SÉRIE TEMPORAL DA COMPLETITUDE DAS ESTATÍSTICAS VITAIS NO PERÍODO NEONATAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1999 A 2014

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA SÉRIE TEMPORAL DA COMPLETITUDE DAS ESTATÍSTICAS VITAIS NO PERÍODO NEONATAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1999 A 2014 RENATA RODRIGUES GARCIA LINO Orientadora: Prof.ª Sandra Costa Fonseca Niterói, RJ 2018

RENATA RODRIGUES GARCIA LINO SÉRIE TEMPORAL DA COMPLETITUDE DAS ESTATÍSTICAS VITAIS NO PERÍODO NEONATAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1999 A 2014 Dissertação apresentada à Universidade Federal Fluminense, Instituto de Saúde Coletiva, Pós-Graduação em Saúde Coletiva para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Linha de pesquisa: Estudo das condições e determinantes de saúde da população Orientadora: Prof.ª Sandra Costa Fonseca Niterói, RJ 2018

L758 Lino, Renata Rodrigues Garcia Série temporal da completitude das estatísticas vitais no período neonatal, Estado do Rio de Janeiro, 1999 a 2014 / Renata Rodrigues Garcia Lino.- Niterói: 2018. 72f. Orientador: Sandra Costa Fonseca. Dissertação(Mestrado em Saúde Coletiva)- Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina, 2018. 1. Estatísticas Vitais. 2. Sistemas de Informação em Saúde. 3. Estudos de Séries Temporais. 4. Mortalidade Infantil. I. Título. Elaborada pela bibliotecária Ana Lúcia Torres Marinho CRB-7/4354 CDD 613

RENATA RODRIGUES GARCIA LINO SÉRIE TEMPORAL DA COMPLETITUDE DAS ESTATÍSTICAS VITAIS NO PERÍODO NEONATAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1999 A 2014 BANCA EXAMINADORA: Profª. Drª. Pauline Kale IESC Universidade Federal do Rio de Janeiro Profª. Drª. Patricia Guimarães Flores IESC Universidade Federal do Rio de Janeiro Prof. Dr. Arnaldo Bueno Universidade Federal Fluminense

AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família, presente sempre! A minha mãe pelo cuidado e amor, ao meu pai pela força, a minha irmã pelo exemplo, ao meu irmão pela vibração e a minha vozinha pelas orações. A minha querida orientadora por todo aprendizado, exemplo e comprometimento, além do suporte e compreensão nos momentos mais difíceis. A esse universo lindo que sempre nos dá oportunidade de aprender. Gratidão.

RESUMO A mortalidade neonatal constitui o maior componente da mortalidade infantil no Brasil. A qualidade dos dados de nascidos vivos e óbitos neonatais é fundamental para a compreensão deste desfecho. Este estudo teve como objetivo analisar a completitude e evolução temporal dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no estado do Rio de Janeiro (ERJ) entre 1999 e 2014, para recém-nascidos (RN) e óbitos neonatais. Avaliou-se a completitude dos dados para o estado de forma global, por regiões e capital, anualmente, e sua evolução temporal para as variáveis: sociodemográficas (escolaridade e idade maternas, cor da pele); relacionadas à gestação (tipo de gravidez, número de consultas de pré-natal, duração da gestação), ao parto (tipo de parto), à história reprodutiva (quantidade de filhos vivos e mortos), e ao recém-nascido (peso, sexo, Apgar 5º minuto). O escore utilizado foi o de Romero e Cunha para completitude (excelente: menos de 5% de preenchimento incompleto; boa, de 5% a 10%; regular de 10% a 20%; ruim de 20% a 50%, e muito ruim, com percentual de 50% ou mais). Para a análise temporal, estimou-se a mudança anual da completitude, pelo aplicativo Joinpoint regression. Para o SINASC, em 1999, tanto no Estado, como nas regiões metropolitanas e na capital, a qualidade era boa a excelente, exceto para cor da pele, variáveis reprodutivas e anomalia congênita. A região metropolitana II apresentava os melhores escores. Em 2014, todas as variáveis atingiram grau de excelência no Estado e em suas regiões. Para o SIM, em 1999, o preenchimento das variáveis em todas as regiões, em geral, era ruim, sendo sexo a única com preenchimento excelente. Em 2014, observa-se uma melhora da completitude. A região metropolitana I, semelhante ao estado, alcança cinco variáveis classificadas com a categoria excelente e a capital, todas, com exceção de escolaridade e número de filhos mortos. Já a região metropolitana II não alcançou excelência em nenhuma outra variável. Corroborou-se no ERJ a superioridade do SINASC em relação à completitude de todas as variáveis estudadas, que são comuns aos dois sistemas, SINASC e SIM. Este resultado fortalece a possibilidade de relacionamento dos bancos, complementando a informação dos óbitos neonatais com os dados do SINASC e permitindo estudos sobre mortalidade neonatal. A importância do adequado preenchimento da Declaração de óbito deve ser reforçada e novas pesquisas devem ampliar a análise da qualidade dos dados em relação à confiabilidade. Palavras-chave: Estatísticas vitais; Sistemas de Informação em Saúde; Estudos de Séries Temporais.

ABSTRACT Neonatal mortality is the major component of infant mortality in Brazil. Quality of data of live births and neonatal deaths is fundamental to the understanding of this outcome. The objective of this study was to analyze the completeness and temporal evolution of data from the Live Birth Information System (SINASC) and the Mortality Information System (SIM) in the state of Rio de Janeiro (ERJ), 1999-2014, for newborns and neonatal deaths. We evaluated completeness of data for the state as a whole, by regions and capital, year by year and its temporal trend for the variables: sociodemographic (maternal schooling and age, skin color); pregnancy-related (type of pregnancy, number of prenatal visits, gestational age), mode of delivery, reproductive history (number of previous liveborn and stillbirths) and newborn-related (birthweight, sex and five-minute Apgar). We applied Romero & Cunha score for completeness (excellent: less than 5% of incomplete data; good: from 5% to 10%; regular: from 10% to 20%; poor, from 20% to 50%, and very poor, 50% or more). For trend analysis, we estimated the annual change of completeness, by the Joinpoint regression software. For SINASC, in 1999, both in the state, metropolitan regions and capital, the quality was good to excellent, except for skin color, reproductive variables and congenital anomaly. The metropolitan region II presented the best scores. By 2014, all variables reached a level of excellence in the state and its regions. For SIM, in 1999, the variables were poor, except for sex (in all regions) and birth weight (State). In 2014, there was an improvement in completeness. The metropolitan region I, similar to the state, achieves excellence in five variables and the capital in all, except for schooling. The metropolitan region II did not reach excellence in any other variable. The superiority of SINASC was corroborated in ERJ in relation to the completeness of all studied variables, which are common to both systems, SINASC and SIM. This result strengthens the possibility of linkage of SINASC and SIM, complementing neonatal mortality information with SINASC data and allowing studies on neonatal mortality. The importance of adequately completing the death certificate should be reinforced, and further research should broaden the analysis of data quality in relation to reliability. Keywords: Infant Mortality; Vital Statistics; Health Information Systems; Time Series Studies.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 12 1.1. Sistemas de informação sobre estatísticas vitais no Brasil 13 1.2. Qualidade dos dados 15 1.3. Investigação do óbito infantil 17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19 3. JUSTIFICATIVA 25 4. OBJETIVOS 26 4.1. Objetivo geral 26 4.2. Objetivos específicos 26 5. MÉTODOS 27 6. RESULTADOS 30 7. DISCUSSÃO 43 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 48 REFERÊNCIAS 49 APÊNDICE 1 Artigo a ser submetido 56 ANEXOS 1- DECLARAÇÃO DE NASCIDO VIVO 70 2- DECLARAÇÃO DE ÓBITO 71

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Lista de quadros Quadro 1: Quadro de artigos brasileiros sobre qualidade de sistemas de informações: 21 SIM e SINASC Lista de figuras Figura 1 - Campos específicos da DO para óbitos fetais e menores de 1 ano 14

Lista de tabelas Tabela 1- Incompletude das principais variáveis do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Estado do Rio de Janeiro, regiões metropolitanas e capital, 1999 e 2014 Tabela 2- Incompletitude das principais variáveis do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Estado do Rio de Janeiro, regiões metropolitanas e capital, 1999 e 2014. Tabela 3- Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Região Metropolitana I do ERJ, 1999 a 2014. Tabela 4- Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Região Metropolitana II do ERJ, 1999 a 2014. Tabela 5- Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Rio de Janeiro, capital, 1999 a 2014. Tabela 6- Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, região metropolitana I do Estado RJ, 1999 a 2014. Tabela 7- Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, região metropolitana II do Estado RJ, 1999 a 2014. 31 34 36 37 38 40 41 Tabela 8- Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, município do Rio de Janeiro, 1999 a 2014. 42

LISTA DE SIGLAS CID-10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10ª revisão DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DNV Declaração de Nascido Vivo DO Declaração de Óbito ERJ Estado do Rio de Janeiro MS Ministério da Saúde NV Nascidos Vivos ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONU Organização das Nações Unidas OPAS Organização Panamericana de Saúde RN Recém-nascido SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SIS Sistemas de Informação em Saúde TMI Taxa de Mortalidade Infantil TMN Taxa de Mortalidade Neonatal

APRESENTAÇÃO A dissertação está organizada no formato tradicional, mas contém uma proposta de artigo científico a ser submetido a periódico da área de saúde coletiva ou materno-infantil. No corpo da dissertação, encontram-se: introdução, revisão bibliográfica, justificativa, objetivos e métodos; resultados, discussão e considerações finais. A seguir, no apêndice 1, está o artigo científico, enfatizando os resultados da série temporal para o Estado de forma global.

12 1. INTRODUÇÃO A mortalidade infantil é um indicador que reflete o risco de morte em crianças menores de 1 ano de idade, e também as condições de vida e saúde de uma população. Divide-se em mortalidade neonatal óbitos em menores de 28 dias de vida, relacionada à qualidade e ao acesso a serviços de saúde prestados à gestante, ao parto e ao recém-nascido, e mortalidade pós-neonatal óbitos de 28 a 364 dias de vida completos, relacionada às condições socioambientais e aos serviços da atenção primária. A mortalidade neonatal pode ainda ser dividida em neonatal precoce, referente aos óbitos entre 0 e 6 dias de vida completos, e neonatal tardia, referente ao período entre 7 e 27 dias de vida completos (OPAS, 2008; WHO, 2015a). A redução da mortalidade infantil foi incluída entre uma das metas dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) determinados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. A meta brasileira de alcançar uma taxa de mortalidade infantil (TMI) de 15,7 nascidos vivos (NV) até 2015, foi alcançada antes do prazo (VANDERLEI & FRIAS, 2015). O componente pós-neonatal foi responsável pela maior parte dessa queda, especialmente devido à diminuição de infecções como diarreia e infecções do trato respiratório. A mortalidade neonatal tornou-se o principal componente da mortalidade infantil (VICTORA et al., 2011; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Em 2015, a ONU adotou uma nova agenda de desenvolvimento. Dos ODM passamos aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e a mortalidade materna e a neonatal permanecem como indicadores prioritários (WHO, 2015b). As taxas de mortalidade neonatal precoce, no Brasil, caíram 33% de 1997 a 2012, passaram de 10,89/1.000 (1997-2000) para 7,36/1.000 (2008-2012). Na região Sudeste, houve a maior queda (42%) e na região Nordeste, a menor (23%). As taxas de mortalidade neonatal tardia caíram 21%, passaram de 2,92/1.000 para 2,29/1.000 entre 1997 e 2012, e a região Sudeste mostrou a maior queda, de 26% (RODRIGUES et al., 2016). Verifica-se que a maioria das causas de mortalidade infantil, incluindo o componente neonatal, no Brasil, é considerada evitável (MALTA et al., 2010; ROCHA et al., 2011; SILVA et al., 2014; MENEZES et al. 2014; GAIVA et al., 2015; ARECO et al., 2016). Portanto, a coleta adequada de informações acerca das condições e causas de óbitos e sua evitabilidade são cruciais para que medidas preventivas e de planejamento de estratégias de saúde sejam adotadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Nesse sentido, ressalta-se a

