (2002), aponta que com relação aos aspectos individuais como fontes potenciais de estresse, têm-se a relação do indivíduo com a família e sua ligação entre o trabalho e as relações familiares. As pesquisas apontam, consistentemente, que as pessoas primam muito por seus relacionamentos familiares e pessoais e que, dependendo do tipo de relacionamento e da ligação com os aspectos do trabalho, estes podem provocar altos níveis de estresse ocupacional.

1.2 O TERMO ESTRESSE DESDE SUA ORIGEM O termo estresse vem do latim stringere que denomina uma série de reações do organismo causadas por agressões de ordem física, psíquica, infecciosas, entre outras capazes de afetar a homeostase (LAUROSSE, 1995). Conforme CARRILLO, (2004), já na era medieval, por volta do século XIV o termo estresse denotava aflição e adversidade. Séculos mais tarde (século XVII) começou sua utilização na língua inglesa, denotando opressão, desconforto e adversidade. A palavra estresse em tempos mais próximos do nosso, era muito usada nos campos da Engenharia e da Física com o significado de forças que agiam em determinada resistência, indicando a carga que um objeto pode suportar antes de romper-se (GUIDO, 2003; PAFARO, 2002). Atualmente estresse significa insistência, pressão. E estressado tem o significado de estar sobre pressão (PAFARO e MARTINO, 2004). Devido a suas proporções imensas, o estresse é visto como uma questão de Saúde Pública que gera gastos para as pessoas, para seus empregadores, assim como para o Estado diz BUJDOSO, (2005). Hans Seyle, foi o primeiro a utilizar essa denominação no campo da saúde em 1926 na escola de Medicina. Observou que alguns doentes demonstravam ter reações de seu organismo similares a de outros, independentemente da doença de cada um deles. Pensando assim, ficou denominada Síndrome do Estar Doente, a presença de sinais e sintomas iguais tais como: falta de apetite, fadiga, desânimo, febre e dores difusas (PAFARO E MARTINO, 2004; GUIDO, 2003). Após um largo tempo de pesquisa com animais em laboratório e à partir dos princípios da fisiologia, no ano de 1936 ele definiu o estresse como sendo uma síndrome ocasionada por um conjunto de agentes prejudiciais, formando uma resposta não definida, não especificada do organismo à situações que podem levar ao desenvolvimento de certos tipos de doenças (PAFARO E MARTINO, 2004). Em Guido (2003) Antes de Seyle ter feito descobertas a cerca do estresse, estudos de fisiologia acrescentando o conceito homeostático destacou a capacidade dos seres vivos em manter constância de bem-estar e equilíbrio do organismo. Mesmo com as mudanças externas, tais estudos cumpriram papel fundamental, concebendo uma base conceitual primordial às suas teorias. Este conceito - o de

ambiente interno constante - foi estendido por Walter Cânon posteriormente, em meados do século XX, instituindo tal capacidade de homeostase. Para Ciechanowski, et al.(2007) o estresse é definido como um conjunto de fatores externos ou internos que influenciam no equilíbrio interno do organismo, assinalados por distúrbios físicos e também emocionais. Em sua pesquisa, Ballone (2005) explica que o homem passou a sofrer de estresse após o advento da Revolução Industrial. Pois, com as grandes transformações impostas pelo então, mundo mecanicista, industrializado, teve proporções desfavoráveis às competências neuropsicofisiológicas de adaptação, trazendo transtornos para interagir de forma harmoniosa, as necessidades de adaptação e os recursos orgânicos. 1.2.1 O estresse como parte integrante da vivência do homem O estresse como efeito da necessidade em responder a algum estímulo, está contido em todas as fases da vida do ser humano. Vem desde a infância e estende-se por toda sua vida. é algo inevitável (CARRILLO, 2004; ZANCHIETTA e BABIERI, 2004). É perceptível que a evidência de as pessoas serem suscetíveis ao estresse está ligada à sua disposição aos enfrentamentos de acontecimentos tensos (estressantes). A maneira de como a pessoa reage a eles é crucial para o desenrolar de um estado de estresse (PAFARO e MARTINO, 2004). Em quantidades corretas, o estresse é benéfico à saúde. Contudo, quando extrapola os níveis regulares superando os sistemas compensatórios, pode resultar em doença (CIECHANOWSKI et al., 2007). Assim, podemos entender que o estresse não é apenas nocivo as pessoas, mas também pode trazer benefícios 1.2.2 Concepções de estresse Cientes de que o estresse pode agir não somente negativamente, como também resultando em benefícios ao organismo, surgiram duas concepções:

