O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: INTEGRANDO A PRÁTICA E A TEORIA NO CURSO DE PEDAGOGIA



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Transcrição:

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: INTEGRANDO A PRÁTICA E A TEORIA NO CURSO DE PEDAGOGIA CYRILO, Silvana Pereira São silvanapscyrilo@gmail.com SAITO, Heloisa Toshie Irie (Orientadora) Universidade Estadual de Maringá Formação de professores e intervenção pedagógica Introdução Neste texto temos como propósito apresentar, e acima de tudo, ressaltar a importância da integração entre os saberes teóricos e práticos oferecidos nos cursos de formação de professores, tendo em vista as nossas próprias experiências como graduandas do curso de Pedagogia. Esse trabalho é fruto de estudos, reflexões, observações e vivências no campo de estágio, possibilitados através da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado de Educação Infantil I, ofertada no 1º semestre do 2º ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá e orientado pela Professora Dr.ª Heloisa Toshie Irie Saito. Buscaremos relatar algumas práticas pedagógicas que foram observadas em sala de aula, bem como as atividades e uso de materiais pedagógicos desenvolvidos pelos alunos e pela professora, ressaltando o trabalho realizado em uma turma de Infantil 5. Também contemplaremos em nosso relato alguns aspectos importantes acerca do colégio, seus alunos e a relação entre professor-aluno. Acompanhamos o cotidiano escolar o Centro Municipal de Educação Infantil durante o estágio da disciplina, contemplando 20 horas/aulas, distribuídas em turmas do Infantil 1, 2, 3, 4 e 5, no período da manhã, das 7h30min às 11h30 min, observando as atividades realizadas pelos alunos, a ação da professora, o planejamento das aulas, o desenvolvimento, os conteúdos, os temas, as abordagens, a atualidade metodológica e até mesmo o próprio comportamento dos sujeitos pedagógicos (professor-aluno), que detalharemos mais no relato ao longo do trabalho. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 1

O campo de observação e o processo do estágio: algumas considerações Um fato que se constitui como razão para justificar nosso trabalho é a contribuição que essas observações, intervenções e reflexões oportunizadas através da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado de Educação Infantil I trazem para nossa formação acadêmica em Pedagogia, permitindo-nos vivenciar um pouco da realidade das salas de aula da Educação Infantil, colocando-nos frente a frente com as dificuldades e benefícios de nossa futura profissão. Para tanto, foi escolhido um Centro Municipal de Educação Infantil do município de Maringá para fazermos nossas observações, localizado em um bairro central da cidade. Assim, tendo como respaldo a observação de uma turma de Infantil 5 do CMEI pudemos notar o quanto vai além a perspectiva do educar e do cuidar de crianças pequenas. O estudo sistematizado das vivências do campo de estágio possibilita-nos o contato com a experiência humana, com relações entre crianças e adultos, com a experiência do educar, com acertos e erros. Permite-nos conhecer a conexão existente entre o saber teórico, com o saber prático no sentido de estabelecermos relações com a realidade que vivenciamos. Em nossa análise, constatamos que cada criança é um ser capaz e único, cada uma com uma característica, umas mais retraídas, outras mais extrovertidas, mas todas com um brilho especial no olhar. Crianças com vontade de aprender, de conhecer o mundo. A criança nos traz a todo instante algo de novo, com seu poder de imaginar, de criar, reinventar e produzir cultura, nos dando a possibilidade de mudança e de renovação da experiência humana, que nós adultos, muitas vezes não somos capazes de perceber. Muitas vezes cometemos o equívoco de reduzir as possibilidades das crianças a nós mesmos, ou aquilo que pensamos, ou desejamos, esperamos dela e para ela, vendo-a como um ser imaturo. Pudemos, através desse trabalho, compreender a relação de aprendizagem contínua, em que cada dia há um novo aprendizado, entre professores- crianças, e crianças- professor. O Centro Municipal de Educação Infantil observado tem sua clientela advinda de famílias de nível econômico médio e baixo e a seleção das matrículas são realizadas de acordo com a ficha de espera, onde assim que surge uma vaga os pais são comunicados. Antes as vagas eram reservadas apenas às mães e pais que pudessem comprovar que trabalhavam fora, agora esse critério foi anulado, graças a Constituição Federal que garante o direito de todos à educação. A maioria dos alunos desta Unidade Escolar mora próximo do estabelecimento de Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 2

