BENJAMIN MARTIN: PROFESSOR ITINERANTE, FABRICANTE DE INSTRUMENTOS CIENTÍFICOS E DIVULGADOR DA CIÊNCIA NEWTONIANA NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII.



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Transcrição:

BENJAMIN MARTIN: PROFESSOR ITINERANTE, FABRICANTE DE INSTRUMENTOS CIENTÍFICOS E DIVULGADOR DA CIÊNCIA NEWTONIANA NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII. LUIZ CARLOS SOARES * 1) ASPECTOS DA TRAJETÓRIA DE VIDA DE BENJAMIN MARTIN. Entre os anos 1740 e 1780, Benjamin Martin foi reconhecido, pelos meios intelectuais ingleses, como um dos mais importantes Filósofos Naturais Newtonianos e o mais importante divulgador da obra de Sir Isaac Newton. 1 Para os padrões do século XVIII, Martin teve uma longa vida (viveu de 1704 a 1782) e também a felicidade de ter grande parte da sua obra publicada e reconhecida pelo público em meados daquele século, que correspondeu ao momento culminante do movimento ilustrado (na Grã-Bretanha e na Europa Continental) e se constituiu num período de enorme interesse e fascinação pela Filosofia Mecânica e Experimental Newtoniana e pela Ciência Aplicada, particularmente na Inglaterra. 2 Nos anos 1730, Benjamin Martin dirigiu uma escola na cidade de Chichester e também iniciou sua atividade de fabricação instrumentos científicos. Sua escola era uma espécie de internato (boarding school) ou academia (que correspondia a uma escola de ensino médio), recebendo alunos das mais diversas origens, para os quais era oferecido um plano de estudos bastante variado, mas que já enfatizava o ensino de Matemática, Astronomia, Geografia e outros campos da Filosofia Natural, além de procurar iniciar seus estudantes no uso e fabricação de instrumentos científicos. (MARTIN, 1735: p. xxx) No início dos anos 1740, Martin fechou a sua escola em Chichester e se lançou na atividade de professor independente e itinerante de Filosofia Natural e Experimental Newtoniana, percorrendo diversas cidades do Sul, Centro e Oeste da Inglaterra e adquirindo * Professor Titular Aposentado da Área de História Moderna e Contemporânea do Departamento de História da UFF, Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em História da UFF e Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ. 1 Um estudo detalhado e aprofundado sobre a vida e a trajetória intelectual de Benjamin Martin é o livro de John R. MILLBURN Benjamin Martin: author, instrument-maker, and country showman. Leyden, Noordhoff International Publishing, 1976. 2 Sobre o enorme interesse pela Ciência Aplica e o clima de fascinação que esta exercia, em meados do século XVIII, ver: Paul Langford The eighteenth century (1689-1789), in Paul Langford and Christopher Harvie The 18 th century and the age of industry. The Oxford History of Britain. Oxford, Oxford University Press, 1992, p. 44. 1

grande respeitabilidade nesta sua nova atividade profissional. Martin se tornou um grande divulgador da Filosofia Natural e Experimental Newtoniana através dos inúmeros cursos que ministrou no interior do país até a primeira metade dos anos 1750. Martin procurou atrair uma diversificada clientela para seus cursos de 12 aulas, ilustrados por muitos experimentos, com um esquema eficiente de propaganda que tinha suas publicações (manuais e libretos) como principais elementos de divulgação de suas atividades didáticas, que eram vendidas por ele mesmo, em suas andanças pelo interior do país, ou por livreiros autorizados. 