1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO COLEGIADO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS II PROF. HEBER LAVOR MOREIRA DIAGNÓSTICO DE GESTÃO Aluno: ISAN SANTA ROSA DOS SANTOS JÚNIOR Matricula n : 0001000401
2 Í N D I C E 1-INTRODUÇÃO... 3 2- CAPACIDADE DE PAGAMENTO... 4 2.1- Análise da Capacidade de Pagamento no Curto Prazo... 4 2.2- Análise da Capacidade de Pagamento em Prazo Imediato... 5 2.3- Análise da Capacidade de Pagamento no Longo Prazo... 5 3- AVALIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO... 6 4- ANÁLISE DO NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO... 7 5- RENTABILIDADE E VIABILIDADE ECONÔMICA DO NEGÓCIO... 8 5.1- Taxa de Retorno sobre Investimento... 8 5.2- Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido... 9 6- FATOR DE INSOLVÊNCIA... 10 7- ANÁLISE DO DESEQUILIBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO... 11 7.1- Sintomas do Overtrading... 12 7.2- Causas para o Enquadramento no Overtrading... 12 8- POSIÇÃO DA EMPRESA NO EBITDA... 13 9- AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO EMPREENDIMENTO JUNTO À CONCORRÊNCIA... 14 10- ASPECTOS POSITIVOS DA GESTÃO... 14 11- ASPECTOS NEGATIVOS DA GESTÃO... 15 12 DIAGNÓSTICO DA EMPRESA... 15 13- RECOMENDAÇÕES... 16 14- BIBLIOGRAFIA... 17 15- ANEXOS... 18
3 1-INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise das Demonstrações Contábeis de uma empresa comercial. Para tanto, se fará inicialmente os cálculos de todos os índices (liquidez, rentabilidade, atividade, etc.), incluindo os cálculos que detectarão se a empresa apresenta ou não desequilíbrio econômico financeiro (Overtrading). Em outro momento, serão executadas comparações da empresa analisada com as mais competitivas do seu ramo de atividade e serão observadas sugestões para a melhoria do desempenho da empresa. Dessa forma, a partir das informações obtidas pela análise apresentada os administradores da empresa poderão fazer um melhor planejamento. Em particular neste estudo a empresa em questão, refere-se a sociedade empresarial por quotas de responsabilidade limitada, cuja razão social é Couro Mole Ltda, constituída em 1981, com esquema de administração e perspectivas de sucessão familiares, que atua no ramo de beneficiamento e comércio atacadista de couros e peles. A empresa possui 70 (setenta) funcionários distribuídos na matriz (Belém- PA) e em 03 (três) filiais: Santarém-PA, Mossoró-RN, Araguaina-TO. A atividade apresenta sazonalidade de venda, onde o aquecimento das mesmas concentra-se nos meses de fevereiro a setembro.
4 2- CAPACIDADE DE PAGAMENTO Avaliar a capacidade de pagamento de uma empresa é apreciar se essa empresa tem potencial para saldar seus compromissos. E este potencial pode ser analisado considerando longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. 2.1- Análise da Capacidade de Pagamento no Curto Prazo Observando os Índices de Liquidez da empresa estudada, verifica-se uma deficiência na sua capacidade de pagamento a curto prazo (vide cálculo abaixo). Constata-se que o Ativo Circulante sofreu uma variação elevada na conta Estoque no ano de 2002 para 2003, o que torna mais lenta a conversão do Ativo em dinheiro, podendo inclusive trazer problemas de ordem financeira para a empresa. Quociente de Liquidez Corrente 2002 QLC Ativo Circulante QLC = 3.660.898,23 Passivo Circulante 1.564.034,31 2,34 2003 QLC Ativo Circulante QLC = 4.100.785,66 Passivo Circulante 2.155.831,13 1,90 Quociente de Liquidez Seca 2002 QLS Ativo Circulante - Estoques 3.660.898,23-490.015,52 QLS = Passivo Circulante 1.564.034,31 2,03 2003 QLS Ativo Circulante - Estoques 4.100.785,66-3.175.727,11 QLS = Passivo Circulante R$ 2.155.831,13 0,43