ensino, mas aqueles que moram mais distante utilizam o transporte escolar oferecido pela prefeitura municipal ou transporte particular. A Unidade funciona no período diurno e vespertino, recebendo os alunos pela manhã, por cerca das 7h00 min. encerrando seu funcionamento às 18h30 min. onde um funcionário fica responsável pelo cuidado das crianças que os pais demoram a buscar. A saída das crianças ocorre às 16h30min. O Centro comporta a Educação Infantil, com 12 turmas de crianças de 0 a 5 anos de idade, incluindo nesse dado 10 turmas de período integral e 2 turmas mistas que ficam apenas um período no centro, contando com o total de 380 alunos matriculados e 48 funcionários, dentre eles estão os educadores e auxiliares, 2 pedagogas, serventes, auxiliares administrativos e uma Diretora de Escola. A Unidade conta também com uma lactarista, que prepara o leite "Nan" recebido da prefeitura para o infantil 1 A e 2 B; existem ainda 3 auxiliares que trabalham 8h e uma educadora de 6h. As turmas do infantil 4 e 5 permanecem com as educadoras de tarde, trabalhando o lúdico, o recreativo e a professora de manhã trabalha mais com o pedagógico, as demais turmas permanecem apenas com educadoras. A Unidade também recebe crianças com necessidades especiais e tem dois alunos de inclusão com deficiências físicas e quatro autistas, além dos alunos com hiperatividade, os quais, a partir do infantil 4, recebem atendimento especializado, com uma professora de apoio na sala. De acordo com a coordenadora, a instituição não tem um entendimento específico quanto à alfabetização, pois ela não ocorre na educação infantil, mas entendem que as crianças precisam desenvolver as habilidades de coordenação motora fina, como fazer recortes, saber rasgar papéis, desenhar, brincar, desenvolver a criatividade, para só depois desenvolver a alfabetização propriamente dita. Na defesa proposta pelo RCNEI: Ao brincar, as crianças podem reconstruir elementos do mundo que as cerca com novos significados, tecer novas relações, desvincular-se dos significados imediatamente perceptíveis e materiais para atribuir-lhes novas significações, imprimir-lhes suas ideias e os conhecimentos que têm sobre si mesmas, sobre as outras pessoas, sobre o mundo adulto, sobre lugares distantes e/ou conhecidos. (RCNEI, 1998, p.171). Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 3

Quanto ao planejamento, em cada semestre há um tema para ser trabalhado, de acordo com um planejamento realizado no ano anterior e esse é desenvolvido em todas as turmas, de acordo com as possibilidades de cada uma. O tema trabalhado no semestre que realizamos a observação foi Eu e Meu Corpo. A teoria que embasa a instituição é a histórico cultural, ou seja, eles partem da mediação do conhecimento, levando em consideração os conhecimentos já trazidos pelos alunos. A avaliação é realizada semestralmente, através das sondagens, mas também é realizada a avaliação contínua, observando os aprendizados diários das crianças, enviando posteriormente um relatório aos pais. São enviados aos pais os diários para que os pais possam saber o desenvolvimento de seu filho. Em relação à alimentação, ela é programada por uma nutricionista que desenvolve o cardápio diário, sendo servidas quatro refeições: o café da manhã, assim que as crianças chegam o almoço, por volta das 10h40min às 11h00min, o café da tarde e às 16h o jantar. As crianças do Infantil fazem as refeições no corredor, com as cadeirinhas apropriadas e as demais turmas se deslocam até o refeitório. Não é permitido o uso de mamadeira a partir do Infantil 2 e a chupeta só é autorizada na hora do sono. Todos os recursos são financiados pela prefeitura, e pelo recurso do PDDE- Programa Dinheiro Direto para a escola, e esse dinheiro é calculado de acordo com a quantidade de crianças matriculadas no ano anterior, podendo ser gastos em custeios, ou seja, na aquisição de bens não duráveis à instituição. O dinheiro recebido é supervisionado pela APMF - associação formada por pais de alunos e presidente. A prefeitura da cidade distribui kits com materiais escolares e uniformes. O kit de material escolar fornecido pela prefeitura para os alunos da rede municipal é composto por apontador, borrachas, cadernos, estojo, canetas, cola, caixa de giz de cera, lápis pretos e de cor, massa de modelar, pasta plástica, pincel, régua, cola colorida e tesoura. O Centro atende no período de férias, em janeiro e julho, os alunos de outras instituições cujos pais não podem ficar com os filhos em casa. Para isso é realizado meses antes uma sondagem para verificar quais alunos precisaram realmente da vaga, precisando que os pais tenham uma declaração de trabalho e façam novamente uma matrícula. São atendidas nesse período crianças de diversos outros bairros próximos da instituição, de acordo com a Lei Jeremias. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 4

