CAFEICULTURA EM RONDÔNIA UM EXERCÍCIO DE PREVISÃO DE SAFRA

Documentos relacionados
AGRONEGÓCIO CAFÉ EM GOIÁS

Técnicas de Amostragem

SAFRA /2005 SEGUNDA PREVISÃO - ABR/2004 SAFRA /2004 FINAL

Em várias ocasiões há de se proceder à coleta de dados diretamente na origem, isto é, dos sujeitos com quem pretendemos realizar determinado estudo.

PROPOSTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CAFEICULTURA DO PARANÁ

SAFRA 2013 Terceira Estimativa

Aspectos metodológicos de pesquisas domiciliares por amostra

Em várias ocasiões há de se proceder à coleta de dados diretamente na origem, isto é, dos sujeitos com quem pretendemos realizar determinado estudo.

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.14 / out-2012

MODELO ESTATÍSTICO E ECONÔMICO PARA ESTIMATIVA DA SAFRA BRASILEIRA DE CAFÉ 1 ECONOMIC AND STATISTICAL MODEL FOR ESTIMATING BRAZIL S COFFEE PRODUCTION

LSPA. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Dezembro de Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras agrícolas no ano civil

Divulgação preliminar

AMOSTRAGEM. É a parte da Teoria Estatística que define os procedimentos para os planejamentos amostrais e as técnicas de estimação utilizadas.

Avaliação de Impacto das Tecnologias da Embrapa: uma medida de desempenho institucional

10ª ELEITA A STARTUP MAIS ATRAENTE DO MERCADO LISTA COMPLETA

Prof. Adriano Mendonça Souza, Dr. Departamento de Estatística PPGEMQ / PPGEP - UFSM

INTRODUÇÃO

Nos últimos 20 anos, a produção brasileira dos principais grãos de

Amostragem: Planejamento e Processos. Cap. 12 e 13 Introdução a Pesquisa de Marketing Naresh K. Malhotra

Fertilizantes impactaram os custos operacionais do Coffea arabica com tipo de produção mecanizado

ESTIMATIVAS DE ADAPATABILIDAE E ESTABILIDADE PARA PRODUÇÃO DE RAÍZES TUBEROSAS EM HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) NO ESTADO DE SERGIPE

BIOESTATÍSTICA AULA 4. Anderson Castro Soares de Oliveira Jose Nilton da Cruz. Departamento de Estatística/ICET/UFMT

Noções de Amostragem

Inventário Florestal. Amostragem

Sistema de Informações e Pesquisa de Marketing Aula 12 24/10/17

CERTIFICA MINAS CAFÉ FERRAMENTA DE SUSTENTABILIDADE NA IRRIGAÇÃO. Bernardino Cangussu Guimarães, Julian Silva Carvalho, Kleso Silva Franco Junior

Amostragem e Distribuição Amostral. Tipos de amostragem, distribuição amostral de média, proporção e variância

Key words: Stratification, R project, yield forecast. Eng. Eletricista, Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP,

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

Condicionantes da adoção da tecnologia de despolpamento na cafeicultura 1

O que é população? O que é amostra? Curso de Bacharelado em Educação Física e Saúde

INTRODUÇÃO À INFERÊNCIA ESTATÍSTICA. Prof. Anderson Rodrigo da Silva

Boletim de Agropecuária da FACE Nº 50, Outubro de 2015

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA DEVE AUMENTAR 2,99% EM 2018

AMOSTRAGEM. Importância da Utilização da Amostragem Economia Tempo Operacionalidade

Resumo Expandido RESUMO:

Superintendência Regional do Rio Grande do Norte Gerência de Operações e de Suporte Estratégico Setor de Apoio à Logística e Gestão da Oferta

Unidade VII Amostragem

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE MATO GROSSO. Jason de Oliveira Duarte'", José Carlos Cruz'" e João Carlos Garcia'"

Conjunturas do Mercado Cafeeiro

Les Estatística Aplicada II AMOSTRA E POPULAÇÃO

III AMOSTRAGEM E INTERVALO DE CONFIANÇA Conceito de Amostragem AMOSTRA ALEATÓRIA

01/06/2016. Semiprobabilística. Amostra. Amostra Probabilística. Bioestatística. Amostra Não probabilística TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

A Cafeicultura do Sul e Oeste de Minas Gerais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS. Pesquisa, acompanhamento e avaliação de safras.