O estresse positivo (ou eutresse), ocorre quando a pessoa, através de tensões, atinge um nível adequado de força e é recompensada, ou seja, alimentada pelos resultados; Distresse, o estresse danoso, está conectado à carga excessiva correspondente à resposta insuficiente necessária para sobrepujar a situações recorrentes de estresse. Isso leva ao acionamento constante dos órgãos responsáveis pela produção de hormônios do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal trazendo alguns tipos de doenças (BALONE, 2005; PAFARO e MARTINO, 2004). Pesquisas recentes dizem que as respostas fisiológicas desencadeadas por ambos os tipos de estresse são semelhantes, o que as distinguem na verdade, são os tipos de reações de cunho emocional que cada indivíduo demonstra com relação à realidade e é complementada com conceitos intrínsecos de cada pessoa (MONTEIRO, 2005). No que tange a parte psicológica, o efeito da resposta ao estresse estará em conformidade com as peculiaridades individuais, sociais e de classe, considerando também os fatores culturais e os padrões de adaptação comportamental (SPARRENBERGER, 2003). Muitos estudiosos concordam que o termo estresse tem sido utilizado na linguagem popular constantemente e de forma aleatória como sendo qualquer circunstância causadora de qualquer tipo de mal estar (ULRICH, 2005; FILGUEIRAS e HIPPERT, 1999). Desta forma, o estresse por diversas ocasiões é confundido com nervosismo, raiva, ansiedade, cansaço e frustração (BUJDOSO, 2005). Por esse motivo, o verdadeiro significado de tal terminologia fica comprometido, gerando inconsistência em seu real conceito (MONTEIRO, 2005; FILGUEIRAS e HIPPERT, 1999). 1.2.3 Os fatores estressantes É denominado estressor, o estímulo que principia uma reação estressante, podendo trazer benefícios ou malefícios que causem emoções ao indivíduo deixando marcas profundas. É também, um fato, situação, objeto ou pessoa que possibilite uma certa carga emocional, ocasionando estímulos que levam ao estresse (PAFARO e MARTINO et al., 2004).

