PADRÃO DE ACOMETIMENTO VASCULAR NA MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA

Documentos relacionados
Material e Métodos Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 14 anos, internada para investigação de doença reumatológica

03/05/2012. SNC: Métodos de Imagem. US Radiografias TC RM. Métodos Seccionais. TC e RM. severinoai

radiologia do TCE

Acidente Vascular Cerebral. Prof. Gustavo Emídio dos Santos

Imagem da Semana: Ressonância magnética (RM) Imagem 01. Ressonância Nuclear Magnética (RM) de crânio, corte axial, ponderada em T1, sem contraste.

NEURORRADIOLOGIA. Cristina Moura Neurorradiologia, HUC CHUC

Caso RM. Letícia Frigo Canazaro Dr Ênio Tadashi Setogutti

Tratamento Com freqüência, é possível se prevenir ou controlar as cefaléias tensionais evitando, compreendendo e ajustando o estresse que as ocasiona.

ACIDENTE VASCULAR ISQUÊMICO. Conceitos Básicos. Gabriel Pereira Braga Neurologista Assistente UNESP

Radiologia do crânio

Tomografia computadorizada (TC), Ressonância magnética (RM)

14 de Setembro de Professor Ewerton. Prova confirmada dia 28 de Setembro. 1:30 da tarde.

Neuroimagem das Infecções Fúngicas no Cérebro Imunodeprimido

17/08/2018. Disfagia Neurogênica: Acidente Vascular Encefálico

ORGANIZADOR. Página 1 de 8

Imagem da Semana: Tomografia Computadorizada

NEURORRADIOLOGIA DOS DERRAMES

Imagem da Semana: Ressonância magnética (RM)

Área acadêmica. Diagnostico por imagem. Estudo por imagem do cranio maio 2018

ANATOMIA RADIOLÓGICA SECCIONAL DO CRÂNIO (TC e RM)

Identifique-se na parte inferior desta capa. Caso se identifique em qualquer outro local deste Caderno, você será excluído do Processo Seletivo.

Imagem da Semana: Ressonância Magnética (RM)

Meningite Bacteriana Adquirida na Comunidade

Linfoma extranodal - aspectos por imagem dos principais sítios acometidos:

A C I D E N T E VA S C U L A R C E R E B R A L G A B R I E L A P E R E S M E L O 2 2 / 0 9 /

O PAPEL DA IMAGEM NOS MENINGIOMAS. Dr. Victor Hugo Rocha Marussi Neuroradiologista

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (ISQUÊMICO) Antônio Germano Viana Medicina S8

XVIII Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalazen.

DOENÇAS DESMIELINIZANTES

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

COMO IDENTIFICAR UMA CEFALÉIA SECUNDÁRIA NA EMERGÊNCIA

NEUROCIRURGIA o que é neurocirurgia?

Reunião de casos clínicos

Acidente Vascular Encefálico

Diretriz Assistencial. Ataque Isquêmico Transitório

Médico Neurocirurgia Geral

Sobre a Esclerose Tuberosa e o Tumor Cerebral SEGA

Acidente Vascular Cerebral. Msc. Roberpaulo Anacleto

Noções Básicas de Neuroanatomia

Infecções do Sistema Nervoso Central. Osvaldo M. Takayanagui. Professor Titular de Neurologia. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA NEUROMIELITE ÓPTICA (NMO) DORALINA G. BRUM

NEUROIMAGING IN THE EMERGENCY DEPARTMENT: WHAT ALL CLINICIANS SHOULD IDENTIFY ON A BRAIN CT SCAN

. Intervalo livre de sintomatologia até 12h (perda de consciência seguindo-se período de lucidez);

Saiba Mais Sobre a Doença Leptomeníngea

Identifique-se na parte inferior desta capa. Caso se identifique em qualquer outro local deste Caderno, você será excluído do Processo Seletivo.

