A INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NO MUNICÍPIO DE TREMEDAL- BA

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Transcrição:

A INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NO MUNICÍPIO DE TREMEDAL- BA Daniela Oliveira Vidal da Silva 1 Vera Lúcia Fernandes de Brito 2 INTRODUÇÃO A sociedade atual vive momentos de incertezas políticas e econômicas, que refletem no contexto educacional e social. Os diversos conflitos, o ritmo acelerado de produção tecnológica e as exigências do mundo globalizado, alteram as relações vividas no mundo do trabalho e consequentemente afetam os sujeitos envolvidos neste mundo. Portanto, a escola é um cenário onde tal problemática está presente. Estas alterações interferem diretamente na qualidade da educação escolar, pois é a intensificação do trabalho o que reflete na condição de vida do profissional docente e, por conseguinte, na qualidade do ensino. Por isso, a presente pesquisa apresenta um recorte sobre a intensificação do trabalho docente na realidade educacional do município de Tremedal-BA. Este trabalho é fruto de resultados parciais de uma pesquisa maior que tem por objetivo analisar as condições de trabalho dos docentes de ensino fundamental deste município, considerando as especificidades das atividades dos profissionais da zona rural e urbana, as políticas públicas educacionais que são executadas e a compreensão de como ocorre o processo formativo desses professores. Com base na reconfiguração da organização escolar é possível enumerar diversos fatores que comprometem a qualidade da educação, a definição de um bom trabalho e a saúde dos professores, como: a intensificação do trabalho docente, a precarização da educação, massificação do ensino, dificuldades em reestruturar o trabalho docente em demanda das novas necessidades organizacionais e pedagógicas em decorrência da ampliação e complexidade assumidas pela escola no final do século passado. Essa reconfiguração da organização escolar tem implicado a emergência de novas funções, a 1 Mestranda do PPGED, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Brasil. Endereço eletrônico: danielaovdasilva@gmail.com 2 Mestranda do PPGED, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Brasil. Endereço eletrônico: vlfbrito@gmil.com 539

reorientação de obrigações e tarefas antes destinadas a tradicionais cargos e funções no interior do processo de trabalho docente. Porém, trataremos nesta pesquisa apenas da intensificação do trabalho docente e suas implicações na condição de vida deste profissional. Para Oliveira (2006, p. 213), a intensificação do trabalho assume características específicas na realidade latino-americana. Essa autora descreve três dimensões em que pode ser verificada a intensificação do trabalho docente, porém, neste momento discutiremos apenas duas das dimensões, nos resultados parciais da pesquisa. METODOLOGIA No que tange ao tipo de pesquisa, trata-se um estudo exploratório, bibliográfico, documental e de campo por meio de natureza quali-quantitativa. A relação entre quantitativo e qualitativo não pode ser pensada com oposição contraditória, para Minayo (2001) é de se desejar que as relações sociais possam ser analisadas em seus aspectos mais concretos e aprofundadas em seus significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente e vice-versa. Já a coleta de dados in loco ocorreu num universo representado através do contato direto com professores da rede municipal do ensino fundamental no Municipio de Tremedal, Bahia. O instrumento utilizado foi o questionário com questões fechadas aplicado aos professores, que, de acordo com Gil (2002, p. 114), é um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado. O tratamento e análise dos dados ocorre de forma paulatina, e os resultados ainda são parciais. Utilizamos o Excel para fazer a tabulação dos dados coletados e extrair os gráficos necessários para análises. RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira dimensão apresentada, e identificada por Oliveira (2006, p. 214) é a intensificação do trabalho que se refere à ampliação da jornada individual de trabalho em razão de o docente assumir mais de um emprego. Segundo essa autora, os professores que 540