Os fatores estressantes apresentam características variadas, as quais alcançam desde a parte emocional como: ansiedade, raiva, perda, frustração, entre outros; até aqueles que abrangem a parte ambiental, biológica e físicas, são eles: variações de temperatura, poluição, distúrbios nutricionais, carga excessiva de trabalho, etc. (LIPP, 2001). Tudo aquilo que pode causar o estresse experimentado pelo homem, pode ter sua origem interna ou externa, estando assim, ligado com os vários enfrentamentos do dia-a-dia: conflitos, mudanças no trabalho, intempéries no ambiente de trabalho, relações interpessoais mal estabelecidas e os de cunho particular como: traços de personalidade, problemas afetivos; os quais refletem de forma crônica na área sentimental dos indivíduos. (BALONE, et al., 2007). As diferenças de enfrentamento de conflitos variam de pessoa para pessoa, o que esclarece que nem todos os estressores levam à mesma conseqüência. São diversos os fatores que podem influenciar nas reações dos indivíduos o sexo, idade, gênero entre outros como: cultura, dieta, nutrição, medicamentos, situações conflitantes já vivenciadas etc (CIECHANOWSKI, 2007). Ao ser submetido a uma situação de estresse pode ocorrer a liberação de hormônios no organismo do indivíduo que causem: distúrbios cardiovasculares, relativos a parte respiratória, diminuição do fluxo sanguíneo para os órgãos internos, afetando até mesmo a parte vascular-cerebral. (BALLONE et al, 2007). Esses distúrbios, podem resultar em dores de cabeça, hipertensão arterial, problemas de humor, insônia e taquicardia. Isso em um nível mais ameno de reação ao estresse, podendo ainda, com o passar do tempo, se tais reações não forem satisfatórias aos graus das tensões, tornarem-se crônicos, trazendo sintomas como o medo, nervosismo, queda de cabelos, alterações de apetite e até isolamento social. Em um nível mais forte em que o organismo não consegue resistir ao estressor, tornando o controle inatingível, pode potencializar os sintomas descritos anteriormente, trazendo uma série de doenças cardíacas, gastrointestinais, depressão, podendo chegar até um estado de choque, que sem a intervenção cabível, pode levar a morte rapidamente (CIECHANOWSKI et al., 2007). Dependendo do nível de estresse, tempo e dos demais fatores que influenciam suas reações, as doenças decorrentes deste, podem estar associadas ainda a distúrbios mentais como fobias, doenças pulmonares, respiratórias (asma, etc.), obesidade, doença de Parkinson, AVC (acidente vascular cerebral), doença de

Alzeimer, esclerose múltipla e catarata; as quais estão ligadas ao estresse caracterizado como oxidativo ocasionado pelo excesso de radicais livres no organismo (ZANELLA et al., 2007). Essas alterações tanto físicas como psicológicas podem ser ocasionadas pelo estresse no homem. Em sua pesquisa, Couto(1987) in Silva (2009) expõe as conseqüências físicas provenientes do estresse tais como: - dores musculares - fadiga fácil - cefaléias - enfarte precoce - taquicardia - abafamento no peito - palpitações - asma - dores abdominais generalizadas - úlcera - dores generalizadas no corpo - Artrite - adinamia - urticária -emagrecimento - infecções graves Além dos expostos acima que atingem a parte física, existem também em nível psicológico, as reações ao estresse Segundo Lipp (1998), sejam eles: -Mãos frias -Problemas com a memória - Boca seca - Impossibilidade de trabalhar - Pesadelos - Nó no estômago -Diarréia - Dúvida quanto a si próprio - Enxaqueca

- Mudança de apetite - Dificuldades sexuais - Aumento súbito de motivação - Entusiasmo súbito - Músculos tensos - Vontade de fugir de tudo - Problemas dermatológicos - Apatia,depressão ou raiva prolongada - Insônia - Aumento de sudorese - Náusea, má digestão - Tiques - Hipertensão arterial - Pensar continuamente num só assunto - Tédio - Irritabilidade excessiva - Taquicardia - Angústia ou ansiedade - Excesso de gases - Tontura - Hipersensibilidade emotiva - Perda do senso do humor - Aperto da mandíbula ou ranger dos dentes 1.2.4 Estresse Ocupacional O estresse ocupacional é o estado emocional, causado por uma discrepância entre o grau de exigência do trabalho e recursos disponíveis para gerenciá-lo Grandjean (apud Caiaffo, 2005, p25) in Silva (2009). Para Delboni (1997) atualmente, várias organizações em todo o mundo já adotaram programas de prevenção as doenças de seus colaboradores, e o estresse ocupa um papel de destaque. O estresse representa altos custos para as empresas. Exemplos disso podem ser percebidos, como: a queda da produtividade, refletida na