13 importância dos sistemas de informações sobre estatísticas vitais como o Sistema de Informações sobre Mortalidade SIM e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC. (MELLO-JORGE et al., 2007; FRIAS et al., 2017). Um estudo nacional, com os dados da pesquisa Nascer no Brasil, analisou uma população de 24.197 puérperas e seus recém-nascidos no período de fevereiro de 2011 a julho de 2012. A taxa de mortalidade neonatal estimada foi 11,1. Considerando as causas básicas, a prematuridade foi relacionada com cerca de 1/3 dos casos, seguida de malformação congênita (22,8%), infecções (18,5%), fatores maternos (10,4%) e asfixia/hipóxia (7%). Vale enfatizar que a maior proporção de óbitos registrados por infecções ocorreu nas regiões Nordeste e Norte, malformação congênita teve maior incidência no Sul e Sudeste e Asfixia/hipóxia teve maior predomínio nas regiões Norte e Sul do Brasil. (LANSKY et al., 2014). A estimativa de causas de óbito na infância, entre 1990 e 2015 no Brasil, derivada do estudo Carga Global de Doença (FRANÇA et al., 2017) ratificou a prematuridade como principal causa em 2015, seguida de malformações congênitas. 1.1. Sistemas de informação sobre estatísticas vitais no Brasil Os sistemas de informação criados pelo Ministério da Saúde (MS) foram desenvolvidos para suprir falhas do Registro Civil e permitir conhecer o perfil epidemiológico do país. O Brasil possui uma ampla rede de Sistemas de Informação em Saúde (SIS) de âmbito nacional, sendo o SIM e SINASC aqueles referentes às estatísticas vitais. Com base em dados epidemiológicos e em estatísticas vitais, tem-se o subsídio necessário para que ações de prevenção e promoção da saúde sejam adotadas e metas como a queda da taxa de mortalidade infantil sejam atingidas. É fundamental que as informações fornecidas sejam de qualidade, ou seja, fidedignas, para que seja feita uma leitura correta da situação de saúde do local, permitindo as tomadas de decisões e adoção de programas de saúde pertinentes (MELLO-JORGE et al., 2007; LIMA et al., 2009). O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foi implantado pelo Ministério da Saúde em 1975, e a partir de 1979, passou a ser alimentado por dados nacionais, com fluxos padronizados para todo o país. As informações disponibilizadas pelo SIM são obtidas a partir de um modelo único de Declaração de Óbito (DO), e o registro da causa básica do óbito é baseado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), atualmente em sua 10ª revisão

14 (OMS, 2000; SILVA et al., 2014). A DO é numerada e impressa em três vias de cores distintas, sendo que, para óbitos fetais e menores de 1 ano, é obrigatório o preenchimento de campos adicionais, referentes a características maternas e do feto/recém-nascido (figura 1). Figura 1. Campos específicos da DO para óbitos fetais e menores de 1 ano. Fonte: Manual de Instruções para o Preenchimento da Declaração de óbito Desde sua implantação, o SIM vem subsidiando decisões acerca das medidas para a melhoria da saúde materno infantil; por isto, reforça-se a importância do preenchimento adequado desse documento, com melhoria da completitude e confiabilidade das variáveis (SILVA et al., 2014; RAMALHO et al., 2015). Anos depois, na década de 1990, foi criado o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), que a partir de 1994, passou a ser alimentado por dados de todo país. Assim como o SIM, as informações disponibilizadas pelo SINASC são obtidas a partir de um documento padronizado nacionalmente, a Declaração de Nascido Vivo (DNV) (SILVA et al., 2014). Espera-se que os profissionais lotados nos serviços de saúde ou no cartório, no caso dos partos domiciliares, sejam responsáveis pelo preenchimento da DNV. O SINASC passou por algumas reformulações em 1999 e em 2009 (OLIVEIRA et al., 2015). Em 2011, essas bases SIM e SINASC sofreram mudanças na forma de preenchimento de algumas variáveis. Destacam-se a cor da pele, que anteriormente no SINASC se referia ao bebê e, a partir de 2011, passou a ser a informação auto-referida da cor da pele materna. Para os dois sistemas, a escolaridade e a idade gestacional passaram de categorias agrupadas a variáveis com informação contínua, por ano e nível de estudo e número de semanas de gestação, respectivamente. Outra mudança foi quanto à variável número de filhos mortos, que passou a se chamar perdas fetais, englobando abortos e óbitos fetais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011a; 2011b; 2013).

15 1.2. Avaliação da qualidade dos dados A pesquisa para avaliar os sistemas de informação tem sido estimulada pelo MS, especialmente acerca dos óbitos infantis, uma vez que esses expressam as iniquidades do acesso aos serviços de saúde prestados aos grupos mais vulneráveis (SILVA et al., 2014; RAMALHO et al., 2015). É importante que seja realizado um monitoramento periódico da qualidade dos dados dos SIS para verificar se está sendo fornecido o embasamento correto para as tomadas de decisão. Entretanto, apesar do estímulo oferecido pelo MS, não existe um plano de avaliação regular dos SIS, resultando em avaliações isoladas. (SILVA et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2015). O questionamento acerca da qualidade das informações fornecidas tem estimulado a realização de vários estudos. O conceito qualidade da informação é considerado multifacetado, não havendo um consenso. Desta forma, várias dimensões da qualidade dos dados podem ser avaliadas: acessibilidade - grau de facilidade e rapidez na obtenção dos dados ou informações (regras claras definindo preço, permissões e onde obtê-los), no trato (instrumentos para manuseio e formato) e na compreensão da informação; oportunidade - grau em que os dados ou informações estão disponíveis no local e a tempo para utilização de quem deles necessita; cobertura - grau em que estão registrados no SIS os eventos do universo (escopo) para o qual foi desenvolvido; consistência - grau em que variáveis relacionadas possuem valores coerentes e não contraditórios; não-duplicidade - grau em que, no conjunto de registros, cada evento do universo de abrangência do SIS é representado uma única vez; clareza metodológica - grau no qual a documentação que acompanha o SIS (instruções de coleta, manuais de preenchimento, tabelas de domínios de valores de variáveis, modelos de dados etc.) descreve os dados sem ambiguidades, de forma sucinta, didática, completa e numa linguagem de fácil compreensão; completitude - refere-se ao grau de preenchimento do campo analisado, mensurado pela proporção de dados preenchidos em cada variável, sem definir se o preenchimento está correto ou não; confiabilidade - avalia o grau de concordância entre aferições distintas realizadas em condições similares; validade - grau em que o dado ou informação mede o que se pretende medir (LIMA et al., 2009; PEDRAZA, 2012). Dentre os mais avaliados, encontram-se completitude, confiabilidade e validade. Para análise da completitude, o escore mais usado é o de Romero e Cunha (LIMA et al.,2009; CORREIA et al., 2014). Neste escore, a variável é considerada excelente quando apresenta menos de 5% de preenchimento incompleto; bom de 5% a 10%; regular de 10% a 20%; ruim de 20% a 50%, e muito ruim, 50% ou mais (ROMERO & CUNHA, 2006 e 2007). Outros pontos de corte

16 foram propostos por Mello Jorge et al. (1996): preenchimento excelente (incompletitude<10%) bom (10% - 29%) mau (> 30%); e por Piper et al. (1993): bom (incompletitude<10%), regular (10% - 29%), precário (> 30%). (Guimarães et al., 2011; Barbuscia et al., 2011). Já a avaliação da confiabilidade pode ser mensurada pela concordância entre os registros dos sistemas de informação e outras fontes de dados, como prontuários hospitalares, cartões de pré-natal e entrevistas individuais com as mães (LIMA et al., 2009; ALMEIDA et al., 2006a). Uma das estatísticas usadas para análise da concordância é o Índice Kappa. Segundo a classificação de Landis e Koch (1977), a análise da concordância pelo kappa seria classificada: <0,00 sem concordância; 0,00 0,19 - fraca; 0,20-0,39 - sofrível; 0,40-0,59 - moderada; 0,60-0,79 - boa; 0,80-0,99 - ótima e 1,00 perfeita. Por último, pode ser avaliada a validade dos dados dos sistemas de informação, quando outra fonte de dados é adotada como padrão-ouro, e se estimam medidas de sensibilidade e especificidade. A escolha do padrão-ouro depende da variável em estudo. Para algumas variáveis, como aquelas que formam o bloco de características das mães na declaração de nascido vivo, as informações obtidas diretamente com as mesmas, por meio de entrevistas, podem ser mais fidedignas, pois evitam possíveis erros de registro ou de transcrição de dados para prontuários médicos. Já para outras variáveis, obtidas diretamente pelos serviços de saúde e posteriormente fornecidas para a mãe, como o peso ao nascer, a fonte mais adequada para ser considerada como padrão-ouro é o prontuário médico, pois evita possíveis erros de memória da mãe. A sensibilidade pode ser definida como a proporção de indivíduos que apresentam dada condição na fonte definida como padrão-ouro que foi corretamente identificada no sistema de informação. A especificidade pode ser definida como a proporção de indivíduos que não apresentam dada condição na fonte definida como padrãoouro e que foi corretamente identificada nos sistemas de informação (ALMEIDA et al., 2006a).

17 1.3. Investigação do óbito infantil Dentre as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável está a redução da mortalidade infantil e fetal. A maior parte das mortes infantis é composta por óbitos considerados evitáveis. Desta forma, reforça-se a importância da investigação do óbito infantil como estratégia para alcançar esse objetivo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; RUOFF et al., 2017) A vigilância da mortalidade infantil e fetal juntamente com a análise da evitabilidade do óbito é realizada por Comitês de Prevenção da Mortalidade Infantil e Fetal no País municipais, estaduais e regionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; RUOFF ET AL., 2017). Em 2004, o Ministério da Saúde lançou o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal e propôs a criação desses comitês. Mas, foi em 2010, que a vigilância do óbito infantil e fetal passou a ser obrigatória nos serviços de saúde do SUS. (DUTRA et al., 2015; VENANCIO & PAIVA, 2010) Dentre as funções dos comitês destacam-se a investigação dos óbitos, avaliação de evitabilidade dos mesmos e definição de diretrizes para as intervenções necessárias. Esta análise permite a avaliação da qualidade da assistência à saúde prestada à gestante e à criança no primeiro ano de vida (DUTRA et al., 2015; RUOFF et al., 2017). Com o objetivo de padronizar a investigação do óbito foram criados critérios de referência: óbitos pós-neonatais (28 dias a 1 ano incompleto de vida); neonatais (0 a 27 dias de vida); fetais (natimortos) e óbitos ocorridos em domicílio. Recomenda-se priorizar os óbitos fetais ou de crianças que, por terem peso ao nascer adequado (maior ou igual que 2.500 gramas) e/ou compatível com a vida (maior ou igual que 1.500 gramas), alertam para a possibilidade de um óbito potencialmente evitável (eventos sentinelas). Somando-se a esse processo de padronização foi também criada a Ficha de Investigação do Óbito Infantil e Fetal pelos Comitês que também contém a análise de evitabilidade do óbito, a identificação de problemas e as intervenções necessárias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). O número de óbitos investigados é informado no SIM no painel de monitoramento. Em 2015, por exemplo, no Brasil, de um total de 37.291 óbitos infantis, 26.297 foram óbitos neonatais, sendo desses, 18.762 óbitos investigados (71%), e 10.994 foram óbitos pósneonatais, sendo desses, 7.475 óbitos investigados (68%). 1 1 Painel de monitoramento da mortalidade infantil. Disponível em: http://svs.aids.gov.br/dashboard/mortalidade/infantil.show.mtw

18 O próprio SIM classifica os óbitos de acordo com a Lista de causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil (MALTA et al., 2007 e 2010) 2. Esta classificação tem 3 grandes categorias: causas evitáveis, causas de morte mal definidas e demais causas de morte (não claramente evitáveis). A defi nição de categoria é feita pelo grupamento da CID-10 da causa básica atribuída na Declaração de óbito. As evitáveis são as que podem ser prevenidas por intervenções do Sistema Único de Saúde (SUS) através de ações efetivas. Dentro desta categoria, estão su bcategorias, relacionadas ao momento da atenção à saúde, em que poderia ter ocorrido a ação efetiva e evitada (ou reduzida) a mortalidade: 1.1. Ações de imunização; 1.2.1. Adequada atenção à mulher na gestação; 1.2.2 adequada atenção à mulher no parto; 1.2.3. Adequada atenção ao recém-nascido; 1.3. Ações de diagnóstico e tratamento adequado; 1.4. Ações de promoção à saúde, vinculadas a ações de atenção. As causas com codificações da CID-10 que não esclarecem a determinação do óbito ficam na categoria 2 (Causas mal definidas) e, por último, as causas que não puderam ser definidas como evitáveis, na 3 (Demais causa s, não claramente evitáveis). 2 http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/obitos_evitaveis_0_a_4_anos.pdf

19 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA qualidade dos dados SIM e SINASC no Brasil Para a busca de artigos publicados em revistas científicas foram consultadas as bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online). Adicionalmente foram verificadas as referências bibliográficas dos artigos identificados pelas fontes relacionadas acima. Os artigos considerados relevantes foram os que incluíram a análise da dimensão da qualidade dos dados da DNV, que refletem a qualidade do SINASC, e os que analisaram a dimensão da qualidade dos dados da D.O., que por sua vez, refletem a qualidade do SIM. Quanto às possíveis dimensões de qualidade utilizadas, escolhemos a completitude. Quanto ao período, priorizamos os últimos 10 anos, considerando como ponto de corte os artigos seminais de Romero e Cunha (2006; 2007) e mudanças ocorridas tanto na DN (escolaridade da mãe, situação conjugal, número de filhos tidos vivos, número de filhos tidos mortos, duração da gestação, número de consultas de pré-natal) 3, como na DO, como faixas de escolaridade, idade gestacional como variável contínua. 4 A sintaxe de busca foi: LILACS: (qualidade OR completude OR completitude) e (declaração de óbito OR atestado de óbito OR declaração de nascimento). MEDLINE: (quality OR completeness) and (death certificate OR birth certificates) and Brazil and infant. Nos quadros I a III são apresentados estudos individuais que tiveram como objetivo a análise do SIM (relacionado a óbitos infantis); SINASC ou ambos os sistemas. Os estudos estão ordenados por ordem cronológica da publicação. 3 Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica CGIAE. Consolidação do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos 2011. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sinasc/consolida_sinasc_2011.pdf 4 Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica CGIAE. Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM Consolidação da base de dados de 2011. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/consolida_sim_2011.pdf