Bioestatística Aula 4

Estatística aplicada a ensaios clínicos

CAPÍTULO 3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Data de Referência: 31/03/2008 Relatório Final. Levantamento de Estoques Privados de Café do Brasil 1

1 Lavouras. Cereais, leguminosas e oleaginosas. Área e Produção - Brasil 1980 a 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADEDE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CIRCUITO SUL MINEIRO DE CAFEICULTURA: MODELO INOVADOR DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

5 TORIA ELEMENTAR DA AMOSTRAGEM

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.8 / abr-2012

10ª ELEITA A STARTUP MAIS ATRAENTE DO MERCADO LISTA COMPLETA

SUSTENTABILIDADE NA CAFEICULTURA BRASILEIRA, UMA ANÁLISE EM TALHÕES DE PRODUÇÃO

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO IDENTIFICADOS PARA OS ALGODÕES DE SEQUEIRO E IRRIGADO NO ESTADO DA PARAÍBA

3 Base de Dados. 3.1 Descrição

6EMA Lucas Santana da Cunha 19 de abril de Universidade Estadual de Londrina

BOLETIM SUCROCUPAÇÃO CENTRO-SUL 1

Dissimilaridade de Ambientes de Avaliação de Milho, na Região Subtropical do Brasil

P. P. G. em Agricultura de Precisão DPADP0803: Geoestatística (Prof. Dr. Elódio Sebem)

Boletim de Agropecuária da FACE Nº 76, Dezembro de 2017

Inquéritos de Saúde - ISA

DEZEMBRO SAFRA / PRIMEIRA PREVISÃO SAFRA /2006-4ª - ESTIMATIVA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ESTATÍSTICA ECONÔMICA A 6EMA

Empresa Brasileria de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PRO Lista de Exercícios - Amostragem e Estatística Descritiva

DIAGNÓSTICO DA CAFEICULTURA DO PARANÁ

5 Avaliação dos estimadores propostos

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DA FERTILIDADE QUÍMICA DO SOLO INTERFERINDO NA PRODUTIVIDADE EM AGRICULTURA DE PRECISÃO

NOTA TÉCNICA N 01/2012

Avaliação das tendências da produtividade agrícola para a cultura da soja no Brasil

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS PARA ANÁLISE DA CLASSIFICAÇÃO

ESTIMATIVA DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE TALHÕES DE CAFÉ, SÃO PAULO, SAFRA 1999/00 1

A IMPORTÂNCIA DA SOJA E MILHO NA REGIÃO DA ALTA MOGIANA

Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Administração

CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS DE GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA AVALIADOS EM DOURADOS, MS

TIPOS DE AMOSTRAGEM Amostragem Probabilística e Não-Probabilística. Amostragem PROBABILÍSTICA: Amostragem Aleatória Simples: VANTAGENS:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Tamanho de amostra para estimação de medidas de tendência central de caracteres de tremoço branco

MANEJO DAS PLANTAS INFESTANTES EM PLANTIOS DE ABACAXI EM PRESIDENTE TANCREDO NEVES, MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Introdução. A soja é uma commodity de relevância econômica no mercado internacional

ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE TROCA ENTRE FEIJÃO E SEUS PRINCIPAIS INSUMOS SOUZA, Rodrigo da Silva 1 ; WANDER, Alcido Elenor 2

Estatística Aplicada à Gestão

Programação da Oficina de Trabalho

Jorge Luiz Moretti de Souza 2, José Antônio Frizzone 3

Professora Ana Hermínia Andrade. Universidade Federal do Amazonas Faculdade de Estudos Sociais Departamento de Economia e Análise. Período 2017.

Elementos de Estatística. Michel H. Montoril Departamento de Estatística - UFJF

LEVANTAMENTO DE ÁREA CULTIVADA, SEMEADURA E ADUBAÇÃO NO MILHO SAFRINHA NA REGIÃO DE SORRISO MT

Caracterização de Sistemas de Produção de Milho na Região de Sete Lagoas, MG. Palavras chave : Zea mays, análise econômica, estimativa de rendimentos,

Bioestatística e Computação I

RENDIMENTO E PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE CAFÉ ARÁBICA EM BAIXA ALTITUDE

Clipping de notícias. Recife, 24 de novembro de 2016.