ESTUDO DE PAREDE VASCULAR POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: INDICAÇÕES

Classificação. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico(AVCI) * Ataque Isquêmico Transitório(AIT)

FORMA TUMORAL DA CISTICERCOSE CEREBRAL

AVCI NA FASE AGUDA Tratamento clínico pós-trombólise. Antonio Cezar Ribeiro Galvão Hospital Nove de Julho

Reunião de casos clínicos

A maioria das crianças com traumatismo craniano são jovens, do sexo masculino e têm trauma leve.

UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO UNI - RIO

ESCLEROSE MÚLTIPLA. Prof. Fernando Ramos Gonçalves

Imagem da Semana: Tomografia Computadorizada (TC)

Tomografia Computadorizada (TC), Arteriografia Cerebral e Angioressonância

PROVA OBJETIVA. b) Liste os outros exames que devem ser solicitado para o esclarecimento do quadro e descreva qual seria a abordagem terapêutica.

31 de Agosto de Professor Ewerton. Neuroimagem

VALOR DIAGNÓSTICO DA PCR EM TEMPO REAL NA MENINGITE TUBERCULOSA: DADOS PRELIMINARES DE ESTUDO PROSPECTIVO

DEMÊNCIA? O QUE é 45 MILHOES 70% O QUE É DEMÊNCIA? A DEMÊNCIA NAO É UMA DOENÇA EM 2013, DEMÊNCIA. Memória; Raciocínio; Planejamento; Aprendizagem;

TC e RM DOS SEIOS DA FACE

Plano de curso da disciplina de NEUROLOGIA

Tomografia dos Seios Paranasais

Toxoplasmose Cerebral em paciente portadora de Esclerose Múltipla sob tratamento com Natalizumabe

Este material visa informar os pontos fortes da realização destes exames na clínica/hospital, de forma a contribuir ao profissional da saúde a ter um

Journal Club. Setor Abdome. Apresentação: Lucas Novais Bomfim Orientação: Dr. George Rosas

BRAINS - BRAIN RESCUE IN ACUTE ISCHEMIC NEUROLOGIC SYNDROMES. Prime Neurologia Autores: José Luciano Cunha, Bruno Minelli

CASO CLÍNICO DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA NÃO ATEROSCLERÓTICA


ALTERAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

Indicações, vantagens e desvantagens da TC e RM.

Malformações Arteriovenosas Cerebrais O que é importante para a tomada de decisão. Ricardo Pessini Paganin

Caracterização de lesões Nódulos Hepá8cos. Aula Prá8ca Abdome 2

Hemangioma hepático: Diagnóstico e conduta. Orlando Jorge Martins Torres Professor Livre-Docente UFMA Núcleo de Estudos do Fígado

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR EMERGÊNCIAS AÓRTICAS. Leonardo Oliveira Moura

SINAIS PRECOCES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA. João Comba Data: 08/11/2017

BRUNA FERREIRA BERNERT LUIZ FERNANDO BLEGGI TORRES APOSTILA DE NEUROPATOLOGIA ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. 1 a edição

Radiologia do crânio e face

RESOLUÇÃO Nº 26, DE 22 DE ABRIL DE 2019

Infecções Oportunistas do Sistema Nervoso Central em HIV/AIDS na Emergência

Manual de rotinas para atenção ao AVC

GERMINOMA LOCALIZADO NOS NÚCLEOS DA BASE E TÁLAMO COM INVASÃO DO TRONCO CEREBRAL

Doenças Vasculares Cerebrais (AVE)

Métodos de imagem em ortopedia

Imagem da Semana: Ressonância magnética (RM)

Radiologia Blog Dr. Ricardo

- termo utilizado para designar uma Dilatação Permanente de um. - Considerado aneurisma dilatação de mais de 50% num segmento vascular

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO

Emergências Clínicas

AVALIAÇÃO POR IMAGEM DA COLUNA LOMBAR: INDICAÇÕES E IMPLICAÇÕES CLINICAS

Sessões Clínicas Cefaléia

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS AVE / AVC. Profª. Tatiane da Silva Campos

Duplex Scan. Análise das Imagens

Materiais e Métodos As informações presentes neste trabalho foram obtidas a partir de revisão bibliográfica e do prontuário

Residente de Neurologia: Rafael de Souza Andrade

Meduloblastoma. Denise Magalhães

INFECÇÕES FÚNGICAS. Luis Vieira Luis Vieira Assistente Hospitalar de Radiologia CHLC Hosp. Capuchos, Lisboa (Coord.: Dra.