Quanto à estrutura física, o Centro tem um espaço amplo, com salas de aula grandes e confortáveis, e uma brinquedoteca coberta, com brinquedos novos, como por exemplo, dois Pula-Pula, há também uma sala de vídeo onde os alunos são recepcionados ao chegarem ao Centro. O refeitório é grande, com mesas extensas, mas fica distante das salas de aula, fazendo com que as crianças percam muito tempo em suas refeições. Os banheiros, que são quatro, um feminino e um masculino no térreo e os outros dois no 1º andar, são todos adaptados ao tamanho das crianças, os bebedouros também são adaptados ao tamanho das crianças. A turma observada é numerosa, com 28 crianças matriculadas e frequentes, entre elas 14 meninos e 14 meninas, com idades entre 4 anos, que irão completar 5 ainda esse ano, e crianças com 5 anos já completos. São participativos e prestativos, respondem as perguntas feitas pela professora com entusiasmo. A maior parte da turma já consegue reconhecer o próprio nome em seus materiais pessoais, como por exemplo, no momento de procurar a bolsa, a blusa, ou a garrafinha de água, mas alguns precisam da ajuda da professora. Podemos perceber que a turma gosta muito de ouvir histórias, todas as vezes que contamos as histórias eles ficaram quietos, fascinados, e pediam que repetíssemos a história. Nas semanas que observamos a sala não houve um momento sequer que a professora fizesse uma contação de histórias; isso é uma pena porque a história é um momento de partilha o ato de ouvir e contar. Nosso estágio de observação se dividiu em duas etapas: alguns dias eram dedicados à observação da turma e outros à aplicação de atividades planejadas por nós (promovemos junto aos alunos dessa turma duas atividades participativas). A primeira atividade proposta foi o Twister ou Tapete da caminhada na qual tínhamos por objetivo contribuir com o desenvolvimento da noção espacial, da lateralidade e da sequenciação. Pudemos notar durante a aplicação dessa atividade que muitas das crianças tinham dificuldade em relacionar as cores ou de definir qual era a mão esquerda ou direita, sendo que a professora havia nos falado que já havia trabalhado esses conceitos com a turma recentemente. A segunda atividade proposta foi a contação da história Cachinhos Dourados e os três usos. Tivemos como objetivo aproximar a turma de uma literatura clássica, aguçando o gosto pela literatura infantil e contribuir com o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e da Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 5

coordenação motora fina. Todas as atividades descritas eram aplicadas no período de 50 minutos. A última atividade desenvolvida com a turma foi a nossa intervenção, que durou toda a manhã. Através dela, trabalhamos o conceito do nome próprio, oferendo às crianças atividades diversificadas, como músicas, roda de conversa, jogos e histórias. O processo de Estágio Curricular Supervisionado de Educação Infantil foi um momento de rica contribuição para nossa Formação acadêmica no curso de Pedagogia, nos possibilitando tanto o conhecimento teórico nas aulas de formação como o conhecimento prático na vivência no ambiente de um CMEI onde tivemos a oportunidade de observar, participar e intervir nessa realidade. Foi muito importante essa vivência porque nos proporcionou uma grande experiência nos colocando de frente às dificuldades e benefícios de nossa futura profissão. Partimos do pressuposto que o estágio é um processo de rica aprendizagem sendo extremamente necessário a um profissional em formação, tendo por objetivo preparar o acadêmico para enfrentar os desafios da profissão escolhida. Neste processo temos a possibilidade de assimilar a teoria e a prática, tendo em vista as peculiaridades da profissão, assim como a oportunidade de conhecer a realidade do cotidiano da profissão que escolhemos para exercer. À medida que temos contato com as tarefas que nos são solicitadas no estágio começamos a assimilar o que nos foi ensinado e até mesmo o que ainda nos ensinarão teoricamente. Acreditamos que o aprendizado é mais eficaz quando adquirido através da experiência, sem é claro desprezar o embasamento teórico. Muitos profissionais ao receberem estagiários em suas salas de aula, alegam, por medo ou receio de serem observados que a teoria é completamente diferente na prática, mas acreditamos convictamente que não existe uma prática sem um embasamento teórico, mesmo que esse seja praticado inconscientemente. Segundo Gomes (2009) o estágio é a construção da identidade profissional, a aproximação com a realidade através da experiência prática assim como uma aproximação com o campo profissional possibilitando a conexão da teoria estudada com a prática observada nas instituições. Pode ser entendida também como uma atividade educativa num diálogo entre a teoria e a prática. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 6

