Excelentíssima Senhora Doutora Juíza de Direito da Vara Cível da comarca de Nova Esperança (PR).



Documentos relacionados
10 LINHAS I. DOS FATOS. A autora teve um relacionamento esporádico. com o réu, no qual nasceu Pedro.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA SC

EMENTA CIVIL - DANOS MORAIS - NEGATIVA NA CONCESSÃO DE PASSE LIVRE EM VIAGEM INTERESTADUAL - TRANSPORTE IRREGULAR - INDENIZAÇÃO DEVIDA.

ACÓRDÃO. Rio de Janeiro, 15 / 04 / Des. Cristina Tereza Gaulia. Relator

2º JUÍZO SECÇÃO DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO OPOSIÇÃO À AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE PORTUGUESA PROCESSO CRIME PENDENTE SUSPENSÃO DA INSTÂNCIA

1º LABORATÓRIO DE PEÇAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº AGRAVANTE: JAQUELINE MACIEL LOURENÇO DA SILVA

Copyright Proibida Reprodução.

2ª fase- Direito Administrativo. 02/ CESPE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

RECURSOS IMPROVIDOS.

P O D E R J U D I C I Á R I O

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PIRAJU SP

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

Nº COMARCA DE NOVO HAMBURGO A C Ó R D Ã O

ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO Comarca da Capital 2ª Vara Cível

DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO - QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA - EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - ART. 557, DO CPC.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Na data designada, foi aberta audiência inaugural, a reclamada apresentou sua defesa, anexando procuração e documentos. Alçada fixada.

Estado de Mato Grosso Poder Judiciário Comarca de Primavera do Leste Vara Criminal

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco,

CONCLUSÃO. Vistos. Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fernando Oliveira Camargo. fls. 1

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

Novo Código de Processo Civil e a antiga Medida Cautelar de Antecipação de Garantia

Nº COMARCA DE CACHOEIRINHA A C Ó R D Ã O

CASOS COM TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE E PROCESSO COM HOMÍCIDIOS DOLOSOS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

/001 <CABBCDCAABBAACDAADDAAACDBADABCABACDAADDADAAAD>

Petição Inicial MERITÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DO JUÍZO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE UBERABA-MG.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL OAB

DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RELATORA: DES

CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA A OUTORGA DE DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Processo de arbitragem. Sentença

Código: Processo Nº: 0 / Partes. Andamentos

1. PETIÇÃO INICIAL RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.

NOTA INFORMATIVA Nº 758 /2012/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP. Assunto: Ponto Eletrônico. Atestado de Comparecimento. Compensação de Horário

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ESTADO DO PIAUÍ PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE PAULISTANA

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 9ª REGIÃO

TURMA RECURSAL SUPLEMENTAR JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Só em circunstâncias muito excepcionais pode o advogado ser autorizado a revelar factos sujeitos a sigilo profissional.

TUTELAS PROVISÓRIAS: TUTELA DE URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA.

2ª TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma KA/cbb/tbc

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N /GO (d) R E L A T Ó R I O

lauda 1

MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

CONSELHO MUNICIPAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO REGIMENTO INTERNO

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA E DOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES INICIAIS

Supremo Tribunal Federal

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

Maternidade, Paternidade e Família dos Trabalhadores

PROCESSO PENAL COMNENTÁRIOS RECURSOS PREZADOS, SEGUEM OS COMENTÁRIOS E RAZÕES PARA RECURSOS DAS QUESTÕES DE PROCESSO PENAL.

QUESTÕES E PROCESSOS PARTE II

R E L A T Ó R I O. O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI: Trata-se de. habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado por

PROVAS ASPECTOS GERAIS.