perda de horas de trabalho, nas constantes faltas e até nos grandes gastos com assistência médica. Selye (1954) define estresse como: uma resposta estereotipada, super agregada aos efeitos específicos provocados em cada agente(que promovem ações específicas tais como infecções, intoxicações, traumas, emoções, frio, calor, fadiga muscular, irradiações, etc.), representando as manifestações somáticas e inespecíficas do sofrimento ou stress sistemático. Este tipo de estresse ocorre quando as cobranças vindas do labor perpassam a capacidade dos trabalhadores em enfrentá-las. Dessa forma, resulta num dano exacerbado do organismo causando o surgimento de doenças, o que pode interferir na produtividade e na satisfação desse trabalhador. Em casos mais graves pode acarretar até mesmo, acidentes de trabalho e morte (Aguiar, 2007; Costa, 2008). As tensões já fazem parte da vida dos profissionais, tanto em seu ambiente de trabalho, quanto na vida de um modo geral. No local de trabalho eles são submetidos a desgastes emocionais que vão se tornando muito significativos para determinar desordens ligadas ao estresse, como por exemplo: fobias, depressão, ansiedade patológica, pânico, doenças gastrointestinais e psicossomáticas, etc., sendo que tais implicações trazem prejuízos ao desempenho dos profissionais no ambiente de trabalho, podendo deixá-los irritados e deprimidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001a). Houtman et al., (2008), afirma que entre as razões que levam ao estresse laboral estão: ambiente de trabalho em condições impróprias, a pressão por parte dos superiores, a cobrança por rapidez no atendimento, a ausência participativa nas tomadas de decisões por parte dos funcionários em assuntos pertinentes as suas atividades, falta de apoio de colegas e superiores, carreira sem perspectiva de crescimento profissional, jornada de trabalho extensas e intensas, baixa remuneração, competitividade entre colegas de trabalho, assim como a descrença em si mesmo. O homem de um modo geral passa um terço de sua vida no ambiente de trabalho e por esse motivo, fica suscetível à situações criadoras de tensão, aflição e agressão que com o transcorrer do tempo resultar em doenças, principalmente às de origem psicossomáticas. Pensando assim, o estresse nesse contexto é um dos

responsáveis pelo desgaste físico e psicológico, além de fatores como a ansiedade que causam sofrimento e sintomas psicossomáticos que podem interferir na vida profissional. Isso resultaria em certas situações ao uso abusivo do álcool e outras drogas pelos funcionários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001a). Em algumas profissões, o estresse é potencializado, em decorrência de exigências e cobranças, vindas da comunidade em geral e de superiores, como também por existirem muitas atribuições e uma limitação de permissões necessárias para a sua realização. No contexto da Policia Militar essa situação é recorrente, seus componentes estão inseridos nos mais diversos tipos de conflitos e nem sempre tem a autorização para sanar certos casos, seja por limitação institucional, seja por limitação legal. Essas circunstancias levam a frustrações, incertezas, conflitos e insatisfação no trabalho, fatores estes, ligados diretamente ao estresse ocupacional (Aguiar, 2007). O estresse ocupacional é responsável por uma série de reações fisiológicas, emocionais, cognitivas e comportamentais nos profissionais, sendo os mais recorrentes a: hipertensão, taquicardia, aumento da sudorese, irritação, humor depressivo, ausência de motivação, atenção e percepção diminuída, problemas de memória e aprendizagem reduzida, comportamento impulsivo, agressividade e uso excessivo de drogas e bebidas (HOUTMAN et al., MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b). 1.3 A Polícia Militar e o Contexto Político Social Com base em estudos já realizados, abordaremos em princípio o contexto político e social do país na atualidade, dando ênfase nas questões sociais. Como tais questões agem ao chegarem na área da Segurança Pública, quando deveriam ter sido resolvidas por outros setores Estatais e como se dá o enfrentamento por parte dos agentes de segurança pública, aqui representados pelos policiais militares. Abordaremos também o que se refere à instituição Polícia Militar, com relação ao contexto organizacional, a atividade policial e seus diversos aspectos.

