22 de Maio de 2013 Centro de Congressos de Lisboa, Auditório II. Discurso de abertura



Documentos relacionados
INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES. Eng. Mário Lino. Cerimónia de Abertura do WTPF-09

Eng.ª Ana Paula Vitorino. por ocasião da

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

Portugal 2020 O Financiamento às Empresas. Empreender, Inovar, Internacionalizar. Speaking Notes. Fevereiro 10, Vila Nova de Famalicão

NERSANT Torres Novas. Apresentação e assinatura do contrato e-pme. Tópicos de intervenção

ANÁLISE DO MERCADO DE REMESSAS PORTUGAL/BRASIL

Excelências, Senhores Convidados, nacionais e estrangeiros, Senhores Congressistas, Carlos Colegas, Minhas Senhoras e meus Senhores,

Artigo Opinião AEP /Novembro 2010 Por: Agostinho Costa

O SUCH Serviço de Utilização Comum dos Hospitais é uma associação privada sem fins lucrativos ( pessoa colectiva de utilidade pública).

a concorrência entre Entidades Gestoras assegurará custos mais baixos e maior qualidade

Jerónimo Martins, SGPS, S.A. Resultados do Primeiro Trimestre de 2006

ÍNDICE SUMÁRIO EXECUTIVO RESULTADOS 2011 ESTRUTURA FINANCEIRA PERSPETIVAS CALENDÁRIO FINANCEIRO 2012

Montepio, Portugal. Tecnologia de recirculação de notas na optimização dos processos de autenticação e de escolha por qualidade

Responsabilidade Social Shareholders vs Stakeholders: A experiência Groundforce. Ângelo Esteves 16 de Maio de 2005

EMPRESAS DE CRESCIMENTO ELEVADO

Contributo da APRITEL. 16 de Outubro de APRITEL BoasPraticasAP b.doc 1/9

Workshop sobre Empreendedorismo

Formação em Protecção Social

INTERVENÇÃO DE S.EXA. O SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO, DR.BERNARDO TRINDADE, NA SESSÃO DE ABERTURA DO XXXIII CONGRESSO DA APAVT

Audição da CIP na Comissão de Trabalho e Segurança Social 27 de janeiro de 2016

MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

Implementação da AGENDA 21 LOCAL em 16 Freguesias dos Municípios associados da LIPOR

UMA APRECIAÇÃO GERAL AOS INVESTIMENTOS PORTUGUESES NO BRASIL

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

EDITAL. Iniciativa OTIC Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento

Projecto de Lei n.º 54/X

REGRAS DE FACTURAÇÃO DE ENERGIA REACTIVA. APIGCEE Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Eléctrica

A procura dos cursos da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril triplicou

3 de Julho 2007 Centro Cultural de Belém, Lisboa

Visão de Futuro F3M Information Systems, S.A.

TRABALHO FINAL EMPRESA:

SEMINÁRIO OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES PARA AS EMPRESAS INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES

A Secretária de Estado dos Transportes. Ana Paula Vitorino

Os Segredos da Produtividade. por Pedro Conceição

01. Missão, Visão e Valores

Ferreira Barros & Filhos, Lda.

01 de Novembro de Construção

8 de Março E urgente acabar com as discriminações que a mulher continua sujeita em Portugal Pág. 2

6º Congresso Nacional da Administração Pública

EVOLUÇÃO DA POLÍTICA EUROPEIA DE AMBIENTE

ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS COMPARADAS CMI-CEIC

MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Gabinete do Ministro INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS

6.º Congresso Internacional dos Hospitais. Inovar em Saúde Mito ou realidade?

A MOBILIDADE ELÉCTRICA

A Contabilidade em Angola. José Luiz Gouveia Neto

indicadores ambientais

Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Governança urbana, Estratégia 2020 e Crescimento Inteligente: Da retórica das cidades criativas à facilitação das dinâmicas criativas

Reestruturar o Sector Empresarial do Estado

O princípio da afirmação da sociedade civil.

