SUMÁRIO EXECUTIVO DO PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS PRIMATAS DO NORDESTE

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Transcrição:

Callicebus barbarabrownae Cebus flavius Alouatta belzebul Callicebus coimbrai Cebus xanthosternos SUMÁRIO EXECUTIVO DO PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS PRIMATAS DO NORDESTE

O Brasil abriga a maior diversidade de primatas do planeta, com 135 táxons reconhecidos para o país. A Mata Atlântica é um hotspot da biodiversidade mundial por concentrar uma das maiores taxas de endemismo e de espécies em risco de extinção, incluindo primatas. A situação desse bioma no nordeste brasileiro é ainda mais grave, e ali sobrevivem dois primatas endêmicos e ameaçados: o guigó (Callicebus coimbrai) e o macacoprego-galego (Cebus flavius). Também estão presentes nessa região diminutas populações do guariba-de-mãosruivas (Alouatta belzebul), único primata de grande porte que habita a Mata Atlântica ao norte do rio São Francisco. Já a Caatinga, apesar de ser o único bioma exclusivamente brasileiro, ainda recebe poucos projetos de pesquisa e conservação da biodiversidade. O guigó-da- Caatinga (Callicebus barbarabrownae) é o único primata endêmico a esse bioma e está em risco de extinção, assim como o macaco-prego-de-peito-amarelo (Cebus xanthosternos), que também habita a Caatinga, mas tem suas maiores populações na Mata Atlântica nordestina. Estes cinco primatas, que estão restritos aos escassos remanescentes florestais da Mata Atlântica e Caatinga da região nordeste do Brasil, constituem o escopo do presente plano de ação. Todos estão seriamente ameaçados de extinção devido à devastação das florestas, que causa a redução de seus hábitats e o isolamento de suas populações, além de parte deles ter distribuição restrita e ser alvo de caça e domesticação. Assim, em conformidade com as diretrizes da Portaria Conjunta ICMBio/MMA Nº 316/2009 e do Decreto Nº 7.515/2011, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade promoveu, junto a parceiros institucionais de diversos setores da sociedade, um pacto em torno de metas e ações para reverter a situação de risco destas espécies. Este pacto está consolidado no presente Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Primatas do Nordeste, a ser implementado até 2016. ESTADO DE CONSERVAÇÃO ESPÉCIE / CATEGORIA DE AMEAÇA* Alouatta belzebul Vulnerável (IUCN) Callicebus barbarabrownae Criticamente em Perigo (Brasil/MMA, IUCN) Callicebus coimbrai Criticamente em Perigo (Brasil/MMA) Em Perigo (IUCN) Cebus flavius Criticamente em Perigo (IUCN) Cebus xanthosternos Criticamente em Perigo (Brasil/MMA, IUCN) JUSTIFICATIVA Declínio populacional de pelo menos 30% nos últimos 40 anos, devido à caça e perda de hábitats. A situação na Mata Atlântica é crítica, com menos de 200 indivíduos remanescentes. População total estimada em menos de 250 indivíduos maduros, severamente fragmentada em pequenas subpopulações e em contínuo declínio devido ao desmatamento. Distribuição restrita (150 km²) e população estimada em 2.000 indivíduos, severamente fragmentada e em contínuo declínio por desmatamento e perda da qualidade dos hábitats. População total extremamente pequena, em contínuo declínio e severamente fragmentada. Espécie redescoberta após a avaliação nacional vigente. Severo declínio populacional, estimado em mais de 80% nos últimos 50 anos, devido à perda extensiva de hábitats e à caça. *Brasil/MMA: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (2008); IUCN: IUCN Red List of Threatened Species (2008). Fotos da capa: Antonio Estrela, Frederico Acaz, Keoma Rodrigues, Leandro Jerusalinsky, Luciano Canisani, Renata Rocha.