20 Dentre os estudos selecionados, dois abrangeram vários estados do Brasil, um englobou a região Nordeste, três em Pernambuco (COSTA et al., 2011; RAMALHO et al., 2015; MARQUES et al.,2016), um foi realizado em Alagoas (PEDROSA et al., 2007), um no Piauí (MASCARENHAS et al., 2011), um no Acre (DOMBROWSKI et al., 2015); dois foram realizados em Minas Gerais (SOARES et al.2007; GUIMARÃES et al., 2011), três em São Paulo (ALMEIDA et al., 2006a; BARBUSCIA et al., 2011; GABRIEL et al.,2014), um no Espírito Santo (SILVA et al., 2014) e um no Paraná (da SILVA et al., 2011). É importante ressaltar que, neste período, nenhum estudo foi realizado no Estado Rio de Janeiro, e estudos anteriores remontam à década de 90 (CARVALHO et al., 1990; NIOBEY et al., 1990; CARVALHO e SILVER, 1995). Quanto à população de estudo, alguns avaliaram a totalidade de óbitos infantis, outros apenas a faixa neonatal e fetal e os que tiveram como objetivo a análise do SINASC avaliaram os nascidos vivos. Quanto à dimensão da qualidade dos dados, alguns artigos também abordaram outras dimensões, porém, destacamos os resultados relativos à completitude. Nove estudos utilizaram dois tipos de escore padronizado, o proposto por Romero e Cunha e por Mello Jorge et al. Os outros estudos apresentaram diferentes propostas de ponto de corte como Oliveira et al. (2015); enquanto Almeida et al. (2006a e b) e Barbuscia et al. (2011) usaram o critério proposto por Piper et al. (1993). Quanto aos resultados, quando analisada pela completitude, os dados da DNV possuem de bom a excelente grau de preenchimento e os da DO uma qualidade inferior, principalmente com relação às variáveis referentes à gestação e parto e aos dados maternos (RAMALHO et al., 2015; SILVA Et al., 2014). Alguns estudos também analisaram a dimensão da qualidade dos dados pela confiabilidade (SOARES et al.2007; PEDROSA et al., 2007; ALMEIDA et al., 2006a; MASCARENHAS et al., 2011; GABRIEL et al.,2014; MARQUES et al.,2016). Nos que avaliaram o SIM, observou-se que as variáveis peso ao nascer e idade materna foram as problemáticas. Já nos que avaliaram o SINASC, as variáveis referentes à mãe, como escolaridade, consultas de pré-natal e número de filhos nascidos mortos, foram as que apresentaram uma menor concordância.

21 I- Quadro de artigos brasileiros sobre qualidade de sistemas de informação: SIM Autor e ano do artigo Local e ano do estudo População Dimensão avaliada Escore utilizado Resultados Soares et al., 2007 Montes Claros, MG 2002-2005 Óbitos infantis Completitude e Confiabilidade Kappa Completitude da DO: elevada proporção de dados faltosos. Confiabilidade da causa de óbito: excelente: grupo das malformações congênitas (kappa=0,83); moderada: causas relacionadas com a prematuridade (kappa=0,57); baixa: causas infecciosas (kappa=0,24). Pedrosa et al., 2007 Maceió, AL 2001-2002 Óbitos neonatais precoces Completitude Confiabilidade Validade Kappa Sensibilidade - Completitude: 44,1% de omissão da variável idade materna no SIM. - Concordância foi boa entre DO e prontuário para tipo de parto, peso ao nascer e idade. - Já entre SIM e prontuários, as variáveis peso ao nascer e idade materna apresentaram a menor concordância, Kappa de 0,19 e Kappa de 0,34. O SIM apresentou sensibilidade de 69,2% para peso ao nascer e de 36,3% para idade materna. Costa et al., 2011 Pernambuco 1997-2005 Óbitos infantis Completitude Romero e Cunha As variáveis relacionadas à criança (sexo, idade, raça/cor), à gestação e parto (tipo de parto e semanas de gestação) e ao óbito (local de ocorrência) apresentaram um incremento com preenchimento excelente. Já a maioria das variáveis relacionadas ao momento do óbito (óbito confirmado por necropsia, realização de cirurgia, exame complementar e assistência médica) apresentaram um decréscimo. Ramalho et al., 2015 Pernambuco 1999-2001/ 2009-2011 Óbito infantil Completitude Romero e Cunha Redução da incompletude para a maioria das variáveis no segundo triênio. Variáveis sexo, faixa etária e local de ocorrência do óbito atingiram incompletude 5% (excelente) no segundo triênio; enquanto variáveis relacionadas à gestação e parto e relacionadas à mãe tiveram incompletude entre 10 e 20% (regular). AL (Alagoas); DNV (Declaração de Nascido Vivo); DO (Declaração de Óbito); MG (Minas Gerais); PR (Paraná); SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade); SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos);

22 II- Quadro de artigos brasileiros sobre qualidade de sistemas de informação: SINASC Autor e ano do artigo Local/ ano do estudo População Dimensão avaliada Escore utilizado Resultados Almeida et al., 2006a São Paulo, SP 200-2001 NV e óbitos neonatais Completitude, Confiabilidade, Validade Completitude: Piper et al: "boa": ausência menor que 10%, "regular" entre 10 e 29%, e precário > 30%. Concordância: elevada (>90%); moderada (89-70%); baixa (<70%) Validade: sensibilidade e especificidade Paridade materna e anomalias congênitas mostraram elevada ausência de registro. O peso ao nascer e o tipo de parto são bem identificadas pela DN. Verificou-se que as DN dos controles têm informações mais completas, porém a informação registrada para os casos apresenta melhor qualidade. Da Silva et al., 2011 Paraná 2000-2005 Nascidos vivos Completitude Excelente: (incompletitude <1%); boa (1% e 2,99%); regular (3% a 6,99%); ruim (igual ou superior a 7%) No geral, a qualidade do preenchimento melhorou para todas as variáveis no período de 2000 a 2005. A ocupação da mãe foi a variável de menor qualidade (regular e ruim). Filhos nascidos vivos, nascidos mortos e raça/cor, oscilaram de ruim a excelente qualidade. É necessário melhorar a qualidade das variáveis estado civil e número de filhos nascidos mortos. Guimarães et al., 2011 Minas Gerais 1998-2005 Nascidos vivos Completitude Mello Jorge et al. (1996): Excelente (incompletitude<10%) Bom (10 % - 29%), Mau (> 30%) Observou-se aprimoramento no preenchimento da DNV ao longo do período analisado. Verificou-se, ainda, redução importante da incompletude nas variáveis raça/cor, grau de instrução, estado civil, filhos nascidos vivos e nascidos mortos. Mascarenhas et al., 2011 Teresina- PI 2002 Nascidos vivos Completitude e Confiabilidade Mello Jorge et al. (1996): Excelente (incompletitude<10%) Bom (10 % - 29%), Mau (> 30%); Concordância: Kappa Excelente qualidade de preenchimento. Concordância excelente (kappa>0,80) para: idade da mãe, estado civil, número de filhos nascidos vivos, tipo de parto, sexo e peso do recém-nascido. Já as variáveis número de filhos nascidos mortos, consultas pré-natal, escolaridade e duração da gestação apresentaram concordância variando entre mínima e boa (0,20<kappa<0,80). Continua

23 Continuação do quadro II Autor e ano do Local/ ano artigo do estudo População Dimensão avaliada Escore utilizado Resultados Silva et al., 2013 Região Nordeste 2000-2009 Nascidos vivos Completitude Romero e Cunha A maioria das variáveis teve de boa a excelente qualidade de preenchimento. Os maiores percentuais de incompletitude foram observados para as variáveis apgar e raça/cor, destacando-se 20,5% para a última em Sergipe (2009). Já a variável sexo apresentou os menores percentuais de incompletitude (menos de 1%). Houve melhoria no preenchimento do número de consultas de pré-natal, cujo percentual de incompletitude variou de 8,9% na Bahia (2000) a 0,7% em Sergipe (2009). Gabriel et al., 2014 Campinas, SP 2009 Nascidos vivos Completitude e Confiabilidade Romero e Cunha; Kappa (variáveis categóricas) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (variáveis quantitativas) Completitude: percentual de preenchimento das DNVs variou de 99,8% a 100%. Confiabilidade: para a maioria das variáveis a confiabilidade foi excelente; moderada para estado civil e escolaridade da mãe e raça/cor do RN; fraca para consultas de pré-natal e presença de anomalias congênitas e muito fraca para número de filhos mortos. Oliveira et al.,2015 Brasil 2006-2010 Nascidos vivos Completitude Adequado 90% Das 23 variáveis avaliadas, 21 apresentaram completitude superior a 90,0%; o percentual de completitude de variáveis preenchidas em partos hospitalares foi 97,9%. Dombrowski et al., 2015 Alto Juruá, AC 2005-2010 Nascidos vivos Completitude Romero e Cunha Das 15 variáveis analisadas, 11 mostraram um aumento da incompletitude, do período de 2005 a 2010, especialmente referentes ao recém-nascido (raça, Apgar, peso) e à mãe (ocupação materna), o que difere da melhora da qualidade encontrada na maioria dos estudos. AC (Acre); DNV (Declaração de Nascido Vivo); DO (Declaração de Óbito); PI (Piauí); SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade); SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos); SP (São Paulo)

24 III - Quadro de artigos brasileiros sobre qualidade de sistemas de informação: SINASC e SIM Autor e ano do artigo Local e ano do estudo População Dimensão avaliada Escore utilizado Resultados Almeida et al. 2006b 8 estados do Brasil com cobertura alta, 2002 Nascidos vivos e óbitos neonatais precoces e fetais Completitude Piper et al: "boa": ausência menor que 10%, "regular" entre 10 e 29%, e precário > 30% SINASC: excelente completude (> 99%). SIM: ausência do registro do peso ao nascer em 22,6%, idade gestacional (17,8%), tipo de gravidez (19,1%), idade (27,9%) e escolaridade da mãe (38,5%) para óbitos neonatais precoces e semelhante para obitos fetais. Barbuscia et al., 2011 Ribeirão Preto, SP 2000-2007 Nascidos vivos e óbitos neonatais precoces e fetais Completitude Piper et al: boa, ausência de informação < 10%; regular, ausência entre 10% e 29%; precária >30% Completitude dos dados: bom na DNV e precária na DO. Após linkage a recuperação de dados relacionados com a mortalidade foi satisfatória, exceto para escolaridade materna, n. de filhos nascidos vivos e nascidos mortos. Silva et al., 2014 Espirito Santo, 2007-2009 Nascidos vivos e óbitos neonatais Completitude, acessibilidade e oportunidade Romero e Cunha A completitude das variáveis analisadas no SINASC foi na sua maioria, classificada como excelente. O SIM teve elevado percentual de dados faltantes: número da Declaração de Nascido Vivo, escolaridade, idade da mãe e história reprodutiva. Marques et al., 2016 Recife, PE 2010-2012 Nascidos vivos e óbitos infantis Completitude e Confiabilidade Romero e Cunha Kappa e ICC Completitude > 95% no SIM e de 98% no SINASC; a concordância variou de 0,762 (substancial) para filhos tidos vivos a 0,997 (excelente) para peso ao nascer (coeficiente de correlação intraclasse) e foi excelente para o índice Kappa (>0,80) para a maioria das variáveis. DNV (Declaração de Nascido Vivo); DO (Declaração de Óbito); PE (Pernambuco); SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade); SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos); SP (São Paulo)

25 3. JUSTIFICATIVA A taxa de mortalidade infantil vem declinando ao longo dos anos, porém, verifica-se ainda uma queda mais lenta da mortalidade neonatal. Para que medidas de saúde pública sejam adotadas para reduzir a mortalidade, é necessário que os dados oferecidos pelos sistemas de informação em saúde sejam de qualidade. Apesar do estímulo oferecido pelo MS, não existe um plano de avaliação regular dos SIS, resultando em avaliações isoladas, como alguns estudos que vêm questionar a qualidade das informações fornecidas. A revisão da literatura mostrou que o preenchimento da DO vem apresentando mais problemas que a DNV, principalmente para variáveis sociodemográficas e para a causa básica do óbito. Problemas na qualidade da informação de estatísticas vitais podem levar a uma leitura distorcida das condições oferecidas à saúde da gestante e do recém-nascido com consequente adoção de intervenções não pertinentes. Estudos que analisem a qualidade da informação do SIM e SINASC são importantes para subsidiar os dados de mortalidade infantil e permitir propostas de intervenções mais adequadas. Ressalta-se que, há cerca de 20 anos, não se identificam estudos deste tipo no Estado do Rio de Janeiro.

