UNESC UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE ANDRÉ MEURER



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Transcrição:

UNESC UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE ANDRÉ MEURER AVALIAÇÃO DO RETORNO DO INVESTIMENTO COM BASE NO EVA (ECONOMIC VALUE ADDED) ESTUDO DE CASO CRICIÚMA, 2004

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE ANDRÉ MEURER AVALIAÇÃO DO RETORNO DO INVESTIMENTO COM BASE NO EVA (ECONOMIC VALUE ADDED) ESTUDO DE CASO. Monografia apresentada à diretoria de Pós- Graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, para a obtenção do título de especialista em Contabilidade Gerencial. Orientador: Prof. Dr. Rodney Wernke CRICIÚMA, 2004.

AGRADECIMENTOS A Deus pelo dom da vida. A minha noiva, futura esposa. Aos meus pais e irmãos. Ao orientador Prof. Dr. Rodney Wernke. Aos professores do curso de especialização em Contabilidade Gerencial da UNESC. Aos colegas de Pós-graduação.

RESUMO Relata o emprego da metodologia EVA (Economic Value Added) em uma empresa têxtil no sentido de avaliar o desempenho do investimento realizado. Para atender a tal objetivo, o estudo foi dividido em quatro capítulos, onde o primeiro apresenta as considerações iniciais. No segundo capítulo realiza-se a revisão bibliográfica acerca da metodologia, evidenciando os conceitos da Administração financeira, suas ferramentas de auxílio, os métodos tradicionais de avaliação de lucratividade e rentabilidade e a metodologia EVA. No terceiro capítulo apresenta-se o estudo de caso realizado, onde se apura o custo total de captação de recursos, são feitos os ajustes necessários nas demonstrações contábeis e por fim é calculado e analisado o EVA da empresa enfocada. No capítulo final são abordados os resultados obtidos, evidenciam-se sugestões para melhorar o resultado da empresa, comentam-se as conclusões oriundas do estudo efetuado e sugerem-se temas para trabalhos futuros. Palavras Chaves: Administração Financeira, indicadores tradicionais de lucratividade e rentabilidade, Economic Value Added EVA.

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Cálculo do EVA de Young e O Byrne (2003)... 34

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Análise vertical 31/12/2003 Empresa ABC... 21 Tabela 2: Análise horizontal 31/12/2003 Empresa ABC... 22 Tabela 3: Análise da representatividade 31/03/2004 Empresa ABC... 23 Tabela 4 Balanço Patrimonial em 31/12/2003 Empresa ABC... 44 Tabela 5 DRE de 01/01/2003 à 31/12/2003 Empresa ABC... 45 Tabela 6 Lucro contábil ajustado de 31/12/2003 Empresa ABC... 46 Tabela 7 Balanço Patrimonial ajustado de 31/12/2003 Empresa ABC... 46 Tabela 8 Taxa média de captação de recursos de terceiros de 2003 Empresa ABC... 48 Tabela 9 Cálculo do custo médio ponderado de capital de 2003 Empresa ABC... 49 Tabela 10 Cálculo do EVA de 2003 Empresa ABC... 49

SUMÁRIO 1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS...08 1.1 Introdução...08 1.2 Objetivos...09 1.3 Limitações da pesquisa...09 1.4 Estruturação do relatório...10 2 REVISÃO DA LITERATURA...11 2.1 Considerações iniciais...11 2.2 Administração financeira...11 2.3 Administrador financeiro...13 2.4 Ferramentas da administração financeira...16 2.4.1 Fluxo de caixa...16 2.4.2 Orçamento operacional...17 2.5 Análise das demonstrações contábeis...19 2.5.1 Análise vertical...20 2.5.2 Análise horizontal...21 2.5.3 Análise por quocientes...23 2.5.4 Indicadores tradicionais de rentabilidade e lucratividade...24 2.5.4.1 Rentabilidade sobre o ativo (ROA Return On Assets)...25 2.5.4.2 Rentabilidade do patrimônio líquido (ROE Return On Equity)...26 2.5.4.3 Retorno sobre o investimento (ROI Return On Investment)...27

2.6 Economic Value Added (EVA)...29 2.6.1 Aspectos históricos...29 2.6.2 Conceitos e fórmulas de cálculo do EVA...32 2.6.3 Vantagens da utilização do EVA...37 2.6.4 Limitações associadas ao EVA...39 2.6.5 Ajustes nos relatórios contábeis...40 3 ESTUDO DE CASO...42 3.1 Descrição da empresa analisada...42 3.2 Procedimentos realizados...43 3.2.1 Levantamento dos relatórios contábeis...44 3.2.2 Ajustes nos relatórios contábeis...45 3.2.3 Determinação do custo total de captação de recursos...47 3.2.4 Cálculo do EVA do período...49 3.2.5 Análise dos resultados...50 4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...51 REFERÊNCIAS...53

1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 1.1 Introdução O atual cenário competitivo apresenta uma crescente concorrência pela disputa de mercados. A formação de blocos econômicos, o aumento do comércio mundial, o advento do comércio eletrônico, dentre outros fatores, propiciaram ao consumidor uma vasta gama de produtos e serviços a preços cada vez mais acessíveis. Todas essas ocorrências têm impacto direto na rentabilidade das empresas. Por isso são necessários meios constantes de medição dos investimentos realizados. Além das tradicionais medidas de avaliação do desempenho dos investimentos, recentemente surgiu o EVA (Economic Value Added). O valor econômico agregado (EVA) é uma medida de avaliação de investimentos que procura sanar uma lacuna deixada pelos tradicionais critérios de avaliação de investimentos ao considerar o custo do capital próprio. Diante do exposto, esse trabalho almeja aplicar a metodologia do EVA em uma empresa de médio porte do ramo têxtil. Na próxima seção é estabelecido o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa.

1.2 Objetivos Esta monografia teve os seguintes objetivos, que foram segregados em Geral e Específicos. O Objetivo Geral é analisar a rentabilidade do investimento na empresa ABC (nome fictício, por solicitação dos sócios), através do conceito EVA (Economic Value Added). Para atingir o Objetivo Geral estipularam-se os seguintes Objetivos Específicos: a) Efetuar uma revisão da literatura acerca dos conceitos pertinentes; b) Coletar os dados necessários na empresa pesquisada; c) Ajustar os relatórios contábeis para o cálculo do EVA; d) Calcular o EVA no período de 01/12/2003 a 31/12/2003; e) Analisar as informações obtidas. 1.3 Limitações da pesquisa As atividades relatadas neste foram efetuadas na empresa ABC, Indústria e Comércio de Malhas e Tecidos, no período de 01/12/2003 a 31/12/2003. As conclusões desta pesquisa limitam-se, portanto, à empresa estudada. Possíveis aplicações em outras empresas provavelmente devem requerer alterações na metodologia utilizada neste estudo.

