ISSN 2175-6813 Revista Egeharia a Agricultura V.26,.05, p.391-398, 2018 Viçosa, MG, DEA/UFV - DOI: https://doi.org/10.13083/reveg.v26i5.860 COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA DE MURTA COM MALTODEXTRINA Regilae Marques Feitosa 1, Rossaa Maria Feitosa de Figueirêdo 2, Alexadre José de Melo Queiroz 3 & Emauel Neto Alves de Oliveira 4 1- Pós doutorado em Eg. de Processos, Técica de laboratório IFAL/Pirahas-AL,regilaemarques@yahoo.com.br 2- Doutora em Egeharia Agrícola, professores UFCG/Campia Grade-PB 3- Doutor em Egeharia Agrícola, professores UFCG/Campia Grade-PB 4 - Pós-doutorado a Uiversidade de Coimbra, professor IFRN/Pau dos Ferros -RN Palavras-chave: Eugeia gracillima Kiaersk formulação polpa diluída Keywords: formulatio Eugeia gracillima Kiaersk diluted pulp RESUMO A maltodextria é uma substâcia de baixo custo e apreseta grade dispoibilidade comercial. Para que os equipametos idustriais (como secadores por aspersão) teham fucioameto cofiável e seguro, requer-se cohecimeto detalhado do comportameto de fluxo do material a ser escoado. Diate disso, o cohecimeto das curvas de fluxos de polpas de frutas e de polpas adicioadas de agetes carreadores é útil o cotrole de qualidade, cotrole de processo, cálculo da eergia utilizada e seleção do equipameto adequado. Este trabalho foi desevolvido com o objetivo de avaliar o comportameto reológico da formulação elaborada com polpa de murta itegral, adicioada de água e 30% de maltodextria (DE 14). A polpa itegral, a polpa diluída e a formulação foram aalisadas quato ao seu comportameto reológico a temperatura de 25ºC, usado o viscosímetro Brookfield. Cocluiu-se que os modelos testados podem ser utilizados a predição dos dados, com destaque para o modelo de Sisko e o Mizrahi-Berk. A polpa itegral, a polpa diluída e a formulação são fluidos pseudoplásticos; a viscosidade aparete dimiuiu sigificativamete com a icorporação da água à polpa assim como da maltodextria. A adição da maltodextria proporcioa o aumeto da viscosidade aparete da formulação quado comparada à polpa diluída. RHEOLOGICAL BEHAVIOR MURTA S PULP WITH MALTODEXTRIN ABSTRACT Maltodextri is a widely used substace because it is iexpesive ad commercially available. It is required a detailed kowledge about the flow behavior of the material to be draied, so that the idustrial equipmets (such as spray dryers) will have a reliable ad safe work. Therefore, the kowledge about flow curves of fruit pulps ad pulps added with carrier agets is useful i quality ad process cotrol, calculatio of the eergy used ad selectio of the suitable equipmet. The aim of this work was evaluatig the rheological behavior of the formulatio elaborated with whole myrtle pulp, water ad 30% of maltodextri (DE 14). The whole ad diluted pulps ad the formulatio were aalyzed i regardig to their rheological behavior at 25 C usig the Brookfield viscometer. It was cocluded that the models tested ca be used i the data s predictio, especially the Sisko Mizrahi-Berk models. The whole ad diluted pulps ad the Formulatio are pseudoplastic fluids; the apparet viscosity decreased sigificatly with the icorporatio of the water ito the pulp as well as the maltodextri. The additio of the maltodextri provides icrease i the apparet viscosity of the formulatio whe compared to the diluted pulp. Recebido para publicação em 10/08/2017. Aprovado em 12/06/2018. Publicado em 07/11/2018 391