5 2.2- Análise da Capacidade de Pagamento em Prazo Imediato Analisando a liquidez imediata da empresa, conforme índices discriminados abaixo, verifica-se uma redução de tal índice, e somando-se ao fato da empresa apresentar atrasos no pagamento a fornecedores (detectados diante de informações obtidas junto a empresa), há indícios de dificuldades financeiras da empresa saldar imediatamente suas dívidas no curto prazo. Quociente de Liquidez Imediata 2002 QLI Disponibilidade QLI = 133.090,54 Passivo Circulante 1.564.034,31 0,09 2003 QLI Disponibilidade QLI = 15.630,03 Passivo Circulante 2.155.831,13 0,01 2.3- Análise da Capacidade de Pagamento no Longo Prazo Assim como no curto prazo, também no longo prazo a empresa apresenta queda na sua liquidez. Este fato se dá principalmente ao investimento realizado pela empresa através de um financiamento, aumentando consideravelmente o Exigível a Longo Prazo. Quociente de Liquidez Geral 2002 QLG Ativo Circulante + RLP QLG = 3.660.898,23 + 0,00 Passivo Circulante + ELP 1.564.034,31 + 1.521.407,65 1,19 2003 QLG Ativo Circulante + RLP QLG = 4.100.785,66 + 0,00 Passivo Circulante + ELP 2.155.831,13 + 2.667.622,28 0,85
6 3- AVALIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que não signifique atrasos, melhor. Em função disso, os quocientes de atividade evidenciam a forma como estão sendo administrados os recursos da empresa. Na empresa em questão, por exemplo, a empresa espera em média 16 (dezesseis) dias para receber suas vendas, enquanto que demora em média 22 (vinte e dois) dias para pagar suas compras. Prazo Médio de Recebimento PMR = Clientes X 360 Vendas PMR = 909.428,52 X 360 19.956.583,30 16 Prazo Médio de Pagamento PMP = Fornec X 360 Compras PMP = 1.067.291,05 X 360 17.275.526,73 22 Ora aparentemente a empresa vende e recebe a mercadoria adquirida para, depois, liquidá-la junto ao seu fornecedor, entretanto a rotação do estoque que é em média de 45 (quarenta e cinco) dias mostra que a empresa está financiando suas compras junto aos fornecedores e não está conseguindo escoar sua produção em tempo hábil. De forma que o excesso de estoque, ocasionado pelo baixo giro, se não for absorvido pelo volume de vendas é um fator de desequilíbrio. Rotação do Estoque A Rotação do Estoque representa, portanto, quantos dias a empresa leva em média para vender o seu estoque. RE = Estoque X 360 CPV
7 RE = 1.832.871,31 X 360 14.589.815,13 45 4- ANÁLISE DO NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO Do ponto de vista financeiro é sempre conveniente que se mantenha um grau de endividamento não muito elevado. A empresa analisada vem demonstrando queda na sua autonomia financeira, chegando a apresentar uma variação negativa de aproximadamente 22% da preponderância de capital próprio na composição do seu Ativo, se compararmos o ano de 2002 ao de 2003. Capitais Próprios Ativo Total X 100 2002 4.034.637,17 X 100 56,67 7.120.079,13 2003 3.822.770,52 X 100 44,21 8.646.223,93 Esta redução de capital próprio se comprova com os resultados insatisfatórios apurados nos cálculos dos índices de endividamento (vide anexos), onde se destacam: aumento da participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais e diminuição da garantia do capital próprio ao capital alheio. Para ficar evidente o aumento do endividamento da empresa, vejamos a comparação de preponderância de capital próprio de um ano para outro. Segue assim:
8 60 50 40 30 20 10 0 2002 2003 % de Capital Próprio 5- RENTABILIDADE E VIABILIDADE ECONÔMICA DO NEGÓCIO Observando a empresa, constata-se uma redução na rentabilidade do negócio. Esta redução foi ocasionada pelo decréscimo significativo do Lucro Líquido da empresa. 2002 2003 LUCRO LÍQUIDO 684.546,20 234.302,81 A redução do Lucro Líquido é resultante da queda brusca do volume de vendas, conforme mostra os valores abaixo: 2.002 2.003 Receitas de Vendas 26.021.279,55 19.956.583,30 5.1- Taxa de Retorno sobre Investimento TRI = Lucro Líquido Ativo Médio 2002 TRI = 684.546,20 7.120.079,13 9,61%