3 Por volta de 1756, já com 52 anos e cansado de suas andanças pelo interior, como professor itinerante, Martin abriu uma loja e oficina de instrumentos matemáticos e científicos na movimentada Fleet Street, de Londres, onde ele produzia e comercializava muitos de seus inventos e aperfeiçoamentos, entre os quais se encontravam diversos tipos e tamanhos de telescópios e microscópios cilíndricos, além de óculos para a correção da visão. A Fleet Street era um ponto tradicional dos mais importantes fabricantes de instrumentos matemáticos e científicos de Londres, o que obrigou Martin a desenvolver métodos empresariais ousados e inovadores, como a formação de grande e variado estoque para atendimento da sua potencial clientela, e técnicas de propaganda e divulgação de suas atividades bastante sofisticadas, para a época, que incluíam anúncios em jornais, a publicação de catálogos detalhados e libretos explicativos dos instrumentos oferecidos e cursos de Filosofia Natural e Experimental, com número de aulas variado em função da maior ou menor complexidade dos temas abordados. Ao final de seus livros e libretos, Martin sempre procurava reproduzir estes catálogos, de modo parcial ou integral, com a seguinte chamada: UM CATÁLOGO de Instrumentos Filosóficos, Ópticos e Matemáticos, Elaborado e Vendido por BENJAMIN MARTIN, em sua Loja, (...) duas Portas abaixo de Crane-Court, Fleet Street. (MARTIN, 1756: pp. 28-32) Nos anos 1770, Martin entregou a administração direta de seus negócios ao filho, Joshua Lover Martin, que não soube, no entanto, administrá-los competentemente, e, no início de janeiro de 1782, foi declarada a falência da loja de Fleet Street, o que deixou o velho Martin bastante deprimido e com um forte sentimento de desonra. O estado de depressão e desonra levou à tentativa de suicídio mal sucedida, mas as seqüelas pioraram seu estado de saúde e ele veio falecer um mês depois, em 9 de fevereiro de 1782, sendo boa parte de seu patrimônio (estoques de livros, libretos e instrumentos matemáticos e científicos) colocada em 3 Sobre a importância de Benjamin Martin como professor itinerante de Filosofia Natural e Experimental Newtoniana, ver também: Luiz Carlos SOARES O mecanicismo newtoniano e a ideia de ciência aplicada na Inglaterra do século XVIII ( Capítulo II), em A Albion revisitada: ciência, religião, ilustração e comercialização do lazer na Inglaterra do século XVIII. Rio de Janeiro, FAPERJ Editora 7 Letras, 2007. 2

leilão para pagamento de seus credores. Seus obituários, nos jornais londrinos, reconheceram a importância de suas atividades e sua trajetória intelectual, considerando-o como um filósofo que era um honra para este país (Inglaterra) ou o matemático mais eminente da sua época. (MILLBURN, 1976: pp. 1 e 172-182.) 2) BENJAMIN MARTIN E A DIVULGAÇÃO DA FILOSOFIA NATURAL E EXPERIMENTAL NEWTONIANA: SUAS PRINCIPAIS OBRAS. Em nossa opinião, pode-se creditar a Martin o título de maior divulgador do Newtonianismo na Inglaterra do século XVIII, principalmente em virtude da grande diversidade de sua obra, pois ele tanto escrevia para um público de especialistas ao falar dos aspectos técnicos mais intrincados dos seus inventos e aperfeiçoamentos e dos fundamentos matemáticos e metafísicos mais abstratos das teorias Newtonianas, como também para aqueles que pretendiam se iniciar nesta perspectiva da Filosofia Natural. Entre 1735 e 1782 (ano de sua morte), Martin publicou desde diversos opúsculos e livros de divulgação de seus inventos e aperfeiçoamentos, até compêndios, livros e dicionários acerca dos assuntos mais variados: Filosofia Natural (incluindo aqui a Física e a Óptica Newtonianas), Matemática, Navegação, Geografia, Cartografia, Química, História Natural e Língua Inglesa. Evidentemente, não poderemos indicar toda a diversidade da produção de Benjamin Martin, o que faremos apenas com as suas obras que julgamos mais importantes nos âmbitos da sua atividade como professor itinerante e da divulgação da Filosofia Natural Newtoniana. O primeiro grande livro de Martin foi The Philosophical Grammar; being a view of the present state of experimental