1.4 Os problemas Sociais e o crescimento da Criminalidade O exacerbado crescimento social traz em seu bojo, entre outras circunstancias, o aumento da criminalidade e da violência como: furtos, roubos, corrupção, assaltos, homicídios, latrocínios, chacinas, etc. Tais crimes tiveram um aumento assustador, seja de forma institucional, doméstica ou urbana. Estudos feitos por pesquisadores renomados como Alba Zaluar in Silva (2009) sobre o aumento da criminalidade e da violência, aponta que sociedades já vivenciaram tais problemas em décadas anteriores. Os meios de comunicação divulgam de forma latente tais situações, devido a grande onda de violência que atinge as pessoas, nas cidades e no campo e que geralmente estão ligadas a fatores sociais gritantes. Um desses causadores do aumento da criminalidade e da violência é a má distribuição de renda que distingue cada vez mais a sociedade em classes, potencializando as desigualdades sociais. Para a estudiosa Alba Zaluar in Silva(2009): quando a desigualdade é apontada como causa da violência, é preciso esclarecer a que desigualdade se refere. Baseada principalmente no diferencial de renda entre os mais ricos e os mais pobres ou o diferencial do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), esta tese pressupõe que a revolta moveria os homens a agirem violentamente para diminuir as distâncias e as invejas que a desigualdade provoca. Considera a dimensão do poder, mas não aprofunda a dimensão subjetiva da desigualdade, nela incluída as da violência já mencionadas. A desigualdade pode ser medida em índices, tende a ser reduzida ao que é quantificável, principalmente a renda monetária, a escolaridade e a expectativa de vida. Continuam excluídos dos índices, no entanto, os efeitos menos visíveis da violência institucional e da violência difusa no social, assim como o acesso à justiça. Naquelas localidades onde as desigualdades sociais são mais latentes, os índices que apontam a violência e a criminalidade são elevados de forma vultosa. O desmoronamento da instituição familiar, a falta de estrutura na área educacional, o sistema econômico que privilegia apenas determinados grupos, o desemprego, a miséria, a incapacidade e a desorganização do Estado, a impunidade devido a morosidade do judiciário, são alguns dos fatores que, auxiliam no aumento dos índices de criminalidade que, de alguma forma refletem no setor da Segurança Pública.

Neste cenário, a polícia age em alguns dos casos de forma preventiva, ao passo que em outros de cunho estrutural, a resolução depende dos demais órgãos do Estado, fugindo assim, à sua responsabilidade direta. Esses fatores estruturais também fazem dos policiais vitimas, aumentando a mácula existente na imagem da instituição. Mato Grosso é um estado que tem em seu seio, diversas culturas, provenientes de constantes migrações que vem ocorrendo desde a época colonial, nesse contexto está inserido o policial militar que interage com todo esse universo. Seu trabalho é duro, pois consiste em proporcionar segurança as pessoas e ao mesmo tempo tentar solucionar problemas decorrentes de outros setores. Políticas públicas precisam ser adotadas, já que sem elas um Estado democrático de direito como é o nosso não sobreviveria (Silva, 2009). 1.5 O Caráter da atividade Policial Militar Segundo Besse (1995) in Silva, (2009), o policial militar trabalha de forma ostensiva caracterizado por seu fardamento (uniforme), equipamentos e viaturas, estando suscetível a ir de encontro com ocorrências diversas, nas quais deverá agir, tendo um curto lapso de tempo para analisar os fatos. Dessa especificidade do trabalho policial pode decorrer as seguintes condições - consideradas elementos estressores: - Tomada de decisão emergencial no local dos fatos; - Exposição a insultos e críticas do público; - Excesso de responsabilidade; - Risco da Própria vida e do parceiro; - Situações que requerem o emprego de força física; - Matar alguém no cumprimento do dever; - Ter que cumprir leis desagradáveis; - Exposição ao suborno e outras tentações; - Receber apoio inadequado do supervisor; - Notificar a morte de pessoas; - Necessidade de dirigir em alta velocidade para prender criminosos;