1.4 Estruturação do relatório Quanto à organização da monografia, esta foi dividida em quatro capítulos. No primeiro capítulo apresentam-se as considerações iniciais do estudo, como objetivos, limitações e estrutura do relatório. O segundo capítulo é onde são abordados os conceitos pertinentes ao tema, como conceitos da Administração Financeira, suas ferramentas de suporte decisório como Fluxo de Caixa, Orçamento Operacional, Análise das Demonstrações Contábeis, as medidas tradicionais de avaliação de investimentos e por fim o EVA. O terceiro capítulo apresenta o estudo de caso utilizando os conceitos preconizados pela metodologia EVA, como o custo médio ponderado de capital, os ajustes ao lucro contábil e o cálculo do EVA. Por fim, o último capítulo faz as considerações finais, versando sobre as conclusões inerentes ao trabalho, expõe-se as prováveis causas do resultado, propõem-se iniciativas para melhoria dos resultados e sugestões para trabalhos futuros. No próximo capítulo são abordados os principais conceitos relacionados ao tema principal desta pesquisa, através da revisão da literatura.

2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Considerações iniciais Este capítulo apresenta os conceitos relacionados com a metodologia do EVA como: Administração Financeira e suas Ferramentas: Fluxo de Caixa, Orçamento Operacional e Análise das Demonstrações Contábeis, alguns dos indicadores tradicionais de rentabilidade e lucratividade e por fim o EVA. 2.2 Administração financeira Num contexto geral, a administração financeira pode ser definida como a arte e a ciência de gerir recursos. Virtualmente todas as pessoas, físicas ou jurídicas, ganham, captam, gastam ou investem dinheiro. Portanto, a administração financeira lida com o processo, as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre indivíduos, negócios e governo, conforme Gitman (2001, p. 34). Em termos empresariais, Zdanowicz (1995, p. 24) elucida que a administração financeira centraliza-se na captação, aplicação e distribuição dos recursos da forma mais eficiente possível, visando que as operações da empresa rumem na direção dos objetivos e metas propostas pela diretoria. Tal autor afirma,

ainda, que a meta do administrador financeiro resume-se num dilema básico: liquidez x rentabilidade. Para Mosimann (1999, p. 31) a gestão financeira evidencia os problemas de caixa e liquidez da empresa, de forma a permitir a tomada de decisões em termos de programação financeira. Sendo assim, há duas funções básicas: (i) captação dos fundos de que a empresa necessita e (ii) distribuição eficiente de tais fundos. Assaf Neto (2003, p. 28), aprofundando o conceito de administração financeira, comenta que A administração financeira é um campo de estudo teórico e prático que objetiva, essencialmente, assegurar um melhor e mais eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos de capital. Nesse contexto, a administração financeira envolve-se tanto com a problemática da escassez de recursos, quanto com a realidade operacional e prática da gestão financeira das empresas, assumindo uma definição de maior amplitude. Catelli (1999, p. 431) registra que para os gestores alcançarem seus objetivos, precisam planejar minuciosamente as ações que pretendem empreender, reavaliando de tempos em tempos o desempenho efetuado contra o desempenho planejado. Acarretando, assim, um processo contínuo de planejamento, execução e controle. Portanto, para a alocação eficiente dos recursos captados, a empresa necessita de um planejamento financeiro. Então, Ross (2002, p. 589) afirma que planejamento financeiro é o método pelo qual as metas financeiras devem ser atingidas, sendo a declaração do que deve ser feito num período futuro. Para se atingir os preceitos até agora descritos, a administração financeira tem algumas tarefas básicas a cumprir. Conforme Zdanowicz (1998, p.20), para honrar com as obrigações de curto prazo, se faz necessário manter um saldo adequado de caixa, procedendo a cobrança de valores a receber, dimensionar convenientemente os estoques e avaliar

os demais itens do ativo, objetivando o autofinanciamento do ciclo operacional. Sanvicente (1988, p. 15) expõe que dentre tantas, as principais áreas de decisões na administração financeira são: a) Investimento: priorizando a avaliação e escolha de alternativas de aplicação de recursos nas atividades normais da empresa; b) Financiamento: estabelece e busca-se uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada a composição dos investimentos; c) Utilização do lucro líquido: preocupa-se com a destinação dada aos recursos financeiros que a empresa gera em suas atividades operacionais e extraoperacionais. No tópico seguinte ilustra-se a figura do gestor dos recursos das empresas e seus respectivos objetivos. 2.3 Administrador financeiro No papel de fazer com que os objetivos da administração financeira sejam cumpridos, encontra-se a pessoa do Administrador Financeiro. Portanto, o objetivo de um (administração financeira), é a obrigação do outro (administrador financeiro). Em termos gerais e independente da denominação atribuída ao gestor dos recursos financeiros (administrador financeiro, diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-presidente de finanças, gerente financeiro, entre outras), este é o indivíduo ou grupo de pessoas preocupados com a obtenção dos recursos necessários à manutenção e expansão das atividades correntes da empresa, bem como a análise eficiente com o qual esses recursos são utilizados pelos setores consumidores de recursos, segundo Sanvicente (1988, p. 17).

Gitman (2001, p.34) aduz que Os administradores financeiros gerenciam ativamente as questões financeiras de muitos tipos de negócios financeiros e não financeiros, privados e públicos, grandes e pequenos, com ou sem fim lucrativo. Eles trabalham em tarefas financeiras tão variadas como planejamento, concessão de crédito para clientes, avaliação de investimento, assim como meios de obter recursos para financiar as operações da empresa. Numa linha mais específica, a função financeira compreende a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários, conforme Archer e D Ambrosio, apud Sanvicente (1988, p. 21). Assaf Neto (2003, p. 28) assevera que o administrador financeiro deve preocupar-se em gerenciar os recursos de forma a manter a saúde econômica da empresa, com o intuito de alcançar as metas projetadas. É consenso entre autores, como Gitman (2001, p. 41) e Hoji (2000, p. 23), que as atividades básicas de um gerente financeiro são: 1) fazer análise e planejamento financeiro: visam monitorar a condição financeira da empresa, avaliar a necessidade de aumento (ou diminuição) da capacidade de produção e determinar o financiamento requerido; 2) tomar decisões de investimentos: determinar os níveis de ativos circulantes e decidir quando e quais ativos fixos devem ser adquiridos, substituídos ou eliminados; 3) tomar decisões de financiamento: determinar as fontes e prazos e alocações dos financiamentos. Entrando na óptica da gestão baseada em valor, Ross et al (2002, p. 26) acreditam que a tarefa mais importante do administrador financeiro é criar valor nas atividades de investimento, financiamento e gestão de liquidez da empresa, gerando tanto mais caixa quanto consumir o conjunto de atividades que movem a empresa.