physiology, or natural philosophy. In four parts, que teve a sua primeira edição publicada em Londres, em 1735. Este livro, talvez, possa ser considerado o maior sucesso da carreira editorial do autor, que, até 1778, chegou a publicar 18 edições da obra, sempre com grande sucesso comercial, constituindo-se num dos grandes best sellers do século XVIII, na Inglaterra. Inclusive, The Philosophical Grammar chegou a receber uma tradução francesa (de 384 páginas) Grammaire des Sciences Philosophiques, ou analyse abregée de la philosophie moderne, appuyée sur les expriences, feita por Philippe Florent 3

de Puisieux e publicada em 1749, num momento em que Paris vivia a grande efervescência cultural da Ilustração. 4 (MARTIN, 1735) Na dedicatória da primeira edição de The Philosophical Grammar, Martin explicitava claramente o seu objetivo de fornecer, com este livro, à Juventude Britânica de Ambos os Sexos, os Rudimentos, ou Primeiros Princípios da Filosofia Natural, sendo ele Destinado ao seu Deleite e Diversões Racionais, seu Benefício e Uso Real, e no Aperfeiçoamento de suas Mentes no que se relaciona à Parte mais Nobre do Conhecimento. Martin considerava ainda esta obra como um compêndio ou uma síntese, cujo conteúdo era extraído das obras dos maiores Naturalistas do passado e do presente, elaborado através do Modo familiar do Diálogo, adaptado apropriadamente às Capacidades da Juventude de ambos os Sexos; e adornado e ilustrado com uma Variedade de Ilustrações, Mapas, etc., muitos deles são inteiramente novos, e muito fáceis de serem entendidos. (MARTIN, 1735: pp. s/nº) De modo geral, Martin procurou abarcar na The Philosophical Grammar as quatro grandes partes em que, segundo ele, estava dividida a Filosofia Natural (ou a Fisiologia, como também Martin gostava de denominá-la), que eram: Parte I. Somatologia, tratando a Natureza universal e as Propriedades da Matéria, ou Substância, e as Qualidades específicas dos Corpos naturais. Parte II. Cosmologia, exibindo uma Visão geral do Universo, e suas grandes Partes constituintes; o Sol, a Lua, os Planetas, Cometas, Estrelas fixas, etc. Parte III. Aerologia, relativa à Filosofia da Atmosfera, apresentando a Natureza maravilhosa e as Propriedades do Ar, os Ventos, os Meteoros, e outros Fenômenos pertinentes. Part IV. Geologia, contendo uma Visão Filosófica do Globo terrestre, em todas as suas Partes e Produções; tais como Minerais, Metais, Pedras, etc. As Leis dos Fluídos; o Mar, suas Marés, etc. Os Rios, Fontes, etc. A Vegetação e a Natureza das Plantas, Árvores, etc. As Partes dos Corpos dos Animais; e uma Amostra da Natureza dos Animais, Peixes, Insetos, Répteis, Animais de Conchas, etc. (MARTIN, 1735: p. s/nº) O segundo grande livro de Martin foi a Bibliotheca Technologica: or, a philosophical library of literary arts and sciences, publicado primeiramente em 1737, em Londres, com 652 páginas. Mais três edições deste livro foram publicadas, nesta mesma cidade, em 1740, 1747 e 1776. Nesta obra, Martin procurou indicar e fazer comentários de livros que abarcavam os diversos campos do conhecimento humano, numa dimensão mais enciclopédica, e também 4 Para informações sobre as diversas edições desta obra, ver o catálogo geral on line da British Library. 4