9 2003 TRI = 234.302,81 7.883.151,53 2,97% A Taxa de Retorno sobre Investimento pode ser obtida também por meio da multiplicação da Margem de Lucro pela Rotação do Estoque, onde tal margem representa quantos centavos de cada real de venda sobraram após o pagamento de todas as despesas. 5.2- Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido TRPL = Lucro Líquido Patrimônio Líquido 2002 TRPL = 2003 684.546,20 4.034.637,17 16,97% TRPL = 234.302,81 3.822.770,52 6,13% Na empresa em análise os resultados evidenciam uma considerável diminuição nos quocientes de rentabilidade. Verificamos que tanto na visão dos gestores, focada pela Taxa de Retorno sobre Investimento, quanto na perspectiva dos sócios cotistas, sob a ótica da Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido, os índices não são satisfatórios. Vejamos o desempenho:
10 18,00% 16,00% 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% TRI TRPL 2002 2003 6- FATOR DE INSOLVÊNCIA Solvência é o grau de cobertura que os bens de direito oferecem às obrigações. Stephen Charles Kanitz desenvolveu o método de análise do grau de solvência e insolvência das empresas, divulgado inicialmente na revista Exame de dezembro de 1974, desde então tem sido bastante aplicado nas empresas. Kanitz criou parâmetros para caracterizar o grau de solvência dentro de uma tabela denominada Termômetro de Insolvência, na qual destacam-se três faixas: a) Área de solvência: as empresas enquadradas nesta faixa apresentam os menores riscos de quebra. b) Área de penumbra: onde são classificadas as empresas que já necessitam de um certo cuidado. c) Área de insolvência: diz respeito às empresas que apresentam as maiores probabilidades de virem a falir. TERMÔMETRO DE INSOLVÊNCIA 7 3 0-3 -7 SOLVÊNCIA PENUMBRA INSOLVÊNCIA
11 Pela empresa analisada verifica-se que o seu Fator de Insolvência é de aproximadamente 0,50. Tal valor ainda é satisfatório, mas já há necessidade de um certo cuidado por parte dos gestores em função da proximidade da área de Penumbra. 7- ANÁLISE DO DESEQUILIBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO As empresas de um modo geral sofrem com diversos fatores externos e internos. Esses fatores exigem dos administradores cuidados especiais, sobretudo aos fatores que deterioram o operacional da empresa. Em caso de desequilíbrio o volume de operações da empresa passa a ser desproporcional ao seu capital de giro próprio. Com base nos demonstrativos contábeis de 2002 e 2003 da empresa em questão, apurou-se indicadores e situações de grande importância para a verificação de tendência ao desequilíbrio econômico-financeiro. Segue assim: DESEQUILÍBRIO OPERACIONAL - OVERTRADING 2002 2003 Ativo Permanente X 100 3.459.180,91 X 100 48,58 4.545.438,27 X 100 52,57 Ativo Total 7.120.079,13 8.646.223,93 Ativo Circulante X 100 3.660.898,23 X 100 51,42 4.100.785,66 X 100 47,43 Ativo Total 7.120.079,13 8.646.223,93 Capitais Próprios X 100 4.034.637,17 X 100 56,67 3.822.770,52 X 100 44,21 Ativo Total 7.120.079,13 8.646.223,93 CGP = PL - At Perm 4.034.637,17-3.459.180,91 575.456,27 3.822.770,52-4.545.438,27-722.667,75 Lucro Líquido 684.546,20 234.302,81 X 100 X 100 2,63 X 100 1,17 Vendas 26.021.279,55 19.956.583,30 Estoques X 100 490.015,52 X 100 13,39 3.175.727,11 X 100 77,44 Ativo Circulante 3.660.898,23 4.100.785,66 Dupl a Receber X 100 3.037.792,17 X 100 82,98 909.428,52 X 100 22,18 Ativo Circulante 3.660.898,23 4.100.785,66