- Trabalhar com equipamento de poder de dissuasão inferior aos dos meliantes que enfrenta; - Ver crianças e adultos espancadas ou mortas, ou sentindo dor; - Sofrer ferimentos em serviço; - Enfrentar situações que envolvem o desconhecido; - Enfrentar situações de violência sexual contra mulheres e crianças; - Responder a um processo-crime em andamento; - Ter que agir como policial contra pessoa do sexo oposto; - Confronto com multidões agressivas; - Falta de esclarecimentos suficientes para o serviço a que foi designado; - Combate rotineiro com criminosos (tiroteio) - Contato com colegas que não desempenham adequadamente o serviço; - Sofrer acidente com a viatura; - Sofrer violência física; - Falta de infra-estrutura pública para o prosseguimento da ocorrência; - Ver a morte de pessoas; - Atuar em problemas sociais que não pode resolver; 1.4.1 A Policia Militar e sua estrutura da organizacional Afirmou Besse (1995) in Silva (2009) que as deficiências administrativas tanto internas quanto externas, a distancia entre os tomadores de decisão e os executores, a demasiada centralização da autoridade, a rigidez burocrática, a multiplicidade de órgãos agindo nos mesmos problemas e, os conflitos gerados dentro da própria organização, ocasionam para o profissional, casos como: - Mudanças de turno dia/ noite; - Ser designado para novas funções não conhecidas; - Ser punido disciplinarmente; - Enfrentar sistema judiciário deficiente; - Ser exonerado; - Ser expulso; - Saber da expulsão de colega; - Ser designado para um serviço sem informação suficiente;

- Receber apoio inadequado do sistema; - Ter sobrecarga de trabalho; - Competir para promoção; - Ver criminosos colocados em liberdade, por questões burocráticas; - Ser impedido de usar a criatividade por ter que seguir normas e manuais; - Excesso de burocracia; - Falta de reconhecimento por bons serviços prestados; - Ser promovido ou elogiado; - Ser preterido na promoção no processo decisório; - Receber salário insuficiente ou inadequado; - Pressão política no departamento; - Pressão política fora do setor de trabalho; - Ter um segundo emprego; - Sofrer investigação interna em suas atividades profissionais; - Incompatibilidade com o superior; - Ter que obedecer a normas desagradáveis; - Contar com número insuficiente de policiais para despenhar adequadamente o serviço; - Ser submetido a disciplina excessiva ou inapropriada; - Ver a apatia pública para com a polícia; - Mudanças freqüentes de atividade ou de local de serviço; - Trabalhar com policiais que não desempenham bem suas funções; - Pouca possibilidade de ascensão na carreira; - Gerenciar sem os recursos necessários; - Receber cobrança do superior quanto ao desempenho; - Exigência de altos padrões de moral; - Conflito entre teoria e prática. Além desses fatores que são parte integrante do trabalho policial militar, ainda tem circunstancias que extrapolam o horário normal de serviço, por conta de atendimentos em andamento, assim como outras situações imprevisíveis.

Como diz Silva (2009), vale salientar que: ao ingressar na Polícia Militar o indivíduo passa por um processo de readaptação, no qual o seu comportamento é modificado para atender as necessidades da instituição de forma rígida, provocando assim um distanciamento do contexto social no qual estava inserido. A cultura organizacional influencia em grande escala o comportamento dos homens que atuam na instituição, por ser militarizada ainda guarda muitos resquícios do regime ditatorial, em que as mudanças no ambiente organizacional ocorrem de forma lenta e enfrentando muitas resistências internas. Ao ingressar na Polícia Militar, o aluno, se depara com algo totalmente diferente do que estava acostumado. A rigorosa disciplina e as astúcias para a aquisição dela, causam uma grande estranheza. O simples termo militarismo já assusta muitos. O exercício para a incorporação dos valores institucionais é praticado a todo instante para que ao término do curso de formação, o agente de segurança pública ou servidor público possa atender as expectativas institucionais.