refletia sobre as possibilidades de aplicação dos conhecimentos relativos à natureza, através das artes mecânicas. Nos sete primeiros capítulos, Martin abordava desde a Teologia até a Mitologia, passando pela Ética, Moral, Religiões (Paganismo, Judaísmo, Cristianismo e Maometismo). Do capítulo oito ao treze, os campos do conhecimento abordados são os seguintes: Linguagem, Gramática, Retórica, Lógica, Metafísica (ou Ontologia), Poesia e Crítica. Do capítulo quatorze ao dezesseis, os campos tratados são a Geografia, a Cronologia e a História. As Ciências da Natureza e o conhecimento médico são tratados do capítulo dezessete ao vinte e três, abordando a Fisiologia ou Filosofia Natural, a Botânica ou Fitologia, a Anatomia, a Farmácia, a Química, a Física ou Teoria da Medicina e das Doenças e a Cirurgia. Do capítulo vinte e quatro ao vinte e seis, são abordadas a Política, a Economia, a Jurisprudência e a Heráldica. O capítulo vinte e sete, que é o último do livro, apresenta um conjunto do que o autor chama de Miscelâneas Filológico-Matemáticas. (MARTIN, 1737) Em 1740, Martin lançou, em Londres, seu compêndio sobre a Óptica Newtoniana, intitulado A new compendious system of optics. In three parts (310 páginas). Martim dedicou este livro a Martin Folkes, que era então vice-presidente da Royal Society de Londres, como parte de sua campanha (mal sucedida) para ser eleito membro (Fellow) daquela respeitável instituição filosófico-científica. Na realidade, as três partes do campo da Óptica, abordadas no livro, são: PARTE 1. CATOPTRICA, ou Doutrina da Visão através dos Raios refletidos a partir dos Espelhos, ou Superfícies polidas. PARTE II. DIOPTRICA, ou Teoria da Visão a partir dos Raios refletidos atravésmde Lentes, ou Substancias transparentes. PARTE III. Uma Descrição Prática de um grande Número dos Instrumentos ópticos e Máquinas mais Úteis, e sua Construção apresentada a partir da Teoria; viz. O Olho, a Câmra Obscura, Microscópios simples e duplos, Telescópios refratores e refletores, Lentes Perspectivas, a Lanterna Mágica, etc. A maneira de adaptação de Micrometros para Microscópios e Telescópios de todo o Tipo de reflexo. (MARTIN, 1740: p. s/nº) Em 1843, seria a vez do seu manual sobre Física, Astronomia e Geografia, na perspectiva Newtoniana, ser lançado em Reading, destinado diretamente àqueles que assistiam aos seus cursos em diversas cidades e também aos professores independentes e/ou itinerantes que ministravam cursos de Filosofia Natural e Experimental, além do público em geral. O título completo deste manual (de 123 páginas) era A Course of Lectures in Natural and Experimental Philosophy, Geography and Astronomy: in which the Properties, 5

Affections, and Phaenomena of Natural Bodies, hitherto discover'd, are exhibited and explain'd on the Principles of the Newtonian Philosophy, &c. Martin dedicou este livro ao jovem Earl of March, que era o filho mais velho do Duque e da Duquesa de Richmond, de quem o autor procurava se aproximar e garantir apoio de possíveis patronos para ingressar na Royal Society, o que acabou não acontecendo. (MARTIN, 1743) Este livro estava organizado em 12 capítulos, que correspondiam ao conteúdo de cada uma das aulas ministradas por Martin em todo o seu curso, e abordavam: 1) Das Propriedades dos Corpos; Os diferentes Tipos de Atração; Da Atração da Eletricidade; Da Atração do Magnetismo; Da Atração da Gravitação. 2) Mecânica (Movimento; e Lei do Movimento). 3) Mecânica (Centros de Magnitude, Movimento, e Gravitação de Corpos). 4) Hidrostática (Natureza, Gravidade e Pressão dos Fluídos). 5) Hidraúlica (The Motion of Fluids, viz. their Descent or Rise). 6) Pneumática (Natureza, Propriedades e Efeitos da Atmosfera, ou Corpo de Ar que envolve a Terra). 7) A Doutrina dos Ventos e Sons. 8) Da Luz e Cores. 9 e 10) Óptica ("A Visão, e os vários Fenômenos dos Objetos Visíveis, através de Raios de Luz refletidos a partir de Espelhos, e transmitidos através de Lentes, que constitui o Objeto da encantadora Ciência da Óptica ). 11) O Sistema Copernicano ou Solar, explicado através do Planetário e do Cometarium. 