ESPÉCIES-ALVO Alouatta belzebul Guariba-de-mãos-ruivas Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Atelidae Gênero: Alouatta Espécie: Alouatta belzebul (Linnaeus, 1766) Nomes populares: guariba, guariba-de-mãos-ruivas, guaribade-mãos-vermelhas Características gerais Primata de grande porte, com até 100 Alouatta belzebul cm e 4,5 kg. Tem coloração predominantemente preta/marrom-escuro com mãos, pés e terço final da cauda avermelhados. Formam grupos de dois a 14 indivíduos, dos quais os machos dispersam quando atingem a maturidade sexual. Tem gestação de um filhote a cada dois anos. Possuem dieta folívora-frugívora. Sua potente vocalização pode ser ouvida a grandes distâncias. Distribuição geográfica Esta espécie tem distribuição disjunta, com um conjunto de populações na Amazônia oriental e outro na Mata Atlântica nordestina, nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Neste Plano de Ação, são enfocadas as reduzidas populações que habitam as florestas do nordeste brasileiro, com ocorrência confirmada em apenas 18 localidades. Ocorrência em Unidades de Conservação FEDERAIS: REBIO Guaribas (PB), ESEC Murici (AL). ESTADUAIS: Sem ocorrência em UCs estaduais. PRIVADAS: RPPN Engenho Gargaú (PB), RPPN Fazenda Pacatuba (PB), RPPN Mata Estrela (RN), RPPN Reserva Santa Tereza (AL). Callicebus barbarabrownae Guigó-da-Caatinga Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Pitheciidae Gênero: Callicebus Espécie: Callicebus barbarabrownae Hershkovitz 1990 Nomes populares: guigó, sauá, guigó-da-caatinga, guigó-loiro, guigó-de- Barbara-Brown Características gerais Sua coloração é bandeada de amarelo e marrom escuro, com a cauda predominantemente laranja, e orelhas e pele negras. Medem cerca de 80 cm e pesam pouco mais de 1 kg. Formam grupos de poucos indivíduos, com um casal monogâmico e seus filhotes, dos quais tanto machos quanto fêmeas dispersam ao chegar à maturidade sexual. Tem frutos como principal item alimentar, mas também comem folhas e invertebrados. São reconhecidos pela característica vocalização, usada para demarcação territorial dos grupos. Distribuição geográfica É a única espécie de primata endêmica à Callicebus barbarabrownae Caatinga, com distribuição restrita à margem direita do rio São Francisco, no estado da Bahia e possivelmente Sergipe. Teve sua ocorrência confirmada em 40 fragmentos florestais, a maioria com menos de 100 ha e em áreas de Caatinga arbórea. Ocorrência em Unidades de Conservação Não tem ocorrência confirmada em Unidades de Conservação. Sua presença foi registrada na Terra Indígena Kiriri, onde aparentemente há potencial para sua conservação. Antonio Estrela Frederico Acaz

Callicebus coimbrai Guigó-de-Coimbra-Filho Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Pitheciidae Gênero: Callicebus Espécie: Callicebus coimbrai Kobayashi & Langguth 1999 Nomes populares: guigó, guigó-de-coimbra-filho, guigó-de- -Sergipe, guigó-do-litoral Características gerais Chegam a pesar pouco mais de 1 kg e medir 85 cm. Tem coloração acinzentada, com padrão listrado na porção anterior do dorso, cauda alaranjada e face e orelha Callicebus coimbrai negras. Formam grupos de 2 a 6 indivíduos, com um casal monogâmico e seus filhotes. Tanto machos quanto fêmeas dispersam. Podem ter até duas gestações por ano, nascendo um filhote a cada gestação. São predominantemente frugívoros e usam a forte vocalização para demarcação de território. Distribuição geográfica Tem distribuição restrita às florestas de Mata Atlântica entre o recôncavo baiano e a margem direita do rio São Francisco, na faixa litorânea dos estados de Sergipe e Bahia. Sua ocorrência foi confirmada em cerca de 80 fragmentos florestais, a maioria com menos de 100 ha isto é, sem condições de suportar populações viáveis e inclusive em várias áreas com menos de 25 ha, abaixo do requerido para a sobrevivência de um grupo. Ocorrência em Unidades de Conservação FEDERAIS: Sem ocorrência em UCs federais. ESTADUAIS: REVIS Mata do Junco (SE), APA Litoral Sul de Sergipe (SE). PRIVADAS: RPPN Tapera e Bom Jardim (SE), RPPN Marinheiro e Pedra da Urca (SE). João Pedro Souza Alves Cebus flavius Macaco-prego-galego Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Cebidae Gênero: Cebus Espécie: Cebus flavius (Schreber, 1774) Nomes populares: macaco, macaco-prego, macaco-pregogalego, macaco-prego-loiro, macaco-prego-de-marcgrave Características gerais - A cor da pelagem varia de amarelocamurça a castanho amarelado, não havendo contraste acentuado entre a cor do corpo e as extremidades dos membros e cauda. Os machos adultos possuem uma espécie de barbela, dobra de pele ligada frouxamente ao pescoço. Quando adultos, medem cerca de 80 cm, com os machos pesando 3 kg e as Cebus flavius fêmeas 2 kg. Vivem em grupos que podem ter de menos de 10 até mais de 80 indivíduos. Tem uma gestação a cada dois anos e um filhote a cada gestação. Possuem amplo repertório de comunicação e nível de cognição elevado. Possuem dieta predominantemente frugívora-insetívora, mas também se alimentam de cana-de-açúcar, pequenos vertebrados, flores, folhas e mel de abelhas. Distribuição geográfica Está restrito à Mata Atlântica dos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Sua presença em áreas de transição com a Caatinga ainda está em estudo. Sua ocorrência atual está confirmada para apenas 26 fragmentos florestais. Ocorrência em Unidades de Conservação FEDERAIS: APA Bacia do Rio Mamanguape (PB). ESTADUAIS: ESEC Pau Brasil (PB). PRIVADAS: RPPN Engenho Gargaú (PB), RPPN Mata Estrela (RN). Keoma Rodrigues