MENINGITE TUBERCULOSA. Soraia Almeida Centro Hospitalar do Porto/Unidade Joaquim Urbano Aveiro, 2 de Julho de 2011

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

TC Protocolo de Crânio. José Pedro Gonçalves TN Esp. em Radiologia

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

Transcrição:

PADRÃO DE ACOMETIMENTO VASCULAR NA MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA Fábio Noro 1, Fernanda Silva da Paz Castro 2, Vanessa Carvalho Freitas 2, Paulo Roberto Valle Bahia 3, Lourival Dias Pereira Filho 4, Stéphanie Victória Andrade Lemos 4 RESUMO A meningoencefalite tuberculosa constitui-se na forma mais grave de tuberculose extrapulmonar, sendo o infarto cerebral uma de suas complicações mais severas. O reconhecimento dos achados de imagem desse tipo de complicação é de extrema importância para a conduta desses casos. Nesse ensaio iconográfico são apresentados cinco casos de pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) com meningoencefalite tuberculosa complicada com infartos cerebrais. Os pacientes foram estudados através de tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) do crânio, identificando-se infartos cerebrais na topografia dos núcleos da base e cápsula interna, indicando um padrão de acometimento da doença. Palavras-chaves: Meningoencefalite tuberculosa; Infarto cerebral e SIDA VASCULAR SUPPORT PATTERN IN TUBERCULOSIS MENINGOENCEFALITE ABSTRACT Tuberculous meningoencephalitis is the most severe form of extrapulmonary tuberculosis, with cerebral infarction being one of its most severe complications. The recognition of imaging findings of this type of complication is extremely important for the conduct of these cases. In this iconographic essay are presented five cases of patients of the University Hospital Clementino Fraga Filho (UFRJ) with tuberculous meningoencephalitis complicated with cerebral infarcts. The patients were studied through computed tomography (CT) and magnetic resonance imaging (MRI) of the skull, identifying cerebral infarcts in the topography of the ganglia basal and internal capsule, indicating a pattern of disease involvement. Keywords: Tuberculous meningoencephalitis; Cerebral infarction and AIDS. INTRODUÇÃO A meningoencefalite tuberculosa constitui-se na forma mais grave de tuberculose extrapulmonar e se apresenta clinicamente através de febre, cefaleia, vômitos, sonolência, apatia, letargia e irritabilidade. O diagnóstico desta doença é confirmado através da punção lombar e posterior análise do líquido céfalo-raquidiano. Porém, são descritas algumas alterações nas imagens de tomografia computadorizada e ressonância magnética do encéfalo que podem sugerir a doença. 1,2 A referida patogenia está associada com diversas complicações agudas, subagudas e crônicas, das quais o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é frequente, além de ser uma das principais causas de incapacidade entre os sobreviventes. 1 Autor. Mestre em radiologia e diagnóstico por imagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ RJ, Brasil). Preceptor chefe na residência médica de radiologia e diagnóstico por imagem no Hospital Barra D or RJ, Brasil 2 Autores. Médicos residentes de radiologia e diagnóstico por imagem no Hospital Barra D or - RJ, Brasil 3 Coautor. Doutor em radiologia e diagnóstico por imagem pela UFRJ. 4 Colaboradores. Médicos residentes de radiologia e diagnóstico por imagem no Hospital Barra D or - RJ, Brasil Autor correspondente: Vanessa Carvalho Freitas vanefsa@gmail.com