12) "O Uso dos Globos. (MARTIN, 1743, p. s/nº) Entretanto, ao invés de lançar uma segunda edição de A Course of Lectures in Natural and Experimental Philosohphy, Martin procurou ampliá-lo e escreveu uma nova obra, em 2 volumes, também destinada a seus alunos mais avançados, aos professores independentes e/ou itinerantes de Filosofia Natural e Experimental e ao grande público. Esta obra teve sua primeira edição lançada em Reading, em 1747 e se intitulava Philosophia Britannica: or, a new and comprehensive system of the Newtonian philosophy, astronomy, and geography. Mais três edições deste livro (de grande sucesso de público) ainda seriam lançadas em 1752 (esta edição foi reproduzida em 1759, com um suplemento apresentando novos experimentos sobre eletricidade e magnetismo artificial), em 1771 (a qual incorporava o referido suplemento) e em 1778. Esta teve uma tradução para o alemão, publicada em três volumes, 6

em Leipzing, numa primeira edição de 1772 e numa outra de 1778. 5 Martim dedicou a este livro a Sir William Lee, que era o Chefe de Justiça da Corte de Sua Majestade e membro do Conselho Privado do Rei George II, numa clara tentativa de se aproximar de indivíduos poderosos e influentes, que pudessem trazer uma maior chancela a sua atuação profissional e maiores rendimentos em virtude do aumento de seu prestígio pessoal. (MARTIN, 1747) De fato, desde a primeira edição de Philosophia Britannica, Martin procurou tratar dos assuntos de seu curso de 12 aulas de forma mais profunda, procurando ilustrar seus experimentos com maiores detalhes descritivos e setenta e cinco ilustrações. O primeiro volume de Philosophia Britannica (com 343 páginas) correspondia aos conteúdos das cinco primeiras aulas do curso: "Aula I As Regras do Filosofar, O Método da Filosofia Newtoniana, A Natureza da Matéria ou Substância, Os Elementos dos Corpos Naturais (Sobre a Propriedade dos Corpos), Argumento acerca do Vácuo, Divisibilidade da Matéria (ad infinitum), Sobre a Atração e Repulsão em Geral, A Lei Geral da Gravidade, Sobre a Atração e Coesão; Eletricidade; Magnetismo. Aula II Mecânica. Atração da Gravitação, Movimento e Repouso (especialmente, as Leis da Natureza de Sir I. Newton); as Leis do Movimento em Corpos cadentes, etc. Sobre os Pêndulos; Doutrina dos Projéteis; Movimento Circular. Aula III Mecânica. Forças Mecânicas, Carruagens de Roda. Aula IV Hidrostática. Aula V Hidráulica. Bombeamento, Motores Hidráulicos e a Vapor, As Marés". (MARTIN, 1747: Volume I) O segundo volume de Philosophia Britannica (com 526 páginas) correspondia aos conteúdos das sete últimas aulas do curso: "Aula VI Pneumática. Aula VII Sobre os Ventos e Sons, Fundamentos da Música. Aula VIII Sobre a Luz e as Cores. Sobre a Luz. Sobre as Cores Aulas IX e X Óptica. Sobre Espelhos e Lentes. Sobre o Olho e a Visão. Instrumentos Ópticos. Aula XI Astronomia. Aula XII O Uso de Globos". (MARTIN, 1747: Volume II) 5 Para informações sobre as demais edições desta obra, ver catálogo on line da British Library. 7

Como nem todos os frequentavam suas aulas tinham formação aprofundada para entender os conteúdos dos dois volumes de Philosophia Britannica, Martin foi obrigado a publicar um livro mais reduzido e sintético (com apenas 63 páginas) em que, ao mesmo tempo em que apresentava os tópicos gerais de suas aulas, fazia uma defesa enfática da Filosofia Natural e Experimental Newtoniana. O título deste livro é A Panegyrick on the Newtonian Philosophy e sua primeira edição foi lançada em 1749, em Londres e em Bath simultaneamente. Em 1754, uma segunda edição do livro também foi lançada em Londres. 