Em qualquer que seja a atividade, o importante é que o foco do aministrador financeiro esteja voltado aos objetivos e metas propostos pela empresa. O objetivo econômico da administração financeira (e consequentemente do administrador financeiro) proposto por Hoji (2001, p. 21) é a maximização de seu valor de mercado ao longo do tempo. Dessa forma, aumenta-se a riqueza dos seus proprietários ou acionistas. Salienta, ainda, que o aumento na riqueza dos proprietários ou acionistas, gerados por resultados econômicos e financeiros (lucro e caixa), deve ser condizente com a o risco assumido. que Corroborando com tal afirmação, Lemes Junior et al (2002, p. 4) enfatizam A administração financeira objetiva maximizar a riqueza dos acionistas da empresa. O administrador financeiro é o principal responsável pela criação de valor da empresa [...]. Suas atividades abrangem decisões estratégicas, como a seleção de alternativas de investimentos e as decisões de financiamento de longo prazo, além das operações de curto prazo, como a gestão do caixa, o gerenciamento do risco e tantas outras. Van Horne (1984, p. 4) reforça que, como a função da administração financeira é maximizar a riqueza dos acionistas, cabe ao administrador financeiro alocar de forma eficiente os recursos na empresa, fazendo um planejamento cuidadoso para isso, obtendo os recursos nas condições mais favoráveis possíveis, levando em conta suas implicações sobre as riquezas dos acionistas. Catelli (1999, p. 431) também afirma que o administrador deve ter a visão de dono, fazendo acontecer, assegurando a continuidade de seu departamento, por meio de significativas contribuições à empresa. Enfim, como foi exposto nessas duas seções, o principal objetivo da administração financeira, através do administrador financeiro, é a busca constante pela maior geração de riqueza possível aos provedores de recursos (principalmente aos provedores de capital).

Para que a administração financeira cumpra seu objetivo, existem várias ferramentas que a auxiliam, como exposto no próximo tópico. 2.4 Ferramentas da administração financeira O administrador financeiro conta com inúmeras ferramentas para auxiliálo no cumprimento de suas prerrogativas. Dentre tais ferramentas, destaca-se o Fluxo de Caixa, o Orçamento Operacional e a Análise das Demonstrações Contábeis. Essa última merecerá destaque especial por ter mais afinidade com o tema central da pesquisa. 2.4.1 Fluxo de caixa Catelli (1999, p. 71) assevera que toda atividade gera um fluxo de caixa, independente dos prazos relacionados. Ou seja, toda atividade apresenta um fluxo de recebimentos (entradas) e pagamentos (saídas). Contudo, fluxo de caixa é o instrumento que permite planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de um determinado período, no entendimento de Zdanowicz (1988, p.19). Ao referir-se à gestão de caixa, Lemes Junior et al (2002, p. 418) denominam como sendo a atividade da administração financeira voltada à otimização dos recursos financeiros integrada às demais atividades da empresa. É diretamente influenciada pelas políticas de investimentos, vendas, créditos, compras e estocagem. Seu gestor participa fundamentalmente da formulação dessas políticas para evitar que a empresa não tenha problemas de liquidez.

Zdanowicz (1995, p. 29) impõe ao administrador financeiro a obrigação de zelar pelo fluxo de caixa, conciliando-o com a manutenção da liquidez e do capital de giro da empresa para que essa possa honrar com suas obrigações no devido prazo, bem como maximizar os lucros sobre os investimentos realizados pelos proprietários. Martins e Assaf Neto (1986, p. 298) relatam que o caixa, denominação dos ativos de liquidez imediata, é utilizado para pagamentos de diversas naturezas a fim de suportar as atividades de uma empresa. Ainda, dentre os motivos já citados sobre gestão financeira, relatam inclusive a especulação (prováveis oportunidades com relação a certos itens não monetários, desde que se acredite numa valorização atraente de seus preços que pode justificar maiores investimentos em caixa). Na seqüência se discorre a respeito do orçamento operacional como instrumento de gestão financeira. 2.4.2 Orçamento operacional Orçar significa processar os dados contábeis atuais e transpô-los para os exercícios seguintes. É prever os dados futuros em função dos dados do passado e do presente, conforme Padoveze (1997, p. 353). Esse autor ainda destaca que não há basicamente nada de especial para se fazer orçamento. Bastando apenas colocar no sistema de informação contábil gerencial os dados que deverão acontecer no futuro. Ressalta que a importância do plano orçamentário, além de prever as ocorrências futuras e respectivos controles, é estabelecer e coordenar os objetivos das diversas áreas da empresa, fazendo que todos, sinergicamente, busquem os planos de lucro estabelecidos.

Segundo Assef (1999, p. 106), o orçamento empresarial dita os rumos do negócio num horizonte de tempo maior, desde a política de precificação e de custos, até as linhas de negócios que deverão ser incentivadas, eliminadas etc. O orçamento empresarial, conforme Atkinson et al (2000, p. 465), quantifica as entradas e saídas de dinheiro para determinar se um plano financeiro atingirá as metas organizacionais. Para Warren et al (2001, p. 179) o orçamento envolve: (i) o estabelecimento de metas específicas, (ii) a execução de planos para atingir suas metas e (iii) a comparação periódica dos resultados efetivos com as metas. Gitman (2001, p. 266) considera o orçamento operacional como o processo de avaliação e seleção de investimentos de longo prazo consoantes com a meta da empresa de maximização de riqueza a seus proprietários. E, em se tratando de empresas, é mais comum a aplicação desses recursos em ativos imobilizados, ao qual são a base de poder de geração de riqueza. Frezatti (2000, p. 27) diz que o controle orçamentário deve ser um instrumento que permita à organização entender a que distância estão seus resultados em relação ao que planejou para dado período. E a elaboração do orçamento exige que os objetivos definidos pela organização sejam contemplados e perseguidos. Caso contrário, o orçamento deve ser revisado e ajustado, já que ele é o instrumento gerencial que deve proporcionar a realização dos objetivos. Na próxima seção são abordados os conceitos de Análise das Demonstrações Contábeis.