trabalham em escolas públicas costumam assumir mais de uma jornada de trabalho como docentes, em diferentes estabelecimentos públicos e/ou privados. Um mesmo professor leciona em dois ou até três estabelecimentos distintos, em geral, por necessidade de complementação do salário, tendo em vista que a remuneração do magistério na América Latina é muito baixa, comparativamente a outras funções exigentes de formação profissional similar. Figura 1: Salário bruto, com adicionais, se houver. Figura 2: Outras atividades exercidas que contribuam para a renda pessoal. Ao analisarmos os questionários, percebemos que a maior parte dos entrevistados 541

não exerce outra atividade remunerada, conseguindo manter suas despesas com a média de 1 a 3 salários mínimos. Observamos em outra pergunta que essa maioria tem uma carga horária de trabalho de 20h semanais. A pesquisa preocupou-se em questionar a qualidade de vida destes profissionais, perguntando se conseguem investir em livros, lazer, viagens, cursos, capacitações. Estes dados ainda estão sendo tabulados e serão apresentados a posteriori. Porém não se preocupou em analisar se a remuneração dos docentes de Tremedal condiz com a média salarial destes profissionais na América Latina, nem em comparar com a remuneração de outras funções com formação profissional similar. Já a segunda forma de intensificação do trabalho docente, demarcada por Oliveira (2006, p. 214), é aquela decorrente da extensão da jornada dentro do próprio estabelecimento escolar em que o profissional atua. Trata-se de um aumento das horas e carga de trabalho, sem qualquer remuneração adicional. Ou seja, as atividades docentes extrapolam a jornada de trabalho e o profissional é obrigado a levar trabalho para casa (OLIVEIRA, 2006, p. 214-215). Figura 3: Tempo destinado ao planejamento das atividades docentes. Neste caso observamos que a maioria dos docentes do ensino fundamental de Tremedal-BA, utiliza seu tempo particular para dedicar-se às atividades que envolvem o fazer docente, realizando os planejamentos pedagógicos em casa. Vale ressaltar que essas horas dedicadas não são remuneradas e, muitas vezes, privam estes profissionais de dedicar horas de seu tempo fora do ambiente de trabalho, a afazeres domésticos, lazer, leituras informativas, estudos, cuidados com a saúde, atividades físicas, dentre outros. CONCLUSÕES Nos aspectos selecionados para a discussão sobre a intensificação do trabalho docente e suas implicações na condição de vida deste profissional foi possível verificar que é por causa dessas demandas e cobranças que muitos professores adoecem e se sentem únicos responsáveis pelo desempenho de seus alunos, como se, sozinhos, tivessem que resolver todas as fragilidades dos sistemas educacionais. Nesse aspecto, Fernandes e Rocha 542

(2008), alertam que geralmente os professores subestimam suas necessidades de saúde e se conformam com o quadro desanimador em que se encontram, o que chama a atenção para a necessidade de ações de promoção de saúde para este grupo de trabalhadores e de formação continuada que permita reflexões e ações modificadoras deste quadro. Por fim, Scheibe (2010) afirma que, há um grande movimento nas políticas públicas com vistas a suprir a defasagem de formação e de valorização do trabalho docente. Mesmo assim, as dificuldades e os embates continuam sendo inúmeros. É preciso estabelecer prioridades para superar os desafios expostos, traçar caminhos, formular estratégias e políticas que permitam aos educadores modificarem o quadro educacional brasileiro. Palavras-chave: Trabalho docente. Condições de vida. Valorização do trabalho REFERÊNCIAS FERNANDES, Marcos Henrique. ROCHA, Vera Maria da. Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a formação da saúde do trabalhador. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. V. 57, n. 1, p. 23-27, 2008. GIL, Antônio C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. OLIVEIRA, Dalila Andrade. Regulação educativa na América Latina: repercussões sobre a identidade dos trabalhadores docentes. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 44, p. 209-227, 2006. SCHEIBE, Leda. Valorização e formação dos professores para a educação básica: questões desafiadoras para um novo plano nacional de educação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 31, n. 112, p. 981-1000, jul-set. 2010. 543