6 Martin dedicou livro a seus subscritores, ou seja, os cavalheiros e damas que formavam a audiência de seus cursos e procurou conscientizá-los não apenas acerca da Natureza e Dignidade da Ciência, como também procurava refletir sobre a sua dimensão ética e moral, enfatizando Sua absoluta Necessidade para a Perfeição da Natureza Humana; o Aperfeiçoamento das Artes e das [próprias] Ciências; a Promoção da verdadeira Religião; o Aumento da Riqueza e da Honra; e a Completa Felicidade Humana. (MARTIN, 1749: p. s/nº) No início dos anos 1750, Martin começou a sentir os esforços de mais de uma década percorrendo as cidades do interior da Inglaterra ministrando cursos ininterruptamente durante boa parte do ano. Há claros indícios de que ele adotou uma nova metodologia de ensino baseada em cursos mais rápidos de seis sessões ou aulas, com conteúdos mais sintéticos. Para compensar a redução do número de aulas, Martin sentiu necessidade de ampliar um pouco mais seu texto-base para estes cursos e publicou, em 1751, em Londres, o manual (de 164 páginas) intitulado A Plain and Familiar Introduction to the Newtonian Philosophy, in Six Sections. Uma segunda edição revisada deste manual também foi publicada em 1754, na capital inglesa. 7 Na sua página de rosto, Martin assinalava o caráter introdutório do livro e indicava quem era seu público alvo: Destinado ao Uso daqueles Cavalheiros e Damas, sem um Aprendizado Matemático, que gostariam de adquirir um conhecimento competente desta Ciência; E mais especialmente aqueles que assistem, ou poderão assistir, o Curso do Autor com Seis Aulas e Experimentos acerca destes Conteúdos. (MARTIN, 1751: p. s/nº) As seis sessões ou aulas de A Plain and Familiar Introduction to the Newtonian Philosophy eram as seguintes: 6 Para informações sobre a segunda edição deste livro, ver catálogo on line da British Library. 7 Para informações sobre a segunda edição desta obra, ver catálogo on line da British Library. 8

SEÇÃO I FÍSICA. Contendo uma Descrição de Instrumentos, Preparações e Experimentos que explicam e ilustram as Forças da Atração e Repulsão; as Propriedades dos Corpos naturais; os Princípios das Artes Mecânicas; Operações Químicas; Natureza dos Meteoros; Doutrina da Vegetação; Magnetismo, etc. (...) SEÇÃO II A Natureza da Luz explicada; as Leis do Reflexo e da Refração da Luz; a Natureza e Efeitos de Espelhos e Lentes; as Cores Prismáticas da Luz; a Natureza da Visão através do Olho Natural e Artificial; sobre o Microscópio comum; o Microscópio solar; sobre os Telescópios refletores e refratores; os Experimentos com a Câmara e Instrumentos. (...) SEÇÃO III A Natureza e as Propriedades do Ar explicadas; a Produção artificial do Ar; sobre a Transparência, Elasticidade e Gravidade do Ar; sobre os Barômetros, Termômetros e Higrômetros; a Construção e o Uso de uma Nova Bomba de Ar Portátil; um Número selecionado dos principais Experimentos para ilustrar as Qualidades e Usos do Ar. (...) SEÇÃO IV Sobre os vários Sistemas de Mundo; o Sistema Copernicano ou Solar provado como o único verdadeiro; o mesmo explicado largamente; A Disposição, Número, Magnitudes, Movimento e Distância dos Corpos Celestes; a Natureza do Dia e da Noite; a Vicissitude das Estações; a Natureza dos Eclipses; a Teoria dos Cometas; tudo ilustrado através de um curioso Planetário Mecânico, um Planetário comum e um Cometarium. (...) SEÇÃO V A Natureza da Fluidez e dos Corpos Fluídos explicada, a Paradoxo Hidrostático; a Natureza do Afundamento e da Natação; As Gravidades específicas dos Corpos através da Balança Hidrostática; o Uso do Hidrômetro; sobre Aquedutos e Fontes, a Teoria do Bombeamento; diversos tipos curiosos de Bomba; a Teoria das Marés; o Motor hidráulico de Newsham. (...) SEÇÃO VI Sobre o Movimento e o Repouso; as Leis do Movimento explicadas; sobre a Composição e Resolução das Forças; a Natureza e o Uso de Pêndulos explicados; sobre a descrição de um novo Pirômetro para medir a Expansão de Metais; sobre os Centros de Magnitude, Movimento e Gravidade; sobre o Centro comum de Gravidade no sistema de Corpos Celestes; os Princípios da Mecânica explicados; sobre as diversas Forças Mecânicas; a Alavanca, a Roda e o Eixo, a Polia, o Plano inclinado; o Calço, e o Parafuso; o Arco mais forte para construção; a Doutrina das Carruagens de Roda, etc. (MARTIN, 1751: pp. 26, 54, 82, 109 e 137) 9

