INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA A SECRETÁRIA DE ESTADO DOS TRANSPORTES Ana Paula Vitorino por ocasião do Workshop Livro Verde Para uma nova cultura de Mobilidade Urbana Hotel Sheraton Porto 18 de Fevereiro de 2008 (vale a versão lida) 1/6
Senhor Presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, Senhor Vereador Lino Ferreira Senhores Moderadores das Sessões Temáticas, Senhoras e Senhores Conferencistas, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Antes de mais, quero expressar a minha satisfação em participar neste Workshop de apresentação e debate do Livro Verde Por uma nova cultura de mobilidade urbana. E a minha satisfação prende-se essencialmente com três ordens de razões: 1.º - pela forma como o IMTT entendeu consolidar o seu contributo para o Livro Verde; 2.º - pelo tema, a mobilidade e os transportes urbanos, que considero fundamental para a qualidade de vida de todos os que vivem e trabalham nas nossas cidades; 3.º - (the last but not the least!) pelo local, o Porto, que, nos últimos anos, tem sabido ser pioneiro nestas matérias. Quanto à forma, gostaria de agradecer ao IMTT a oportunidade que proporcionou de debater, com todos os interessados, as principais matérias que formam os eixos do Livro Verde proposto pela Comissão. Deste modo, podemos apresentar, de forma sustentada, o nosso contributo nacional até ao próximo dia 15 de Março. O IMTT poderia ter elaborado o seu parecer no conforto dos seus gabinetes. Mas essa não é a forma de nós trabalharmos. Gostamos e queremos trabalhar de forma participada e dialogante. O facto de colocarmos em conjunto as nossas reflexões permitirá, estou certa, que encontremos as melhores propostas para as questões do transporte e da mobilidade urbana, tendo em conta as melhores práticas de cada um. Quanto ao tema. 2/6
No processo de discussão pública que decorreu a nível comunitário ficou claro que a questão essencial a dar resposta com o Livro Verde é a seguinte: Como tornar os sistemas de mobilidade urbana sustentáveis nas diversas vertentes, ambiental, social e económico-financeira? A resposta é particularmente complexa, envolvendo a articulação coordenada de políticas transversais e a ponderação de atitudes e aspectos comportamentais que contribuam para alterar o actual paradigma da mobilidade urbana, promovendo medidas e acções concretas que visem como objectivo fundamental aumentar a procura em transporte colectivo e em modos não poluentes, diminuindo o recurso massivo ao automóvel. De acordo com projecções recentes, o sector dos transportes contribuirá em larga medida para um aumento exponencial nas emissões de Gases com Efeito de Estufa, no horizonte 2010. No entanto, todos sabemos que a circulação em transporte individual é a principal responsável pelo acréscimo de emissões poluentes e de consumos energéticos. Temos, pois, que fazer uma forte aposta na eficiência sistémica e na sustentabilidade económica, social e ambiental do sistema de transportes urbanos, tendo em atenção as exigências de Quioto, que mais não são que as exigências da nossa sobrevivência. E numa altura em que a União Europeia já está a discutir o pós que necessárias tornam-se urgentes! Quioto, estas matérias mais do Para que este objectivo seja alcançado considero fundamental uma abordagem integrada do sistema de mobilidade envolvendo como pilares fundamentais de actuação os seguintes: Planear de forma integrada e coerente o desenvolvimento do território com o sistema de transportes colectivos, favorecendo a sua utilização; Melhorar as condições de intra e intermodalidade entre os diversos modos de transporte, quer ao nível de itinerários, horários e tarifário, quer ao nível das interfaces; Desenvolver sistemas eficazes de informação ao público em tempo real, de bilhética integrada e de apoio à exploração, que promovam o aumento da eficiência dos transportes públicos; 3/6