FEITOSA, R. M. et al. INTRODUÇÃO A murta (Eugeia gracillima Kiaersk.) é uma frutífera ativa da Chapada do Araripe, PE, que apreseta potecial atioxidate por coter feólicos totais, atociaias e flavooides, além disso, seu aproveitameto tem sido de forma extrativista. Sabe-se que o seu fruto pode ser cosumido i atura ou processado como polpa. Ele também é de grade valor socioecoômico para a região, porém a falta de cohecimeto técico impede a domesticação da espécie e o processameto da murta poderá cotribuir com o desevolvimeto de sua cadeia produtiva (ARAÚJO et al., 2016). E o Brasil é um mercado bastate promissor a produção de sucos de frutas microecapsulados em secadores por aspersão (spray dryer), em razão de sua grade diversidade de frutas produzidas (SOUZA et al., 2015). Para viabilizar o processo de secagem, a maltodextria tem sido amplamete adicioada à polpa, ates de ser submetida ao processo de secagem (TONON et al., 2009). E para que se obteha sucesso o processo de secagem, é iteressate e ecessário cohecer a ifluêcia que a adição dos adjuvates exercerá as formulações elaboradas. As características idividuais dos materiais a serem secos podem iflueciar diretamete os processos de secagem e as codições de processameto a que são submetidas, tais como bombeameto, trasferêcia de calor, evaporação, secagem, pulverização, etc. As propriedades reológicas das formulações elaboradas são de fudametal importâcia para a modelagem do processo de secagem, uma vez que estas propriedades podem determiar o comportameto do fluxo, que deve ser cohecido para o projeto do sistema de alimetação, bem como, para a compreesão da distribuição de material detro do secador (CABRAL et al., 2007). O estudo do comportameto reológico cosiste em aplicar uma força a amostra a ser ivestigada e medir sua deformação ou aplicar uma deformação e medir sua resistêcia ao escoameto. O descohecimeto de dados poderá levar as idústrias a aplicarem, o processameto desses produtos, codições semelhates às utilizadas para sucos itegrais, o que poderá acarretar em erros o desevolvimeto do produto e do processo (SILVA et al., 2013). Na literatura praticamete iexiste iformações sobre o efeito da adição dos adjuvates de secagem às polpas de frutas, especialmete a maltodextria que é um dos aditivos mais utilizados em secadores por aspersão. Diate disso, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da adição de maltodextria o comportameto reológico da polpa de murta. MATERIAL E MÉTODOS A matéria-prima utilizada este trabalho foram frutos de murta (Eugeia gracillima Kiaersk) oriudos da Serra dos Paus Dóias, Chapada do Araripe - PE, muicípio de Exu, PE. Os frutos utilizados se ecotravam em estádio de maturação 4, de acordo com a classificação de Araujo et al. (2016), que são frutos com coloração das cascas totalmete vermelho escuro. Os frutos foram selecioados maualmete, de forma a elimiar os que apresetavam daos físicos, aspecto de podridão ou em outro estádio de maturação. A seguir, as frutas foram submetidas a uma lavagem e saitização (solução de hipoclorito de sódio com cocetração de 50 ppm) durate 15 miutos e, por fim, exaguados em água correte. Após escorrer a água do exágue em peeiras, os frutos foram despolpados em despolpadeira mecâica e a polpa itegral embalada em sacos de polietileo de baixa desidade e armazeada em freezer