26 4. OBJETIVOS 4.1. Objetivo geral Analisar a evolução temporal da completitude dos dados dos sistemas de informação referentes a estatísticas vitais (SIM e SINASC), para os nascidos vivos e óbitos neonatais de residentes no estado do Rio de Janeiro no período de 1999-2014. 4.2. Objetivos específicos 1. Avaliar a completitude dos dados do SIM e do SINASC no estado do Rio de Janeiro (ERJ), de forma global, por regiões e capital, no período de 1999-2014; 2. Analisar a evolução temporal da qualidade do preenchimento dos dados no período estudado, para os mesmos locais do ERJ.

27 5. MÉTODOS Desenho e população - Trata-se de um estudo observacional descritivo e de série temporal, baseado em dados secundários. Serão investigadas as informações do SINASC e SIM referentes aos registros de nascidos vivos e de óbitos neonatais (menores de 28 dias de vida) ocorridos no estado do Rio de Janeiro no período de 1999-2014. Local do estudo: O Estado do Rio de Janeiro se localiza na região Sudeste do Brasil, conta com população de 16,4 milhões de habitantes (estimativa 2016). Sua divisão por áreas de saúde está ilustrada no mapa abaixo. Para este estudo, optamos por analisar as duas regiões mais populosas: Metropolitana 1 e 2. Fonte: http://sistemas.saude.rj.gov.br/tabnet/retratos/mapas_da_saúde/index.html A Região Metropolitana I corresponde a 8% da área total do Estado do Rio de Janeiro e comporta cerca de 63% de sua população (10.118.003 habitantes). Compreende os municípios de: Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, Rio de Janeiro, São João de Meriti e Seropédica.

28 Nesta região fica situada a capital do Estado, o município do Rio de Janeiro, com cerca de 6 milhões de habitantes. A região Metropolitana II, por sua vez, representa cerca de 6,2% do total estadual, é formada por municípios com características bastante diversas e contém aproximadamente 12% da população total do Estado do Rio de Janeiro. Seu município polo é Niterói e os demais são: Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva Jardim e Tanguá. Fonte dos dados Projeto: Registro Integrado de Saúde: avaliando longitudinalmente a morbimortalidade de uma coorte de nascidos vivos e de suas mães. A primeira parte deste projeto prevê a avaliação da qualidade dos dados dos sistemas de informação de estatísticas vitais, principalmente na dimensão completitude. Portanto, foram utilizados os dados coletados via tabnet no SIM e SINASC. Variáveis Analisadas Para o objetivo 1 - análise da completitude dos dados foram avaliadas variáveis sociodemográficas; escolaridade e idade maternas, cor da pele do recémnascido (RN) ou da mãe; relacionadas à gestação, tipo de gravidez, número de consultas de pré-natal, duração da gestação; ao tipo de parto; à história reprodutiva, quantidade de filhos vivos e mortos; e ao recém-nascido, peso, sexo, Apgar 5º minuto e anomalia congênita. Para o objetivo 2 análise temporal foi avaliada a mudança do preenchimento das mesmas variáveis acima de 1999 a 2014, com estimativa da mudança anual. Análise estatística Foi realizada a verificação quanto ao percentual de preenchimento das variáveis. As variáveis foram tabuladas por ano e calculadas as frequências relativas de dados faltantes, no SIM e SINASC, e posteriormente classificadas segundo escore de Romero e Cunha (Completitude excelente: menos de 5% de preenchimento incompleto; boa, de 5% a 10%; regular de 10% a 20%; ruim de 20% a 50%, e muito ruim, com percentual de 50% ou mais). Foi considerada como incompleta tanto a opção ignorada quanto não preenchida.

29 Para a análise temporal, foi usado o aplicativo Joinpoint regression (aplicativo para análise de séries temporais). Essa análise ajusta uma série de linhas e seus pontos de junção, em uma escala logarítmica, testando as tendências anuais. Uma vez que estes segmentos são estabelecidos, o percentual anual de mudança (APC) é estimado e testado. Quando há um ponto de junção em que o sentido se altera, os períodos são analisados separadamente. Portanto, o ano final de um período coincide com o ano inicial do próximo na análise e, para cada variável, estes períodos podem ser diferentes em relação aos anos analisados, dependendo do momento em que se detecta a mudança. Também pode haver diferentes padrões de tendência, em períodos de tempo diversos, para as categorias de uma mesma variável. Caso não haja mudança, o período é analisado de forma integral. O percentual anual de mudança (APC) é estimado e considerado significante quando a curva difere de zero, usando o Monte Carlo Permutation method. O nível de significância adotado foi 5%. Este aplicativo tem sido usado em séries temporais na área materno infantil (SILVA et al., 2010; ROZARIO et al., 2013; VELOSO et al., 2013; BANDO et al., 2014; FONSECA et al., 2017) Aspectos éticos O projeto trabalhou com dados secundários extraídos dos SIS, portanto não há risco de incômodo e constrangimento dos participantes. Para garantir que os dados colhidos não sofram exposição inadequada, a identificação dos participantes durante a coleta de dados ocorreu somente no momento inicial, sendo o acesso a essas informações restrito ao pesquisador. Após aquisição das informações necessárias ao estudo, foi apagado do banco de dados qualquer possibilidade de identificação individual tornando cada participante um número codificado para análise posterior. Logo, ao final da pesquisa, nem o pesquisador poderá identificar individualmente os participantes, estando de posse somente das variáveis avaliadas e suas respectivas relações com a população estudada. Em todas as etapas da pesquisa foi garantida a confidencialidade. A divulgação dos resultados se dará por meio de trabalhos científicos e não conterá qualquer informação que possibilite identificar os participantes. O projeto Registro Integrado de Saúde: avaliando longitudinalmente a morbimortalidade de uma coorte de nascidos vivos e de suas mães, do IESC, foi aprovado pelo Comitê de Ética da referida instituição. sobo CAAE 07534512.9.0000.5286, em 03/10/2012..

30 6. RESULTADOS Foram avaliados 3.671.567 de registros de nascidos vivos e 40.263 registros de óbitos neonatais no período de 1999 a 2014. Nas tabelas 1 e 2, referentes ao SINASC e ao SIM, respectivamente, apresentam-se os resultados para incompletitude de algumas variáveis dos anos 1999 e 2014 para o Estado, as regiões metropolitanas e a capital. A seguir é analisada a tendência temporal. Para a análise completa do Estado, optou-se pelo formato de artigo científico, no Apêndice 1. 6.1. Qualidade do preenchimento do SINASC Para o Estado, em 1999, as variáveis número de filhos mortos e cor da pele do RN/mãe (na época referia-se ao RN), apresentavam os maiores percentuais de incompletitude, seguidas das variáveis anomalia congênita e número de filhos vivos. As demais variáveis apresentavam preenchimento excelente. Em 2014, todas haviam alcançado a categoria excelente (Tabela 1). Na região metropolitana I, em 1999, a qualidade de preenchimento era boa a excelente, com exceção das variáveis anomalia congênita, cor da pele do RN/mãe, além das duas reprodutivas, filhos vivos e filhos mortos. Cor da pele e número de filhos mortos destoavam bastante das demais, com preenchimento muito ruim. Em 2014, todas passaram a preenchimento excelente (Tabela 1). Para a região metropolitana II, em 1999, todas as variáveis apresentavam preenchimento excelente, com exceção de filhos vivos e mortos (preenchimento bom) e de anomalia congênita, com preenchimento ruim. Em 2014 todas as variáveis atingiram o grau de excelência (Tabela 1). Por último, para a capital, em 1999, a maior parte das variáveis teve preenchimento excelente. Como exceções, estavam escolaridade materna (preenchimento bom), número de filhos vivos e anomalia congênita (ruim); número de filhos mortos e cor da pele do RN/mãe (muito ruim). Estas duas atingiram cerca de 50% de incompletitude. Em 2014, todas passaram a apresentar preenchimento excelente (Tabela 1).

31 Tabela 1 Percentual de incompletitude das principais variáveis do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Estado do Rio de Janeiro, regiões metropolitanas I e II e capital, 1999 e 2014. Variáveis 1999 N= 268.213 Sociodemográficas Estado RJ Metro I Metro II Capital 2014 1999 2014 1999 2014 1999 N= 268.213 N= 170.615 N= 145.929 N=3.1604 N= 25.936 N=103.486 2014 N= 89.991 Idade materna 0,63 0,001 0,61 0,0007 0,53 0 0,79 0,001 Escolaridade materna 3,93 1,31 5,18 1,38 1,52 0,69 6,20 1,79 Cor da pele RN/mãe 24,63 1,67 24,63 1,67 3,04 1,12 52,12 1,10 Reprodutivas Número de filhos vivos 16,04 3,03 20,61 1,15 5,13 2,09 25,28 0,69 Número de filhos mortos 31,30 4,98 41,16 2,46 7,05 2,42 48,10 1,22 Gravidez/parto Tipo gravidez 0,14 0,13 0,16 0,07 0,10 0,07 0,19 0,04 Consultas de pré-natal 2,64 2,07 3,05 2,55 0,88 1,65 3,50 2,73 Duração da gestação 0,90 2,41 0,92 0,86 0,44 1,67 0,89 0,39 Tipo de parto 0,19 0,11 0,21 0,06 0,20 0,03 0,26 0,02 continua

32 Continuação da Tabela 1 Variáveis 1999 N= 268.213 Neonatais Estado RJ Metro I Metro II Capital 2014 1999 2014 1999 2014 1999 N= 268.213 N= 170.615 N= 145.929 N=3.1604 N= 25.936 N=103.486 Sexo 0,37 0,01 0,37 0,01 0,15 0,01 0,62 0,01 Peso 0,41 0,001 0,42 0,001 0,27 0,0 0,56 0,0 Anomalia congênita 13,99 2,74 13,83 & 0,70 19,60 & 1,04 12,41 0,79 Apgar 5min 4,48 2,94 2,33 0,80 4,04 2,99 1,50 0,83 2014 N= 89.991 & a partir de 2001

33 6.2. Qualidade do preenchimento do SIM Para o Estado do RJ, em 1999, os dados apresentados na tabela 2 mostram qualidade de preenchimento ruim. A variável número de filhos nascidos mortos ultrapassava 60% de incompletitude, seguida das variáveis escolaridade materna (com mais de 30%), número de filhos nascidos vivos, idade materna e cor da pele do recémnascido, que atingiam quase 30%. As demais variáveis ficavam entre 10 e 20% de campos não preenchidos e apenas sexo tinha preenchimento excelente. Em 2014, a maioria apresentava níveis bons a excelentes, com exceção de número de filhos nascidos mortos e escolaridade que ficaram como regulares. Para a região metropolitana I, em 1999, quatro variáveis apresentavam preenchimento ruim, sendo três delas sociodemográficas, escolaridade, idade materna e cor da pele do recém-nascido, uma reprodutiva, relativa a filhos vivos e por último, uma muito ruim, relativa a filhos mortos (>65%). Somente uma variável apresentou preenchimento excelente, sexo do recém-nascido, e a maioria das demais variáveis teve bom preenchimento. Em 2014, idade materna alcançou nível excelente de preenchimento e cor da pele do recém-nascido e filhos vivos, bom preenchimento. De uma variável com preenchimento excelente em 1999, passa-se a ter cinco variáveis em 2014 (Tabela 2). Para a região metropolitana II, no início do período, tinham preenchimento ruim: escolaridade materna, idade materna, cor da pele do recém-nascido, número de filhos vivos e muito ruim, número de filhos mortos. Apenas a variável sexo do recémnascido teve preenchimento excelente. Em 2014, as variáveis se encontravam com bom a regular grau de preenchimento e apenas a variável sexo manteve o preenchimento excelente (Tabela 2). Por último, para a capital do estado, sexo do recém-nascido foi a única variável com preenchimento excelente em 1999. Escolaridade materna e cor da pele do recémnascido, além das variáveis sobre número de filhos, tinham preenchimento ruim, número de filhos mortos, muito ruim e as demais eram consideradas boas. Em 2014, peso e sexo do recém-nascido tiveram preenchimento excelente; e cor da pele do recémnascido alcançou preenchimento bom. As variáveis maternas idade, tipo de parto, de gravidez e duração da gestação, número de filhos vivos também alcançaram excelência, enquanto escolaridade e número de filhos mortos mantiveram-se entre ruim e muito ruim, respectivamente, em 1999 e regular no fim do período (Tabela 2).

