PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

Documentos relacionados
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL

1º WORKSHOP DE DIREITO MÉDICO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICO- HOSPITALAR E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RESPONSABILIDADE CIVIL DO CIRURGIÃO PLÁSTICO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RESPONSABILIDADE CIVIL DO CIRURGIÃO PLÁSTICO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Aula n. 79. Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde Tema: SANGUE CONTAMINADO - RESPONSABILIDADE CIVIL

AULA DE APRESENTAÇÃO DO CURSO E INÍCIO DA AULA 01

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AULA 03

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

Outros artigos que você também possa se interessar:

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AULA N. 07

1) teve uma filha na data de , de nome Cássia Maria de Paula Barros, sem contudo ter registrado o nome do pai;

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RESPONSABILIDE CIVIL DOS ENFERMEIROS

Responsabilidade civil do empreiteiro e do projetista. Mario Rui Feliciani

Responsabilidade civil do empreiteiro e do projetista

Novo CPC Petição Inicial Modelo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DO FORO...

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA REPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Módulo I - Responsabilidade Civil na Saúde - Aulas n. 08 e 09

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Curso de Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde - Módulo I - Responsabilidade Civil na Saúde

MODELO DE AÇÃO REIVINDICATÓRIA - RETROVENDA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

Questão: Como advogado de Jonas, redija a peça cabível para defender seus interesses colocando na data o prazo final da apresentação de sua peça.

MÓDULO 6: A ADVOCACIA E O DIREITO DE FAMÍLIA TEMA 6: FILIAÇÃO E ALIMENTOS

RESPONSABILIDADE CIVIL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRABALHO DA MM... ª VARA DO TRABALHO DE...

RESPONSABILIDADE CIVIL NA SAÚDE DOS HOSPITAIS E CLÍNICAS

Novo CPC Contestação Modelo

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA DANO MORAL E O ERRO MÉDICO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA E. FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES DO FORO

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA A RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA

INICIAÇÃO AO DIREITO MÉDICO E DA SAÚDE

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS, conforme artigo 528, ss, do CPC

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DO FORO...

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... ª VARA CÍVEL DO FORO...

RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

Número: Data Autuação: 17/02/2016

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS DENTISTAS

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA LEGALE EDUCACIONAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE MOGI DAS CRUZES

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DO FORO...

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GUARULHOS - ESTADO DE SÃO PAULO

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ERRO MÉDICO - HOSPITAL E PLANO DE SAÚDE COMO LITISCONSORTES PASSIVOS. Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível de...

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA DANO MORAL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Responsabilidade Civil. Prof. Antonio Carlos Morato

ESQUELETO PETIÇÃO INICIAL: ENDEREÇAMENTO QUALIFICAÇÃO PRELIMINAR MÉRITO PEDIDOS REQUERIMENTOS FINAIS

Anderson Nogueira Oliveira Doutorando em Direito pela PUC-SP Mestre em Direito - Professor Universitário - Advogado CONTESTAÇÃO

RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA

Pedro, na qualidade de locatário, contratou com Antônio, locador, menor púbere, assistido por seu genitor, Fernando, a locação do imóvel residencial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA CIVEL DA COMARCA DE FORTALEZA-CE

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DO CONSENTIMENTO INFORMADO (TCI)

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PÓS-GRADUAÇÃO EM DIVERSIDADE

INTRODUÇÃO AO DIREITO SANITÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

Bom dia, hoje trago um modelo de petição de auxílio reclusão previdenciário com pedido de tutela antecipada em face do INSS perante a Justiça Federal.

Seus Direitos Relacionados A Danos Morais E Materiais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL

Responsabilidade Civil. Prof. Antonio Carlos Morato

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM DIREITO TRIBUTÁRIO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Aula n. 76 AÇÃO INDENIZATÓRIA VENDA DE MEDICAMETNO PRAZO VENCIDO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DO JABAQUARA DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE EMBU GUAÇU ESTADO DE SÃO PAULO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... DO FORO...