Cebus xanthosternos Macaco-prego-do-peito-amarelo Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Cebidae Gênero: Cebus Espécie: Cebus xanthosternos (Wied- Neuwied, 1826) Nomes populares: macaco, macaco-prego, macaco-prego-dopeito-amarelo Características gerais Têm pelagem predominantemente marrom-escura, com peito e região proximal dos braços amareloalaranjados. Os machos pesam entre 1,3 e 4,8 kg e as fêmeas Cebus xanthosternos entre 1,3 e 3,4 kg, medindo cerca de 88 cm. Seus grupos sociais têm de 15 a pouco mais de 20 indivíduos, havendo dispersão de machos. Possuem uma gestação a cada dois anos e um filhote a cada gestação. Como os demais Cebus, sua dieta é frugívora-insetívora incluindo flores, ramos, sementes, ovos e pequenos vertebrados. Distribuição geográfica Ocupa uma diversidade de ambientes florestais, de manguezais a matas secas, na Caatinga e Mata Atlântica nordestina. Tem ocorrência confirmada em dezenas de localidades nos estados da Bahia e Sergipe, com potencial presença no extremo noroeste de Minas Gerais. Ocorrência em Unidades de Conservação FEDERAIS: REBIO Una (BA), REVIS Una (BA), REBIO Mata Escura (MG), PARNA Serra das Lontras (BA), PARNA Chapada Diamantina (BA), PARNA Serra de Itabaiana (SE). ESTADUAIS: PAREST Serra do Conduru (BA), PAREST Sete Passagens (BA), APA Litoral Sul de Sergipe (SE), APA Litoral Norte de Sergipe (SE). PRIVADAS: RPPN Serra do Teimoso (BA), RPPN Pé de Serra (BA), RPPN Capitão (BA), RPPN Rio Capitão (BA). Luciano Candisani PRINCIPAIS AMEAÇAS Estimativas indicam que restam apenas 7% e 16% da cobertura original da Mata Atlântica. No nordeste brasileiro, este índice é ainda mais alarmante, com apenas 2,21% da vegetação desse bioma ainda presente, como resultado de cinco séculos de intenso desmatamento. Leandro_Jerusalinsky Para a Caatinga, a situação também é preocupante, restando cerca de 30% a 40% da cobertura original, tendo a conversão de matas nativas em carvão um papel central no desmatamento desse bioma. Impactos de queimada e desmatamento na paisagem

Leandro_Jerusalinsky A vegetação remanescente desses biomas na região nordeste do Brasil está em fragmentos florestais que raramente superam 1.000 ha de extensão, ilhados em uma paisagem dominada pela pecuária (bovina, caprina e ovina), agricultura (cana-de-açúcar, milho e citros), silvicultura (eucalipto e pinus) e urbanização (cidades e assentamentos). Enquanto as queimadas desordenadas e incêndios florestais diminuem ainda mais as áreas florestadas, a remoção das matas ciliares contribui para o isolamento dessas áreas de vegetação nativa. Impedidos de movimentar-se com Impacto da pecuária, cultivos, hábitat fragmentado e falta de mata ciliar segurança entre fragmentos florestais para realizar a natural dispersão entre grupos sociais ou para buscar novas fontes de alimento, frequentemente indivíduos destas espécies são obrigados a atravessar grandes áreas abertas, expondo-se a predadores domésticos (cães, gatos) ou selvagens (felinos, canídeos) e sujeitando-se à exaustão. Como agravante desta redução e fragmentação de hábitats em larga escala, está a contínua perda de qualidade dos remanescentes florestais, seja pelo corte seletivo de árvores, pela coleta de madeira para lenha ou pela contaminação com depósitos clandestinos de lixo e efluentes. Entretanto, também os guaribas e os guigós são eventualmente mantidos em cativeiro ilegal, apanhados Impacto de caça oportunisticamente quando estão na borda de fragmentos ou atravessando áreas abertas. Muitas vezes, diversos indivíduos de um grupo são mortos para possibilitar a captura de um único filhote, cuja criação e comercialização é mais fácil. Por fim, pelo simples fato de parte destas espécies, como o guigó, o macaco-prego-galego e o guariba-de-mãos-ruivas (nesta porção de sua distribuição), terem distribuição geográfica muito restrita, isto as torna ainda mais suscetíveis à extinção do que espécies com ampla distribuição. É neste cenário adverso que sobrevivem os cinco primatas enfocados pelo presente PAN, com todos estes impactos trazendo graves efeitos sobre sua organização social, dinâmica populacional e variabilidade genética e, consequentemente, sobre a viabilidade de suas populações. Estas espécies também estão sujeitas à caça e à apanha para domesticação. Apesar da pressão de caça ser maior sobre os macacos-prego e os guaribas, pelo seu maior porte, também os guigós sofrem um crescente impacto à medida que outras espécies preferenciais se extinguem localmente. Por serem considerados carismáticos e divertidos, os macacos-prego são encontrados com frequência em condições de cativeiro doméstico. Leandro_Jerusalinsky Leandro_Jerusalinsky Impacto de cativeiro