12 Fornecedores X 100 864.238,11 X 100 176,37 1.067.291,05 X 100 33,61 Estoques 490.015,52 3.175.727,11 Aumento de Cap Alheios C/P 544.016,06-0,09 Aumento das Vendas 6.064.696,25 Aumento dos Estoques 2.685.711,60-0,51 Aumento do CMV 5.264.707,32 Aumento Faturamento Receber -2.128.363,65 0,35 Aumento das Vendas 6.064.696,25 Vendas 26.021.279,55 45,22 19.956.583,30-27,62 Capital de Giro Próprio 575.456,27-722.667,75 7.1- Sintomas do Overtrading Com base nos cálculos apurados acima, identificamos os seguintes sintomas que caracterizam o Overtrading: - Imobilização de capital, ou seja, preponderância de Capital Permanente em relação ao Ativo Total; - Aumento do Capital de Terceiros financiando o Ativo Circulante, ou seja, redução de Capital Próprio; - Redução das vendas; - Excesso de estoque. 7.2- Causas para o Enquadramento no Overtrading Diante da política de gestão e, ainda, com base nas Demonstrações analisadas da empresa, destacamse abaixo as causas que fizeram com que a entidade apresentasse os sintomas, apontados acima, de desequilíbrio econômico-financeiro: - Excesso de estocagem por deliberação do empresário; - Gastos com ampliação (investimento);
13 - Gastos elevados com pagamento de juros através de empréstimos ou financiamentos (capital alheio). 8- POSIÇÃO DA EMPRESA NO EBITDA O EBITDA é o indicador que mensura o potencial de caixa que o Ativo Operacional de uma empresa é capaz de gerar sem levar em consideração o custo de eventual capital emprestado, as despesas e receitas financeiras, os eventos extraordinários, e nem os ganhos ou perdas operacionais, ou seja, não contabiliza os pagamentos de juros de empréstimos, a depreciação de equipamentos e instalações, o pagamento de impostos e a amortização do diferido. Apurando o EBTIDA na empresa estudada percebe-se uma redução acentuada neste indicador, haja vista a diminuição da operacionalização (volume de vendas) da empresa. Além disso, a empresa apresentou um aumento muito significativo na conta Despesas Administrativas APURAÇÃO DO EBITDA 2.002 2.003 Receitas de Vendas 26.021.279,55 19.956.583,30 Receitas de serviços 0,00 0,00 Receitas Totais 26.021.279,55 19.956.583,30 deduções 3.806.037,70 3.500.062,36 ICMS 3.748.321,34 3.500.062,36 ISS 57.716,37 0,00 PIS 0,00 0,00 COFINS 0,00 0,00 Vendas Brutas 22.215.241,85 16.456.520,94 CMV 19.854.522,44 14.589.815,13 CSP 0,00 0,00 Lucro Bruto 2.360.719,41 1.866.705,81 DESPESAS OPERACIONAIS 1.255.772,41 1.289.210,25 Despesas Administrativas 387.429,31 1.032.613,80 Despesas de Salários e Encargos 151.845,08 113.847,63 Despesas Tributárias 716.498,02 142.748,82 LUCRO OPERACIONAL - EBITDA 1.104.947,00 577.495,56
14 9- AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO EMPREENDIMENTO JUNTO À CONCORRÊNCIA Para uma avaliação comparativa da empresa estudada, baseou-se nas informações obtidas através da Revista Exame As 500 Melhores e Maiores Empresas do Brasil, edição 2002. Entretanto na referida pesquisa não há informações sobre a atividade econômica da empresa Couro Mole Ltda Curtume, Comércio Atacadista e Beneficiamento de Couro de modo que se fez uma comparação com o ramo Atacado e Comércio Exterior que pareceu ser o mais apropriado. Ao se comparar os indicadores de desempenho da empresa Couro Mole Ltda com o ramo Atacado e Comércio Exterior, percebe-se que a empresa se encontra em situação conjuntural de perfeita concorrência. Com exceção do Volume de Vendas a empresa manteve-se no mesmo patamar dos índices comparados (Crescimento das Vendas, Margem das Vendas e Liquidez Corrente), obtendo, inclusive, melhor desempenho em alguns aspectos, como é o caso da Margem das Vendas. Em relação ao Volume de Vendas a empresa na verdade apresentou uma redução significativa (cerca de 20,93%) de um ano para o outro. No entanto, é evidente que, pelos números apurados acima, a empresa não se encontra nesta situação favorável, por isso far-se-ia necessária uma comparação com empresas do mesmo ramo. 10- ASPECTOS POSITIVOS DA GESTÃO Apesar de alguns índices não demonstrarem um bom desempenho da empresa analisada, verificamos que ela possui uma estrutura administrativa enxuta e atua no segmento há mais de 20 anos. Tem esquema de comercialização do couro no mercado interno, principalmente para os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul onde estão localizadas as principais fábricas de calçados do país; e no mercado externo (Portugal e Itália).