ESTUDO STERN: Aspectos Económicos das Alterações Climáticas

Banco ABC Brasil Relações com Investidores Transcrição da Teleconferência de Resultados do 1T13 03 de maio de 2013

GOVERNO UTILIZA EMPRESAS PUBLICAS PARA REDUZIR O DÉFICE ORÇAMENTAL, ENDIVIDANDO-AS E ARRASTANDO-AS PARA A SITUAÇÃO DE FALENCIA TÉCNICA

MENSAGEM DE NATAL PM

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO

Desafios do Turismo em Portugal 2014

VALOR DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL NO SECTOR CULTURAL E CRIATIVO

Agosto 2015

Economia dos EUA e Comparação com os períodos de e

Tecnologia nacional potencia sustentabilidade

Conferência sobre a Nova Lei das Finanças Locais

número 3 maio de 2005 A Valorização do Real e as Negociações Coletivas

Mercados. informação regulamentar. República Dominicana Condições Legais de Acesso ao Mercado

COMISSÃO DE DIREITO DO TRABALHO

Marketing Pessoal. aumentem de valor.

Programa para o Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro Mário Guerreiro Silva Ferreira

Percepção de Portugal no mundo

O Programa Enfermeiros de Família. (Página intencionalmente deixada em branco)

NCE/15/00099 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

ESTRATÉGIA e PROSPECTIVA 2009/2010

Data Entrada: / / Data Entrada: / / (a preencher pela Organização) (a preencher pela Organização)

OS GRANDES NÚMEROS DOS ANUNCINATES O MERCADO DA COMUNICAÇÃO EM PORTUGAL APAN/GRUPO CONSULTORES ANO 2011

Debate para a Sustentabilidade

Golfe e Turismo: indústrias em crescimento

Aspectos Sócio-Profissionais da Informática

FALTA A CAPA RELATÓR IO ECONTAS PRODUTECH Associação para as Tecnologias de Produção Sustentável

Desigualdade Económica em Portugal

NCE/14/01786 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos

A QUALIDADE E A CERTIFICAÇÃO

X CONGRESSO DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS. 1.ª Sessão Supervisão do sistema financeiro

Enoturismo em Portugal Caraterização das empresas e da procura

D SCUR CU S R O O DE D SUA U A EXCE

CNIS / CES / EDUCAÇÃO DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS A EDUCAÇÃO NO SECTOR SOLIDÁRIO DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS

Comunicação Comercial : Legislação ou Auto-regulação?

Aquicultura. Breves Notas e uma Sugestão

NOTA CEMEC 05/2015 INVESTIMENTO E RECESSÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA : 2015: UMA ANÁLISE SETORIAL

Consulta pública. Sistema de Cobertura do Risco de Fenómenos Sísmicos

Comissão de Orçamento e Finanças

Uma política econômica de combate às desigualdades sociais

Encontro da Construção e do Imobiliário em Defesa do Setor. Por um setor da construção renovado e ao serviço do País

INICIATIVA ESTRATÉGICA CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

AGENDA. Da Globalização à formulação de uma estratégia de Crescimento e Emprego para a União Europeia.

PRÉMIO MELHOR JOVEM ADVOGADO

PROCESSO AC-I-CCENT. 46/2003 CTT/PAYSHOP

Normas Internacionais de Contabilidade Para PME

A inovação e essencial à competitividade

ETIQUETAGEM ENERGÉTICA DE JANELAS

Contratação Pública e Auditoria de Gestão. Jacob Lentz Auditoria Geral da Dinamarca

Transcrição:

SEMINÁRIO IDE EM PORTUGAL (Atrair Capitais para Criar Emprego) 22 de Maio de 2013 Centro de Congressos de Lisboa, Auditório II Discurso de abertura Nunca, como hoje, foi tão evidente que atingir níveis elevados de emprego e de bem-estar depende fundamentalmente da competitividade da economia poder assegurar novos empregos e melhorar os existentes, pela reorientação de empresas para a exportação e pela atracção de investimento directo estrangeiro. Concentra-se a comunicação social sobre os indicadores de recessão e podia até pensar-se que a recuperação do consumo interno, público ou privado, seria suficiente para voltar ao crescimento, como se recentemente e com crédito abundante o tivéssemos tido. Os nossos problemas são mais antigos e não se resolverão com as políticas económicas que nos conduziram à situação actual. O nosso principal problema é a degradação acentuada da competitividade externa da economia portuguesa. Se descontarmos os generosos apoios comunitários recebidos, concluiremos que não crescemos desde meados dos anos 90, e duma forma ainda mais evidente desde que entrámos no Euro sem interiorizar que a participação na UEM nos obrigaria a um esforço sério de aumento de competitividade. Em alternativa também se sabia assistiríamos a que qualquer queda de competitividade externa já não podendo ser temporária e parcialmente Page 1 of 5