a 22 o C, até sua utilização os experimetos. Para a avaliação do comportameto reológico, foram utilizados três tipos de amostras: a polpa de murta itegral; a polpa de murta diluída (adicioada de água 1:1) e a formulação que era composta de polpa de murta itegral adicioada de água destilada (1:1) e após homogeeizar esta mistura, adicioava-se 30% de maltodextria (MOR-REX ) com dextrose equivalete igual a 14 e homogeeizava-se ovamete em liquidificador. Por ão existir relatos de estudos da polpa de murta, foram realizados testes o spray dryer até obter o percetual que efetivamete fosse eficiete para a secagem da polpa estudada, resultado o percetual de 30% de maltodextria. 392
COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA DE MURTA COM MALTODEXTRINA Para a realização das medidas de viscosidades aparetes, tesão de cisalhameto e taxa de deformação da polpa de murta itegral, polpa diluída e da formulação, foi utilizado o viscosímetro Brookfield (modelo DV-II+Pro) a temperatura de 25 o C. Para isso, amostras idividuais foram colocadas o porta-amostra, o qual era acoplado a um baho termostático para cotrole da temperatura. Para a realização das leituras (viscosidade, tesão de cisalhameto e taxa de deformação) da polpa de murta itegral e da polpa diluída, utilizou-se o spidle de úmero 28, em diferetes velocidades de rotação (70, 80, 90, 100, 120, 140, 160, 180 e 200 rpm). Para a formulação, o spidle utilizado foi o de úmero 21, as mesmas velocidades de rotação. Os modelos reológicos de Sisko (Equação 1), Lei da potêcia (Equação 2) e Falguera- Ibarz (Equação 3) foram ajustados às curvas da viscosidade aparete em fução da taxa de deformação da polpa de murta, da polpa diluída e da formulação. Os modelos reológicos de Mizrahi Berk (Equação 4), Herschel Bulkley (Equação 5), Casso (Equação 6) e Ostwald-de-Waelle ou Lei da potêcia (Equação 7) foram ajustados às curvas da tesão de cisalhameto em fução da taxa de deformação (reogramas) das amostras, utilizadose o programa computacioal Statistica versão 7.0, por meio de regressão ão liear com o método de estimativa Quase-Newto. ( s 1) ηa = η + K sγ (1) ( 1) ηa = Kγ (2) ( k ) ηa = η + ( η0 η ). γ (3) τ τ 0, 5 = K + OM K M & & γ (4) τ OH = K γ (5) 0,5 t K0C + KC t. 0,5 = γ (6) Kγ = (7) em que, η a = viscosidade aparete (Pa s); η = viscosidade à taxa de cisalhameto ifiita (Pa s); K s, K = ídice de cosistêcia (Pa s); γ = taxa de deformação (s -1 ); s, = ídice de comportameto do fluido (adimesioal); η = viscosidade aparete estática (Pa s); 0 k = ídice de comportameto do fluido (adimesioal); t = tesão de cisalhameto (Pa); = ídice de comportameto do fluido (adimesioal); K OM = raíz quadrada da tesão iicial (Pa); t OH = tesão de cisalhameto iicial (Pa); K 0C 0,5 = tesão de cisalhameto iicial (Pa) 0,5 ; e K C = viscosidade plástica de Casso (Pa s) 0,5. Os critérios de determiação dos ajustes dos modelos aos dados experimetais foram o coeficiete de determiação (R 2 ) e o desvio percetual médio (P), determiados de acordo com a Equação 8. Sedo cosiderado como um ajuste satisfatório, o modelo que apresetar alto valor de R 2, próximo a um (1), baixo valor de P e que a tedêcia de distribuição dos resíduos (DR) seja aleatória. A DR é cosiderada aleatória quado os resíduos se ecotram próximos à faixa horizotal em toro do zero, como também ão formam figuras defiidas, ão idicado tedeciosidade dos resultados. Se a DR é tedeciosa, o modelo é cosiderado iadequado (GONELI et al., 2011). 