Tribunal de Contas da União

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

PROVIMENTO nº 58/2008-CGJ

QUINTA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível nº Relator: DES. HENRIQUE CARLOS DE ANDRADE FIGUEIRA

RESOLUÇÃO Nº 273, de

Atualização Sobre Legislação a Respeito de Testagem de Álcool e Outras Drogas

ANEXO 1 - MODELO DE ESCRITURA DE SEPARAÇÃO CONSENSUAL SEM PARTILHA DE BENS

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

2. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Faculdade de Direito

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO. 29ª Vara Federal do Rio de Janeiro

CONSULTA N.º 07/2013 OBJETO: Guarda de Fato pela Avó Dever dos Pais de Pagar Alimentos Representação Processual INTERESSADO: Maria Gorete Monteiro

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

MATERIAL DE AULA DOS DOCUMENTOS. Art Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.

ACÓRDÃO Nº 22 / JUN/1ª S/SS

CARTILHA SOBRE DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL APÓS A DECISÃO DO STF NO MANDADO DE INJUNÇÃO Nº 880 ORIENTAÇÕES DA ASSESSORIA JURIDICA DA FENASPS

Revista Pesquisas Jurídicas ISSN (v. 3, n. 2. jul./out. 2014)

Em Despacho nº 715/2011/GFIS/SER/ANAC, de 11/05/2011 (fls. 12 do processo

SENTENÇA. Maxcasa Xii Empreendimentos Imobiliários Ltda

MELTON ADMINISTRADORA DE BENS LTDA

O Novo Regime das Medidas Cautelares no Processo Penal

LEI COMPLEMENTAR N. 13, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1987

DECISÃO. em processo em trâmite na 3ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital,

PROVIMENTO Nº 22/2015. A Corregedora-Geral da Justiça, Desembargadora Regina Ferrari, no uso das

15/05/2013 MODELO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

DESPACHO SEJUR N.º 513/2015

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA SÉTIMA CAMARA CIVEL/ CONSUMIDOR JDS RELATOR: DES. JOÃO BATISTA DAMASCENO

Norma da Residência de Estudantes de Pós-graduação

A requerente sustenta, mais, em síntese:

2ª FASE OAB CIVIL Direito Processual Civil Prof. Renato Montans Aula online. EMBARGOS INFRINGENTES (Art do CPC)

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº / CLASSE CNJ COMARCA DE RONDONÓPOLIS

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Primeira Câmara Cível

PROCEDIMENTO DA DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS ART. 6º E 7º

COMPLEXO EDUCACIONAL DAMÁSIO DE JESUS EXAME DA OAB ª FASE DIREITO DO TRABALHO AULA AÇÃO RESCISÓRIA E AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

LEI Nº DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998

MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL - ACRE GABINETE DO PREFEITO MEDIDA PROVISÓRIA N 002/2013, DE 14 DE MARÇO DE 2013.

A violação do direito ao sigilo das conversas telefônicas

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº F DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

CONSIDERAÇÕES SOBRE ATESTADOS MÉDICOS. Caxias do Sul, 23 de julho de 2015

Transcrição:

MODELO DE ACP INTERESSE INDIVIDUAL INDISPONÍVEL Modelo de ACP para Proteção de Interesse Individual Indisponível de Pessoa Idosa com Pedido de Tutela Antecipada Excelentíssima Senhora Doutora Juíza de Direito da Vara Cível da comarca de Nova Esperança (PR). O Ministério Público do Estado do Paraná, por intermédio do promotor de justiça subscritor da presente, com atribuições junto à Primeira Promotoria de Justiça, que abarca as atribuições da Promotoria de Justiça de Defesa da pessoa idosa, nos termos do que dispõe a Lei n. 10.741/2003, respeitosamente vem interpor a presente... AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO DE INTERESSE INDIVIDUAL INDISPONÍVEL DE PESSOA IDOSA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em desfavor de... RICARDO ZERELOFF, brasileiro, separado, desocupado, maior, filho de Francisco Zelleroff FilhoEmilia Cortez Zerelof, residente sito na Rua Lord Lovat, n. 927, neste município e comarca de Nova Esperança (PR), consoante os seguintes fatos: DOS FATOS 1. No dia 23 de fevereiro de 2007, compareceu no gabinete desta 1ª Promotoria de Justiça da comarca de Nova Esperança (PR), as pessoas de Rubens Zellerof, Stella Gomes Navarro Zelleroff e Roberto Felipe de Almeida, os quais, qualificados no termo em anexo, narraram (Rubens e Stella) serem filho e nora da viúva Emilia Cortez Zellerof, brasileira, viúva, aposentada, nascida aos 19.03.1926 (81 anos de idade), residente sito na Rua Lord Lovat, n. 927, centro, neste município e comarca de Nova Esperança (PR). 2. Os tais (Rubens e Stella) narraram a esta Promotoria de Justiça que residem na vizinha cidade de Maringá (PR) e que vem recebendo telefonemas de que Emilia Cortez Zellerof vem sendo maltratada e espancada pelo filho Ricardo, que com ela reside, dizendo que já houvem estas reclamações a cerca de 2 (dois) anos, sendo que inclusive Emilia sempre aparece com hematomas no corpo. Narram que ao questionarem a Emlia se ela está sendo espancada por Ricardo, ela nega, pois que tem pavor e medo de Ricardo. De vez em quando Stella vem para Nova Esperança para acompanhar Emilia até o médico, todavia, Ricardo não deixa ela ficar sozinha com Rubens e Stella. Mais recentemente, manchas enormes nas pernas e nos braços de Emilia, tem surgido, certamente por conta de pancadas que Ricardo lhe desfere, inbostante ela diga que seja proveniente de queda e tombo. Na verdade, ela está apanhando frequentemente de Ricardo, que muito bebe e fica extremamente violento. 3. Em razão destas notícias, instauramos o Procedimento Preliminar Investigatório e de Averiguação que recebeu o n. de registro 06/2007 e encontra-se registrado no Livro 01, página 40, dos anais desta Primeira Promotoria de Justiça, que instrui a presente. 4. Rubens e Stella narram que Ricardo já ameaçou colocar fogo na casa, destrói peças da casa. Dizem que já tentaram fazer com que ela viesse morar consigo, todavia, ela recusa-se

porque tem medo dele vir atrás dela, dizendo que Ricardo, o requerido, é uma pessoa dissimulada. Contam que Ricardo tem cerca de 45 anos e está desempregado e ainda bebe muito. Conta que as pessoas na rua tem medo dele porque ele é violento. Conta que recentemente Ricardo ameaçou de morte um outro irmão chamado Rui, que morre de medo do Ricardo. 4. Outrossim, a pessoa de Roberto Felipe de Almeida narrou que já ouviu falar que dona Emilia é espancada por Ricardo. Conta que a 3 ou 4 meses vem conversando com a família sobre o fato e estes dias, inclusive, uma vizinha de dona Emilia, contou dentro de um carro de transporte de professores, que ouviu os gritos de Dona Emilia sendo espancada por Ricardo e no outro dia viu ela cheia de hematomas. Conta ainda que num dia destes, num sábado chuvoso, viu Emilia sentada na Praça Mello Palheta, ainda que estivesse chovendo e era pela manhã. Interceptou-a e ela disse que estava descansando. Depois de 30 minutos passou no local e ela continuava ali, sob chuva e por isto concluiu que certamente ela estava com receio e voltar para casa. As pessoas tem medo de Ricardo. Sua ex-esposa o tema. Entende que Emilia corre risco de vida. 5. Em razão destas notícias, oficiamos à Assistente Social do Município de Nova Esperança (vide ofício n. 078, datado de 12.03.2007 fls. 04), solicitando visitasse a viúva e verificasse as notícias trazidas pela família. 6. Juntamos aos autos antecedentes criminais do requerido, atestando (fls. 05) que o mesmo já foi processado pela contravenção penal de perturbação do sossego alheio e pelo crime de homicídio com dolo eventual (vide certidão de fls. 06/07). 7. Após perpetrar a visita solicitada, a Assistência Social nos remeteu o relatório (vide fls. 8/11), relatando que: 7.1 após conversar com os vizinhos, os tais confirmaram que dona Emília, pessoa idosa, sofre agressões físicas e verbais de seu filho Ricardo, sendo possível ouvir gritos e murros nas paredes; 7.2 após conversar com os vizinhos, confirmaram que Dona Emília já sofreu agressões físicas e recorreu a uma vizinha, ocasião em que esta a levou ao Posto de Saúde para fazer curativos no braço que estava com lesões, e a abrigou por uma noite em sua residência; 7.3 com o passar do tempo, os vizinhos perceberam que dona Emilia estava se isolando da convivência social, aumentou o tamanho do muro, recebe poucas visitas, é sistemática e tenta manter os padrões conservadores de uma boa família; 7.4 confirmaram que o filho e nora de Maringá de vez em quando vem à Nova Esperança para levá-la para tratamento médico. 7.5 as pessoas identificadas pediam para não se identificar, pois temem as atitudes de Ricardo. 8. No diálogo mantido com dona Emilia, a Assistência Social narrou (fls. 09):