É comum para nós estagiários nos lembrar do ocorrido nos estágios enquanto assistimos às aulas e do que aprendemos em sala enquanto realizamos alguma participação no estágio. A prática está interligada com a teoria, por isso é importante o professor que já atua dentro de sala de aula estar sempre se atualizando, fazendo cursos de especialização e capacitação, o professor deve ter uma formação contínua. São indiscutíveis os benefícios e vantagens da experiência que o estágio nos possibilita. As aulas em sala de aula nos ensinam conceitos e teorias que são importantes na futura profissão e a vivência dos estágios nos permite assimilar vários elementos que nos foram ensinados teoricamente. Durante esse processo de estágio pudemos notar que o educar e o cuidado com as crianças pequenas vão muito além do que imaginamos. Como diz Weffort (1996) nos é necessário educar o olhar para construir o olhar sensível e pensante, ou seja, precisamos desenvolver a habilidade de uma ação mais profunda e analisada que nos leve a uma reflexão através do nosso olhar. O nosso olhar deve ser construído de um modo sensível e pensante para assim entendermos o processo de ensino de uma maneira mais crítica. Neste sentido, no processo de estágio, é necessário o desenvolvimento de uma pedagogia do olhar, realizando múltiplas leituras, permitindo assim entender o contexto educativo em suas várias facetas. Sabemos que não é fácil ser observado por outro alguém, somos muito sensíveis às críticas, ao medo do que o outro vai pensar, se ele gostará ou não, mas devemos agradecer a professora que nos recebeu atenciosamente em sua sala, nos oportunizando observá-la. Vimos várias atitudes ruins cometidas por professores da instituição, mas os erros não são vistos por nós como uma crítica, mas como uma oportunidade de aprender com eles, e não cometê-los em nossa prática futura. O estudo sistematizado das vivências do campo de estágio nos permitiu um contato com a experiência humana na relação entre crianças e adultos e criançacriança, onde o educar se apresenta com acertos e erros. Permitindo-nos assim conhecer a conexão existente entre o saber teórico e o saber prático nos possibilitando estabelecer relações com a realidade que vivenciamos. No processo de estágio pudemos perceber que ser professor é estar constantemente num processo de formação, ou seja, a cada dia ir aperfeiçoando a maneira de educar e cuidar dos pequenos. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 7

Para Oliveira-Formosinho (2002) o desenvolvimento profissional ocorre numa perspectiva de mudança ecológica, ou seja, global e integradora, ou seja, o professor vai se desenvolvendo durante toda a vida em diferentes contextos que envolvem o crescer, o sentir, o ser e o agir. Nenhum profissional nasce pronto para uma profissão, com o professor não é diferente, não existem profissionais com um dom especial em educar, ou uma fórmula mágica para se tornar professor, mas a formação se dá de forma contínua em cada relação do indivíduo com seu meio. Assim, a profissão docente diz respeito a uma ação contínua que se efetiva durante toda a vida, é algo que vai sendo construído na medida em que se adquire conhecimentos. Em nossas observações pudemos constatar que cada criança é um ser único e capaz, cada uma com características próprias, sendo umas mais tímidas, outras mais extrovertidas, mas todas com uma característica especial e com uma grande sede de aprender e conhecer o mundo, o que nos mostra ser necessário uma formação diferenciada para atender esses pequenos com qualidade e o compromisso de desenvolver um trabalho que considere a realidade dessas crianças assim como as necessidades específicas a cada faixa etária procurando desenvolver na criança todos os seus aspectos globais. Para isso se faz necessário ter um planejamento de qualidade e eficaz e também uma postura crítica diante das atividades a serem desenvolvidas com as crianças preocupando-se sempre com o que, o como e para quê se deseja formar. Ostetto (2000) enfatiza que tanto creches como pré-escolas bem como instituições educativas têm responsabilidade de oferecer às crianças pequenas um desenvolvimento e aprendizagem de qualidade. Assim sendo é necessário se preocupar com o planejamento de modo que a sua elaboração dependa muito da visão de mundo, de criança, de educação e de processo educativo que o docente possui e deseja. Por ser um processo reflexivo o educador vai aprendendo e exercitando a capacidade de perceber o que é necessário desenvolver nos seus alunos, localizando problemas e buscando as causas a fim de superá-las; para isso é necessário o olhar atento. Qualquer planejamento vai depender muito do educador do seu compromisso que tem com a profissão, do respeito que tem pelas crianças, das informações e conhecimento que possui, dos seus valores, etc. A educação infantil deve deixar de ser a pré- Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 8