2.5 Análise das demonstrações contábeis Este capítulo aborda as principais caracterísiticas da Análise das Demonstrações Contábeis, também conhecida como Análise de Balanços. As demonstrações contábeis fornecem uma série de dados seguindo as regras estabelecidas pela Lei 6.404/76. A Análise de Balanços objetiva transformar esses dados em informações e, mais eficiente será, quanto mais oportunas forem as informações produzidas, segundo Matarazzo (2003, p.17). Assaf Neto (2002, p. 100) comenta que As duas principais caracteristicas de análise de uma empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em períodos anteriores e o relacionamento desses valores com outros afins. Dessa maneira, pode-se afirmar que o critério básico que norteia a análise de balanços é a comparação. Padoveze (1997, p. 124) afirma que a análise de balanços objetiva avaliar a situação da empresa em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros. Portanto, sua finalidade é detectar os pontos fracos e os pontos fortes do processo operacional e financeiro, e propor alternativas de curso futuro. Assaf Neto (2003, p. 97) relata que A análise das demonstrações financeiras visa fundamentalmente o estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período do passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posíção atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras. Na realidade, o que se pretende avaliar são os reflexos que as decisões tomadas por uma empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade. Iudícibus (1991, p. 22) considera que o diferencial de uma boa análise de balanços está no seu enfoque e grau de detalhamento, consoante as necessidades do seu usuário. Para a gerência, por exemplo, a análise de balanços além da função de informar o posicionamento relativo e a evolução de vários grupos contábeis, também serve como um painel geral de controle da administração. Neste caso

constrói-se uma série de indicadores financeiros e avalia sua evolução em intervalos de tempo mais curtos, conforme a necessidade. Nos próximos dois tópicos elucidar-se-á sobre a análise vertical e sobre a análise horizontal, que são técnicas que ajudam a conhecer os pormenores das demonstrações financeiras. 2.5.1 Análise vertical Em breves relatos, são apresentados alguns conceitos e aplicabilidades da análise vertical, técnica utilizada na análise das demonstrações contábeis. Análise Vertical, segundo Padoveze (1997, p. 127), é a análise da estrutura do demonstrativo, evidenciando as participações de cada elemento no contexto total. Para Assaf Neto (2003, p. 104), a análise vertical é um processo comparativo, desenvolvido por meio de comparações relativas entre valores afins ou relacionáveis, identificados numa mesma demonstração contábil. Permite que se conheça as alterações ocorridas na estrutra dos relatórios analisados. Hoji (2001, p. 273) assevera que a análise vertical facilita a avaliação da estrutura do Ativo, do Passivo, bem como a participação de cada item da demonstração de resultado na formação do lucro ou prejuízo. Marion (1998, p. 480) considera que esse tipo de análise propicia comparações da percentagem dos itens do ativo em relação a outras empresas, principalmente as concorrentes. Conforme Matarazzo (2003, p. 241), a análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras, calculando o percentual de cada

conta em relação a um valor-base. Exemplificando: na análise vertical do balanço, obtém-se o percentual de cada conta em relação ao total do Ativo. A tabela 1 apresenta um exemplo sintético de análise vertical do ativo, elaborada na empresa objeto do estudo de caso a ser comentado no próximo capítulo. Tabela 1: Análise vertical 31/12/2003 Empresa ABC 31/12/03 GRUPO DE CONTAS Valor Absoluto AV ATIVO Ativo Circulante 10.943.521 69,77% Despesas Ex. Seguinte 4.477 0,03% Ativo Permanente 4.736.552 30,20% TOTAL DO ATIVO 15.684.550 100,00% Fonte: pesquisa realizada pelo autor. Nesse caso, 69,77% do ativo encontra-se em itens do circulante (caixa, direitos a receber e estoques), enquanto que os itens do ativo permanente (imobilizado máquinas e equipamentos, edificações etc...) respondem por 30,20% do total do ativo. Esse prospecto evidenciou a irrelevância dos itens que compõem as despesas de exercício seguinte (0,03% do total do ativo). 2.5.2 Análise horizontal Análise Horizontal é a ferramenta que calcula a variação percentual ocorrida do mesmo elemento entre os períodos analisados. Evidencia se houve crescimento ou decréscimo, segundo Padoveze (1997, p. 134). Hoji (2001, p. 273) elucida que a análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens contábeis, por período. Por sua vez, Marion (1998, p. 483) observa que a análise horizontal é uma seqüência de um mesmo índice ou valores de uma conta durante vários

períodos. Considera ainda que essa análise permite estudar o comportamento dos itens dos demonstrativos contábeis. Assaf Neto (2003, p. 99) afirma que a análise horizontal permite avaliar a evolução dos vários itens de cada demonstração financeira em intervalos seqüenciais de tempo. Por exemplo: as evoluções das vendas e dos lucros dos últimos anos são facilmente avaliadas e interpretadas mediante o estudo da análise horizontal aplicada às demonstrações de resultados. Para Matarazzo (2003, p. 245), a análise horizontal baseia-se na evolução de cada conta em determinado período em relação a mesma conta no período anterior, em relação ao período seguinte, ou em relação a um período base. A tabela 2 apresenta um exemplo sintético de análise horizontal do passivo, elaborada na empresa objeto do estudo de caso. Tabela 2: Análise horizontal 31/12/2003 Empresa ABC. 31/12/02 31/12/03 GRUPO DE CONTAS Valor Absoluto AH Valor Absoluto AH PASSIVO Circulante 2.449.314 100% 8.169.688 334% Exigível a Longo Prazo 230.000 100% 495.000 215% Patrimonio Líquido 4.860.761 100% 7.019.862 144% Total do Passivo 7.540.075 100% 15.684.550 208% Fonte: pesquisa realizada pelo autor. No caso da tabela 2, foi estabelecido o primeiro período da série como período-base (100%), o que demonstrou um aumento de 108 pontos percentuais (208% - 100%) no total do passivo de 2002 para o passivo total de 2003. Os vários autores pesquisados afirmam que ambas as técnicas, análise vertical e horizontal, devem ser avaliadas em conjunto. Isso se deve em função da representatividade da conta analisada em termos do total. Ou seja, a alta taxa de variação de um item não requer atenção especial se esse continuar não tendo expressividade no contexto geral.