100 = i= 1 Xexp X teor ) P (8) Xexp em que, P = desvio percetual médio (%); X exp = valores obtidos experimetalmete; X teor = valores preditos pelo modelo; e = úmero de dados experimetais RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1, tem-se os parâmetros reológicos dos modelos de Sisko, Lei da Potêcia e Falguera-Ibarz, ajustados aos dados experimetais da viscosidade aparete em fução da taxa de deformação da polpa itegral da murta, da polpa diluída e da formulação, e os coeficietes de determiação (R 2 ), os desvios percetuais médios (P) e a tedêcia dos resíduos (DR). 393
FEITOSA, R. M. et al. Tabela 1. Parâmetros dos modelos reológicos, coeficiete de determiação (R 2 ), desvios percetuais médios (P) e a tedêcia dos resíduos (DR) para a polpa itegral da murta, a polpa diluída e a formulação referete à temperatura de 25 o C. Modelos Tratameto Parâmetros η K s s R 2 P (%) DR Sisko Lei da Potêcia Falguera- Ibarz Polpa itegral 172117,8 171748,0-1,7627 0,9979 1,95 A Polpa diluída 97,59375-414,929 0,0412 0,8107 11,10 T Formulação 1301,607 1291,722-0,7092 0,9998 0,35 A Tratameto K R 2 P (%) DR Polpa itegral 19065,41-0,9207 0,9908 4,21 T Polpa diluída 349,5510-0,6836 0,8546 11,00 T Formulação 881,7414-0,5857 0,9996 0,39 T Tratameto η η o K R 2 P (%) DR Polpa itegral 14840,94 3003,013 3003,01 0,9648 8,05 T Polpa diluída 1476,629 101,5010 0,0138 0,8126 11,17 T Formulação 259,5573 166,7717 0,1652 0,9924 2,14 A Costata-se para os modelos testados, para a polpa itegral, polpa diluída e formulação, ajustes com coeficietes de determiação (R 2 ) superiores a 0,81 e desvios percetuais médios iferiores a 11%, e a DR tedeciosa e aleatória. Goeli et al. (2011) relataram que um modelo é cosiderado aceitável se os valores dos resíduos apresetarem DR aleatória. Nota-se que ehum modelo apresetou distribuição aleatória para todos os tratametos. Todavia, o modelo de Sisko apresetou tedêcia aleatória para a maioria dos tratametos. Muñoz et al. (2007) obtiveram, estudado o comportameto reológico a 20 o C de dispersões de goma acácia (Acacia tortuosa) (15 a 40%) em água destilada, um bom ajuste (R 2 > 0,996) do modelo de Sisko. Ricó et al. (2009) também relaram que podem ser modeladas pela equação de Sisko, ao trabalharem com dispersões aquosas de goma (C. Odorata L.) preparadas em diferetes cocetrações (10, 15, 20 e 40%) à temperatura ambiete 25 o C. Para o modelo de Sisko, ota-se redução dos parâmetros η, ao comparar a polpa itegral com a polpa adicioada de água e a formulação. Verifica-se, a tabela 1, para o modelo da Lei da Potêcia, que o ídice de cosistêcia (K) apresetou decréscimo ao adicioar água à polpa, assim como a adição da maltodextria. Silva- Weiss et al. (2013) verificaram comportameto pseudoplástico ( <1) para soluções de quitosaa e quitosaa-amido de milho com adição ou ão do extrato de folhas de murta (U. moliae Turcz). Esses autores também perceberam que os parâmetros K e foram afetados ao se adicioar o extrato de folhas de murta e apresetaram coeficiete de determiação de 0,99 para o modelo de Lei da potêcia. O modelo de Falguera-Ibarz apresetou bom ajuste para a polpa itegral e a formulação por apresetar R 2 > 0,96 e desvios percetuais médios, iferiores a 10%. Este desempeho também foi observado por Augusto et al. (2012) ao estudarem