Os pacientes com meningite tuberculosa podem desenvolver AVC em até 40 % dos casos. 3,4 Geralmente esses infartos envolvem os pequenos ramos das artérias lentículoestriadas, o que explica a habitual e mais severa distribuição dos infartos nos núcleos da base. Quanto ao quadro clínico, os infartos podem ser sintomáticos ou não, sendo frequente o achado de hemiplegia. 4 O presente estudo consiste em um ensaio iconográfico, onde são apresentados cinco casos de pacientes do nosso hospital da UFRJ com meningoencefalite tuberculosa complicada com infartos cerebrais. Verificou-se que tais infartos estavam localizados, sobretudo, nos núcleos da base e na cápsula interna, o que corrobora com outros artigos relacionados ao tema e nos faz pensar em um possível padrão de acometimento da doença. Juntamente com a discussão dos aspectos de imagem dos casos, é feita uma breve revisão do tema, com algumas leituras recomendadas. METODOLOGIA Foram utilizados os dados de cinco pacientes com diagnóstico de meningite tuberculosa, os quais apresentaram várias características clínicas que sugeriram o desenvolvimento de acidente vascular cerebral (AVC) no momento da apresentação ou durante o curso do tratamento. O diagnóstico de meningite tuberculosa foi feita com base na história e exame clínico, correlacionando-se com alterações da avaliação liquórica e com exames de imagem como TC ou RM do crânio. A RM foi feita em todos os pacientes e TC com uso de contraste endovenoso foi feita para um paciente. Anormalidades consideradas na avaliação liquórica incluídas, foram: proteínas anormais, contagem de células elevadas, baixo teor de glicose e cultura positiva ou PCR para Mycobacterium tuberculosis. Anormalidades de imagem mostrando infarto na distribuição territorial com ou sem tuberculomas e /ou realce meníngeo basal foram avaliadas. Pacientes com pequenos infartos sozinhos e hemiparesia causada por tuberculomas foram excluídos do estudo. Os dados de todos os pacientes foram analisados em termos da característica de imagem dos infartos, territórios envolvidos, vasculites evidentes, fatores de risco associados ao AVC, e os resultados desses dados. 188

RESULTADOS Dos cinco casos de meningoencefalite tuberculosa selecionados no nosso hospital, quatro apresentaram infartos nas cápsulas internas e três nos núcleos da base, sendo o caudado o principal atingido. Do mesmo modo,identificamos outras topografias, como a mesencefálica e a talâmica. Entretanto, isso foi visto somente em um dos casos. Quanto a identificação das arterites, a artéria cerebral média (ACM) foi a mais acometida, destacando-se o realce pós-contraste em três dos cinco casos. Esta mesma alteração também foi evidenciada na artéria cerebral anterior (ACA), porém em apenas um único caso. Não encontramos associações entre os padrões das lesões e a idade ou gênero dos pacientes. Topografias encefálicas acometidas em ordem decrescente de frequência Cápsulas internas Núcleos da base Tálamos / Mesencéfalo Artérias acometidas em ordem decrescente de frequência ACM (artéria cerebral média) ACA (artéria cerebral anterior) CASOS CLÍNICOS Pacientes portadores de AIDS, com faixa etária oscilando entre 40 a 50 anos, tendo como principal sintoma em comum cefaléia intensa. Caso 1 Figura 1: RM FLAIR- infarto lacunar no joelho e perna posterior da cápsula interna esquerda. Áreas de gliose na cabeça do caudado, perna anterior da cápsula interna e núcleo lentiforme esquerdo. Figura 2: RM difusão- infarto lacunar no joelho e perna posterior da cápsula interna esquerda. Figura 3 e 4: RM axial T1 após GD: realce pós-contraste ao redor da ACM esquerda. Lesão focal hipointensa no uncus do lobo temporal esquerdo. Infarto lacunar no joelho e perna posterior da cápsula interna esquerda. 189

Caso 2 RM FLAIR, difusão e T1 pós- Gd: infartos lacunares, margeados por gliose no corpo estriado, na cápsula interna direita e no corpo do caudado esquerdo. Discreta ectasia ventricular. Caso 3 RM difusão e FLAIR: Infartos focais recentes no joelho da cápsula interna e no joelho e perna posterior da cápsula interna esquerda. Hiperintensidades periventriculares bilaterais por gliose/desmielinização. 190