34 Tabela 2 Percentual de incompletitude das principais variáveis do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Estado do Rio de Janeiro, regiões metropolitanas I e II e capital, 1999 e 2014. Estado RJ Metro I Metro II Capital Variáveis 1999 N=4008 Sociodemográficas 2014 N= 2050 1999 N=2361 2014 N= 1234 1999 N=396 2014 N= 209 1999 N=1216 2014 N=676 Idade materna 28,21 6,64 22,58 4,29 29,04 9,56 17,76 3,25 Escolaridade materna 36,60 14,68 32,83 13,13 36,36 15,31 24,42 11,50 Cor da pele do RN 27,42 9,13 31,17 8,18 22,47 14,83 29,6 9,17 Reprodutivas Número de filhos vivos 29,29 8,25 28,89 5,19 29,04 7,66 23,60 3,99 Número de filhos mortos 62,62 15,23 65,73 11,66 51,52 16,27 63,08 11,24 Gravidez/parto Tipo gravidez 15,11 3,85 9,70 2,11 14,89 5,74 6,49 1,33 Duração da gestação 16,81 8,74 11,31 6,08 17,42 10,52 7,64 4,88 Tipo de parto 14,52 4,29 9,45 2,59 13,88 5,74 6,99 1,92 Neonatais Sexo 0,59 0,58 0,59 0,81 0,25 0 0,90 0,73 Peso 11,15 5,46 8,81 3,81 10,35 7,65 8,05 1,18

35 6.3. Análise da tendência temporal da completitude do SINASC nas regiões metropolitanas e na capital do Estado do RJ Houve alterações na evolução temporal em todas as regiões e na capital, porém, com diferença na intensidade e nos períodos de mudança. Para a região metropolitana I, a tendência temporal demonstrou decréscimo na incompletitude para todas as variáveis. Destacaram-se as variáveis reprodutivas, escolaridade, anomalia congênita e cor da pele do RN/mãe, que tiveram a maior redução ao longo do período (Tabela 3) Para a região metropolitana II a tendência temporal revelou decréscimo na incompletitude para a maioria das variáveis. Com destaque para anomalia congênita, que teve redução constante e significativa em todo o período, alcançando excelência no preenchimento. Duas variáveis tiveram comportamento antagônico, com período de queda da incompletitude seguido de um período de crescimento: escolaridade e duração da gestação. Contudo, mantiveram níveis baixos de não preenchimento (Tabela 4). E por último, para a capital, a tendência temporal demonstrou decréscimo na incompletitude para todas as variáveis. Com destaque para anom alia congênita e cor da pele RN/mãe; esta última, com dois períodos de maior intensidade de queda, 1999-2001 e 2010-2014 (Tabela 5)

36 Tabela 3 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Região Metropolitana I do ERJ, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 170615 Sociodemográficas 2014 (%) N= 145929 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 0,61 0,0007 1999 a 2014: -36,7* (-40,2; -33,0) Escolaridade materna 5,18 1,38 1999 a 2014: -6,0* (-9,7; -2,1) Cor da pele RN/mãe 24,63 1,67 1999 a 2001: -61,1 (-85,7; 5,4) 2001 a 2009: 3,0 (-10,3; 18,4) 2009 a 2014: -33,9* (-47,6; -16,8) Reprodutivas Filhos nascidos vivos 20,61 1,15 1999 a 2010: -7,4* (-12; -2,6) 2010 a 2014: -42,4*(-53,4; -28,7) Filhos nascidos mortos 41,16 2,46 1999 a 2010: -8,6* (-13,4; -3,6) 2010 a 2014: -40,2*(-52,3; -25,0) Gravidez e parto Tipo gravidez 0,16 0,07 1999 a 2014: -5,4* (-8,8; -1,8) Consultas pré-natal 3,05 2,55 1999 a 2010: -2,7* (-4,6; -0,8) 2010 a 2014: 9,3(-1,2; 21) Duração da gestação 0,92 0,86 1999 a 2009: -10,5* (-19,6; -0,3) 2009 a 2014: 27,8 (-6,7; 75,0) Tipo de parto 0,21 0,06 1999 a 2007: 5 (-19,6; -0,3) 2009 a 2014: -21,4* (-28,2; -14,0) Neonatais Sexo 0,37 0,01 1999 a 2004: -1 (-18,4; 20,1) 2004 a 2007: -71,9* (-90,7; -15,3) 2007 a 2014: 4,7 (-6,3; 17,0) Peso 0,42 0,001 1999 a 2004: 1,2 (-1,1; 3,5) 2004 a 2007: -70,2* (-74,5; -65,3) 2007 a 2014: -3,7* (-4,9; -2,5) Apgar 5 min 2,33 0,80 1999 a 2014: -8,4* (-11,3; -5,5) Anomalia congênita 13,83 & 0,70 2001 a 2014: -19,5* (-24,2; -14,4) * p-valor < 0,05 & a partir de 2001

37 Tabela 4 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Região Metropolitana II do ERJ, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 31604 Sociodemográficas 2014 (%) N= 25936 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 0,53 0 1999 a 2014: -34,9* (-37,5; -32,2) Escolaridade materna 1,52 0,69 1999 a 2008: -13,3* (-16,8; -9,7) 2008 a 2014: 10,5* (2,3; 19,3) Cor da pele RN/mãe 3,04 1,12 1999 a 2014: -3,7 (-7,3; 0,1) Reprodutivas Filhos nascidos vivos 5,13 2,09 1999 a 2014: -9,3* (-12,2; -6,2) Filhos nascidos mortos 7,05 2,42 1999 a 2014: -10,3* (-13,4; -7,1) Gravidez/Parto Tipo gravidez 0,10 0,07 1999 a 2014: 0,6 (-2,2; 3,6) Consultas pré-natal 0,88 1,65 1999 a 2010: 1,6 (-1,3; 4,6) 2010 a 2014: 22,1* (4,2; 43,1) Duração da gestação 0,44 1,67 1999 a 2009: -7,4* (-19,7; -1,7) 2009 a 2014: 66,7* (12,0; 148,3) Tipo de parto 0,20 0,03 1999 a 2011: -1,8 (-4,8; 1,4) 2011 a 2014: -26,4 (-49,7; 7,8) Neonatais Sexo 0,15 0,01 1999 a 2014: -19,7* (-28,0; -10,4) Peso 0,27 0,0 1999 a 2004: 17,2 (-24,1; 81,0) 2004 a 2010: -55,7* (-70,8; -32,8) 2010 a 2014: -5,3 (-50,7; 82,1) Apgar 5 min 4,04 2,99 1999 a 2005: 4,5 (-3,0; 12,7) 2005 a 2014: -7,2* (-10,8; -3,5) Anomalia congênita 19,60 & 1,04 2001 a 2014: -16,5* (-20,1; -12,6) * p-valor < 0,05 & a partir de 2001

38 Tabela 5 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Rio de Janeiro, capital, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 103486 Sociodemográficas 2014 (%) N=89991 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 0,79 0,001 1999 a 2014: -37,9* (-44,5; -30,6) Escolaridade materna 6,20 1,79 1999 a 2014: -5,2* (-9,2; -1,0) Cor da pele RN/mãe Reprodutivas 52,12 1,10 1999 a 2001: -61,8* (-81,9; -19,2) 2001 a 2010: -2,4 (-10,4; 6,3) 2010 a 2014: -38,8* (-52,1; -21,9) Filhos nascidos vivos 25,28 0,69 1999 a 2011: -9,3* (-13,7; -4,6) 2011 a 2014: -60,2*(-72,1; -43,3) Filhos nascidos mortos 48,10 1,22 1999 a 2011: -10,3* (-15,5; -4,8) 2011 a 2014: -59,6*(-72,5; -40,7) Gravidez/Parto Tipo gravidez 0,19 0,04 1999 a 2014: -10,4* (-13,3; -7,3) Consultas pré-natal 3,50 2,73 1999 a 2006: -5,0* (-9,2; -0,6) 2006 a 2014: 2,4(-1,3; 6,1) Duração da gestação 0,89 0,39 1999 a 2014: -7,3* (-11,5; -2,8) Tipo de parto 0,26 0,02 1999 a 2007: -3,2 (-10,8; 5,0) 2007 a 2014: -28,8* (-35,7; -21,2) Neonatais Sexo 0,62 0,01 1999 a 2004: -0,4 (-17,0; 19,4) 2004 a 2007: -74,7* (-91,3; - 26,6) 2007 a 2014: 2,1 (-8,0; 13,3) Peso 0,56 0,0 1999 a 2004: -1,3 (-24,4; 28,8) 2004 a 2007: -68,7 (-94,6; 80,9) 2007 a 2014: -35,8* (-44,7; -25,4) Apgar 5 min 1,50 0,83 1999 a 2014: -5,9* (-9,4; -2,3) Anomalia congênita 12,41 0,79 2001 a 2011: -10,1* (-17,2; -2,4) 2011 a 2014: -45,5* (-68,1; -6,8) * p-valor < 0,05 & a partir de 2001

39 6.4. Análise da tendência temporal da completitude do SIM nas regiões metropolitanas e na capital do Estado do RJ Houve alterações na evolução temporal nas regiões metropolitanas I e II, e na capital, porém, com diferença na intensidade e nos períodos de mudança. Para a região metropolitana I a tendência temporal foi de queda na incompletitude para todas as variáveis. As variáveis maternas, idade e escolaridade, além de tipo de gravidez, duração da gestação e peso do bebê, apresentaram comportamento semelhante: decréscimo da incompletitude nos períodos de 1999-2004 e 2008-2014. Quanto à intensidade da redução, destacaram-se as variáveis reprodutivas, idade, escolaridade e cor da pele, sendo que só idade alcançou excelência na completitude (Tabela 6). Para a região metropolitana II a tendência temporal revelou decréscimo na incompletitude para a maioria das variáveis, com exceção de sexo. A maior redução se deu para as variáveis reprodutivas e idade materna. Quatro variáveis tiveram comportamento antagônico, com um primeiro período de decréscimo e outro de aumento, o que gerou um comprometimento do grau de completitude verificado em 2014: tipo de gravidez, duração da gestação, peso e cor da pele do recém-nascido (Tabela 7). E por último, para a capital, houve tendência temporal de diminuição da incompletitude para todas as variáveis, com exceção de escolaridade e duração da gestação, que não tiveram significância estatística. Variáveis reprodutivas, idade materna, tipo de gravidez e cor da pele do recém-nascido destacaram-se na intensidade da queda. Em 2014, somente escolaridade materna não alcançou grau de excelência no preenchimento (Tabela 8).

40 Tabela 6 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, região metropolitana I do Estado RJ, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 2361 Sociodemográficas 2014 (%) N=1234 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 22,58 4,29 1999 a 2004: -20,1* (-26,6; -13) 2004 a 2008: 17 (-4,9; 44) 2008 a 2014: -12,4* (-17,8; -6,7) Escolaridade materna 32,83 13,13 1999 a 2004: -15,7* (-20,8; -10,2) 2004 a 2008: 15,0 (-1,5; 34,3) 2008 a 2014: -6,3* (-10,5; -1,9) Cor da pele RN 31,17 8,18 1999 a 2005: 1,2 (-3,5;6,2) 2005 a 2010: -20,3* (-27,5; -12,5) 2010 a 2014: -1,6 (-10,6; 8,3) Reprodutivas Filhos tidos vivos 28,89 5,19 1999 a 2003: -10.9* (-16,8; -4,6) 2003 a 2008: 5,0 (-1,8; 12,1) 2008 a 2014: -21,4* (-24; -18,7) Filhos tidos mortos 65,73 11,66 1999 a 2005: -11,9* (-15,4; -8,3) 2005 a 2008: 9,6 (-18,7; 47,8) 2008 a 2014: -19,0* (-22,2; -15,7) Gravidez/parto Tipo gravidez 9,70 2,11 1999 a 2004: -17,5* (-29; -4) 2004 a 2008: 16,5 (-19,3; 68,2) 2008 a 2014: -11,0* (-20,3; -0,6) Duração gestação 11,31 6,08 1999 a 2004: -16,0* (-27,1; 3,2) 2004 a 2007: 24,4 (-48,5; 200,3) 2007 a 2014: -8,3*(-15,4; -0,7) Tipo de parto 9,45 2,59 1999 a 2001: -36,3* (-73,1; 60,6) 2001 a 2014: -0,4 (-3,5; 2,8) Neonatais Sexo 0,59 0,81 1999 a 2014: -6,7* (-16,6; 4,4) Peso 8,81 3,81 1999 a 2004: -11,3* (-16,0; -6,4) 2004 a 2008: 13,8 (-0,4; 30,1) 2008 a 2014: -9,5* (-13,0; -5,8) * p-valor < 0,05

41 Tabela 7 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, região metropolitana II do Estado RJ, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N=396 Sociodemográficas 2014 (%) N= 209 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 29,04 9,56 1999 a 2006: -24,5* (-33,1; -14,7) 2006 a 2014: 6,8 (-3,2; 17,7) Escolaridade materna 36,36 15,31 1999 a 2014: -6,6* (-10,5; -2,5) Cor da pele do RN 22,47 14,83 1999 a 2006: -4,9* (-7,8; -1,9) 2006 a 2009: -40,3* (-54,3; -22,1) 2009 a 2014: 36,9* (29,8; 44,4) Reprodutivas Filhos tidos vivos 29,04 7,66 1999 a 2004: -7,2* (-14,0; -0,1) 2004 a 2008: -19,0* (-32,9; -2,1) 2008 a 2014: 1,8 (-3,7; 7,5) Filhos tidos mortos 51,51 16,27 1999 a 2004: -0,3 (-8,5; 8,7) 2004 a 2014: -10,8* (-13,4; -8,1) Gravidez/Parto Tipo gravidez 14,89 5,74 1999 a 2009: -14,5* (-19,8; -8,9) 2009 a 2014: 24,3* (1,6; 52,1) Duração da gestação 17,42 10,52 1999 a 2004: -27,4* (-44,6; -4,8) 2004 a 2014: 11,9* (2,2; 22,6) Tipo de parto 13,88 5,74 1999 a 2009: -11,6* (-17,1; -5,7) 2009 a 2014: 17,4 (-4,4; 44,1) Neonatais Sexo 0,25 0,00 1999 a 2010: 10,2 (-13,7; 40,6) 2010 a 2014: -69,0 (-91,9; 18.9) Peso 10,35 7,65 1999 a 2008: -11,3* (-15,5; -6,9) 2008 a 2014: 12,9* (2,8; 23,9) * p-valor < 0,05