Breves anotações sobre as regras de indenização previstas no Código Civil para os casos de ofensas aos direitos da personalidade

RC Profissional Objetivo do Seguro

RELAÇÃO DE CONSUMO. objeto. consumidor. fornecedor INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO CDC

PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DO PACIENTE: transfusão de sangue

Responsabilidade Civil por Erro Médico

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE ITUPEVA - ESTADO...

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA... VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DO CONSENTIMENTO INFORMADO (TCI)

Bom dia, hoje trago um modelo de petição de auxílio doença previdenciário com pedido de tutela antecipada em face do INSS perante a Justiça Estadual.

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE CAMBORIÚ SC

ERRO DE DIAGNÓSTICO Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde Módulo I Responsabilidade Civil na Saúde

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Cível do Juizado Especial Federal da Subseção Judiciária de (nome da cidade).

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Como Construir a Petição Inicial

A autora é pedagoga na cidade de Itaúna/MG e sempre possuiu bom nome na praça perante o comércio da referida cidade.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

Pós Penal e Processo Penal. Legale

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE REGISTRO PÚBLICO DE SÃO PAULO

AULA DE APRESENTAÇÃO DO CURSO E INÍCIO DA AULA 01

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E&O

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AULA 10

]tvöâxá ZtááÅtÇÇ ]ØÇ ÉÜ OAB-São Paulo

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

Prof. Mariana M Neves DIREITO DO CONSUMIDOR

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA... DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CIDADE..., ESTADO...

EXMO.(A) SR.(A) DR.(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FOTALEZA/CE

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA DEFESA DO MÉDICO EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA

Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SICRANO DE TAL, brasileiro, solteiro, estudante, portador da Cédula de Identidade RG n. [...] e do CPF/MF n. [...], sicrano@email.com.br, residente e domiciliado na Rua [...] n. [...], apto. [...], no bairro da Saúde, São Paulo, CEP 01442-020, por intermédio de seu advogado e bastante procurador infra-assinados (Instrumento de Mandato em anexo), vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAL, ESTÉTICO E MORAL contra o médico FULANO DE TAL, devidamente inscrito no CRM n. [...], e demais dados para qualificação ignorados, CLÍNICA ORTOPÉDICA NÃO ERRAMOS, inscrita no CNPJ n. [...]., contato@drfulanodetal.med.br, ambos com endereço na Rua [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, HOSPITAL [...], devidamente inscrito no CNPJ sob o nº [...], sem indicação de e-mail para contato, estabelecido na Rua [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, OPERADORA DO PLANO DE SAÚDE, pessoa jurídica de Direito Privado, devidamente inscrita no CNPJ/MF n. [...], com sede na Rua [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados: 1. Há aproximadamente dois anos, o autor vinha sentindo dores nos dois tornozelos. Essas dores no tornozelo esquerdo intensificaram-

se, e o autor teve de procurar alguns médicos especialistas na área. Em dezembro de 2016, o autor localizou a Clínica [...], por meio do convênio da operadora do plano de saúde. Marcou consulta com o médico Fulano de Tal para iniciar o tratamento. 2. Na clínica, o facultativo realizou uma infiltração no autor, para que não sentisse mais a dor. O médico explicou-lhe que havia uma região de impacto ósseo na região anterior do tornozelo esquerdo, e uma possível barra óssea chamada de coalizão tarsal. Na verdade, trata-se de dois ossos que estavam muito próximos e com o impacto das atividades físicas, eles entram em atrito, causando dor. Disse também que iria fazer a cirurgia com o objetivo de raspar os ossos. Por ser uma cirurgia bem simples, o autor ficaria internado no hospital apenas um dia. 3. A cirurgia foi marcada para o dia 17/02/2017, às 17h30min no Hospital [...], visto que o médico pertence à equipe médica do hospital, e o nosocômio também faz parte dos hospitais conveniados da operadora do plano de saúde. O autor teve de aguardar um longo tempo na recepção, porque não havia quarto disponível. Depois foi levado para um quarto que mais parecia uma UTI. 4. Depois disso, o autor foi levado à sala de cirurgia. Retorno ao quarto anestesiado. Ao acordar do pós-operatório, reparou que havia um curativo no pé esquerdo. Observou ainda que os dedos do pé esquerdo estavam roxos. Nesse ínterim, o médico do pós-cirúrgico solicitou que ligassem para o médico assistente. Imediatamente, ele veio para avaliar o pé esquerdo do autor. Realizou compressa com soro, e pediu ao autor para ficar mexendo com os dedos do pé, o máximo que conseguisse. 5. No dia seguinte, o médico assistente tirou o curativo do pé esquerdo do autor, retirou os pontos da cirurgia e, com seringas, tentava retirar o sangue do pé do autor, colocando-as nas incisões da cirurgia. O autor percebeu que havia acontecido algo de errado, porque estava sendo removido novamente para a UTI para realizar um ultrassom. Depois disso, o médico