o suco de tomate as temperaturas de 0 a 80 o C e aplicarem o modelo de Falguera-Ibarz. Já Feitosa et al. (2015) relataram que, ao trabalharem com a polpa de murta itegral as temperaturas de 15, 25 e 35 o C, velocidade de rotação de 20 a 200 rpm, o comportameto deste fluído pode ser bem descrito pelos modelos de Sisko, Lei da Potêcia e Falguera-Ibarz. Aida o modelo de Falguera- Ibarz, os parâmetros η,, η o e k dimiuiram ao adicioar água e maltodextria à polpa itegral da murta. Na Figura 1, está apresetada a relação etre a viscosidade aparete e a taxa de deformação a temperatura de 25 o C para a polpa itegral da murta, 394
COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA DE MURTA COM MALTODEXTRINA a polpa diluída e a formulação com ajustes pelo modelo de Sisko. Observa-se que a viscosidade aparete foi maior para a polpa itegral e os valores experimetais estão muito próximos da curva ajustada. Viscosidade aparete (mpas) 1200 1000 800 600 400 200 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Taxa de deformação (s -1 ) Polpa itegral da murta Polpa da murta com água (1:1) Formulação Figura 1. Relação etre a viscosidade aparete e a taxa de deformação da polpa itegral da murta, da polpa diluída e a formulação, ajustada pelo modelo de Sisko. Observa-se que ocorreu uma itesa redução a viscosidade aparete da polpa itegral e uma tedêcia de redução para a polpa diluída e a formulação com o aumeto da taxa de deformação (s -1 ). Esta tedêcia também foi observada por Melo et al. (2008), a qual otaram que os valores da viscosidade aparete dimiuíram com o aumeto da taxa de deformação (s -1 ) para a polpa de buriti com leite (1:1), as temperaturas de 10, 20, 30, 40 e 50 o C. Comparado-se os valores da viscosidade aparete etre a polpa itegral, a polpa diluída e a formulação, observa-se que a viscosidade aparete dimiuiu com a icorporação da água destilada e maltodextria em todas as taxas de deformação. Observa-se também que, ao adicioar a maltodextria a polpa diluída, ocorreu o aumeto da viscosidade aparete da formulação. Fato esperado em razão de que a adição de água reduz a viscosidade e como os pricipais materiais utilizados para a microecapsulação são os carboidratos, eles apresetam geralmete baixa viscosidade (DZIEZAK, 1988; GHARSALLAOUI et al., 2007). A viscosidade da formulação é um fator importate a ser cosiderado, em razão da mesma iterferir a formação de gotas esféricas. Sedo assim, quato mais baixa a viscosidade da formulação, meos eergia ou meor pressão são aplicadas e melhor é para a formação adequada das gotículas durate a secagem por aspersão (OLIVEIRA & PETROVICK, 2010). A redução acetuada da viscosidade aparete facilita o escoameto do suco e a troca de calor durate o processameto (VIDAL et al., 2006). Além disso, sabe-se que quato meor a viscosidade do fluido, meor é a perda de carga durate o escoameto, dimiuido os custos de potêcia com bombeameto e, cosequetemete, os custos eergéticos. Na tabela 2, são apresetados os parâmetros dos modelos reológicos de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potêcia), Herschel-Bulkley, Mizrahi-Berk e Casso para a polpa itegral, a polpa diluída e a formulação com as leituras realizadas a temperatura de 25 o C, tal como os coeficietes de determiação (R 2 ), os desvios percetuais médios (P) e a tedêcia dos resíduos (DR). Verifica-se que para a polpa diluída