2 METODOLOGIA 2.1 Objeto de Pesquisa Esta pesquisa trata do estresse decorrente do serviço operacional desempenhado por policiais militares. Os fatores que podem resultar em estresse nos policiais, sejam eles referentes a jornadas de trabalho extensas, pressões no ambiente de trabalho, falta de suporte na manutenção da saúde física e psicológica, clima organizacional desfavorável, entre outros fatores. O meio ambiente de trabalho pode agrupar várias pessoas de diversos lugares, culturas e classes sociais. Pessoas que buscaram naquela instituição, uma vida melhor, seja atuando em um serviço que lhe cause satisfação, ou mesmo pela expectativa pecuniária, o que lhe oportunizaria uma maior qualidade de vida. Contudo fatores adversos podem frustrar tais expectativas de forma perceptiva ou não. O local em que o estudo foi realizado, foi um Batalhão de Polícia Militar em Barra do Garças-MT. O objeto do estudo visa conhecer a percepção que os componentes do Batalhão em questão têm a cerca do estresse e as sugestões de possíveis mudanças que amenizariam os sintomas do estresse. Em pesquisa anteriormente realizada, Silva, (2009), constatou que há na maioria dos sujeitos pesquisados por ela, sintomas de estresse. Os níveis de estresse encontrados por Silva, 2009, não são alarmantes, contudo, existe um grande número de policiais afastados de suas funções sob a alegação de problemas psicológicos. 2.2 O estresse como tema A escolha deste assunto se deve ao fato de a profissão de Policial Militar gerar grandes polêmicas, por se tratar de pessoas que lidam diariamente com a violência em seus diversos níveis, além de exigir do agente de segurança pública a flexibilidade para atuar tanto em situações do cotidiano como em uma cordial orientação a um turista; como a agressividade de forma controlada para repelir e impedir a ação de um ladrão. Ter a sabedoria e tratar de forma igual, os diferentes agindo proporcionalmente com cada situação e pessoas envolvidas.

2.3 Breve contextualização da Polícia Militar e sua estruturação A Polícia Militar do Estado de Mato Grosso é uma instituição com 172 anos de existência, sendo denominada inicialmente como corpo policial HOMENS DO MATO. Naquela época, a Polícia Militar era responsável por caçar escravos fugitivos e defendia apenas os interesses políticos da época. Por isso, o nome: Homens do Mato. Muitas mudanças ocorreram na instituição, inclusive seu objetivo, que de algoz de escravos, tornou-se um instrumento de manutenção da ordem pública e defensora dos interesses coletivos relacionados à segurança. Trata-se de uma instituição calcada nos pilares da hierarquia, disciplina e respeito às leis e, por esse motivo, antes mesmo de seguir um regulamento específico, tem por obrigação cumprir o que rege a Constituição Federal. (Polícia Militar de Mato Grosso)¹ A atividade fim da Polícia Militar é o policiamento ostensivo, tendo como escopo a preservação da ordem pública, assegurando o bem comum e garantindo os direitos individuais e coletivos, principalmente. Para tanto, tem uma estrutura extremamente formal. A instituição delega poderes de acordo com o grau hierárquico. Para o serviço operacional, são designados desde soldados até oficiais subalternos, os quais mantêm contato direto com os cidadãos e praticam diversas modalidades de policiamento, dentre elas estão: policiamento de trânsito, policiamento ostensivo a pé (P.O.), policiamento em motos e policiamento em veículos (rádio patrulha). Os oficiais, de um modo geral, têm a função de comandar os militares na prestação de serviços à sociedade enquanto que cabe aos soldados, atuarem, diretamente nos conflitos. A Polícia Militar opera vinte e quatro horas, ou seja, ininterruptamente. Para manter o ciclo sem interrupções, a instituição busca manter uma escala de serviço alternando os horários de trabalho dos policiais. Atualmente o revezamento acontece da seguinte forma: trabalha-se 12 (doze) horas e em contrapartida folga-se 24 (vinte e quatro) ou 48 (quarenta e oito) horas de descanso, dependendo do turno trabalhado, ou seja, diurno ou noturno, sendo a recompensa pelo serviço de 12 horas desempenhado no período noturno de 48 (quarenta e oito) horas. Em algumas modalidades de policiamento que geralmente são desempenhadas no período diurno, ou em horário comercial, tem a carga horária de trabalho reduzida, sendo que esta varia de 04 a 06 horas de trabalho ininterruptas.