Áreas de Concentração da Produção Nacional de Milho no Brasil

Conceito de Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos 1º Semestre de 2013 Capítulo 3 Introdução à Probabilidade e à Inferência Estatística

Transcrição:

CAFEICULTURA EM RONDÔNIA UM EXERCÍCIO DE PREVISÃO DE SAFRA TEIXEIRA, S.M. 1 ; MILHOMEM, A.V. 2 ; LUNA, P.L. 3 E MILHOMEM, S.V. 4 1 Ph.D. Economista, Embrapa Café, Professora Escola de Agronomia, UFG, <milagres@sede.embrapa.br>; 2 Engª - Agrônoma, Economista, doutoranda, Escola de Agronomia, UFG, <alzirene@aol.com>; 3 Bolsista Embrapa Café, Rondônia; <petrus@cpafro.embrapa.br>; 4 Estudante de Administração, Bolsista Embrapa Café; 5 Os autores são reconhecidos pela contribuição valiosa oferecida ao trabalho pelo Dr. Geraldo da Silva e Souza, Ph.D em Estatística, pesquisador da Secretaria de Administração Estratégica, da Embrapa, que atenciosamente calculou o tamanho e sorteou nomes para a amostra pesquisada. RESUMO: O presente estudo se propõe a analisar um conjunto de informações colhidas em duas etapas sobre a cafeicultura de Rondônia. A primeira etapa baseia-se em dados de um censo realizado pelo Instituto de Defesa Animal, que incluiu informações sobre cultivos, nos diversos lotes, realizado em 1999 2000. Numa segunda etapa, foi retirada uma amostra dos 47099 estabelecimentos que relataram cultivar café, dos quais 60% são áreas menores que 3 hectares, 83,7% revelam áreas não maiores que 3 hectares e 89,7% são áreas de até 15 hectares com café. Sorteou-se uma amostra, com 495 nomes, em seis estratos, com base na distribuição da variável área plantada com café, permitindo uma precisão de 95% de probabilidade das inferências realizadas sobre a produção e parque cafeeiros. Uma vez que não foi possível localizar os 495 agricultores, foram calculadas as médias do total de 378 propriedades. As médias das variáveis, expandidas para o número de cafeicultores nos estratos, revelaram a existência de um total de 276 mil ha de café, 278.080 ha em produção e 5912 ha em formação. A produção estimada de café para o ano 2000, neste exercício, ficou em cerca de 1900 mil sacas e estima-se para 2001, com base nas informações colhidas junto à amostra de cafeicultores que a produção de Rondônia será cerca de 2.400 mil sacas. O exercício reporta valores um pouco superiores aos estimados nas informações da Previsão de Safra coordenada pela CONAB e utiliza dados do Idaron, dos quais menos de 5% são considerados distorcidos. INTRODUÇÃO Tendo como arcabouço o conceito de desenvolvimento sustentado, em suas dimensões sociais, econômicas, políticas e sobretudo ambientais, o presente estudo se propõe analisar um conjunto de informações colhidas em duas etapas sobre a cafeicultura de Rondônia. A primeira etapa baseia-se em dados de um censo realizado pelo Instituto de Defesa Animal, que incluiu informações sobre cultivos, nos diversos lotes, por ocasião do Censo realizado em 1999-2000. Numa segunda etapa, foi retirada uma amostra dos estabelecimentos que relataram cultivar café, constituindo importante contingente dos estabelecimentos agropecuários no Estado. 2130

O estudo poderá constituir base para a constituição de amostra cativa, para previsões de safra cafeeira, assim como para inferências sobre a atividade cafeeira estadual. Conhecer e descrever aspectos da cafeicultura rondoniense é estratégico, não apenas visando explorá-la, mas sobretudo com vistas a desenvolver seu potencial e garantir sua sustentabilidade social, econômica e ecológica. Do ponto de vista da coordenação do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, torna-se necessário desenvolver mecanismos para facilitar maior interação com o setor cafeeiro rondoniense, contribuindo para o salto tecnológico necessário. Tecnologias que promovam a agregação de valor e qualidade, adaptadas às especificidades regionais, contribuirão certamente para reforçar sua competitividade diante dos mercados globalizados. O desenvolvimento sustentado está, sobretudo, baseado no fortalecimento institucional, nas parcerias estratégicas com as forças produtivas, imprimindo agilidade e capacidade de inovar, levando em conta tendências do mercado, mas sobretudo as implicações sociais, econômicas e ecológicas da atividade, para a Região. A oportunidade de utilização dos dados coletados em censo da agropecuária estadual, realizado pelo Instituto de Defesa Animal IDARON, é sem precedentes, tendo permitido sortear uma amostra com 495 nomes, extraídos de um total de 49.100 agricultores que mencionaram ser detentores de alguma área com café no Estado. Não podendo contar com levantamentos mais detalhados, em cadastros de cafeicultores, no Estado, os estudos de previsão de safra têm sido realizados de forma subjetiva. Além dos levantamentos sistemáticos da produção agrícola do IBGE, que não oferecem os dados detalhados sobre o parque, safra em unidades compatíveis com os estudos realizados por instituições envolvidas com a previsão de safra, nos demais Estados produtores, não foram identificados estudos de Cadastros, ou registros da população de cafeicultores, até a realização do Censo Idaron/Ministério da Agricultura. A forma subjetiva utilizada busca representatividade dos diferentes municípios produtores, a experiência de técnicos que atuam na cafeicultura, no extinto IBC, e o trabalho realizado pela Secretaria da Agricultura, Emater e Embrapa, no Estado. A experiência iniciada com este trabalho é inovadora no sentido de quantificar, com base em dados censitários, uma amostra representativa das diferentes escalas de produção parque e produção cafeeiros em Rondônia. Objetivos: Este trabalho busca analisar a cafeicultura de Rondônia, para o entendimento de sua distribuição quanto a escala de produção, sua estratificação, parque em formação e em produção e produção estimada, nos diversos estratos, como referência para previsões da safra estadual. 2131