e a formulação, todos os modelos testados apresetaram bos ajustes com coeficietes de determiação (R 2 ) superiores a 0,98 e desvios percetuais médios iferiores a 4%. O modelo de Mizrahi-Berk foi o que apresetou melhor ajuste, apresetado desvios percetuais de erro meores que 10%, maiores coeficietes de determiação e tedêcia de resíduos aleatória para todos os tratametos. Tedêcia semelhate foi observada por Ferades et al. (2008) ao elaborarem formulações compostas por polpa de umbu-cajá e maltodextria as cocetrações de 0, 2,5, 5 e 7,5%, com as medidas as temperaturas de 10 a 50 o C, e obtiveram os melhores ajustes com o modelo de Mizrahi-Berk. Silva Filho et al. (2015) também costataram que o modelo de Mizrahi- Berk pode represetar o comportameto reológico da polpa da maga Hade, por apresetar o meor P e o maior R 2. No modelo de Herschel-Bulkley, é possível observar a tesão de cisalhameto iicial (t OH ). Costata-se que a polpa itegral ecessita de força 395
FEITOSA, R. M. et al. Tabela 2. Parâmetros, coeficiete de determiação (R 2 ), desvios percetuais médios (P) e tedêcia dos resíduos (DR) dos modelos reológicos para a polpa itegral, polpa diluída e formulação, referete à temperatura de 25 o C. Modelos Tratameto Parâmetros t OH K H H R 2 P (%) DR Polpa itegral 23,4287 0,0000 5,5744 0,8856 2,15 T Herschel-Bulkley Mizrahi-Berk Casso Ostwald-de-Waelle (Lei da Potêcia) Polpa diluída -0,0943 0,0525 0,8254 0,9883 3,44 A Formulação 0,8576 0,5362 0,4872 0,9998 0,15 A Tratameto K OM K M M R 2 P (%) DR Polpa itegral 4,8482 0,0000 6,2034 0,9389 1,05 A Polpa diluída 0,0536 0,1579 0,4860 0,9937 1,68 A Formulação 0,6464 0,4841 0,2833 0,9998 0,07 A Tratameto K OC K C R 2 P (%) DR Polpa itegral 4,2388 0,1228 0,5111 2,26 T Polpa diluída 0,0779 0,1460 0,9874 1,68 A Formulação 1,4435 0,0982 0,9989 0,19 A Tratameto K R 2 P (%) DR Polpa itegral 15,0156 0,1394 0,4675 4,75 T Polpa diluída 0,0346 0,9130 0,9882 3,40 T Formulação 0,8557 0,4201 0,9997 0,19 A maior para que o líquido flua quado comparada à formulação elaborada; a mesma apresetou uma tesão reduzida, porém represetativa. Produtos costituídos por uma dispersão de material isolúvel em solução aquosa (soro, açúcares, mierais, proteías e polissacarídeos solúveis) requerem uma tesão maior, caracterizado os materiais como multifásicos (SUN & GUNASEKARAN, 2009). Aalisado o modelo Ostwald-de-Waelle (Lei da Potêcia), verifica-se que os valores de (ídices de comportameto de escoameto ou ídice de comportameto do fluido) apresetaram valores iferiores a 1, idicado que a polpa itegral, polpa diluída e a formulação são fluidos ão ewtoiaos com tedêcia pseudoplástica. Vários estudos têm mostrado que grade parte das polpas de frutas se comportam como fluido pseudoplástico (<1) (AHMED et al., 2005). Essa característica é fortemete iflueciada pelas complexas iterações etre os açúcares solúveis, substâcias pécticas e sólidos suspesos. Ferades et al. (2009) trabalharam com a polpa de maracujá adicioada de sacarose (0, 10 e 20%) e pectia (0, 0,5 e 1,0%), e observaram tedêcia de fluido ãoewtoiao e pseudoplástico. Too et al. (2008) caracterizaram como fluido pseudoplástico a mistura de polpa filtrada de açaí com maltodextria (DE-10), com valores de iferiores a 1 (0,909 a 0,961) para todas as cocetrações de maltodextria (10 a 30%). Verifica-se que os ídices de cosistêcia do modelo da Lei da potêcia, K, apresetaram