A tabela 3 apresenta um exemplo sintético de avaliação conjunta da análise vertical e análise horizontal do demonstrativo do resultado da empresa objeto do estudo de caso. Tabela 3: Análise de representatividade 31/03/2004 Empresa ABC 31/12/03 31/03/04 GRUPO DE CONTAS Valor Valor AV AH Absoluto Absoluto AV AH DRE Receita Operacional Bruta 4.776.887 100,00% 100% 5.894.679 100,00% 123% Deduções da Receita (821.271) 17,19% 100% (1.176.060) 19,95% 143% CPV (3.180.029) 66,57% 100% (3.720.634) 63,12% 117% Despesas c/ Vendas (261.509) 5,47% 100% (363.497) 6,17% 139% Despesas Administrativas (50.799) 1,06% 100% (56.387) 0,96% 111% Outras Despesas Operac. (2) 0,00% 100% (338) 0,01% 15000% Resultado Financeiro (345.855) 7,24% 100% (432.319) 7,33% 125% Prov. Impostos s/ Lucro (55.704) 1,17% 100% (67.958) 1,15% 122% Resultado Líquido 61.718 1,29% 100% 77.486 1,31% 126% Fonte: pesquisa realizada pelo autor. Nota-se que a conta outras despesas operacionais, apesar do expressivo crescimento (15.000% pontos percentuais de 31/03/2004 em relação ao período-base 31/12/2003), continua não tendo expressividade no contexto geral (0,01% da receita operacional bruta). A próxima seção aborda os conceitos da análise por quocientes ou índices. 2.5.3 Análise por quocientes Para Gitman (2001, p. 129), a análise de índices envolve métodos de calcular e interpretar índices financeiros para avaliar o desempenho da empresa. Os insumos básicos para a análise de índices são a demonstração de resultado do exercício e o balanço patrimonial da empresa.

A análise por índices requer algumas precauções. Um índice isolado não constitui de base suficiente para conclusões satisfatórias. Se faz necessário um conjunto de índices complementares, bem como uma comparação setorial e temporal, no entendimento de Assaf Neto (2003, p. 98). Matarazzo (2003, p. 147) relata que a característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa. Os índices financeiros dividem-se em 4 grupos básicos: Índices de Liquidez, Índices de Atividade, Índices de Endividamento e Índices de Rentabilidade. Na denominação de Gitman (2001, p. 132), os índices de liquidez, atividade e endividamento mensuram principalmente o risco, enquanto que índices de rentabilidade mensuram o retorno. Para atender aos objetivos propostos neste estudo, o presente trabalho limitar-se-á a conceituar, definir e exemplificar somente os índices de rentabilidade, conforme exposto na próxima seção. 2.5.4 Indicadores tradicionais de rentabilidade e lucratividade Nesta seção são abordados alguns dos indicadores tradicionais de rentabilidade e lucratividade. Kassai et al (1999, p. 158) observam duas distintas correntes para a análise do retorno de um investimento. Primeiro, a fase de viabilidade de um projeto, que é amparada amplamente por critérios estabelecidos pelas teorias de finanças valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR) e sua versão modificada (TIRM), período de pay-back etc. Segundo, as análises fundamentadas nos relatórios contábeis, quando o projeto já foi implementado.

Como o objetivo do trabalho é avaliar o retorno do investimento de uma empresa já em curso, buscou-se na literatura financeira os indicadores de análise de rentabilidade que possuem maior relação com tal objetivo. Nesta direção, optou-se por enfocar os indicadores conhecidos como Rentabilidade Sobre o Ativo (ROA Return On Assets), Rentabilidade Sobre o Patrimônio Líquido (ROE Return On Equity) e Rentabilidade Sobre o Investimento (ROI Return On Investment), detalhados nas próximas seções. 2.5.4.1 Rentabilidade sobre o ativo (ROA Return On Assets) Kassai (2000, p. 175) cita que a taxa de retorno sobre o ativo (ROA Return On Assets) é obtida através da equação: [ROA = Lucro Operacional / Ativo]. Esse método é um parâmetro que faz a relação entre o lucro contábil (lucro operacional) e o investimento total (ativo total). Matarazzo (2003, p. 178) define o ROA como a alternativa de se calcular o retorno do ativo relacionando o lucro líquido com o ativo total, mostrando quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 1,00 investido. Seguindo a citação do autor acima, para o cálculo do ROA foram coligidos os dados Lucro Líquido (61.718) e o Ativo Total (15.684.549) da empresa objeto do estudo de caso. O resultado da divisão do Lucro Líquido pelo Ativo Total resultou em um ROA de 0,39% [(61.718 / 15.684.549) x 100 = 0,39%]. Pela interpretação deste indicador, conclui-se que para cada R$ 100,00 investidos, a empresa obteve R$ 0,39 de lucro líquido.

Gitman (2001, p. 143) afirma que o ROA mensura a eficiência global da empresa em gerar lucros com seus ativos disponíveis. Relata, ainda, que quanto maior o rendimento da empresa sobre o total do ativo, melhor. Matarazzo (2003, p. 179) aduz que a rentabilidade do ativo não se trata exatamente de uma medida de rentabilidade, mas uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. Contudo, esse índice é uma medida potencial de geração de lucro e do desempenho comparativo ano a ano. 2.5.4.2 Rentabilidade do patrimônio líquido (ROE Return On Equity) Conforme Kassai et al (2000, p. 180), a taxa de retorno do patrimônio líquido (ROE Return on Equity) é uma das principais medidas de rentabilidade, pois está relacionada diretamente com os interesses dos proprietários e investidores. Pode ser calculada através da seguinte expressão: [ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido]. Matarazzo (2003, p. 181) relata que o papel do Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do capital próprio. Então, conforme a expressão citada por Kassai et al (2000, p. 180), para o cálculo do ROE foram apontados os dados Lucro Líquido (61.718) e o Patrimônio Líquido (7.019.862) da empresa estudada neste trabalho. O resultado da divisão do Lucro Líquido pelo Ativo Total resultou em um ROE de 0,88% [(61.718 / 7.019.862) x 100 = 0,88%]. Pela interpretação do indicador mencionado, tem-se que a cada R$ 100,00 investidos de capital próprio, a empresa obteve R$ 0,88 de lucro líquido.