42 Tabela 8 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, município do Rio de Janeiro, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 1216 Sociodemográficas 2014 (%) N= 676 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 17,76 3,25 1999 a 2004: -20,1* (-25,1; -14,8) 2004 a 2010: 8,8* (2,2; 15,8) 2010 a 2014: -20,4* (-27,7; -12,4) Escolaridade materna 24,42 11,50 1999 a 2014: -1,8 (-4,1; 0,5) Cor da pele do RN 29,6 9,17 1999 a 2014: -6,7* (-8,6; -4,8) Reprodutivas Filhos tidos vivos 23,60 3,89 1999 a 2010: -4,8* (-7,3; -2,2) 2010 a 2014: -25,3* (-35,2; -13,8) Filhos tidos mortos 63,08 11,24 1999 a 2014: -9,6* (-12,7; -6,3) Gravidez/Parto Tipo gravidez 6,49 1,33 1999 a 2010: -6,7* (-9,8; -3,4) 2010 a 2014: 25,2* (5.3,6; 48,8) Duração da gestação 7,64 4,88 1999 a 2014: 2,1 (-2,2; 6,7) Tipo de parto 6,99 1,92 1999 a 2014: -5,0* (-8,3; -1,7) Neonatais Sexo 0,90 0,73 1999 a 2014: -13,7* (-24,8; -1,0) Peso 8,05 1,18 1999 a 2014: -4.5* (-7,0; -1,8) * p-valor < 0,05

43 7. DISCUSSÃO A avaliação dos sistemas de informação, tanto do SIM como do SINASC, evidenciou melhora na completitude dos dados no estado do Rio de Janeiro, porém, desigual nas suas regiões metropolitanas I e II, e na capital. Para o SINASC, o grau de incompletitude da região metropolitana I ao longo do período de 1999 a 2014 foi similar ao da capital, tendo as variáveis: escolaridade, cor da pele do RN/mãe, número de filhos mortos, filhos vivos e anomalia congênita, pior qualidade de preenchimento no início do período. Vale ressaltar que a região metropolitana I inclui a capital do estado. Já a região metropolitana II, em 1999, foi a que apresentou o maior grau de completitude; todas as variáveis apresentavam preenchimento excelente com exceção de anomalia congênita, número de filhos mortos e filhos vivos. Em 2014, a excelência contemplou todas as variáveis. Por último, para a capital, como citado anteriormente, o comportamento assemelha-se ao da região metropolitana I. Com destaque para a variável cor da pele do RN/mãe, que, na capital, apresentava 52,12% de incompletitude e na região metropolitana 24,63% em 1999. A evolução temporal dessa variável apresentou padrão muito semelhante nessas duas áreas, com importante intensidade de queda da incompletitude em dois períodos: 1999-2001 e 2010-2014 na capital e 1999-2001 e 2009-2014 na região metropolitana I. Em suma, no início do período, tanto no Estado, como na região metropolitana I e na capital, verificou-se uma qualidade inferior de preenchimento da variável anomalia congênita e também de cor da pele do RN/mãe e variáveis reprodutivas. Já a região metropolitana II teve comprometimento somente de anomalia congênita. Para escolaridade materna, a região metropolitana I e capital também tinham preenchimento aquém do ideal. Para anomalia congênita, Silva et al., 2011, analisando o estado do Paraná no período de 2000 a 2005, verificou uma qualidade regular em 2000, tornando-se excelente a partir de 2002. Oliveira et al., 2015, verificou uma incompletitude de 2,5% no Brasil, considerada baixa, no período de 2006 a 2010. Quando analisado por regiões, a região sudeste apresentou incompletitude de 4,72%, enquanto, no presente estudo, durante esse mesmo período, no estado do Rio de Janeiro foi verificada incompletitude em torno de 6%. Já em Campinas-SP (Gabriel et al., 2014), observou-se um baixo

44 percentual de informações em branco ou ignoradas para o ano de 2009. Para esta variável em questão, o percentual de completitude foi de 99,8%. O comportamento desta variável verificado nos estudos ao longo dos anos assemelha-se com o verificado no presente estudo, apresentando queda da intensidade da incompletitude ao longo do período de 1999 a 2014, até atingir o grau de excelência. A informação gerada acerca de anomalia congênita auxilia na identificação de elementos que participam da cadeia causal de morbidades congênitas e na avaliação de atitudes possíveis de serem tomadas durante o pré-natal para diminuir a sua ocorrência (ANDERKA et al., 2015). Exemplo recente foi registrado no artigo de Marinho et al. (2016). Estes autores observaram que no Brasil, no período 2000-2014, o número de nascidos vivos com microcefalia apresentou estabilidade, mas, a partir de outubro de 2015, verificou-se aumento inesperado de casos, principalmente no Estado de Pernambuco. Este dado estatístico corroborou a ocorrência de uma emergência de saúde pública de importância internacional, devido à possível associação ao vírus Zika. Outras variáveis do SINASC podem ser utilizadas para compreender melhor fatores relacionados a esta nova infecção congênita. Para a variável cor da pele do RN/mãe, Guimarães et al. (2011) ao analisarem municípios mineiros no período de 1998-2005, observaram um grande incremento no grau de preenchimento dessa variável, que no início do período apresentava valores críticos, segundo o estudo, com apenas 20% de preenchimento. No estado do Paraná (SILVA et al., 2011), período de 2000 a 2005, verificaram que o percentual de não declaração já era bom em 2000, e passou a ser excelente a partir de 2003. Na região Nordeste (SILVA et al.,2013) após análise referente ao período de 2000-2009, verificou-se que os maiores percentuais de incompletitude foram encontrados para a variável raça/ cor, destacando-se 20,5% em Sergipe (2009). Dombrowski et al. (2015), ao contrário dos outros estudos, observaram um aumento da incompletitude de alguns municípios analisados no Acre 2005-2010. Cor da pele que era regular passou a preenchimento ruim em 2010. Oliveira et al. (2015) verificaram uma incompletitude de 5,7% no Brasil no período de 2006 a 2010, estando a região sudeste com 6,7%, acima da média do país. Em Campinas-SP (Gabriel et al., 2014), foi verificado um excelente preenchimento desta variável em 2009, com completitude 99,8%. No caso do nosso estudo, que inclui os anos posteriores à mudança da variável no SINASC para cor da mãe, pode-se ainda inferir que esta mudança foi um facilitador para a melhoria do preenchimento.

45 Para a variável escolaridade, os municípios mineiros (GUIMARÃES et al., 2011) mostraram incremento importante no grau de preenchimento, que era muito ruim no início do período analisado 1998-2005. No estado do Paraná, de 2000 a 2005, também houve melhora do preenchimento, passando de bom a excelente (SILVA et al., 2011). Na região Nordeste (Silva et al.,2013) todos os estados reduziram o percentual de incompletitude até apresentar, no ano de 2009, qualidade excelente de preenchimento, à exceção da Paraíba e da Bahia. Mascarenhas et al. (2011), analisando Teresina-PI em 2002, verificaram baixíssima incompletitude do SINASC (0,5%), discrepante do SINASC-P, feito com base em pesquisa de prontuários, com 16,3%. Isto aponta para o uso do SINASC em situações de pesquisa, quando a informação estiver ausente do prontuário. Dombrowski et al., (2015) observaram que a variável apesar de manter o grau de excelência apresentou piora da incompletitude no Acre 2005-2010. No Brasil, 2006 a 2010, Oliveira et al., (2015) observaram preenchimento excelente dessa variável, apenas 1,3% de incompletitude. E em Campinas-SP, a qualidade de preenchimento também foi excelente com somente 0,2% de incompletitude no ano de 2009 (GABRIEL et al., 2014). Para filhos nascidos vivos, em municípios mineiros no período de 1998-2005, Guimarães et al. (2011) observaram uma melhora do preenchimento da variável, mas ainda aquém do desejado. O mesmo ocorreu para filhos nascidos mortos, sendo o grau de preenchimento ainda um pouco inferior. SILVA et al., (2011) observaram no estado do Paraná, 2000 a 2005, que a variável filhos nascidos vivos tinha preenchimento regular nos dois primeiros anos, passando a excelente a partir de 2002. Já filhos nascidos mortos, tinha qualidade inferior, sendo regular/ruim/bom nos três primeiros anos, passando a excelente somente em 2003. Em Teresina-PI, 2002, Mascarenhas et al. (2011) verificaram que para filhos nascidos vivos havia preenchimento excelente do SINASC e para filhos nascidos mortos, a qualidade da informação era boa. Oliveira et al. (2015), no período de 2006 a 2010, verificaram que filhos nascidos vivos, apesar de ter preenchimento considerado adequado (92,3% de completitude) foi uma das variáveis com pior grau de completitude no Brasil. Com qualidade ainda inferior, estava filhos nascidos mortos, sendo uma das duas únicas com completitude abaixo de 90% (85,8%). Em Campinas-SP (Gabriel et al., 2014), no ano de 2009, foi verificado um excelente preenchimento tanto para filhos nascidos vivos quanto para nascidos mortos, com completitude 99,8%.

46 Já a variável duração da gestação apesar de ter mantido o grau de excelência ao longo do período, apresentou aumento da incompletitude tanto na Região Metropolitana II quanto no Estado. Este comportamento coincide com o período de mudança dessa variável em 2011, o que pode ter gerado dúvidas no preenchimento, pelo novo formato adotado. Em 2014, todas as regiões obtêm o grau de excelência com relação a todas variáveis, reforçando a boa qualidade dos dados do SINASC no fim do período. Para o SIM, o grau de incompletitude da região metropolitana I ao longo do período de 1999 a 2014 foi similar ao do Estado, chegando ambos a alcançarem um grau de preenchimento de bom a excelente em grande número de variáveis em 2014. As exceções foram as variáveis escolaridade materna e número de filhos mortos que tiveram preenchimento regular. Boa parte deste resultado favorável se deve aos dados da capital, que representa a cidade mais populosa do estado e se encontra na Metropolitana I. A capital teve redução da incompletitude de praticamente todas as variáveis, com exceção da escolaridade materna. Já a Região Metropolitana II, apesar da melhora na completitude, ao longo do período, demonstrou um grau de preenchimento bem inferior ao da metropolitana I e ao da capital. Em 2014, apesar de nenhuma variável ter apresentado preenchimento ruim, somente a variável sexo manteve-se com grau excelente. Além de escolaridade materna e número de filhos mortos com preenchimento regular, destacam-se também cor da pele do RN e duração da gestação. Ramalho et al. (2015), avaliando a evolução temporal do preenchimento dos dados do SIM para óbitos infantis em Pernambuco, em período semelhante, encontraram também redução da incompletitude, com diferenças regionais. No entanto, os valores de incompletitude foram mais elevados que os relatados para óbitos neonatais do RJ. Como nosso estudo se restringiu a óbitos neonatais, esta diferença pode ser explicada pela melhor qualidade do preenchimento quando o óbito ocorre próximo ao nascimento (ROMERO & CUNHA, 2006). Maia et al., (2017) analisaram a completitude das variáveis comuns ao SIM e SINASC, referentes aos óbitos infantis, nas 27 capitais brasileiras no ano de 2012. Para as variáveis estudadas, escolaridade da mãe, raça/cor da criança e duração da gestação, tiveram menor qualidade de preenchimento, mas outras capitais do Sudeste suplantaram o Rio de Janeiro, com valores menores de incompletitude. São Paulo, Belo Horizonte e

47 Vitória tiveram apenas 4,3%, 5,8% e 7,1%, respectivamente, de não preenchimento para escolaridade materna. O mau preenchimento das variáveis sociodemográficas, com destaque para escolaridade, encontrado em todas as regiões do ERJ, também foi verificado em Pernambuco, nos triênios de 1999-2001 e 2009-2011. Neste estudo, apesar de haver ocorrido uma redução da incompletitude para a maioria das variáveis, poucas atingiram um preenchimento excelente e a variável escolaridade materna foi a que apresentou o maior número de regionais com incompletitude superior a 20% nos dois triênios (RAMALHO et al., 2015). A incompletitude persistente de variáveis sociodemográficas dificulta a análise de desigualdades sociais na mortalidade infantil e o posterior planejamento de ações e serviços capazes de evitar o óbito infantil (ROMERO E CUNHA, 2006; RAMALHO et al., 2015). No entanto, a tendência de diminuição da incompletitude e melhoria na qualidade dos dados pode estar relacionada com o trabalho dos comitês de Prevenção do Óbito Infantil (RAMALHO et al., 2015). Estudo recente de Silvestrin et al. (2018) mostrou que a escolaridade materna no SINASC melhorou ao longo dos anos no Brasil, mas ainda precisa de um esforço para alcançar a completitude ideal. Estes autores reforçam a importância desta variável no estudo da morbimortalidade infantil, no contexto das desigualdades em saúde. Corroborou-se no ERJ a superioridade do SINASC em relação à completitude de todas as variáveis estudadas, que são comuns aos dois sistemas, SINASC e SIM. Este resultado fortalece a possibilidade de linkage dos bancos, complementando a informação dos óbitos neonatais com os dados do SINASC. Desta forma, estudos sobre mortalidade neonatal podem ser realizados no estado, principalmente referentes ao período mais recente, com garantia de completitude das informações.