Caso 4 TC pós-contraste: lesões focais hipodensas nos núcleos da base bilateralmente. Realce leptomeníngeo difuso.realce pós-contraste ao redor das ACM e ACA direitas. Caso 5 FLAIR: extensas áreas de hipersinal nos lobos temporais, na cisterna suprasselar e na região póstero-laateral esquerda do mesencéfalo. RM difusão: infarto focalrecente na perna posterior da cápsula interna e tálamo direito. RM axial T1 após Gd: realce pós-contraste ao redor da ACM direita, das cisternas supraselar e interpenduncular e na região póstero-lateral esquerda do mesencéfalo. RM sagital T1 após Gd: realce pós-contraste nas cisternas supraselar e interpeduncular. RM DISCUSSÃO Segundo Lehrer et al 5, o infarto através da vasculite é o mecanismo pelo qual muitas das anormalidades clínico-neurológicas ocorrem na tuberculose meníngea, sendo também responsável por grande parte das sequelas irreversíveis como hemiparesia, convulsões e distúrbios do movimento. Além disso, Shahbaz et al 4 descreveram uma tríade associada a meningite tuberculosa que inclui hidrocefalia, estreitamento dos vasos na base do cérebro e estenose ou oclusão de outros vasos de médio e pequeno calibre,com raras clolaterais. 191

Ainda de acordo com esses autores, a maioria dos infartos na tuberculose meníngea está localizado nos gânglios da base, seguidos da cápsula interna, tálamo e mais raramente no território do tronco cerebral. 4,6 Esse fato entra em concordância com os casos de tuberculose meníngea do nosso hospital, onde as principais regiões cerebrais acometidas pelo infarto foram os núcleos da base e a cápsula interna. Esse padrão preferencial de localização ocorre porque o exsudato inflamatório das meninges usualmente envolve as artérias de pequeno e médio porte. As artérias maiores apresentam, comumente, periarterites isoladas. Capilares e veias são raramente comprometidos. 4 Segundo a observação angiográfica realizado por Ninan T et al 7 em pacientes com tuberculose meníngea, a artéria cerebral média (ACM) foi a mais acometida, corroborando com o nosso estudo onde o maior acometimento arterial referiu-se a ACM e a ACA. CONCLUSÃO A meningite tuberculosa é uma condição associada a alta morbi-mortalidade,devido a muitas de suas complicações. Dentre essas, o AVC é a lesão mais temida, localizando-se principalmente nas cápsulas internas e nos núcleos da base. Por conseguinte, deve ser reconhecida e tratada precocemente. Além disso, a arterite com infarto deve sempre ser suspeitada quando os pacientes com meningite tuberculosa desenvolvem déficits neurológicos focais, embora tuberculomas ou encefalite tuberculosa também possam causar esses sinais. REFERÊNCIAS 1. Capone D, Tessarollo B, et al. Tuberculose Extrapulmonar. Revista HUPE-UERJ 2006 5(2). 2. Sociedade Brasileira de infectologia, Meningite tuberculosa, 2015. Disponível em: http://www.infectologia.org.br/meningite-tuberculosa/ 3..Chan KH, Cheung RTF, Lee R, Mak W, Ho SL. Cerebral infarcts complicat-ing tuberculosis meningitis. Cerebrovasc Dis 2005;19:391-395. 4. Shahbaz N, et al. Middle Cerebral Artery Infarction in Central Nervous System Tuberculosis. Pak J Med Sci July -September Pak J Med Sci 01/2011; 2727(4):802-805 5. Lehrer H. The angiographic triad in tuberculous meningitis. Radiology 1966;87:829-835 192

6. Thwaites G, Chau TT, Mai NT, Drobniewski F, McAdam K, Farrar J. Tuberculous meningitis. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2000;68:289-299 7. Ninan T. Abraham, Jacob, Chandy, Jacob. Cerebral angiographic features in tuberculous meningitis. Neurology 1970;20:1015 193