assistente informou o autor de que precisaria fazer outra cirurgia para dar espaço para a circulação. 6. Posteriormente, o autor teve de se submeter à outra cirurgia chamada fasciotomia, isto é, um procedimento para salvar o pé esquerdo, com o objetivo de evitar a amputação. Depois do procedimento, o autor teve de ficar com uma manta térmica no pé esquerdo, no entanto, a situação do autor se agravou, conforme demonstram as fotos em anexo. 7. Como o médico assistente não estava conseguindo reverter a situação, os médicos Fulano e Beltrano assumiram o tratamento. Como se pode observar, o pé esquerdo do autor começou a necrosar. Diante desse fato, o médico Fulano transferiu definitivamente o caso para a médica Sicrana, e deixou de atender o autor. Atualmente, quem está cuidando do caso é a médica Sicrana. 8. O autor entende que foi vítima de erro do médico. Uma simples cirurgia de coalizão tarsal poderá resultar na amputação do pé esquerdo do autor. Com o processo de necrose, um dos dedos do pé do autor já foi amputado. A amputação do pé esquerdo não está descartada. Há de se considerar também que o autor é estudante de educação física, e se ele tiver o pé esquerdo amputado, terá sua carreira profissional totalmente comprometida. 9. O facultativo que agiu com negligência, ofendendo a integridade física do paciente, causando-lhe lesão corporal, por isso, deverá indenizá-lo, porque cometeu ato ilícito. O artigo 927 do Código Civil explicita que: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Ora, a negligência médica caracteriza-se pela falta de cuidado ou desatenção no procedimento médico. Implica omissão ou falta de observação no dever de cuidar. Esquece-se de aplicar as técnicas necessárias para obter o resultado almejado. 10. Nesse mesmo sentido, dispõe o artigo 186 do Código Civil que: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Para caracterizar a responsabilidade civil do médico, faz-se necessário demonstrar três elementos essenciais à caracterização da responsabilidade civil: a ação ou omissão, o dano efetivo e o nexo de causalidade. 11. No Direito Médico e da Saúde, dá-se a caracterização do erro do médico por meio de perícia, visto que se trata de matéria de direito. Estabelecendo o perito o nexo de causalidade entre a má-prática médica e a lesão, caracterizar-se-á o dano, impondo-se o dever de indenizar. 12. A indenização deverá abranger não somente as despesas do tratamento (dano emergente), mas também aquilo que a vítima do erro do médico deixou de auferir (lucro cessante) até ao fim da convalescença, além de prejuízos que o ofendido teve. Essa é a norma insculpida no artigo 949 do Código Civil: No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. 13. O artigo supramencionado é aplicado ao médico que, no exercício profissional, causou lesão ou inabilitou o paciente para o trabalho, segundo dispõe o artigo 951 do Código Civil: O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 14. Nesse mesmo sentido, o artigo 14, 4º, do Código de Defesa do Consumidor explicita que: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e