Rappaport (2001, p. 47) assevera que o ROE possui as mesmas limitações inerentes ao ROI (a ser abordado no próximo tópico). Acrescenta na seqüência que, pressupondo que os recursos provenientes do financiamento com capital de terceiros possam ser investidos a uma taxa de retorno maior do que a taxa de captação, o ROE aumentará à medida que mais exigível seja utilizado, contudo o valor da empresa decrescerá devido ao seu aumento no risco financeiro. Stewart (apud LOPO et al 2001, p. 243) afirma que a maior limitação do ROE é que os gerentes podem ser tentados a aceitar projetos financiados com exigíveis e rejeitar outros melhores, porém financiados com o patrimônio líquido. Outro método de avaliação de desempenho e de retorno sobre investimento é o Return On Investment (ROI), comentado a seguir. 2.5.4.3 Retorno sobre o investimento (ROI Return On Investment) Lopo et al (2001, p. 240) relatam que não há consenso sobre os conceitos que preconizam a definição do numerador e do denominador no cálculo do ROI. Na sua versão mais simplificada, o ROI é resultado da relação entre o resultado líquido (RL) com o ativo total. Porém, essa versão, como já foi exposto nesse trabalho, também é conhecida como ROA (Return on Assets). Neste mesmo sentido, Gitman (2001, p. 143) é um dos autores que consideram ROI e ROA uma única medida: a taxa de retorno sobre o ativo total (ROA), também chamada de retorno sobre o investimento (ROI) [...]. No visão de Kassai et al (2000, p. 174), o ROI é a expressão mais simples de medida de retorno de investimento. É estabelecida relacionando Lucro Operacional e o Investimento. É importante ressaltar que o lucro operacional é

oriundo somente das atividades normais de uma empresa, excluindo-se o montante dos encargos financeiros e o montante dos investimentos equivalem ao ativo líquido total do ativo diminuído dos passivos de funcionamento (fornecedores, impostos, salários, dividendos, contas a pagar etc...). Sugerem a seguinte expressão para se calcular o ROI: [ROI = Lucro Operacional / Investimento]. Dando seqüência aos exemplos dos métodos tradicionais de avaliação de investimentos, utilizando os dados da empresa ABC, e seguindo a expressão aventada por Kassai et al (2000, p. 174), foram coligidos os dados Lucro Operacional ($ 463.277) e o investimento ($ 8.192.542). A cifra relativa ao investimento foi apurada deduzindo do ativo total ($ 15.684.549) o montante do passivo de funcionamento ($ 6.436.892 de fornecedores, $ 442.131 de obrigações trabalhistas e $ 612.985 de outras obrigações). O resultado da divisão do lucro operacional pelo investimento apresentou um ROI de 5,65% [(463.277 / 8.192.542) x 100 = 5,65%]. Interpretação: para cada R$ 100,00 de investimentos, a empresa obteve R$ 5,65 de lucro operacional. Lopo et al (2001, p. 241) apontam que o método ROI padece das limitações inerentes aos critérios contábeis. Consideram ainda, que tal método desconsidera a idade dos ativos e que dessa forma empresas possuidoras de ativos permanentes mais antigos [...] podem apresentar indicadores mais favoráveis. Rappaport (2001, p. 46) considera que uma das grandes deficiências do ROI é sua negligência com relação ao valor residual do período pós-planejamento de empresas ou unidade de negócios, que tipicamente representam mais de 50% do valor de mercado de uma empresa. Santos (2001, p. 155) aduz, também, que os métodos simplificados de análise de investimento, apesar da simplicidade, apresentam principalmente duas

desvantagens: (i) podem conduzir a decisões de investimento erradas ou subotimizadas; e (ii) têm pouca aplicabilidade aos projetos de investimento com fluxo de caixa não convencional. Warren et al (2001, p. 351) concluem que os métodos que ignoram o valor presente comumente são úteis na avaliação de propostas de investimento de capital cuja vida útil é relativamente curta. Nesses casos, a duração do fluxo de caixa é o fator menos importante. Para minimizar tais deficiências pode ser utilizado o conceito de EVA (Economic Value Added), como forma de verificar a rentabilidade do capital investido. Esse indicador é detalhado nas próximas seções. 2.6 Economic Value Added (EVA) Economic Value Added (EVA) é a expressão inglesa para Valor Econômico Agregado. Registrada em vários países pela Consultoria Stern Stewart & Co., faz menção a um sistema amplo de gestão de empresas, baseado no seu próprio conceito criação de valor. Nas seções seguintes são abordados os aspectos históricos, conceitos, fórmulas de cálculo do EVA, bem como suas vantagens, desvantagens e limitações. Inicialmente enfocam-se aspectos relacionados com a história do método. 2.6.1 Aspectos históricos Araújo e Assaf Neto (2003, p. 24) registram que o sistema de gestão baseado no valor econômico agregado (economic value added) surgiu há mais de

duzentos anos, originado inicialmente como medida de desempenho. No início dos anos oitenta, após estudos da Stern Stewart, passou a ser denominada de EVA. Brigham (1999, p. 91) refere-se ao EVA como sendo o assunto mais discutido no mundo de finanças na atualidade. Porém ele não é novo. Ressalta que a necessidade de ganhar mais do que o custo do capital é uma idéia antiga no mundo dos negócios. Contudo, a idéia do custo de oportunidade foi deixada de lado devido ao enfoque equivocado, centrado na contabilidade convencional. Por sua vez, Anthony e Govindarajan (2002, p. 319) ressaltam que o EVA não passa de uma nova expressão para um conceito disseminado há vários anos: a receita residual. Justificam a utilização da expressão EVA em sua obra porque na atualidade o conceito de receita residual caiu em desuso, apesar de defenderem que ambas têm o mesmo objetivo. Enfatizam ainda que EVA é um exemplo de como uma empresa pode tomar um conceito já descrito em várias obras durante anos, darlhe um outro nome e registrar esse nome como marca de propriedade. Corroborando com a assertiva acima, Frezatti (1998, p.60) considera que EVA não se constitui em novidade conceitual, já que vem sendo tratado de longa data [...]. Fundamenta sua opinião ressaltando que autores como David Ricardo (1820), Marshall (1890), Anthony (1950), Schmalenbach (1961) já discutiam o assunto de forma assemelhada à concepção atual do EVA. inédito, pois, Nesta direção, pode-se afirmar que EVA não se trata de algo totalmente Aritmeticamente, é o lucro operacional após pagamento de impostos menos os encargos sobre o capital, apropriado tanto para endividamento quanto para o capital acionário. O que resta é o valor em dólares pelo qual o lucro excede ou deixa de alcançar o custo do capital utilizado para realizar aquele lucro. Este número é o que os economistas denominam lucro residual, que significa exatamente aquilo que implica: é o resíduo que sobra depois de todos os custos terem sido cobertos. Economistas também se referem a isto como lucro econômico ou aluguel econômico. Nós o chamamos de EVA, valor econômico adicionado (Lopo et al, 2001, p.245).