Promover uma gestão eficaz da capacidade das infra-estruturas de transportes e do estacionamento, designadamente através do desenvolvimento de dispositivos tecnológicos inteligentes (Intelligent Transport System) e de medidas de car pooling; Criar as condições nas infra-estruturas rodoviárias para favorecer a circulação e a segurança do transporte colectivo e de modos não poluentes; Ponderar a adopção de medidas de tarificação da circulação rodoviária que promovam a transferência modal do automóvel para o transporte colectivo; e Incentivar a melhoria tecnológica dos veículos visando aumentar a sua eficiência energética e a redução das emissões poluentes. Todos sabemos que estas são questões que há muito vêm sendo discutidas, mas que permanecem cada vez mais actuais face aos problemas de congestionamento e à degradação da qualidade de vida e competitividade das nossas cidades. O problema do congestionamento tem vindo a ser equacionado como uma consequência do crescimento urbano, do desenvolvimento económico, do incremento do comércio e das viagens, devendo ser encarado em termos estratégicos e integrados, rejeitando soluções simplistas que impliquem um mero aumento de capacidade ou construção de novas infra-estruturas. Mais uma vez a solução passa pela coordenação e integração de políticas, pela visão estratégica e sistémica e pelo reforço da intermodalidade e da multi-modalidade. Minhas Senhoras e Meus Senhores, Considero que a intervenção comunitária no domínio do transporte urbano constitui uma indiscutível mais-valia, entendendo o princípio da subsidiariedade de forma dinâmica e flexível. Reconhecemos que as atribuições nos domínios do transporte urbano são, primordialmente, nacionais e locais. No entanto, a subsidiariedade não pode nem deve constituir-se como um obstáculo à assunção estratégica, por parte da União Europeia, do tema dos transportes urbanos. 4/6
A abordagem comunitária desta questão deve ser feita de forma a potenciar a criação de um referencial de suporte à actuação nacional e local, quer através da adopção de medidas legislativas, quer através da promoção de partilha de experiências entre os Estados Membros. Por isso é tão importante que à adopção do Livro Verde do Transporte Urbano se siga um Plano de Acção capaz de concretizar medidas comunitárias de valor acrescentado à acção dos Estados Membros, em áreas tão fundamentais como o financiamento do transporte urbano ou a promoção da Investigação e Inovação Tecnológica nos domínios dos veículos e combustíveis e dos Dispositivos Tecnológicos Inteligentes (ITS). O Livro Verde constitui, a meu ver, um instrumento fundamental de promoção da coesão territorial e social no espaço da União Europeia, bem como um passo em frente na promoção do desenvolvimento sustentável, tal como definido na Estratégia de Lisboa. Finalmente, permitam-me que refira o porquê da minha satisfação por este workshop se realizar no Porto. Efectivamente, nesta Área Metropolitana tem havido a vontade e o know how para conceber e concretizar medidas e processos que favorecem, inequivocamente, a mobilidade urbana sustentável. E vou dar apenas dois exemplos: 1.º - O Andante. Esta bilhética integrada contribui para aumentar fortemente a atractividade e competitividade de todo o sistema de transportes público. Terá, seguramente, aliado à concretização da rede de metro, a sua quota parte de responsabilidade no crescimento dos utilizadores dos transportes públicos. 2.º - O memorando de entendimento entre o Governo e a Junta Metropolitana. Este acordo já permitiu o lançamento do concurso para extensão do metro a Gondomar e permitirá, a curto prazo, lançar o concurso de extensão da Linha Amarela e, mais importante do que isso, lançar o concurso para a concessão da segunda fase. 5/6
Este exemplo de capacidade de trabalhar em conjunto entre os vários níveis de Administração do Território é bem exemplificativo da capacidade e vontade desta Área Metropolitana, em prol de uma melhor mobilidade. Mas agora temos que passar para uma fase superior: para além de melhorar a oferta temos que ser capazes de mudar o paradigma. Temos que ser capazes de mudar hábitos. Temos que ser capazes de ter uma sociedade mais sustentável. É minha profunda convicção de que as nossas reflexões e esforços conjuntos, coordenados e integrados, respeitando o papel e as responsabilidades de cada um, poderão levar à construção de um contexto mais favorável para uma mobilidade urbana verdadeiramente sustentável. Muito obrigada pela Vossa atenção. 6/6
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