METODOLOGIA I) Amostragem: Levantamento recente, realizado pelo Instituto de Defesa Animal de Rondônia, IDARON, relacionou um total de 49.099 agricultores com alguma área plantada com café. Decidiu-se revisar procedimentos dos levantamentos de safra anteriores, construindo nova base de dados, partindo das informações gentilmente cedidas pelo IDARON. A amostra foi estratificada, com base na distribuição da variável área plantada com café e o número de amostras, num total de 495 para permitir precisão e 95% de probabilidade das inferências realizadas sobre a produção e o parque cafeeiros. A Amostra 1 - A grande variabilidade das variáveis para estratificação área com café (em formação, até dois anos e em produção, com mais de dois anos de plantio), assim como a produção indicada, resultou em altos níveis de variância, condicionando números de amostras muito altos. A estratificação foi baseada na amplitude das informações sobre área, e os altos valores para área, num total de 2.522 casos (5% do número total) foram incluídos, permitindo que, pela sua alta variância, um número maior desses elementos fosse incluído na amostra, o que aumentou a magnitude dos desvios-padrões e do número de cafeicultores a serem visitados. A amplitude da variável área revelou seis estratos, cujas variâncias de produção foram estimadas com base em um número aceitável de casos, cuja produtividade (produção revelada/área em produção) não excedeu 50 sacas. Também várias informações de produção deixaram dúvidas quanto à unidade de referência poderia se tratar de sacas, quilos, de café em coco ou beneficiado. Esse fato levou a estimar variâncias de produção em um número bem menor de informações, dos seis estratos de área definidos, resultando na distribuição amostral, com 495 estabelecimentos totais a serem visitados no levantamento de campo. II) Levantamento da Safra: Uma vez definidos e sorteados os elementos da amostra, foram localizados, por municípios, os diversos endereços, passando-se ao treinamento dos técnicos quanto aos procedimentos de coleta dos dados. 1) Decidiu-se por enfatizar, com o formulário previamente elaborado na Supervisão de Safra, do Serviço de Apoio ao Programa Café (SAPC), da Embrapa, com detalhamento do parque e estimativa de estoques, nas propriedades e cooperativas. 2) Uma vez que não foi possível localizar os 495 agricultores, com base no Censo Idaron, foram calculadas as médias do total de 378, e um conjunto de inferências sobre a população constituiu base para o resultado da previsão de safra e sua distribuição em Rondônia. 2132