15 11- ASPECTOS NEGATIVOS DA GESTÃO Embora a empresa não tenha obtido índice (Fator de Insolvência) que caracterize insolvência, é preciso atentar para a tendência ao desequilíbrio econômico financeiro apresentado pela entidade. A empresa vive uma situação única em função do investimento realizado que afetou diretamente seu fluxo de caixa. O volume de negócios da empresa em 2003 se desenvolveu à base de Capitais Alheios, o que acarretou em uma nítida diminuição dos seus Índices de Liquidez. Esta situação fez com que houvesse um aumento do endividamento, com conseqüente redução do capital próprio, gerando uma posição inadequada, pois é sempre necessário atenção ao se contrair dívidas para que não se comprometa a autonomia financeira da empresa. Além disso, segundo a empresa, o empreendimento não inaugurou em um bom momento (06/2003), pois em razão da alta do dólar, o couro e os insumos tiveram seus preços elevados, o que levou os produtores de calçados e outros derivados do couro a não comprarem matéria prima, mas sim utilizarem seus estoques. Apesar da queda das vendas, a empresa optou por formar estoque para as vendas de 2004, quando seus clientes necessitariam da matéria prima, fato que também impactou seu fluxo de caixa. Por fim, a excessiva imobilização do ativo que vem apresentando a empresa requer também uma atenção especial, pois isso poderá significar desvio de valores do giro dos negócios para aplicá-los em ativos de demorada conversão em numerário. 12 DIAGNÓSTICO DA EMPRESA A empresa analisada apresenta dados preocupantes no que diz respeito ao excesso de Estoque, queda de Vendas e conseqüente redução de Capital Próprio. Segundo informações prestadas pela empresa trata-se de um investimento (financiamento), realizado no valor de R$ 2.000 mil em junho/2002, somado a algumas particularidades da atual conjuntura econômica, ou seja, uma inesperada necessidade de se investir mais Capital Próprio no empreendimento, o que prejudicou o Fluxo de Caixa da empresa. Todavia o que se percebe é que em 2003 houve uma piora da estrutura patrimonial, com elevação dos indicadores de imobilização do Patrimônio Líquido e endividamento geral e oneroso. A empresa está
16 apresentando atrofiamento do Ativo Circulante com um excesso de Estoque (imobilização de Capital); e uma desaceleração operacional, o que vem gerando uma redução na sua margem de lucro (Vendas). Apesar dos prazos de recebimento praticados pela empresa serem compatíveis com os prazos de pagamento e a significativa redução do saldo Contas a Receber, não há indícios de que se trata de melhora na qualidade da carteira de Clientes da empresa, mas sim de uma queda no volume de vendas. Em função do aumento do endividamento, verifica-se um incremento de quanto do Estoque está sendo financiado por capital de terceiros, reduzindo a autonomia financeira da empresa (Capital Próprio) que poderá levar ao desequilíbrio econômico-financeiro. 13- RECOMENDAÇÕES Recomenda-se ao empresário atentar com relação aos empréstimos de Longo Prazo que devem ser feitos de forma planejada para que não haja crescimento desordenado do endividamento da empresa. Faz-se necessário uma melhor harmonia entre as despesas e as vendas, a fim de não gerar perdas futuras. Haja vista que houve um aumento considerável, em torno de 166,53%, das Despesas Administrativas, enquanto que as vendas caíram 20,93%. É evidente que a política de investimento foi inadequada e comprometeu o Fluxo de Caixa da empresa, que deverá tentar alavancar o volume de vendas e praticar uma política de compra e venda adequada, a fim de desmobilizar seu capital e aumentar o seu Capital de Giro Próprio.
17 14- BIBLIOGRAFIA - MARION, José Carlos, Análise das Demonstrações Contábeis. São Paulo, Ed. Atlas, 2002; - NEVES, Silvério das, Contabilidade Avançada e Análise das Demonstrações Financeiras. São Paulo, Ed. Frase, 2001; - http://www.peritocontador.com.br.