8.1 que na primeira vez que foram visitá-la, dona Emilia negou-se a recebê-los, dizendo que seu filho Ricardo estava em casa; 8.2 marcou outro dia para receber a Assistência, e no princípio, dona Emilia se mostrava apreensiva, porém, com o desenrolar da conversa, mostrou-se receptiva, contando que é viúva a 23 anos e mora em sua própria casa, tendo em sua companhia o filho Ricardo; 8.3 conta que seu marido nunca trabalhou no mercado formal e por isto não recebe pensão fruto de seu falecimento, todavia, é aposentada como professora, recebendo a pensão de R$350 reais mensais; 8.4 confirma a condição de alcoolismo do filho, com uso praticamente diário, dizendo que se sente muito triste com esta situação; 8.5 confirma que Ricardo chega em casa alcoolizado, alterado, agressivo, grita e agride verbalmente e algumas vezes a pega pelo braço com muita força e a machuca e ela se recolhe em seu quarto para evitar contato com o filho, evitando, também, possíveis agressões; 8.6 dona Emilia estaria ansiosa com a possibilidade de Ricardo ir trabalhar no Estado do Mato Grosso do Sul, pois poderia viver em paz e seus filhos poderiam voltar a visitá-la. 9. A Assistência Social, por fim, no relatório de fls. 11, narra que a idosa está fragilizada e foi encaminhada para tratamento psicológico e receberá acompanhamento da Assistência Social, concluindo, todavia, que seu convívio com o filho apresenta risco físico e psíquico. DO DIREITO 10. A Lei n. 10.741/03 dispõe sobre o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (artigo 1º) (NOTA:1 Art. 1º. É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.), portanto, tendo Emilia Cortez Zeleroff a idade de 81 anos, o estatuto aplica-se ao caso. 11. O artigo 2º do Estatuto do Idoso anela que o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata referido Estatuto, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. 12. O artigo 3º do Estatuto afirma que é obrigação do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, saúde, liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 13. O artigo 10, 2º do Estatuto do Idoso assegura o direito ao respeito, que consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral. O 3º garante seu direito de não ser submetido a tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

14. O artigo 43 e incisos do Estatuto do Idoso anelam sobre as condições de risco em que o idoso pode estar assente: Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento. III em razão de sua condição pessoal. 15. É possível detectar nos autos que instruem o presente procedimento, com indicadores de testemunhas, familiares e vizinhos da idosa Emilia Cortez Zeleroff, que a mesma está sendo praticamente todo dia ofendida moral e fisicamente pelo requerido, que, desempregado e utilizando de bebida alcoólica, constrange gravemente o sossego e bem estar psíquico e físico da referida senhora, que, com 81 anos de idade, está a mercê do próprio filho e em condições de extrema fragilidade. O filho que lhe teria que dar aconchego e apoio, ao contrário, age com violência e constrangimento, sendo um inimigo dentro da própria casa da anciã. DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO 16. O artigo 44 da Lei n. 10.741/03 anela que sempre que quaisquer das alternativas condições do artigo 43 e incisos estiverem presentes, o próprio Ministério Público poderá solicitar ao Poder Judiciário as medidas pertinentes para proteção da pessoa idosa. O artigo 45 (NOTA:2 Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade; II orientação, apoio e acompanhamento temporários; III requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; IV inclusão em programa oficial ou comunitário de orientação... V abrigo em entidade; VI abrigo temporário;) anela que "o Poder Judiciário poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas...". As medidas constantes dos incisos I a VI não são taxativas, pois o Poder Judiciário poderá encarar as tais, dentre outras. Quais seriam as "outras" medidas pertinentes? Seriam aquelas adequadas para cada situação concreta envolvendo a pessoa idosa, as quais seriam impossíveis numerar na legislação. 17. O artigo 74, inciso I anela que o Ministério Público pode propor medidas em proteção

