Discurso da Senhora Coordenadora Residente No acto de abertura do Workshop Nacional de Redução de Riscos de Desastres Praia, 10 de Dezembro de 2014 Sr. Ministro do Ambiente, da Habitação e de Ordenamento do Território, Excelência Ilustres Representantes do Corpo Diplomático e colegas das Nações Unidas Ilustres representantes dos Departamentos do Estado de Cabo Verde Minhas senhoras e meus senhores, Mais uma vez, gostaria de iniciar reconfortando as famílias de Chã das Caldeiras em particular e à população do Fogo em geral, que têm vivido dias difíceis e com um futuro incógnito pela frente. A minha mensagem é de forte solidariedade e um encorajamento para que possam, na medida do possível reconstruir as suas vidas. As Nações Unidas continuarão a envidar todos os esforços para apoiar um processo de recuperação. Agradeço ao Sr. Ministro do Ambiente, e a Sra. Ministra da Administração Interna / ou Sr. Presidente do SNPCB (que teve que se ausentar por causa da situação de emergência na ilha do Fogo), por terem associado as Nações Unidas neste workshop que visa uma socialização alargada e a validação do perfil de perigosidade de Cabo Verde e a cartografia associada, o resultado de um trabalho dos últimos 12 meses, que testemunha o compromisso do Governo de Cabo Verde para a adoção duma abordagem de redução de riscos nas políticas de desenvolvimento.
Estima-se que nos últimos vinte anos, as catástrofes provocadas por desastres naturais, também devido ao efeito das alterações climáticas, provocou a morte de mais de um milhão de pessoas, afetando mais de quatro mil milhões de pessoas, e tendo um custo na economia global de um assombroso montante de US $ 2 trilhões (de dólares). A verdade é que muitos países ainda não investem o suficiente na prevenção e preparação, e muitos actores de desenvolvimento ainda não estão priorizando o suficiente apoio aos países pobres. O resultado é uma outra e dura realidade dos nossos tempos - que a persistência de profundas desigualdades, com risco global desproporcionado de desastres e concentrados particularmente nos países mais pobres e col alguma fragilidade a nível da governação. Na verdade, 95 por cento das mortes relacionadas aos desastres naturais ocorrem em países em desenvolvimento e 85 por cento das pessoas expostas a desastres vivem em países com baixo e medio níveis de desenvolvimento humano, acentuando a pobreza e a desigualdade existente. Neste contexto factual, gostaria de referir-me a quatro mensagens fundamentais com base em debates atuais sobre a redução do risco de desastres: Em primeiro lugar, investir na redução de riscos de desastres é rentável e e altamente benéfico para o desenvolvimento. Enquanto os investimentos necessários podem parecer elevados, a curto prazo, eles serão rentabilizados longo prazo. Em segundo lugar contruindo a resiliência em todos os níveis -, capacitando os indivíduos, as comunidades e apoiar o desenvolvimento das capacidade dos governos conduzir a melhores e mais resultados sustentáveis para o desenvolvimento. Em terceiro lugar, a partilha de conhecimento e experiência é um elemento essencial para a prevenção e preparação. Por fim, incorporar melhor a redução de riscos de desastres em futuros quadros desenvolvimento global e pensamento é imperativo.
A exposição de Cabo Verde a uma serie de perigos de diversa natureza (geológicos e climatológicos) é intrínseca a sua localização geográfica, orografia e origem geológica. No entanto, a vulnerabilidade das populações, dos seus meios de vida, das infraestruturas críticos e dos sistemas produtivos pode ser reduzida ou mitigada a partir duma planificação, prontidão (preparedness) e recuperação e reconstrução que integrem um enfoque de redução do risco. O risco de desastres é uma função da exposição a um determinado perigo e a vulnerabilidade do sistema perante o mesmo. Nesta equação, podemos agir especialmente na redução das vulnerabilidades. Por esta razão, a redução de riscos exige um conhecimento aprofundado de quais são os perigos, com que frequência podem acontecer e no caso de se materializar a que comunidades e sistemas vulneráveis poderão afetar e com que intensidade. Este processo de avaliação e mapeamento de perigos é o trabalho que se pretende socializar neste workshop e constitui a base indispensável para a montagem dum sistema nacional de informação sobre riscos que irá servir para uma melhor planificação territorial e informará também a preparação, contingência e gestão de desastres. Pelo tanto, estamos aqui a validar uma trabalho extremamente crucial, que se quer constitua uma ferramenta para o apoio as decisões do pais. Conforme o Quadro de Acção para Hyogo para a Redução do Riscos de Desastres 2005-2015, adotado na Conferencia Mundial sobre RRD em Kobe, Japão em 2005 e do qual Cabo Verde é signatário, a identificação, avaliação e monitorização dos riscos de desastre é uma dos 5 eixos prioritários de
ação para os mais de 168 países que o adotaram. Assim, entendemos que a ferramenta que este perfil de perigosidade de Cabo Verde permitirá construir, assegurará também que o país avance noutras linhas de ação como a redução dos fatores subjacentes aos riscos e na criação de bases institucionais sólidas para que a redução de riscos de desastres seja considerada e implementada como uma prioridade política ao nível nacional e local. A reconstrução pós-desastre requer também uma preparação para que se baseie no principio de reconstruir melhor (build-back-better) e permita reduzir os riscos e aumentar a resiliência. Nesse sentido, duas novas iniciativas globais do PNUD, serão também socializadas aqui. Financiadas respetivamente pela Cooperação Luxemburguesa e pela Agencia Internacional de Cooperação Japonesa (JICA), estas duas iniciativas programáticas das quais Cabo Verde vai também beneficiar, visam a capacitação e a difusão de ferramentas para abordar de maneira holística temáticas de resiliência e recuperação pós-desastre, facilitando a reflexão nacional sobre medidas de recuperação sustentável e resiliente. Excelências, Senhoras e Senhores, Grupo de Trabalho da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) incluiu metas relativas à redução de riscos de desastres na sua proposta. Este é um reconhecimento da grande importância em reforçar a resiliência das comunidades e países perante os desastres.
Ao mesmo tempo, UNISDR e o Bureau Membros da Conferência Mundial sobre a Redução de Riscos de Desastres, que terá lugar, no próximo ano, em Sendai, estão a trabalhar arduamente para desenvolver o sucessor do Quadro de Ação de Hyogo. Esperamos que estas duas iniciativas estruturas importantes, e juntamente cm o novo regime sobre o clima, irão se complementar visando fortalecer a resiliência de todos os países aos desastres naturais Faço votos que os trabalhos deste seminário venham contribuir para acompanhar Cabo Verde nesta caminhada mundial, para a redução de riscos de desastres e a recuperação pós-desastre resiliente. Tenham boa sessão de trabalhos. Muito obrigada pela atenção,