18 15- ANEXOS DATA dez-02 dez-03 jun-04 IGPDI 0,29696684 0,32641565 0,34657551 INDICE 1,16705122 1,06176130 ANÁLISE DAS DEMONSTRACOES FINANCEIRAS 2.002 % 2.003 % H Índice ATIVO 7.120.079,13 100,00 8.646.223,93 100,00 121,43 100,00 CIRCULANTE 3.660.898,23 51,42 4.100.785,66 47,43 12,32 92,24 Caixa 57.946,21 0,81 13.302,67 0,15 2,53 18,90 Bancos 75.144,34 1,06 2.327,36 0,03 0,34 2,55 Aplicações 0,00 0,00 0,00 0,00 Contas a Receber 3.037.792,17 42,67 909.428,52 10,52 3,29 24,65 Estoques 490.015,52 6,88 3.175.727,11 36,73 0,00 533,69 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 PERMANENTE 3.459.180,91 48,58 4.545.438,27 52,57 14,45 108,21 Imobilizado 3.459.180,91 48,58 4.545.438,27 52,57 14,45 108,21 PASSIVO 7.120.079,13 100,00 8.646.223,93 100,00 121,43 100,00 CIRCULANTE 1.564.034,31 21,97 2.155.831,13 24,93 137,84 113,51 Fornecedores 864.238,11 12,14 1.067.291,05 12,34 123,50 101,70 Obrigações Fiscais e Tributarias 39.277,45 0,55 2.558,27 0,03 6,51 5,36 obrigações Sociais e Trabalhistas 90.282,36 1,27 174.782,30 2,02 193,60 159,42 Contas a Pagar 570.236,39 8,01 911.199,51 10,54 159,79 131,59 EXIGIVEL A LONGO PRAZO 1.521.407,65 21,37 2.667.622,28 30,85 0,00 0,00 Empréstimos e Financiamentos 1.521.407,65 21,37 2.667.622,28 30,85 0,00 0,00 PATRIMONIO LÍQUIDO 4.034.637,17 56,67 3.822.770,52 44,21 94,75 78,02 Capital Realizado 3.349.437,01 47,04 3.047.254,94 35,24 90,98 74,92 Lucros Acumulados 685.200,16 9,62 775.515,57 8,97 113,18 93,20
19 DEMONSTRACAO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2.002 2.003 Receitas de Vendas 26.021.279,55 19.956.583,30 Receitas de Serviços 0,00 0,00 Receitas Totais 26.021.279,55 19.956.583,30 Deduções 3.806.037,70 3.500.062,36 ICMS 3.748.321,34 3.500.062,36 ISS 57.716,37 0,00 PIS 0,00 0,00 COFINS 0,00 0,00 Vendas Brutas 22.215.241,85 16.456.520,94 CMV 19.854.522,44 14.589.815,13 CSP 0,00 0,00 Lucro Bruto 2.360.719,41 1.866.705,81 DESPESAS OPERACIONAIS 1.255.772,41 1.289.210,25 Despesas Administrativas 387.429,31 1.032.613,80 Despesas de Salários e Encargos 151.845,08 113.847,63 Despesas Tributárias 716.498,02 142.748,82 LUCRO OPERACIONAL - EBITDA 1.104.947,00 577.495,56 DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 261.408,01 222.809,20 Despesas Financeiras 261.408,01 222.809,20 RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 175.057,68 0,00 Receitas Financeiras 175.057,68 0,00 LUCRO ANTES DO IRPJ E DA CSSL 1.018.596,67 354.686,36 CSSL 95.839,33 38.611,54 LUCRO ANTES DO IRPJ 922.757,34 316.074,82 IRPJ 238.211,14 81.772,01 LUCRO LÍQUIDO 684.546,20 234.302,81 QUOCIENTES DE LIQUIDEZ 2002 QLC Ativo Circulante QLC = 3.660.898,23 Passivo Circulante 1.564.034,31 2,34 QLI Disponibilidade QLI = 133.090,54 Passivo Circulante 1.564.034,31 0,09 QLS Ativo Circulante - Estoques QLS = 3.660.898,23-490.015,52 2,03