Warren et al (2001, p.280) registram que conhecidas empresas americanas usam o lucro residual, por vezes denominado de EVA - Economic Value Added (valor econômico adicionado) para guiar suas decisões de investimentos e medir as habilidades dos gerentes em obter rentabilidade sobre os ativos a eles confiados. Martins (2000, p. 33), referindo-se sobre a miopia dos profissionais da área financeira, principalmente os contadores, na adoção do conceito de custo de oportunidade em avaliações financeira e econômica das empresas, ressaltou que muitos professores e profissionais, entre eles Anthony e Schlatter, já tentaram implantar essa idéia, ou ao menos a idéia do juro sobre o capital próprio. Ressalta que não há nenhuma recriminação aos seus idealizadores, divulgadores ou seguidores. Muito pelo contrário que pena que não apareceram mais cedo, pois com um bonito nome em inglês e com boa dose de marketing conseguiram acordar tantos executivos que com certeza conheciam a idéia, mas não a praticavam. Considera, ainda, que o EVA nada mais é do que apenas atribuir um custo ao capital próprio e deduzi-lo do lucro. E registra que o Prof. Armando Catelli vem trabalhando há quase 30 anos no desenvolvimento de um modelo, conhecido por GECON, muito mais completo e rico, calcado exatamente no mesmo conceito, o de custo de oportunidade, só que aplicado de forma muito mais ampla. Em seguida comenta-se acerca dos conceitos e fórmulas inerentes ao EVA.

2.6.2 Conceitos e fórmulas de cálculo do EVA Para Young e O Byrne (2003, p. 31) o EVA se baseia na noção de lucro econômico (também conhecido como lucro residual), que considera que a riqueza é criada apenas quando a empresa cobre todos os seus custos operacionais e também o custo do capital. Desenvolvido e popularizado pela consultoria Stern Stewart & Co., o EVA auxilia os gestores a garantir que o investimento contribua na geração de valor aos investidores, conforme comentado por Brigham (1999, p. 91). Esse mesmo autor afirma que o EVA é a forma utilizada para medir a verdadeira rentabilidade de um investimento. As despesas com juros (custo do capital de terceiros) são deduzidas na apuração do resultado líquido. Contudo, o custo do capital próprio é esquecido pela contabilidade convencional e o EVA supera essa deficiência. Para Rosenburg (2002, p. 85) Em linhas gerais, o EVA é igual ao lucro líquido menos o custo do capital do acionista. Serve para indicar se a remuneração do dinheiro aplicado pelo dono no negócio foi superior ao patamar mínimo exigido por ele definido em razão do risco do negócio e de quanto ele poderia ganhar se colocasse o dinheiro em outro investimento. Um EVA positivo mostra que a empresa gerou riqueza. Negativo, que ela destruiu. Segundo Stewart, apud Wernke e Cláudio (2003 p. 33), o EVA é uma medida de resultado residual que subtrai o custo do capital do lucro operacional gerado no negócio. Tal autor salienta que o custo do capital (ou custo de oportunidade) pode ser entendido como o retorno mínimo desejado para os investimentos realizados. Para Young e O Byrne (2003, p. 31) No seu sentido mais elementar, o EVA é uma medida de desempenho, mas seria um erro limitar seu papel a isso. Ele também pode servir como referencial central de um processo de implementação de estratégias [...]. O EVA também é útil para as decisões de alocação de capital, porque se este processo estiver vinculado à remuneração da gestão, o EVA é um forte

estimulador para que os administradores busquem e implementem investimentos geradores de valor. [...]. Uma de suas principais virtudes é que permite o estabelecimento de metas para as divisões e departamentos (por vezes sob a forma de direcionadores de EVA em vez do próprio EVA). Nesta linha, os orçamentos operacionais da empresa, mesmo aqueles vinculados a unidades bastante inferiores na hierarquia organizacional, podem ser vinculados diretamente às exigências dos mercados de capitais. Finalmente, o EVA é uma ferramenta altamente eficaz de comunicação, seja para tornar os conceitos de criação de valor acessíveis aos gerentes de linha, que são, em última instância, os responsáveis pelo desempenho das empresas, como para os contatos que a firma estabelece com os mercados de capitais. Assaf Neto (2003, p. 175) assevera que o EVA é capaz de revelar inúmeras outras oportunidades de ganhos econômicos, como as provenientes de uma melhor gestão do risco, escolha da melhor estrutura de capital, maior giro, entre outras, não vislumbradas pelos indicadores financeiros tradicionais. Conforme Brigham (1999, p. 91), apura-se o EVA deduzindo do Lucro operacional, pós-imposto de renda, o custo anual de todo o capital utilizado pela empresa. Assaf Neto et al, apud Wernke e Custódio (2003, p. 30), listam quatro abordagens distintas para formular EVA: a) EVA formulação contábil do lucro líquido: a determinação do EVA acontece com a dedução do valor pago para remunerar os recursos captados dos acionistas, também conhecido como capital próprio. Por esta abordagem considera-se que os juros pagos na captação de recursos alheios (capital de terceiros) já foram abatidos das receitas como despesas financeiras, originando o lucro líquido; b) EVA formulação contábil do lucro operacional: nesta concepção o cálculo do EVA é realizado com a subtração dos valores que remuneraram os recursos captados junto a terceiros, bem como o capital próprio, do lucro operacional (ou NOPLAT - Net Operating Less Adjusted Taxes);