48 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há cerca de 20 anos, não se identificavam análises deste tipo no Estado do Rio de Janeiro. Este estudo, ao descrever a evolução temporal da completitude dos dados do SINASC e SIM, em nascidos vivos e óbitos neonatais de residentes do estado, contribuiu para suprir uma lacuna. Revelou-se uma melhora estatisticamente significativa na completitude dos dados, porém desigual, entre os dois sistemas de informação e entre suas regiões metropolitanas e a capital. Vale ressaltar que esses 15 anos 1999 a 2014 englobam o período de mudanças, a partir de 2011. Comparando a qualidade do preenchimento do RJ com outros estados brasileiros, observa-se que tem havido aumento da completitude em nível nacional, com grandes variações, principalmente no SIM. Apesar da queda da incompletitude das variáveis deste sistema, também se corroborou que sua qualidade de preenchimento ainda é inferior ao SINASC. Ainda é necessário estudar a confiabilidade destas fontes de informação, por meio de comparação com dados de prontuários e/ou outras formas de registro, principalmente para a variável causa do óbito infantil, não explorada neste estudo. A ampliação da análise da qualidade dos dados é de extrema importância para que se tenha uma leitura mais detalhada da situação de saúde infantil do Estado do Rio de Janeiro. Desta forma, poderão ser tomadas medidas de saúde mais pertinentes.

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56 APÊNDICE 1 ARTIGO A SER SUBMETIDO Série temporal da completitude das estatísticas vitais no período neonatal, Estado do Rio de Janeiro, 1999 a 2014

57 Introdução O registro de eventos vitais serve tanto a fins legais quanto estatísticos, além de permitir pesquisas sobre a situação de saúde. 1,2 No Brasil, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foi implantado em 1975 e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) em 1990, ambos com objetivo de centralizar informações sobre as estatísticas vitais no Brasil em todas as unidades federadas. 2 O primeiro é alimentado pela Declaração de Nascido Vivo (DN) e o segundo, pela Declaração de Óbito (DO). 2 O SINASC e o SIM têm sido avaliados na área materno-infantil em nível nacional e local, segundo vários indicadores de qualidade: cobertura, completitude, confiabilidade, oportunidade, consistência e validade. 2-5 Considerando a dimensão de completitude, os trabalhos sobre o SINASC mostram completitude boa. 6-16 As variáveis com pior completitude nestes estudos foram: cor/raça, paridade, escolaridade e ocupação materna, filhos vivos e filhos mortos. Deve ser ressaltado que os percentuais de incompletitude na DN são baixos, menores que 10% e inferiores aos encontrados nas declarações de óbito para as mesmas variáveis, mesmo considerando populações específicas de recém-nascidos de risco. 12 A avaliação mais recente em nível nacional é a de Oliveira et al. (2015), que mostrou valores altos de completitude, com pequenas diferenças regionais no Brasil, e alta razão entre nascimentos vivos informados e estimados em 2010. 15 Quanto ao SIM, trabalhos precursores 17,18 sobre qualidade da informação de óbito infantil, identificaram preenchimento muito ruim, com destaque para variáveis sociodemográficas. Estudos mais recentes 9,16,19-23 apontam manutenção de elevada proporção de incompletitude, principalmente para as variáveis cor/raça, escolaridade materna, filhos tidos (vivos e mortos), idade materna, duração da gestação. Mesmo o peso ao nascer, considerada um indicador relevante na área materno-infantil, tem um percentual elevado de incompletitude no preenchimento. Em 2011, as declarações de nascido vivo (DN) e de óbito (DO) sofreram mudanças na forma de preenchimento de algumas variáveis. 24,25 Para a DN, destacam-se idade materna, que agora é aferida pela data de nascimento e não mais pela pergunta direta; e cor da pele, que anteriormente se referia ao bebê e, a partir de 2011, passou a ser a informação autorreferida da cor da pele materna. Em ambas as declarações, os dados da escolaridade materna passaram a incluir o nível (ciclos do ensino: ensino fundamental I, ensino fundamental II, nível médio, e superior) e série do ciclo, para adequar a DN e a DO ao padrão do IBGE; e os dados da idade gestacional (IG)

58 passaram de categorias agrupadas a variáveis com informação de semanas de gestação. No caso do SINASC, a informação ficou mais detalhada, com campos para o método diagnóstico da IG; no SIM, apenas é preenchido o número de semanas. Outra mudança foi quanto à variável número de filhos mortos, que passou a se chamar perdas fetais, englobando abortos e óbitos fetais, no SINASC, em um campo novo, sobre a história reprodutiva e, no SIM, no campo número de filhos tidos. 24,25 A avaliação da Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica, do Ministério da Saúde para o período de 2000 a 2011 no país detectou melhoras e desafios considerando o ano de 2011. 24,25 Em síntese, persistem problemas na qualidade de informação, que podem enviesar os estudos epidemiológicos. Quanto às variáveis socioeconômicas, o mau preenchimento dificulta a identificação de desigualdades no óbito infantil. Adicionalmente às mudanças nos sistemas de informação de estatísticas vitais no país, tornou-se obrigatória a investigação do óbito infantil e fetal pelos comitês instituídos em secretarias ou unidades de saúde, o que pode qualificar a informação sobre estes eventos. 26 No Estado do Rio de Janeiro, a cobertura do SINASC e do SIM é elevada, 24,25 mas há poucos estudos recentes sobre a qualidade das estatísticas vitais. 27 Este trabalho pretendeu avaliar a completitude das bases do SINASC e do SIM, no Estado do Rio de Janeiro, na série temporal de 1999 a 2014. Métodos Este estudo faz parte do projeto Registro Integrado de Saúde: aplicação do modelo de cadeia de links em estudos em saúde da mulher e da criança (RIS-RJ). Um dos subprojetos diz respeito à qualidade das estatísticas vitais do RJ. As bases de dados do SINASC e do SIM foram consultadas via Tabnet da Secretaria Estadual de Saúde do RJ. Nesse estudo empregou-se a definição das dimensões de qualidade propostas por Lima et al. (2009), considerando completitude como a proporção de campos preenchidos com valores não nulos. Usamos a referência de Romero e Cunha, que considera campos nulos como aqueles ignorados ou não preenchidos e classifica o preenchimento como: excelente (menos de 5% de incompletitude); bom (5 a 10%), regular (10 a 20%), ruim (20 a 50%) e muito ruim (50% ou mais). 7

59 As variáveis escolhidas para análise no SINASC foram sociodemográficas (idade e escolaridade maternas, cor da pele do RN até 2011, cor da pele da mãe daí em diante); reprodutivas e relacionados à gravidez e ao parto (número de filhos prévios, vivos e mortos; tipo de gravidez, consultas de pré-natal, e tipo de parto) e relacionadas ao recém-nascido (peso, sexo, anomalia congênita e Apgar do 5º minuto). No SIM, foram as mesmas variáveis, exceto anomalia congênita e Apgar do recém-nascido, que não têm campo correspondente na DO. Para análise da tendência temporal, foi usado o programa Joinpoint regression. Essa análise ajusta uma série de linhas e seus pontos de junção, em uma escala logarítmica, testando as tendências anuais. O teste de significância é o Monte Carlo Permutation method (que ajusta a melhor linha para cada segmento). Uma vez que estes segmentos são estabelecidos, os respectivos percentuais anuais de mudança (APC) são estimados e testados. Quando há um ponto de junção em que o sentido se inverte ou há diferentes padrões de tendência, os períodos são analisados separadamente. Nesta situação, o ano final de um período coincide com o ano inicial do próximo na análise e, para cada variável, estes períodos podem ser diferentes em relação aos anos analisados, dependendo do momento em que se detecta a mudança. Caso não haja mudança, o período é analisado de forma integral. Adicionalmente, foram comparados os percentuais de incompletitude das variáveis do SIM, para o ano de 2014, entre óbitos neonatais investigados e não investigados. Resultados Na tabela 1 estão apresentados os percentuais de incompletitude para as variáveis selecionadas do SINASC e sua tendência temporal. No ano de 1999, as variáveis número de filhos mortos e cor da pele do bebê apresentavam os maiores percentuais de incompletitude, maiores que 20%, seguidas das variáveis anomalia congênita e número de filhos vivos. As demais variáveis apresentavam valores menores que 5%. Em 2014, todas as variáveis, com exceção de duração da gestação, tiveram queda dos valores de incompletitude. Nenhuma delas ultrapassou 5% de incompletitude. A maior mudança foi para as variáveis reprodutivas, número de filhos vivos e mortos, que tiveram queda constante e significativa maior que 20% ao ano, no período 2010-2014. Cor da pele teve uma queda grande entre os anos 1999 e 2000 e depois se

60 manteve em queda constante, de 8,5% ao ano, até chegar a menos de 2% de incompletitude. Outras variáveis, mesmo com valores baixos em 1999, mantiveram diminuição da incompletitude, atingindo níveis extremamente baixos menores que 1% em 2014. Porém quatro variáveis tiveram piora do preenchimento, apesar de se manterem < 5%: tipo de gravidez, duração da gestação, consultas de pré-natal e Apgar do 5º minuto. Na tabela 2, observam-se os percentuais de incompletitude referente às variáveis do SIM, para os óbitos neonatais registrados no período de 1999 a 2014. Em 1999, a variável nº de filhos nascidos mortos ultrapassava 60% de incompletitude, seguida das variáveis escolaridade materna (com mais de 30%), nº de filhos nascidos vivos, idade materna e cor da pele, que atingiam quase 30%. As demais variáveis ficavam entre 10 e 20% de campos não preenchidos e apenas sexo tinha preenchimento excelente. Até 2014, todas decresceram de forma estatisticamente significante o não preenchimento, atingindo níveis bons a excelentes em sua maioria, com exceção de nº de filhos nascidos mortos e escolaridade que ficaram como regulares. Houve momentos de estagnação ou diferentes padrões de queda. Exceção foi a variável duração da gestação, que após queda da incompletitude, apresentou de 2004 a 2014 movimento inverso. Apesar disto, em 2014, o valor era menor que em 1999. No estado do RJ, a investigação dos óbitos neonatais, que, em 2006, abrangia apenas 16% do total, atingiu em 2014 quase 60% de óbitos investigados (57,6%). Na tabela 3, observa-se que, em 2014, os óbitos investigados tiveram menor percentual de incompletitude que aqueles não investigados, com diferenças estatisticamente significantes, exceto para as variáveis cor da pele e sexo. Discussão Nosso estudo analisou a tendência temporal da completitude do preenchimento das variáveis do SINASC e do SIM no estado do Rio de Janeiro, durante 15 anos, englobando o período de mudanças, a partir de 2011. Considerando o SINASC, em 1999 havia duas variáveis com preenchimento ruim e duas com preenchimento regular, as demais estavam na categoria excelente. Em 2014, a maioria mostrou melhoria do preenchimento e todas alcançaram o nível excelente.