O projeto de divulgação filosófico-científica desenvolvido por Benjamin Martin seria lançado em Londres, entre os anos 1755 e 1764, como parte de uma coleção periódica publicada em fascículos mensais, intitulada The General Magazine of Arts and Sciences. Entretanto, este monumental esforço editorial não seria possível se Martin não se associasse ao editor londrino William Owen, que atuava também em Fleet-Street e publicara algumas de suas obras anteriores. Durante nove anos, Martin escreveu e publicou mensalmente as diversas partes do The General Magazine of Arts and Sciences, que, ao final do projeto (1764), constituiu-se de uma grande obra geral com quatro livros que cobriam diversos assuntos relativos ao conhecimento e um quinto livro dedicado a correspondências, ensaios, poesia, etc. Eis os títulos completos (em inglês) de cada um dos cinco livros: I. The young GENTLEMEN S and LADIES PHILOSOPHY; or a particular and accurate SURVEY of the WORKS of NATURE, by way of DIALOGUE; illustrated by Experiments, and embellish d with Poetical Descriptions; with an exact Account of all the Instruments used in the Philosophical Sciences. II. The NATURAL HISTORY of the WORLD; containing a just and particular Account of all that is remarkable in the animal, Vegetable, and Mineral Productions of every Part of the Earth and Seas. III. A compleat SYSTEM of all the PHILOLOGICAL SCIENCES, viz. theology, Ethics, Mythology, Grammar, Rhetoric, Logic, Poetry, Geography, Chemistry, Botany, Anatomy, Physic, &c. according to the modern Theories and Improvements. IV. A BODY of MATHEMATICAL INSTITUTES, or PRINCIPLES of SCIENCE; from whence the various Mathematical and Mechanical Arts and Sciences will be deduced and applied to the manifold Purposes of Life. V. MISCELLANEOUS CORRESPONDENDE, ESSAYS, POETRY, Remarkable Occurrences in the Month, Catalogue of Books, Prices of Stocks, &c. (MARTIN, 1755-1764: Volume I, p. s/nº) O livro da coletânea The General Magazine of Arts and Sciences que mais nos interessa é The young gentleman and lady s philosophy, in a continued survey of the works of nature and arts; by way of dialogue. Na realidade, trata-se de um livro de fôlego publicado em dois volumes (o primeiro deles com 410 páginas e o segundo com 412 páginas), com caráter introdutório em relação à Filosofia Newtoniana e também elaborado na forma de diálogos educativos, sendo destinado principalmente aos jovens de ambos os sexos, tal como o primeiro grande sucesso de Martin, o livro The philosophical Grammar. Os diálogos fictícios são travados entre os irmãos Cleonicus (um estudante universitário que se 10

considerava muito industrioso no aperfeiçoamento de [seu] Tempo e Habilidades na Universidade e Euprhosyne (uma jovem inteligente e com notável Disposição para a leitura e um gosto elegante, que lhe tornavam capaz de entender e conversar com as Pessoas sobre tais Objetos filosóficos). Mas, efetivamente é Cleonicus que procura dar a direção dos diálogos com ensinamentos de Filosofia Natural a Euprhosyne, que, por seu turno, está sempre atenta e demonstra curiosidade e vontade de aprender, fazendo sempre perguntas e comentários pertinentes. (MARTIN, 1755-1764: Volume I, p. 1) The young gentleman and lady s philosophy foi, sem dúvida nenhuma, o título de maior sucesso da coletânea The General Magazine of Arts and Sciences. Em 1772, ainda em associação com o editor William Owen, Martin publicou a segunda edição daquela obra, conservando o formato original dos dois volumes. Uma terceira edição viria a publico entre 1781 e 1782, um pouco antes da morte de Martin, que assumiu totalmente a responsabilidade pela sua impressão. Martin aproveitou para modificar o formato editorial do The young gentleman and lady s philosophy, que foi publicado em três volumes. 