para garantir os direitos individuais indisponíveis da pessoa idosa. Art. 74. Compete ao Ministério Público: I instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso. 18. O interesse individual indisponível, no caso, é a vida da referida pessoa idosa, cuja integridade física e mental está sob perigo, por ação direta de seu filho, de 45 anos, o requerido Ricardo Zeleroff, que continuamente a agride verbalmente e fisicamente. 19. O artigo 81, inciso I do Estatuto do Idoso reforça a legitimidade do Ministério Público ao assentar: Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente: I O Ministério Público; 20. E por fim, quaisquer manejos processuais são bem-vindos para a proteção da pessoa idosa, conforme anela o artigo 82. Art. 82. Para a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes. 21. No caso em apreço a medida pertinente que se sugere para proteger a idosa Emilia Cortez Zeleroff é a determinação para que o réu desocupe a residência onde reside a viúva e idosa e seja impedido de se aproximar ou manter contato com referida senhora, mantendo-se dela afastado por 100 metros, proibindo-o terminantemente de entrar na casa, no quintal ou de aproximar-se da referida residência ou mesmo de Dona Emília, à margem de 100 metros, onde quer que ela esteja. A solução para o problema da idosa é justamente afastar o que está lhe fazendo mal, no caso, o requerido, pois sua presença é um risco à integridade psíquica e física da idosa. DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA 22. O artigo 83 e do Estatuto do Idoso conferem a possibilidade da concessão da tutela antecipada a fim de garantir o resultado prático equivalente ao adimplemento. Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providência que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento. 1º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma do artigo 273 do Código de Processo Civil.

2º. O juiz poderá, na hipótese do 1º ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. 23. Indo-se ao disposto no artigo 273 do CPC, verifica-se ali que as condições e requisitos para concessão da tutela antecipada estão presentes. 24. O artigo 273 do Código de Processo Civil (NOTA:3 Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II fique caracterizado o abuso do direito ou o manifesto propósito protelatório do réu.) anela a possibilidade de o juiz conceder a tutela antecipada, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e que alternativamente haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou que fique caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. 25. No caso em espécie, há nos autos prova inequívoca do que se argumenta na inicial à ponto de convencer Vossa Excelência da verossimilhança da alegação, pois que, as declarações prestadas por um filho e nora da viúva, mais as declarações de um cidadão comum desta cidade, aliado a testificação do relatório expedido pela Secretaria Municipal de Assistência Social, aventando ponderações de vizinhos e da própria viúva, dá a clara conotação de que a idosa (81 anos), fragilizada, sofre eminente risco contra sua integridade física e psíquica. 26. Outrossim, o outro elemento alternativo, se desponta, pelo escrito no inciso I do artigo 273 do CPC, ("...fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação...") pois que, a expectativa de que a idosa venha a ser agredida física e psicologicamente é real e eminente, podendo resultar em dano irreparável (morte) ou de difícil reparação (quebra de um braço, perna, prejuízo psíquico), principalmente à levar em conta que a idosa tem 81 anos de idade. 27. Sobre a concessão de tutela antecipada em casos como o em discussão, a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais já se manifestou: Número do processo: 1.0220.06.935558-8/001(1) Relator: EDILSON FERNANDES Data do acordão:

20/06/2006 Data da publicação: 21/07/2006 Ementa: AÇÃO CIVIL PÚBLICA - PACIENTE IDOSO - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - TUTELA ANTECIPADA - REQUISITOS - MINISTÉRIO PÚBLICO - LEGITIMIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 74, I, DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). O Ministério Público Estadual tem legitimidade para ajuizar Ação Civil Pública para a proteção de direitos difusos e coletivos, bem como dos direitos individuais, como o direito à saúde do paciente idoso (art. 74, I, da Lei 10.741/2003). Existindo prova inequívoca que autorize a conclusão pela verossimilhança da alegação, aliado a presença dos requisitos do 'fumus boni iuris' e do 'periculum in mora', a tutela antecipada deve ser deferida. Súmula: NEGARAM PROVIMENTO. 28. Os requisitos para tutela antecipada estão presentes, como estariam também presentes os requisitos de um pedido de liminar, se este fosse o enfoque, pois que, da mesma forma, estão presentes o "fumus boni iuris" e o "periculum in mora". 29. De forma que, com fundamento no artigo 273 do CPC e artigo 83 da Lei n. 10.741/03, REQUEREMOS seja concedida a tutela antecipada no sentido de que: 29.1 seja concedido medida protetiva, requerendo a este juízo (artigo 43, inciso II e artigo 45 "caput" dentre outras da Lei n. 10.741/2003), determine ao requerido que desocupe imediatamente o imóvel urbano sito na Rua Lord Lovat, n. 927, centro, neste município e comarca de Nova Esperança (PR), proibindo-o ainda de se aproximar da idosa Emília Cortez Zeleroff pelo espaço de no mínimo 50 metros, não podendo, em hipótese alguma tornar ao imóvel, seja temporária ou permanentemente, impondo multa diária de R$100.00, sem prejuízo de desde já autorizar a polícia judiciária e militar a cumprir ou acompanhar o Meirinho para cumprir o mandamento judicial; 29.2 seja aplicada medida protetiva, de conseqüência, requisitando, de ofício, à Secretaria de Assistência Social, que visite quinzenalmente a referida viúva, introduzindo a mesma em tratamento psicológico (artigo 45, inciso II) e tratamento de saúde domiciliar (medir pressão, etc) pelo prazo de 06 (três) meses, devendo fazer relatório todo dia 30 de cada mês, durante seis, a contar do primeiro 30º dia posterior ao recebimento da notificação para tal. DO PEDIDO FINAL 30. Em razão do exposto, REQUEREMOS: 30.1 seja vislumbrado (se ainda não foi) o pedido de tutela antecipada anotado acima; 30.2 seja concedido o benefício da Justiça Gratuita, por ser o (a) favorecido (a) pessoa

carente, nos termos da Lei nº 1.060/50; 30.3 - a citação do requerido Ricardo Zeleroff para que no prazo de 15 (quinze) dias responda aos termos da presente (artigo 19 da Lei n. 7.347/85, artigo 274, 285 e 297 do CPC), constando no mandado que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor; 30.4 - a confirmação, no mérito, do pedido de tutela antecipada, julgando-se a ação totalmente PROCEDENTE para o fim de que o seja determinado ao réu Ricardo Zeleroff que se retire imediatamente e se abstenha de retornar no endereço sito na Rua Lord Lovat, 927, centro, município e comarca de Nova Esperança (PR), determinando ainda ao tal que mantenha distância de no mínimo 50 metros de sua genitora Emilia Cortez Zeleroff, fixando multa diária de R$100.00 em caso de descumprimento e fincando no mandado, desde já, autorização judicial para que a polícia judiciária ou militar endosse a ação do meirinho ou por si mesmo para cumprir o mandado judicial; 30.5 protestamos por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente testemunha, documental e pericial e ainda seja anexado a esta petição inicial o incluso PPIA n. 06/2007; 30.6 requeremos seja o requerido condenado ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios em favor do Ministério Público; 30.7 - atribuímos a causa o valor de R$350.00. Termos em que P.deferimento Nova Esperança, 17 de abril de 2007. Nivaldo Bazoti Promotor de Justiça