61 Uma das exceções foi a duração da gestação, que, embora com incompletitude baixa em 2014 (2,4%), teve piora da informação. Este resultado também foi observado no relatório sobre as mudanças do SINASC, 24 com aumento da incompletitude em 2011, de 0,6% de resposta ignorada ou não preenchida para quase 4%. A outra se refere ao campo consultas de pré-natal, que de 2009 a 2014, teve piora da completitude, talvez pela mudança da opção intervalar para variável contínua. Embora não fosse escopo a deste trabalho, deve ser comentado que houve aumento da prematuridade no RJ, coincidente com mudança da variável. Em 1999, a estimativa era 7,13% e subiu para 11,40% em 2014. A faixa de maior aumento no período foi a de 32-36 semanas. Ambos os resultados são compatíveis com o consolidado do SINASC de 2011, 24 e o estudo de Oliveira et al. (2016), 28 que abrangeram dados nacionais. Nestes estudos, o ponto de inflexão para o aumento da frequência de prematuros foi o ano de 2011. Novos estudos são necessários para identificar o quanto deste aumento se deve à nova formatação da variável e o quanto é um real aumento de prematuridade. Comparando a qualidade do preenchimento do RJ com outros estados brasileiros, 10,11,13,15,16 observa-se que tem havido aumento da completitude em nível nacional. A exceção foi o Acre, 14 onde, de 15 variáveis analisadas, 11 mostraram aumento da incompletitude, de 2005 a 2010. Ressalve-se que estes estudos, em sua maioria, avaliaram dados anteriores a 2011, o que dificulta a comparação. As variáveis reprodutivas ainda necessitam aprimoramento. No caso da variável filhos mortos, houve mudança na forma de preenchimento em 2011, abrangendo abortos prévios. Talvez esta alteração explique o inusitado aumento do percentual de mulheres com 1 ou mais filhos mortos no período estudado, de 2010 a 2014 (de 9,5% a 18,2%), discordante da tendência à queda de óbitos fetais no Sudeste e no país. 29 De forma semelhante aos dados do SINASC, a completitude do SIM, no que se refere aos óbitos neonatais do RJ, teve melhora estatisticamente significante para as variáveis analisadas. No entanto, ainda há deficiências em algumas variáveis. Em 1999, uma variável foi considerada muito ruim, quatro ruins, quatro regulares, e apenas uma excelente. Em 2014 três foram excelentes, cinco boas e as duas muito ruins, tornaram-se regulares (número de filhos mortos e escolaridade materna). Número de filhos mortos foi a variável com maior percentual de incompletitude, como em outros estudos nacionais. 9,16,22 No RJ este valor ainda foi elevado em 2014, 15,3%, enquanto em Recife, no período 2010-2012, foi apenas 4,3%, mostrando o potencial para melhora do

62 preenchimento. 16 A tendência de diminuição da incompletitude e melhoria na qualidade dos dados provavelmente está relacionada ao trabalho dos comitês de Prevenção do Óbito Infantil, considerando a diferença encontrada para os óbitos investigados em quase todas as variáveis, o que foi relatado também em Pernambuco, para óbitos infantis. 30 A persistência do mau preenchimento de variáveis sociodemográficas, como cor da pele e escolaridade materna, dificulta a análise de desigualdades sociais na mortalidade neonatal. 19 Como os percentuais de não preenchimento do SIM são superiores aos do SINASC para todas as variáveis, corrobora-se a superioridade dos dados de nascidos vivos 9,16,22 e estimula o procedimento de relacionamento dos bancos de ambos os sistemas para aprimorar os estudos de mortalidade infantil no país. 22,23 A evolução temporal do preenchimento tanto do SINASC como do SIM mostrou mudanças favoráveis, fortalecendo a utilização destas bases em estudos epidemiológicos. Contudo, algumas mudanças no formato de algumas variáveis, ocorridas em 2011, como duração da gestação e nº filhos mortos/perdas fetais, podem ter repercutido em outras dimensões da qualidade dos dados. Certamente o trabalho dos comitês de investigação tem sido fundamental na qualificação da informação do SIM. Esforços no treinamento e capacitação para o preenchimento adequado devem ser mantidos e novos estudos devem explorar a confiabilidade e validade destas variáveis, para tornar os sistemas de informação ainda mais robustos no uso clínico e na pesquisa. Este artigo é originado da Dissertação de Renata Rodrigues Garcia Lino, intitulada Análise temporal da completitude dos sistemas de informação (SINASC e SIM): nascidos vivos e óbitos neonatais do Estado do Rio de Janeiro, 1999 a 2014, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense, em fevereiro de 2018. Trata-se de recorte do projeto Registro Integrado de Saúde: aplicação do modelo de cadeia de links em estudos em saúde da mulher e da criança, que recebeu financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq 447199/2014-5) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ E- 26/203.195/2015). Cláudia Medina Coeli é bolsista de Produtividade do CNPq (305545/2015-9)

63 Contribuição dos autores RRGL e SCF foram responsáveis pela concepção, coleta e análise dos dados. Todas as autoras contribuíram na redação das versões preliminares, aprovaram a versão final do artigo e declaram-se responsáveis por todos os aspectos do trabalho, garantindo sua precisão e integridade. Referências 1. Paiva NS; Coeli CM; Moreno AB; Guimaraes RM; de Camargo KR. Sistema de informações sobre nascidos vivos: um estudo de revisão. Cien Saude Colet. 2011; 16 Suppl 1: 1211-20. 2. Mello Jorge MHP, Ruy L, Gotlieb SLD. Análise da qualidade das estatísticas vitais brasileiras: a experiência de implantação do SIM e do SINASC. Cien saúde coletiva. 2007; 12 (3): 643-654. 3. Lima CR de A, Schramm JM de A, Coeli CM, da Silva MEM. Revisão das dimensões de qualidade dos dados e métodos aplicados na avaliação dos sistemas de informação em saúde. Cad Saude Publica. 2009 Oct;25(10):2095 109. 4. Pedraza DF. Qualidade do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC): análise crítica da literatura. Cien Saude Coletiva. 2012; 17(2):2729-37. 5. Frias PG, Szwarcwald CL, Lira PI. Avaliação dos sistemas de informações sobre nascidos vivos e óbitos no Brasil na década de 2000. Cad Saude Publica. 2014;30(10):2068-280. 6. Silva AAM, Ribeiro V, Barbosa Junior AF, Coimbra LC, Silva RA. Avaliação da qualidade dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos de 1997-1998. Rev Saúde Pública. 2001;35(6):508-14. 7. Romero ED, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis epidemiológicas e demográficas do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, 2002. Cad Saude Publica. 2007; 23(3): 701-714.

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65 18. Vanderlei LC, Arruda, BKG, Frias PG, Arruda S. Avaliação da qualidade de preenchimento das declarações de óbito em unidade terciária de atenção à saúde materno-infantil. Inf Epidemiol SUS. 2002;11(1): 7-14. 19. Romero DE, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis socioeconômicas e demográficas dos óbitos de crianças menores de um ano registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (1996/2001). Cad Saude Publica. 2006; 22(3):673-84. 20. Costa JMBS, Frias PG. Avaliação da completitude das variáveis da declaração de óbitos de menores de um ano residentes em Pernambuco, Brasil, 1997-2005. Ciênc saúde coletiva. 2011; 16 (supl. 1):1267-1274. 21. Silva LP, Moreira CMM, Amorim MHC, Castro DS, Zandonade E. Avaliação da qualidade dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos e do Sistema de Informações sobre Mortalidade no período neonatal, Espírito Santo, Brasil, de 2007 a 2009. Cien Saude Colet. 2014; 19(7): 2011-2020. 22. Maia LTS, Souza WV, Mendes ACG. A contribuição do linkage entre o SIM e SINASC para a melhoria das informações da mortalidade infantil em cinco cidades brasileiras. Rev Bras Saude Mater Infant. 2015;15(1):57-66. 23. Maia LTS, Souza WV, Mendes ADCG, Silva AGSD. Uso do linkage para a melhoria da completude do SIM e do SINASC nas capitais brasileiras. Rev Saude Publica. 2017; 51:112. 24. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica. Consolidação do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos 2011. [Internet]. Brasília, 2013. [citado 20 mar 2017]. Brasília, 2013. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sinasc/consolida_sinasc_2011 25. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica. Consolidação do Sistema de Informações sobre Mortalidade 2011. [Internet]. Brasília, 2013. [citado 20 mar 2017]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/consolida_sim_2011.pdf 26. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 72, de 11 de janeiro de 2010. Estabelece que a vigilância do óbito infantil e fetal é obrigatória nos serviços de saúde (públicos e privados) que integram o Sistema Único de Saúde (SUS). [Internet]. Brasília, 2013.

66 [citado 15 ago 2017]. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF), 2010 jan 12;Seção 1:29. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt0072_11_01_2010.html 27. Barreto IC, Vieira MG, Teixeira GP, Fonseca SC. Morte neonatal: incompletude das estatísticas vitais. Rev Bras Pesq Saúde. 2017; 1 9(2): 64-72. 28. de Oliveira RR, Melo EC, Fujimori E, Mathias TA. The inner state differences of preterm birth rates in Brazil: a time series study. BMC Public Health. 2016; 16:411. 29. Veloso HJ, Silva AA, Barbieri MA, Goldani MZ, Lamy Filho F, Simões VM, et al. Secular trends in the rate of low birth weight in Brazilian State Capitals in the period 1996 to 2010. Cad Saude Publica. 2013; 29(1):91-101. 30. Ramalho MO, de Frias PG, Vanderlei LC, de Macêdo VC, de Lira PI. Avaliação da incompletude da declaração de óbitos de menores de um ano em Pernambuco, Brasil, 1999-2011. Cien Saúde Colet. 2015;20(9):2891-8.

67 Tabela 1 - Série temporal do percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Estado do Rio de Janeiro, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 268213 Sociodemográficas 2014 (%) N= 233641 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 0,63 0,001 1999 a 2014: -35,4* (-40,2; -30,4) Escolaridade materna 3,93 1,31 1999 a 2014: -5,39* (-8,3; -2,4) Cor da pele bebê/mãe 24,63 1,67 1999 a 2000: -50,40* (-80,5; -26,4) 2000 a 2014: -8,5* (-12,1; -4,7) Reprodutivas/Gravidez/Parto Número de filhos vivos 16,04 3,03 1999 a 2010: -7,5* (-11,0; -3,8) 2010 a 2014: -23,5* (-33,6; -11,9) Número de filhos mortos 31,30 4,98 1999 a 2010: -8,5* (-12,2; -4,7) 2010 a 2014: -25,0*(-35,7; -12,5) Tipo gravidez 0,14 0,13 1999 a 2010: -6,7* (-9,8; -3,4) 2010 a 2014: 25,2* (5.3,6; 48,8) Consultas de pré-natal 4,48 2,94 1999 a 2004: -1,4 (-11,3; 9,3) 2004 a 2009: -18,4* (-29,5; -5,6) 2009 a 2014: 14,0* (2,5; 26,7) Duração da gestação 0,90 2,41 1999 a 2009: -11,2* (-19,7; -1,7) 2009 a 2014: 62,8* (21,2; 118,8) Tipo de parto 0,19 0,11 1999 a 2014: -5,0* (-8,3; -1,7) Neonatais Sexo 0,37 0,01 1999 a 2004: -2 (-14,5; 12,3) 2004 a 2007: -66,3* (0,8; 21,5) 2007 a 2014: 1,1 (-6,6; 9,5) Peso 0,41 0,001 1999 a 2014: -36,9* (-42,0; -31,3) Apgar 5 min 2,64 2,07 1999 a 2010: -2,6* (-4,8; -0,5) 2010 a 2014: 12,5*(0,4; 26,1) Anomalia congênita 13,99 2,74 1999 a 2014: -12,6* (-14,9; -12,3) * p-valor < 0,05

68 Tabela 2 - Série temporal da incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), óbitos neonatais, Estado do Rio de Janeiro, 1999 a 2014. Variáveis 1999 (%) N= 4008 Sociodemográficas 2014 (%) N=2050 Mudança Percentual Anual (IC95%) Idade materna 28,21 6,64 1999 a 2004: -18,2* (-24,7; -11,1) 2004 a 2007: 18 (-28,2; 94,1) 2007 a 2014: -7,9* (-12,2; -3,5) Escolaridade materna 36,60 14,68 1999 a 2004: -14,5* (-18; -10,8) 2004 a 2007: -16,1* (-11,2; -51,8) 2007 a 2014: -5,0* (-7,2; -2,7) Número de filhos vivos 29,29 8,25 1999 a 2003: -9,8* (-14,1; -5,4) 2003 a 2007: 5,8* (-2,3; 14,6) 2007 a 2014: -14,5* (-16,1; -12,8) Número de filhos mortos 62,62 15,23 1999 a 2004: -10,2* (-12,9; -7,4) 2004 a 2007: 5,6* (-11,4; -25,8) 2007 a 2014: -13,9* (-15,4; -12,4) Tipo gravidez 15,11 3,85 1999 a 2001: -36,3* (-72,7; 48,5) 2001 a 2014: -1,0 (-3,6; 1,8) Duração gestação 16,81 8,74 1999 a 2004: -17,8* (-30,8; -2,3) 2004 a 2014: 8,0* (1,9; 14,4) Tipo de parto 14,52 4,29 1999 a 2001: -36,3* (-73,1; 60,6) 2001 a 2014: -0,4 (-3,5; 2,8) Neonatais Cor da pele 27,42 9,13 1999 a 2005: 0,2 (-3,4; 3,8) 2005 a 2010: -21,3* (-26,7; -15,5) 2010 a 2014: 3,4 (-3,8; 11,1) Sexo 0,59 0,58 1999 a 2014: -4* (-7,4; -0,5) Peso 11,15 5,46 1999 a 2003: -15,4* (-20,0; -10,5) 2003 a 2007: 10,6* (0,8; 21,5) 2007 a 2014: -5* (-7,0; -2,9) * p-valor < 0,05

69 Tabela 3 - Percentual de incompletitude dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), óbitos neonatais investigados e não investigados, Estado do Rio de Janeiro, 2014. Variáveis Sociodemográficas Óbitos investigados (N=1180) Óbitos não investigados (N=712) p-valor Idade materna 3,98 10,25 < 0,0001 Escolaridade materna 12,1 18,8 < 0,0001 Reprodutivas/ Gravidez/Parto Número de filhos vivos 5,08 13,2 < 0,0001 Número de filhos mortos 11,44 22,19 < 0,0001 Tipo gravidez 2,12 6,32 < 0,0001 Duração gestação 5,51 13,62 < 0,0001 Tipo de parto 2,29 6,74 < 0,0001 Neonatais Cor da pele 8,64 9,97 0,1868 Sexo 0,51 0,56 0,5570 Peso 2,29 10,53 < 0,0001

70 ANEXOS ANEXO 1 DECLARAÇÃO DE ÓBITO

ANEXO 2 DECLARAÇÃO DE NASCIDO VIVO 71