ESTRATÉGIA DO INSTITUTO CHICO MENDES PARA A CONSERVAÇÃO DOS PRIMATAS DO NORDESTE Luciano Candisani As espécies-alvo do presente PAN já foram enfocadas por iniciativas anteriores do Governo Federal visando congregar instituições governamentais e não governamentais, nacionais e estrangeiras, em torno de estratégias para sua conservação. Em 1992, foi estabelecido pelo IBAMA o Comitê Internacional para Conservação e Manejo de Cebus xanthosternos e Cebus robustus, que se reuniu em quatro ocasiões (1992, 2002, 2003, 2005). Já em 2003, foi criado pelo IBAMA o Grupo de Trabalho para a Conservação de Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrai, reunido em 2003 e 2005. Cebus flavius A partir da fusão e ampliação destes dois grupos, em 2005 foi criado o Comitê Internacional para a Conservação dos Primatas do Norte da Mata Atlântica e Caatinga, incluindo, além daquelas espécies, mais dois guigós: Callicebus melanochir e Callicebus personatus. Dando continuidade a esses esforços e seguindo as diretrizes da Portaria Conjunta ICMBio/MMA Nº 316/2009, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Bruna Bezerra Cebus xanthosternos Brasileiros, do ICMBio promoveu entre 18 e 21 de outubro de 2011, em João Pessoa, a Oficina de Planejamento Participativo para elaboração do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas do Nordeste. Este PAN está composto por 41 ações alinhadas a sete metas, que, em conjunto, visam alcançar o objetivo de garantir pelo menos cinco populações viáveis para cada espécie-alvo, em diferentes ecossistemas, aumentando a área e a conectividade dos hábitats dessas espécies e dirimindo os conflitos socioambientais nas áreas de ocorrência, até 2016. Keoma Rodrigues Cebus flavius

logo2011_cpb quarta-feira, 17 de agosto de 2011 17:15:37 MATRIZ DE PLANEJAMENTO - METAS META Custo (R$) Programa de conectividade de áreas para estabelecimento e manutenção de populações viáveis das espéciesalvo do PAN, em diferentes ecossistemas, implementado até 2013 e em execução até 2016. Pelo menos 50% das populações com potencial de conservação e viabilidade das espécies-alvo do PAN inseridas em áreas protegidas (Unidades de Conservação, Terras Indígenas, territórios quilombolas, Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente, dentre outras), até 2016. 11.195.000,00 a 13.695.000,00 1.220.000,00 Diretrizes para estabelecimento e manutenção de populações viáveis para cada espécie-alvo do PAN aplicadas na formulação de políticas públicas, nos processos de licenciamento, fiscalização e regularização ambiental dos imóveis rurais, em toda sua distribuição geográfica, até 2016. 180.000,00 Manejo demográfico e genético de populações em cativeiro estabelecido até 2013 e em execução até 2016, conforme necessidades específicas para as espécies-alvo deste PAN. 1.625.000,00 Caça, apanha e tráfico das espécies-alvo do PAN reduzidos em pelo menos 50%, até 2016. 300.000,00 Diretrizes para manutenção e estabelecimento de populações viáveis das espécies-alvo do PAN integradas a programas de desenvolvimento e extensão rural, educação ambiental e difusão científica até 2016. 4.700.000,00 Presença de espécies animais invasoras e/ou domésticas que afetem negativamente as espécies-alvo deste PAN, em suas áreas de ocorrência, controlada até 2016. 1.050.000,00 TOTAL GERAL PARCIAL 20.270.000,00 a 22.770.000,00 COLABORAÇÃO UNIFESP Universidade Federal de São Paulo 1933 APOIO REALIZAÇÃO Ministério do Meio Ambiente Para conhecer mais sobre o PAN Primatas do Nordeste e outros planos de ação, acesse: http://www.icmbio.gov.br/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-planos-de-acao-nacionais Leandro_Jerusalinsky