c) EVA formulação financeira do RROI: o cálculo do EVA considera, por este enfoque, a aplicação do percentual do RROI (residual return on investment) sobre o total dos recursos captados (investimento total). O RROI, segundo tais autores, é o spread entre a taxa de retorno de uma empresa (ROI) menos o seu respectivo custo de capital. d) EVA formulação financeira do WACC: é o enfoque mais tradicional de obtenção do EVA, deduzindo-se do lucro operacional (NOPLAT) a parcela resultante do WACC (sigla de Weight Average Cost of Capital, que expressa o custo médio ponderado do capital, ou o custo de oportunidade da empresa obtido pela ponderação dos custos dos capitais próprios e de terceiros). quadro 1. Para Young e O Byrne (2003, p. 44) calcula-se o EVA conforme consta da Vendas Líquidas ( - ) Despesas Operacionais ( = ) Lucro Operacional (ou lucro antes das despesas financeiras e do imposto de renda = (EBIT) ( - ) Imposto de Renda ( = ) Lucro Operacional após imposto de renda (NOPAT) ( - ) Custo do Capital (capital investido x custo do capital) ( = ) EVA Quadro 1: Cálculo do EVA de Young e O'Byrne (2003). Assaf Neto (2002, p. 240) apresenta a expressão de cálculo do EVA como sendo: [EVA = Lucro Operacional (Investimento x CMPC)]. Kassai et al (2000, p. 194) manifestam que o EVA, em sua formulação financeira do WACC, pode ser calculado através da expressão: [EVA = Investimentos x (ROI WACC)]. Convém ressaltar que no âmbito da avaliação financeira de investimento, conforme Gitman (2001, p. 352), o custo médio ponderado de capital CMPC (também encontrado em algumas bibliografias como WACC Weighted Cost of

Capital) é a ponderação do custo de cada tipo específico de capital por sua proporção na estrutura de capital da empresa. Hoji (2001, p. 197) assevera que o custo médio ponderado de capital (CMPC) é a soma dos custos ponderados resultantes da multiplicação dos custos efetivos pelas respectivas taxas de participação (pesos) na estrutura de capital. Kassai et al (2000, p. 194) relatam que para se calcular o custo médio ponderado de capital, se faz necessário identificar o retorno almejado pelos acionistas custo do capital de próprio (Ke), e o custo do capital de terceiros (Ki). Após, aplica-se a fórmula: [WACC = (%Capital de Terceiros x Ki) + (%Capital Próprio x Ke)]. Por exemplo: numa empresa que possui estrutura de capital onde 60% é de capital próprio a um custo (Ke) de 18% e os restantes 40% são de capital de terceiros a um custo (Ki) de 15%, o WACC respectivo será: WACC = (%Capital de Terceiros x Ki) + (%Capital Próprio x Ke); WACC = (40% x 15%) + (60% x 18%); WACC = 6% x 10,8%; WACC = 16,8%. É importante ressaltar, conforme Wernke e Cláudio (2003, p. 36), que diferentemente do exemplo relatado, o cálculo do WACC pode ser bastante aprimorado. Diversos autores, como Copeland et al (2000, p.221), Motta e Calôba (2002, p.355), sugerem fórmulas complexas para determinação do WACC que envolvem diversos fatores. Na mesma direção, a obra de Galesne et al (1999, p. 233) é outra que apresenta fórmulas bastante complexas de calculo do CMPC. Por sua vez, Araújo e Assaf Neto (2003, p. 25) relatam que do ponto de vista contábil, o EVA nada mais é do que a aplicação efetiva do custo do capital

próprio. Citando Martins, tais autores consideram que o valor econômico adicionado inicia-se pelo lucro contábil baseado nos princípios fundamentais de contabilidade, sendo em seguida ajustado. Cavalcante Filho e Misumi apud Wernke e Custódio (2003, p. 31) propõem o cálculo do EVA através da equação EVA = A B, onde (A) é o lucro líquido operacional real da companhia, menos os impostos pagos e (B) o custo de todos os capitais empregados no ano (capitais de terceiros e próprio). Após o cálculo do EVA, deve se analisar a pertinência do resultado obtido. Conforme o caso, iniciativas no sentido de aumentar a riqueza gerada pelas operações devem ser avaliadas. Para Maher (2001, p. 703) há três maneiras de se aumentar o EVA; a) aumentar o lucro sem utilizar mais capital: para tal objetivo, a tendência atual é o corte de custos; b) utilizar menos capital: utilizar equipamentos mais baratos, por exemplo; e c) investir capital em projetos de alto retorno: investir me projetos que tragam EVAs positivos. Conforme Young e O Byrne (2003, p. 72), o EVA aumenta quando ocorre qualquer uma das seguintes condições: (i) Retornos maiores sobre o capital existente: aumentando o retorno sobre o ativo líquido mantendo constante o WACC; (ii) Crescimento Lucrativo: investir em projetos que superem o custo médio ponderado do capital - WACC, dessa forma aumenta-se o EVA; (iii) Desinvestimento de atividades destruidoras de valor: desfazer-se de investimentos que tragam retorno inferior ao CMPC;

(iv) Alongamento dos períodos nos quais haja expectativa de o RONA 1 ser maior que o WACC: alongar os investimentos onde haja expectativa de que os retornos superem o custo do capital empregado; (v) Reduções no custo do capital: reduzir a expectativa de ganhos. Tem o mesmo efeito que a alternativa iv, considerado as mesmas proporções. A utilização do EVA proporciona benefícios informativos que são apresentados na próxima seção. 2.6.3 Vantagens da utilização do EVA As vantagens pertinentes ao modelo de avaliação de investimento baseado no EVA são apresentadas a seguir. Cavalcante Filho e Misumi, apud Wernke e Custódio (2003, p. 35), ressaltam que a partir do cálculo do EVA, que representa o momento atual na avaliação global do negócio, os analistas obtêm uma radiografia realista do desempenho da companhia. Ou seja, serão capazes de medir se é pertinente a companhia empregar determinado nível de capital (próprio e de terceiros), avaliando se este capital rende mais do que custa para ser captado. Nascimento, apud Lopo et al (2001, p.247), sintetiza em dois os aspectos positivos de EVA: (a) capacidade de conscientizar rapidamente o gestor sobre as expectativas do investidor em relação a sua atuação; e (b) simplicidade de compreensão. Atkinson et al (2000, p. 649) ressaltam que, ao contrário do retorno sobre investimento, o valor econômico adicionado não induz os administradores a rejeitar 1 RONA (Return On Net Assets) significa Retorno Sobre os Ativos Líquidos. É obtido através da expressão (NOPAT / Ativos Líquidos), conforme Young e O Byrne (2003, p. 53).