Todos os departamentos, ou áreas de atuação, são regidos por manuais, denominados de Normas Gerais de Ação (NGA), Regulamento Interno e dos Serviços Gerais, além do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar (RDPM) e ainda a Constituição Federal. Os policiais exercem atividades extras, como educação física, instruções - sejam elas com relação ao serviço ou de cunho social, entre outras, as quais são chamadas de escalas extras, por serem consideradas atos de serviço, contudo, ocorrem sem prejudicar o trabalho, ou seja, geralmente nos intervalos ou folgas entre um serviço e outro. 2.4 A tomada de decisões em um Batalhão de Polícia Militar A Polícia Militar está inserida na esfera estadual e é extremamente formal. As decisões são tomadas pelos oficiais superiores responsáveis por essas incumbências. A hierarquia é seguida rigorosamente desde a cúpula da Polícia Militar até os policiais que executam diuturnamente a atividade fim da instituição que é a manutenção da ordem pública, sendo impostas responsabilidades a cada policial, o qual atende sempre a um comandante imediato seguindo determinações e orientações do militar responsável pelo serviço diário que coordena as práticas efetivas nos policiamentos. A figura do líder é muito importante para a eficácia de uma organização, mas o exercício da liderança exige responsabilidade, pois tanto pode ser a alavanca de uma empresa, como a sua destruição. Conforme Palmer apud Moritz e Pereira (2006): Líder é uma pessoa que possui um grau inusitado de poder para criar condições nas quais outras pessoas devem viver se mover e ter o seu ser condições que podem tanto ser tão iluminadas quanto o céu ou sombrias quanto o inferno. Um líder é uma pessoa que deve ter especial responsabilidade pelo que acontece dentro de si mesmo, dentro de sua consciência, para que o ato de liderança não crie mais mal do que bem. Nesse sentido entendemos que o comandante, mesmo que de um número reduzido de pessoas, deve preocupar-se com seu comandado assim como cuida de si mesmo, oportunizando, assim, uma relação de confiança para que não torne o ato

de liderar algo obscuro e sem sentido. O líder é visto como um exemplo a ser seguido. É aquele que está sempre pronto para dirimir quaisquer fatores adversos que seus comandados estejam enfrentando. Deve demonstrar autoridade, no sentido de conhecedor, sendo aquele que está sempre pronto para sanar dúvidas e resolver situações; não confundindo com autoritarismo, sentindo-se onipotente, determinando ações, sem a preocupação de promover a solução de conflitos. 2.5 Atores da pesquisa O Batalhão de Polícia Militar em estudo é composto por cerca de 230 (duzentos e trinta) policiais, contudo o efetivo que realmente está exercendo suas funções é de aproximadamente 90 (noventa) policiais. Isso se deve ao grande número de dispensas para tratamento de saúde, policiais que são alocados em outros órgãos, entre outros. O setor administrativo possui um efetivo de 20 (vinte) policiais. Os que atuam indiretamente no serviço operacional (COPOM, Central de monitoramento, Central de Atendimento de Ocorrências, etc) ocupam 12 (doze policiais) a cada 24 horas. Para o serviço operacional propriamente dito, resta um pequeno efetivo que é responsável por oferecerem sensação de segurança para a sociedade. O estudo foi realizado nos anos de 2010 e inicio de 2011 em que foram submetidos a um questionário, parte do efetivo de um batalhão PM em Barra do Garças-MT