escola guardiã, com o objetivo de apenas cuidar das crianças enquanto os pais trabalham, já que muitas das crianças passam a maior parte do tempo dentro do CMEI. Conclusão Considerando todas nossas aprendizagens adquiridas ao longo do processo de estágio na Educação Infantil, concluímos que o professor/educador que atua nessa área deve estar bem capacitado para executar sua tarefa, pois o educar e o cuidar de crianças pequenas necessitam de uma proposta pedagógica especial. É necessário ter um olhar diferente e um compromisso maior, pois não se trata apenas do educar, mas também do cuidar, pois o processo de educar além do pedagógico envolve também a troca afetiva, tendo em mente que o educar não ocorre apenas nos momentos planejados, mas sim a todo o momento. O profissional deve compreender que a criança que está sob seus cuidados é um ser ativo, que já traz dentro de si uma gama de interesses, desejos e conhecimentos e que, portanto deve considerá-los. O educador tem de ampliar tais conhecimentos, sistematizandoos, de forma a propiciar oportunidades de contato e exploração, por parte da criança, com objetos concretos, para que a criança possa manipular o que lhe chama atenção e assim descobrir inúmeras possibilidades e deve também construir uma relação de afetividade e respeito com as crianças, interagindo e participando da construção do conhecimento. Não é possível distinguir a tarefa de cuidar e cuidar da criança, pois ambas caminham interligadas. Consideramos que o processo de estágio foi extremamente importante em nossa formação como futuras profissionais da educação, foi um aprendizado muito rico tanto para a nossa vida profissional, quanto para a vida pessoal. Esse contato com o campo de estágio trouxe uma grande contribuição para nosso desenvolvimento como pessoa, pois as crianças nos trouxeram com sua imaginação, criatividade, vivacidade, invenções e inocência a possibilidade de nos renovarmos como seres humanos que muitas vezes nós adultos perdemos ao longo da vida e enxergamos muitas vezes os pequenos como adultos em miniatura, exigindo deles coisas que ainda não são capazes de desenvolver, ou seja, essa experiência nos devolveu a capacidade de olhar as crianças como crianças, mas com um grande potencial a ser explorado. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 9

Com esse estágio pudemos compreender que a relação de ensino-aprendizagem é algo contínuo e que a cada dia ocorre um novo aprendizado tanto para as crianças como para o professor. REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC, 1997.. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. vol. 1, 2 e 3, Brasília: MEC/SEF, 1999. GOMES, Marineide de Oliveira. Formação contínua, estatuto da prática e estágio na formação de educadores. In: GOMES, Marineide de Oliveira. Formação de professores na educação infantil. São Paulo: Cortez, 2009. p. 67-82. OLIVEIRA-FORMOSINHO, Júlia. O desenvolvimento profissional das educadoras de infância: entre os saberes e os afetos, entre a sala e o mundo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. p. 41-88. OSTETTO, Luciana Esmeralda. Planejamento na educação infantil: mais que a atividade, a criança em foco. In: OSTETTO, Luciana Esmeralda. (Org.). Encontros e encantamentos na educação infantil: partilhando experiências de estágios. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 175-200. WEFFORT, Madalena F. Educando o olhar da observação. In: WEFFORT, Madalena F. (Org.) Observação - Registro - Reflexão: instrumentos metodológicos I. São Paulo: Cortez, 2000.p. 10-37. i i Este trabalho foi elaborado na disciplina Estágio Curricular Supervisionado da Educação Infantil I ministrada pela professora Heloisa Toshie Irie Saito Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 10