20 Passivo Circulante 1.564.034,31 QLG Ativo Circulante + RLP QLG = 3.660.898,23 + 0,00 1,19 Passivo Circulante + ELP 1.564.034,31 + 1.521.407,65 QUOCIENTES DE LIQUIDEZ 2003 QLC Ativo Circulante QLC = 4.100.785,66 Passivo Circulante 2.155.831,13 1,90 QLI Disponibilidade QLI = 15.630,03 Passivo Circulante 2.155.831,13 0,01 QLS Ativo Circulante - Estoques QLS = 4.100.785,66-3.175.727,11 Passivo Circulante R$ 2.155.831,13 0,43 QLG Ativo Circulante + RLP QLG = 4.100.785,66 + 0,00 Passivo Circulante + ELP 2.155.831,13 + 2.667.622,28 0,85 COEFICIENTES DE ENDIVIDAMENTO - BALANCO 2002 QPD - CP Passivo Circulante QPD - CP 1.564.034,31 S/ endiv total Passivo Circulante+ ELP S/ endiv total 1.564.034,31 + 1.521.407,65 50,69% QPC - 3º Passivo Circulante + ELP QPC - 3º 1.564.034,31 + 1.521.407,65 S/ Rec total Passivo Total S/ Rec total 7.120.079,13 43,33% GC - 3º Patrimônio Liq 4.034.637,17 GC - 3º Passivo Circulante + ELP 1.564.034,31 + 1.521.407,65 130,76%
21 COEFICIENTES DE ENDIVIDAMENTO - BALANCO 2003 QPD - CP Passivo Circulante QPD - CP 2.155.831,13 S/ endiv total Passivo Circulante+ ELP S/ endiv total 2.155.831,13 + 2.667.622,28 44,69% QPC - 3º Passivo Circulante + ELP QPC - 3º 2.155.831,13 + 2.667.622,28 S/ Rec total Passivo Total S/ Rec total 8.646.223,93 55,79% GC - 3º Patrimônio Liq 3.822.770,52 GC - 3º Passivo Circulante + ELP 2.155.831,13 + 2.667.622,28 79,25% QUOCIENTES DE ATIVIDADE 2003 RA ROTACAO DE ATIVO Meses Dias 12 360 = Vendas Líquidas = 1.866.705,81 0,24 AM 7.883.151,53 AM = AI + AF 2 AM = 7.120.079,13 + 8.646.223,93 2 7.883.151,53 ROTACAO DO ESTOQUE RE = CPV = 14.589.815,13 EM 1.832.871,31 7,96
22 EM = EI + EF 2 EM = 490.015,52 + 3.175.727,11 2 1.832.871,31 POSICIONAMENTO RELATIVO QPR = PMR = 16 0,7 PMP 22 Prazo Médio de Recebimento - PMR PMR = Clientes X 360 Vendas PMR = 909.428,52 X 360 19.956.583,30 16 Prazo Médio de Pagamento - PMP PMP = Fornec X 360 Compras PMP = 1.067.291,05 X 360 17.275.526,73 22 CMV = EI + C - EF C = CMV - EI + EF C = 14.589.815,13-490.015,52 + 3.175.727,11 17.275.526,73 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO - 2003 MARGEM DE LUCRO SOBRE AS VENDAS Margem Operacional = Lucro Operacional
23 Vendas Líquidas Margem Operacional = 577.495,56 1.866.705,81 0,31 Margem Líquida = Lucro Líquido Vendas Líquidas Margem Líquida = 234.302,81 1.866.705,81 0,13 Retorno s/invest. Total = Margem Líquida X Giro do Ativo Retorno s/invest. Total = 0,13 X 0,24 0,03 RETORNO SOBRE O PATRIMONIO LÍQUIDO QRPL = Lucro Líquido (DIR) Patrimônio Líquido QRPL = 234.302,81 3.822.770,52 0,06 FATOR DE INSOLVÊNCIA X1 = Lucro Líquido X 0,05 X1 = 234.302,81 PL 3.822.770,52 X 0,05 0,00 AC + RLP 4.100.785,66 + 0,00 X2 = X 1,65 X2 = Exigível Total 4.823.453,42 X 1,65 1,40 X3 = AC - Estoques X 3,55 X3 = 4.100.785,66-3.175.727,11 PC 2.155.831,13 X 3,55 1,52 X4 = AC X 1,06 X4 = 4.100.785,66 PC 2.155.831,13 X 1,06 2,02 X5 = Exigível Total X 0,33 X5 = 4.823.453,42 PL 3.822.770,52 X 0,33 0,42
24 Fator de Insolvência = X1 + X2 + X3 - X4 - X5 Fator de Insolvência = 0,00 + 1,40 + 1,52-2,02-0,42 = 0,50