8 3) CONCLUSÃO. Benjamin Martin jamais conseguiu obter a mesma reputação que John Theophilus Desaguliers, que exerceu durante décadas o cargo de Curador da Royal Society de Londres e manteve intensas relações com os círculos aristocráticos e próximos do poder. Entretanto, suas publicações foram mais numerosas do que a de seu antecessor de maior prestígio e atingiram um público muito mais amplo. Pode-se dizer que Martin teve uma atuação fundamental para a disseminação do Newtonianismo no interior da Inglaterra, sobretudo nas regiões Central, Sul e Oeste, e na própria região de Londres, a partir de meados dos anos 1750, quando resolveu fixar residência e abrir uma loha de fabricação e venda de instrumentos matemáticos e científicos. Além disso, Martin contribuiu enormemente para que os professores itinerantes de Filosofia Natural e Experimental Newtoniana tivessem reconhecimento e respeitabilidade, abrindo portas para estes num vasto mercado cultural que se formava e propiciava um clima de fascinação, cada vez maior, pela nascente Ciência Aplicada ou Tecnologia. 8 Para informações sobre as demais edições do The young gentleman and lady s philosophy, in a continued survey of the works of nature and arts; by way of dialogue, ver catálogo on line da British Library. 11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - MARTIN, Benjamin The Philosophical Grammar; being a view of the present state of experimented physiology, or natural philosophy. In four parts. Primeira Edição. Londres, J. Noon, 1735. - MARTIN, Benjamin Bibliotheca Technologica: or, a Philological Library of Literary Arts and Sciences. Primeira Edição. Londres, S. Idle & John Noon, 1737. - MARTIN, Benjamin A New and Compendious System of Optics. In Three Parts. Primeira Edição. Londres, James Hodges, 1740. - MARTIN, Benjamin A Course of Lectures in Natural and Experimental Philosophy, Geography and Astronomy: in which the Properties, Affections, and Phaenomena of Natural Bodies, hitherto discover'd, are exhibited and explain'd on the Principles of the Newtonian Philosophy, &c. Primeira Edição, Reading, J. Newbery & C. Micklewright, 1743. - MARTIN, Benjamin An Essay on Vulgar Glasses (Vulgarly called SPECTACLES). Primeira Edição. Londres, Editada pelo Autor, 1756. - MARTIN, Benjamin Philosophia Britannica: or, a new and comprehensive system of the Newtonian philosophy, astronomy, and geography, 2 Volumes. Primeira Edição. Reading, C. Micklewright & Cia., 1757. - MARTIN, Benjamin A Panegyrick on the Newtonian Philosophy. Primeira Edição. Londres Bath,, William Owen, J. Leake & J. Frederick, 1749. - MARTIN, Benjamin A Plain and Familiar Introduction to the Newtonian Philosophy, in Six Sections. Illustrated by Six Copper-Plates. Primeira Edição. Londres, William Owen, 1751. - MARTIN, Benjamin The General Magazine of Arts and Sciences, Philosophical, Philological, Mathematical, and Mechanical. Londres, William Owen, 1755-1764. - MARTIN, Benjamin The young gentleman and lady s philosophy, in a continued survey of the works of nature and arts; by way of dialogue, 2 Volumes. Londres, William Owen, 1755-1764. - LANGFOR, Paul The eighteenth century (1689-1789), em LANGFORD, Paul e HARVIE, Christopher The 18 th century and the age of industry. The Oxford History of Britain. Oxford, Oxford University Press, 1992. 12

- MILLBURN, John R. Benjamin Martin: author, instrument-maker, and country showman. Leyden, Noordhoff International Publishing, 1976. - SOARES, Luiz Carlos A Albion revisitada: ciência, religião, ilustração e comercialização do lazer na Inglaterra do século XVIII. Rio de Janeiro, FAPERJ Editora 7 Letras, 2007. 13