elevados valores para a polpa da murta itegral, idicado que se trata de um fluido de elevada cosistêcia. O ídice de cosistêcia (K) idica o grau de resistêcia do fluido diate do escoameto (MACHADO, 2002). Na figura 2, está apresetada a relação etre a tesão de cisalhameto e a taxa de deformação a temperatura de 25 o C para a polpa da murta itegral, polpa da murta diluída e formulação, com ajuste pelo modelo de Mizrahi-Berk. Esta tedêcia também foi observada para as polpas de oi itegral e cocetradas, cujos ajustes foram R 2 0,8219, X 2 0,1569 e P 2,26%, para o modelo de Mizrahi & Berk (SOUSA et al., 2017). 396
COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA DE MURTA COM MALTODEXTRINA 6 AGRADECIMENTOS Tesão de cisalhameto (mpas) 0,5 5 4 3 2 1 0 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Taxa de deformação (s -1 ) Polpa de murta itegral Polpa de murta adicioada de água (1:1) À CAPES pela cocessão de bolsa para o primeiro autor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHMED, J.; RAMASWAMY, H.S.; HIREMATH, N. The effect of high pressure treatmet o rheological characteristics ad colour of mago pulp. Joural of Food Sciece ad Techology, Karataka, v.40,.8, p.885-895, 2005. Tesão de cisalhameto (mpas) 0,5 2,9 2,8 2,7 2,6 2,5 2,4 2,3 2,2 Figura A 2,1 60 80 100 120 140 160 180 200 Taxa de deformação (s -1 ) Figura B Formulação Figura 2. Relação etre a tesão de cisalhameto e a taxa de deformação da polpa da murta itegral e polpa diluída (Figura A) e da formulação (Figura B), com ajuste pelo modelo de Mizrahi-Berk. CONCLUSÕES Os modelos testados podem ser utilizados a predição dos dados, com destaque para o modelo de Sisko e o Mizrahi-Berk. A polpa itegral, a polpa diluída e a formulação são fluidos pseudoplásticos. A viscosidade aparete dimiuiu sigificativamete com a icorporação da água à polpa, assim como da maltodextria. A adição da maltodextria ocasioa o aumeto da viscosidade aparete da formulação, quado comparada à polpa diluída. ARAUJO, D.R.; LUCENA, E.M.P.; GOMES, J.P.; FIGUEIRÊDO, R.M.F.; SILVA, C.P. Characterizatio of ripeig stages of myrtle fruit. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.38,.2, e-712, ju. 2016. AUGUSTO, P.E.D.; FALGUERA, V.; CRISTIANINI, M.; IBARZ, ALBERT. Rheological behavior of tomato juice: steady-state shear ad time-depedet modelig. Food ad Bioprocess Techology, Dubli, v.5,.5, p.1715-1723, 2012. CABRAL, R.A.F.; TELIS-ROMERO, J.; TELIS, V.R.N.; GABAS, A.L.; FINZER, J.R.D. Effect of apparet viscosity o fluidized bed dryig process parameters of guava pulp. Joural of Food Egieerig, Davis, v.80,.4, p.1096-1106, 2007. DZIEZAK, J.D. Microecapsulatio ad ecapsulated igrediets. Food Techology, Chicago, v.42,.4, p.136-151, 1988. FEITOSA, R.M., FIGUEIRÊDO, R.M.F.; QUEIROZ, A.J.M.; SOUZA, E.P.; SILVA, V.M. Viscosidade aparete da polpa de murta itegral em diferetes temperaturas. Revista Caatiga, Mossoró, v.28,.4, p.235-243, 2015. FERNANDES, T.K.S.; FIGUEIRÊDO, R.M.F.; QUEIROZ, A.J.M.; MELO, K.S.; BEZERRA, M.C.T. Estudo do comportameto reológico da polpa de umbu cajá em fução da cocetração de maltodextria. Revista Brasileira de Produtos Agroidustriais, Campia Grade, v.10,.2, p.171-180, 2008. FERNANDES, T.N.; RIBEIRO, F.C.R.; LEMOS, 397