riscos. 4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. 15. Repise-se, portanto, que o médico assistente responde pelas lesões corporais causadas ao paciente, mediante a verificação de culpa, harmonizando este preceito com o artigo 1º, da Resolução do CFM n. 1.931/2009 (Código de Ética Médica) que disciplina o seguinte: É vedado ao médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Nesse sentido: 16. Além do médico assistente, o autor entende que a operadora, a clínica e o hospital devem figurar no polo passivo da ação, porque pertencem à mesma cadeia na prestação de serviço. O artigo 34 do Código de Defesa do Consumidor é explícito ao afirmar que: O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Além disso, são responsáveis solidariamente pelo dano, segundo o art. 7º, parágrafo único do CDC: Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previsto nas normas de consumo. 17. O pé esquerdo do autor está necrosando, conforme demonstram as fotos em anexo. Já perdeu um dos dedos do pé. O dano é expressivo, podendo, inclusive ter de amputar o pé esquerdo. Trata-se de um jovem estudante que já teve seu direito lesado, porque teve de trancar matrícula e deixar os estágios da Faculdade de Educação Física. 18. O autor tem direito à indenização por danos moral, material e estético em razão do erro do médico que o inabilitou para o trabalho. Com base nessas argumentações, ele entende que tem direito à indenização pelos danos no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), sendo R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) a título de dano moral e R$ 40.000,00 (quarenta mil) a título de dano estético, uma vez que ele ficará com sequelas definitivas no pé esquerdo.

19. Entende ainda que tem direito a pensão mensal de três salários mínimos, uma vez que não poderá exercer suas atividades de professor de educação física. Esse valor deverá ser fixado a partir de sua internação no hospital, abrangendo o período de convalescença. Caso a sequela seja definitiva, requer a Vossa Excelência que se digne de determinar que o pagamento da pensão mensal seja feito definitivamente, havendo majoração com base na categoria do dissídio coletivo da categoria de professor de educação física. 20. Outro aspecto importante é o dever de o médico assistente obter do paciente o Termo de Consentimento Informado (TCI) que deve indicar os riscos do tratamento. Se o facultativo não obter o consentimento do paciente, deverá indenizá-lo pelo fato de ter realizado a cirurgia sem autorização. 21. Por esse motivo, o artigo 15 do Código Civil afirma peremptoriamente que: Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. O TCI é o documento que informa ao paciente os riscos da cirurgia. Ora, se o paciente não quiser se submeter ao tratamento, pelo princípio da autonomia, tem esse direito. 22. O medido que não obtém o TCI do paciente comete infração legal e administrativa. O artigo 22 do Código de Ética Médica (RESOLUÇÃO CFM Nº 1.931/2009 - RESOLUÇÃO CFM Nº 2.217/2018) dispõe de forma esclarecedora que: É vedado ao médico: Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. 23. O autor requer a Vossa Excelência que, nos termos do art. 396 do CPC, determine ao médico assistente que apresente o TCI firmado pelo autor sob pena de ser condenado no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de dano moral pelo desrespeito ao princípio da informação.

Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de condenar solidariamente os réus no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), sendo R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) a título de dano moral e R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) a título de dano estético, totalizando o valor indenizatório de R$ 100.000,00 (cem mil reais), conforme fundamentação, além das custas, despesas e honorários advocatícios, tudo devidamente atualizado. Requer a condenação dos réus no pagamento de pensão mensal de três salários mínimos a favor do autor, durante o período de convalescença, transformando em pensão mensal vitalícia, se a lesão for permanente. Requer eventual condenação de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de dano moral se o médico assistente não juntar na contestação o Termo de Consentimento Informado, uma vez que desrespeitou o princípio da informação. Requer a Vossa Excelência que se digne de conceder-lhe, nos termos do artigo 98 e 99 do Código de Processo Civil, os benefícios da justiça gratuita, porque é pessoa pobre na acepção jurídica do termo e não tem como arcar com as custas, despesas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Ressalte-se ainda que o autor não está trabalhando nem tem rendimento próprio que possa sustentá-lo financeiramente durante esse período, conforme faz prova documental. O autor opta pela audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil, por isso, requer a Vossa Excelência que se digne de determinar a citação dos réus, de acordo com o artigo 246, inciso I, do Código de Processo Civil, para que, querendo, compareçam à audiência a ser designada por esse juízo.

Requer a Vossa Excelência a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor, uma vez que está demanda refere-se a defeito na prestação de serviço médicohospitalar. Ademais a Súmula 608 do Superior Tribunal de Justiça afirma que se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de planos de saúde. Dá-se à causa o valor de R$ 110.000,00 (cento e dez mil reais) a título de alçada. Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Assinatura, nome e OAB