IV ENCONTRO NACIONAL DA REDE BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO CENSO OP 2008



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Transcrição:

IV ENCONTRO NACIONAL DA REDE BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO GT CENARIO CENSO OP 2008 Vitória, 14 de dezembro de 2009 Fonte: The expansion of participatory budgeting in Brazil an analysis of the successful cases bases upon design and socio-economic indicators. AVRITZER, L. WAMPLER, B. (coords.) - Projeto Censo OP. Tradução: Claudinéia Ferreira Jacinto

Questões orientadoras Como o tamanho do município / região afetam o desempenho do OP e sua continuidade? Quais são as inovações nos modelos de OP? Como as variações nos processos internos dos arranjos institucionais afetam o desempenho do OP? Como a governo dos partidos afetam o desempenho do OP?

Metodologia: Snowball metodologia na qual os entrevistados indicam outros entrevistados chave para validar / reforçar / facilitar as respostas às perguntas de pesquisa. O questionário de 11 questões investigou temas como: partidos políticos, organização interna, tipos de participação, entre outros.

Metodologia: A linha dos questionamentos foi focada nas características, administrativas e políticas, cruciais para o funcionamento do OP. As variações identificadas foram: a) o arranjo institucional do processo participativo que inclui os cidadãos nas decisões orçamentárias; b) o departamento responsável pelo programa; c) a freqüência do processo de OP.

Conclusões / Principais Resultados A pesquisa mostrou que no final de 2008 haviam 201 casos / cidades que implementavam programas de OP. A expansão do orçamento participativo no Brasil é notável por razões numéricas, políticas e regionais. Numericamente, o OP expandiu de 13 casos em 1992 para 53 em 1996, 112 em 2000 para 190 em 2004.

Figura 1 Distribuição de 2005-2008 experiências OP

Conclusões / Principais Resultados Quatro bloco de conclusões sobre a expansão do OP no Brasil podem ser apontadas: A primeira grande conclusão é sobre a incidência regional de OP que emergiu de Porto Alegre e gerou uma grande concentração de OP no sul do pais (39,2%). Isso se justifica em função da expansão/crescimento da região metropolitana de Porto Alegre e da universalização do OP. Ainda, o sul do Brasil diverge de outras regiões em termos de IDH, cultura política e níveis de pobreza.

Conclusões / Principais Resultados Os dados demonstram uma pequena mudança (queda) no sul e um aumento acentuado nas outras regiões do Brasil. A expansão do OP no Nordeste foi de 14,2% para 22,45%, demonstrando que o OP deverá desempenhar o papel de apoio aos municípios com baixo IDH para atender questões de pobreza e infra-estrutura. Isso gera uma sobreposição em termos de políticas públicas entre os casos de OP no Brasil e em outras cidades da América Latina e na África, onde o OP está sendo implementado.

Tabela 2 Experiências de OP no Brasil por Região Região - Ano 1997-2000 2001-2004 2005-2008 Norte 2,5% 5,5% 8,5% Nordeste 14,2% 22,6% 22,4% Sul 39,2% 22,6% 21,9% Sudeste 41,7% 45,2% 41,3% Centro Oeste 2,5% 4% 6,0% Fonte: dados coletados na pesquisa; Wampler e Avritzer (2008)

Conclusões / Principais Resultados A segunda grande conclusão está relacionada ao IDH e a redução da pobreza. A grande presença do OP em cidades com um bom nível de IDH se tornou uma marca registrada dos programas de OP. Apesar da diminuição da presença do OP no sul do Brasil e do aumento de programas OP em cidades do Nordeste, as cidades que possuem programas de OP ainda têm um IDH acima da média das regiões do Brasil. Quando se analisa o caso da região do nordeste, percebe-se que os novos casos emergentes seguem o mesmo padrão IDH próximo da média nacional e acima do índice da região.

Conclusões / Principais Resultados A terceira grande conclusão está relacionada ao modelo de concepção do OP assumir dupla condição na construção do processo participativo. De um lado, ele seguiu uma espécie de modelo base para a organização das atividades sociais como todo, seguindo o modelo de Porto Alegre com reuniões regionais, reuniões temáticas, conselhos de OP, ciclos anuais de orçamento e o GAPLAN.

Conclusões / Principais Resultados Por outro lado, como o OP se expande a partir de Porto Alegre, muitas das instituições emergentes do processo de construção do OP na cidade foram adaptadas, em outros casos, de acordo com o contexto local. De forma genérica, três modelos principais foram validados em nível geral: reuniões/encontros regionais; conselho de OP com a participação da sociedade civil; e restrição/delimitação do OP para investimentos em infra-estrutura.

Conclusões / Principais Resultados A última grande questão está relacionada aos novos recursos institucionais incorporados ao OP. O mais importante deles é a adoção do ciclo anual de OP. Como conclusão geral, é importante apontar que o OP superou a acusação de ser um instrumento do Partido dos Trabalhadores. A sua expansão para o Nordeste do Brasil e a sua longa presença em cidades com alto IDH mostra a importância de utilizá-lo para fazer políticas públicas mais coerentes.

Houve uma descentralização do OP, uma vez que não é mais estreitamente ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT) O que nos levam a investigar como o OP foi adaptado para atender às necessidades locais.

Tabela 1 Experiências de P.B. no Brasil Ano Total % Gestão PT 1989-1992 13 92 1993-1996 53 62 1997-2000 120 43 2000-2004 190 59 2005-2008 201 65 2009???????? Fonte: dados coletados na pesquisa; Wampler e Avritzer (2008)

O maior número de casos PB, combinada com um cuidadoso monitoramento do OP ao longo dos últimos 20 anos, fornece uma incrível oportunidade para entender melhor como fatores como: região, tamanho do município e partido político afetam a maneira como os programas de OP funcionam. A adoção de OP evoluiu em termos regionais com o OP expandido para fora da sua base original no Sul e Sudeste do Brasil ao de outras regiões, particularmente, a região Nordeste (ver tabela 1 abaixo).

Resultados Tabela 3 Casos de Continuidade do OP nas gestões do Prefeito 2001-2004 e 2005-2008 por Região % Tamanho da cidade % Norte 5,6% Até 20.000 19,1 Nordeste 30,3% de 20,001 to 50,000 21,3 Centro Oeste 5,6% From 50,001 to 100,000 14,6 Sul 15,7% Acima de 100,001 39,3 Sudeste 42,7% Acima de 100.001 e 500.000 5,6 Fonte: dados coletados na pesquisa; Wampler e Avritzer (2008)

Desafios Atualização dos Dados (Alimentação do Bando de dados). Incorporação de outras variáveis

Fonte: The expansion of participatory budgeting in Brazil an analysis of the successful cases bases upon design and socio-economic indicators. AVRITZER, L. WAMPLER, B. (coords.) - Projeto Censo OP. RESULTADOS PRELIMINARES DO CENSO OP 2008 Concentração de experiências de OP no período 2005-2008: Sudeste 41% Nordeste 22% (Segundo o Censo OP foi, proporcionalmente, a região de maior expansão das experiências de OP) Sul 21% IDH - Índice de Desenvolvimento Humano: IDH das cidades com OP é acima da média nacional. Mesmo na região nordeste, região com menores IDH e que houve significativa expansão de cidades com OP. Os casos novos de OP seguem o mesmo padrão: IDH próximo da média nacional e acima da média regional. Experiências de OP com diversificação metodológica: Temáticas variadas (gênero, jovem, cultura etc.); Articulação com instrumentos de planejamento e políticas setoriais etc.