FEITOSA, R. M. et al. F.S.; PRADO, M.E.T.; RESENDE, J.V.; BELCHIOR, N.C. Comportameto reológico, parâmetros físico-químicos e diâmica do cogelameto da polpa de maracujá adicioada de sacarose e pectia. Brazilia Joural of Food Techology, Campias, VII BMCFB, 2009. GHARSALLAOUI, A.; ROUDART, G.; CHAMBIN, O.; VOILLEY, A.; SAUREL, R. Applicatios of spray dryig i microecapsulatio of food igrediets: A overview. Food Research Iteratioal, Campias, v.40,.9, p.1107-1121, 2007. Goeli, A.L.D.; Corrêa, P.C.; Magalhães, F.E.A.; Baptestii, F.M. Cotração volumétrica e forma dos frutos de mamoa durate a secagem. Acta Scietiarum. Agroomy, v.33, p.1-8, 2011. MACHADO, J.C. Reologia e escoameto de fluido:êfase a idústria do petróleo. 1 ed. Rio de Jaeiro: Iterciêcia/Petrobrás, 2002. 257p. MELO, K.S.; FIGUEIRÊDO, R.M.F.; QUEIROZ, A.J.M. Comportameto reológico da polpa de buriti com leite. Revista de Biologia e Ciêcias da Terra, São Cristóvão, v.8,.2, p.197-206, 2008 MUÑOZ, J.; RINCÓN, F.; ALFARO, M.C.; ZAPATA, I.; FUENTE, J.L.; BELTRÁN, O.; PINTO, G.L. Rheological properties ad surface tesio of Acacia tortuosa gum exudate aqueous dispersios. Carbohydrate Polymers, Worcester, v.70,.2, p.198-205, 2007. OLIVEIRA, O.W.; PETROVICK, P.R. Secagem por aspersão (spray dryig) de extratos vegetais: bases e aplicações. Revista Brasileira de Farmacogosia, Curitiba, v.20,.4, p.641-650, 2010. RINCÓN, F.; MUÑOZ, J.; PINTO, G.L.; ALFARO, M.C.; CALERO, N. Rheological properties of Cedrela odorata gum exudate aqueous dispersios. Food Hydrocolloids, Wrexham, v.23,.3, p.1031-1037, 2009. SILVA FILHO, E.D.; FIGUEIRÊDO, R.M.F.; QUEIROZ, A.J.M.; BRASILEIRO, J.L.O. Variáveis físicas, químicas e reológicas da polpa itegral da maga cv.hade. Egeharia a agricultura, Viçosa, v.23.5, p.397-405, 2015. SILVA, L.M.R.; MAIA, G.A.; SOUSA, P.H.M.; AFONSO, M.R.A.; GONZAGA, M.L.C.; CARMO, J.S. Efeito da temperatura o comportameto reológico de éctares mistos de caju, maga e acerola. Revista Acadêmica Ciêcia Aimal., Curitiba, v.11, Supl.1, p.s85-s93, 2013 SILVA-WEISS, A.; BIFANI, V.; IHL, M.; SOBRAL, P.J.A.; GÓMEZ-GUILLÉN, M.C. Structural properties of films ad rheology of filmformig solutios based o chitosa ad chitosastarch bled eriched with murta leaf extract. Food Hydrocolloids, Wrexham, v.31, p.458-466, 2013. SOUSA, S.F.; QUEIROZ, A.J.M.; FIGUEIRÊDO, R.M.F.; SILVA, F.B. Comportameto reológico das polpas de oi itegral e cocetradas. Brazilia Joural of Food Techology, Campias, v.20, e2016067, 2017. SOUZA, A.L.R.; RODRIGUES, F.M.; SILVA, G.V.; SANTOS, R.R. Microecapsulação de sucos e polpas de frutas por spray dryig: uma revisão. Revista Brasileira de Produtos Agroidustriais, Campia Grade, v.17,.3, p.327-338, 2015. SUN. A.; GUNASEKARAN, S. Yield stress i foods: measuremets ad applicatios. Iteratioal Joural of Food Properties, Mascate, v.12,.1, p.70-101, 2009. TONON, R.V.; BARONI, A.F.; BRABET, C.; GILBERT, O.; PALLET, D.; HUBINGUER, M. D. Water sorptio ad glass trasitio temperature of spray dried açai (Euterpe oleracea Mart.) juice. Joural of Food Egieerig, Davis, v.94,.3-4, p.215-221, 2009. TONON, R.V.; BRABET, C.; HUBINGER, M.D. Ifluece of process coditios o the physicochemical properties of açai (Euterpe oleraceae Mart.) powder produced by spray dryig. Joural of Food Egieerig, Davis, v.88,.3, p.411-418, 2008. VIDAL, J.R.M.B.; SIERAKOWSKI, M.R.; HAMINIUK, C.W.I.; MASSON, M.L. Propriedades reológicas da polpa de maga (Magifera idica L. cv. Keitt) cetrifugada. Ciêcias Agrotecicas, Lavras, v.30,.5, p.955-960, 2006. 398