compensada pela desvalorização da moeda fosse compensada pela queda dos salários reais e/ou do emprego. E é nos índices internacionais de competitividade que é mais fácil verificar o que recuámos. Em 2000 Portugal ocupava o 22.º lugar do ranking do World Economic Forum, em 2004 estávamos em 24.º e daí para cá fomos ultrapassados por uma média de 3 países por ano, situando-nos na 49.ª posição em 2012. Em 12 anos perdemos 27 lugares num indicador com grande visibilidade, de forma regular, apesar de alguns esforços conseguidos de bater o índice, actuando ao nível governamental só sobre os pontos que são medidos como indicadores parciais de competitividade. O exemplo mais conhecido é o de empresa na hora indicador relevante, sem dúvida, mas que não foi acompanhado de redução de burocracia pós-criação, nomeadamente outros licenciamentos obrigatórios. Tem o Governo centrado, e bem, a sua acção na correcção dos enormes desequilíbrios macro-económicos do País, nomeadamente o deficit orçamental e o deficit comercial e da balança corrente. O trabalho do Forum para a Competitividade concentrou-se muito, nos anos anteriores, na chamada de atenção para a insustentabilidade da política económica seguida desde que decidimos entrar no Euro. É urgente que se possa concentrar agora em contribuir para recriar um sector exportador competitivo e concentrado em produtos e actividades onde, independentemente de vantagens comparativas, possamos beneficiar de preços premium, por oposição a mercados de margens esmagadas como são alguns onde operam parte dos nossos sectores tradicionais. E também em estimular o IDE, única variável de criação de emprego a curto prazo. Temos de sair dos sectores onde competimos com o Extremo Oriente. Page 2 of 5

É com este último objectivo, o de contribuir para estimular o investimento directo estrangeiro que começámos a preparar este seminário. Contámos com a colaboração dum grupo de trabalho constituído por: António Melo Pires António Alfaiate Benedito Siqueira Hans-Joachim Böhmer Jaime Esteves Jaime Lacerda John Goldsbrough José Félix Ribeiro Nelson de Souza Madalena Oliveira e Silva Margarida Silva Mathias Fischer Pedro Gonçalves Rita Faden Rui Madaleno Rui Vilar a quem gostava de agradecer a colaboração e os contributos que trouxeram. Os trabalhos concentraram-se na análise dos sucessos passados de empresas que têm hoje um papel importante na economia portuguesa, no decréscimo do IDE na última década em Portugal, nos principais obstáculos e sobretudo no que Page 3 of 5

deveríamos fazer para reduzir obstáculos e para aumentar a eficácia dos esforços de atracção. Não deixámos de reflectir sobre como aumentar o afluxo de meios financeiros externos à economia, muitas vezes associados à transacção de activos já existentes, mas, em nossa opinião, deveríamos centrar os esforços na angariação e no apoio ao arranque de novas iniciativas que permitam localizar em Portugal actividades competitivas internacionalmente. E sobretudo actividades que permitam melhorar a competitividade externa do País e criar empregos em áreas onde hoje há competências, mas não há nem emprego, nem produção. Face aos decréscimos recentes do nível de IDE a nível mundial, e de forma ainda mais acentuada na Europa, a tarefa não vai ser fácil. Sem me querer antecipar às conclusões, uma estratégia de sucesso nesta área implicará a concentração de esforços num número limitado de países e de sectores. A análise dos investimentos estrangeiros no Mundo evidencia uma concentração em número limitado de sectores e evidencia também que resultaram de opostas concretas e focadas feitas pelos países receptores em sectores que, para além das indispensáveis vantagens comparativas, existentes ou a criar, se inseriam harmoniosamente numa visão do seu próprio desenvolvimento futuro. Iniciaremos os trabalhos com uma apresentação pelo Dr. José Félix Ribeiro duma visão para o futuro. Porque acreditamos que pode haver futuro. E que temos de o construir. Numa altura em que do Governo esperamos que se concentre no redesenho duma administração pública moderna, eficiente e financeiramente comportável, Page 4 of 5

características que neste momento não possui, gostaria de terminar salientando a responsabilidade que as empresas em especial, e a sociedade civil em geral, têm de construir o futuro. Faço votos de que possamos com os nossos trabalhos de hoje contribuir para esse objectivo. Pedro Ferraz da Costa 22.05.2013 Page 5 of 5