RESULTADOS População Cafeeira de Rondônia Dados do censo realizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária, no Estado, detalham, por idade, as culturas perenes, em 61.089 estabelecimentos ou lotes, dos quais 49099 (cerca de 77%) e mais de 80% dos cultivos perenes possuem áreas com café. Dificuldades de interpretação por parte dos entrevistadores do censo introduziram valores visivelmente impossíveis de área cafeeira. O levantamento em campo permitiu visualizar, para os altos valores de área anteriormente relatados, correspondência com número de pés sob cultivo na amostra visitada. Supõe-se então, para o conjunto da população, que os entrevistadores, de forma equivocada, quando deveriam responder área em hectares, usaram número de pés quando questionavam sobre a população cafeeira na propriedade. Foram encontrados na população relatada nos dados do Censo Idaron valores para área que variaram de 0,001 a 255 000, o que levou à constatação da interpretação equivocada, mas não impossível de revisão, no processo de amostragem (Quadro 1). Segundo a análise dos dados mencionados, 83,7% das informações revelam áreas não maiores que 10 ha com café, e 89,7% são áreas de até 15 hectares de plantio. Essa informação demonstrou menores desvios da grande maioria de pequenos (quase 90%) na população de cafeicultores e o número menor de amostras, pela menor variância nesses estratos. Vale ressaltar que a parte questionável da série, construída com base nos dados do censo, representa tão somente 4,8% do total das informações sobre café coletadas, não se devendo descartar resultado de tal relevância para as pesquisas de caracterização da agricultura rondoniense. A amostra selecionada foi constituída de seis estratos de área, com a distribuição descrita no Quadro 2. Os valores médios foram calculados com base em um número menor de cafeicultores localizados, no período da pesquisa de campo, em 378 lotes. Quando se analisam as informações da população, colhidas no censo, em dois grupos o primeiro com área com café até 250 e o segundo com área maior que 250 ha - este último grupo, representando 4,2% do total, foi convertido a número de plantas com base nas informações colhidas na amostra. Utilizando-se o número médio de plantas por hectare em formação e em produção calculado na amostra, toma-se para esse contingente o valor supostamente equivocado em área dividido pela média do número de plantas encontrada na amostra. Conforme essa hipótese, o maior contingente de produtores localiza-se nos menores estratos, permitindo inferir quanto à produção total desses cafeicultores pela extrapolação dos dados médios amostrais, aos estratos recalculados, de acordo com os números entre parênteses, no Quadro 3. Pode-se inferir, com base nesse exercício, a safra de 2000 e 2133

a previsão para 2001, objeto da previsão de safra realizada em dezembro de 2000, em médias amostrais expandidas, conforme Quadro 3. Uma amostra para acompanhamento de safra, baseada nos dados do censo realizado pelo Idaron, poderia ser considerada, uma vez que apenas pequena parcela das informações colhidas representa risco para inferências realizadas. O número de cafeicultores com áreas acima de 250 hectares, representando parcela não superior a 5% na população levantada, suscitou, neste trabalho, a constituição de uma amostra aleatória extensa para permitir captar as variações de forma estratificada. Na amostra visitada nesta pesquisa foram localizados dois cafeicultores com áreas totais superiores a 250 hectares e outros dois, no último estrato, com área total com café superior a 86 hectares. Quadro 1 - População de café, por área total, relatada no censo Idaron, 1999/2000 Área Total Café Nº de Estabelecimentos % acumulada 0<Área<=2 2<Área<=3,5 3,5<Área<=6,0 6<Área<=10,0 10<Área<=50 50<Área<=100 100<Área(?)<=250 250<Área(?)<=500 500<Área(?)<=1000 1000<Área(?)<=5000 5000<Área(?)<=10000 10000<Área(?)<=15000 15000<????<=255000 9253 10515 12580 8805 5196 373 309 238 293 674 525 177 162 18,8 40,3 65,9 83,8 94,4 95,2 95,8 96,3 96,9 98,2 99,3 99,7 100,0 Total de Estabelecimentos Cafeeiros em Rondônia 49099 100,0 (?) estima-se que constituem anotações equivocadas de número de pés para área com café FONTE: CENSO IDARON Quadro 2 - Amostra estratificada de cafeicultores em Rondônia Estrato de Área (I) AT<= 3 (II) 3<AT<=5 (III) 5<AT<=9 (IV) 9<AT<=15 (V) 15<AT<=86 (VI) AT>86 Nº Elementos População (%) 18155(36,9) 12077(24,6) 8761(17,8) 5055(10,3) 2529(5,2) 2522(5,1) Nº Elementos na Amostra (%) ÁreaFor m 36(7,3) 41(8,3) 43(8,7) 43(8,7) 108(21,8) 224(45,2) 2,4 1,4 2,9 3,5 4,2 16,1 Médias da Amostra(*) Áreapro 5,2 4,8 5,9 7,0 8,5 18,8 Prod 2000 18,8 56,4 45,7 90,0 136,0 63,6 Prod 2001 23,4 67,6 72,7 122,9 152,2 80,4 (*) Médias de 378 cafeicultores localizados nos diversos estratos. Fonte: amostra de dados censo Idaron. 2134

Quadro 3 - Número de cafeicultores, por estrato de área com café, até 250 ha (e número total),valores expandidos das médias da amostra selecionada-rondônia, dezembro 2000 Estrato No.Areafor No.Areaprodução TotalAreafo TotalAreapr Prod2000 Prod2001 (I) (II) (III) (IV) (V) (VI) 210(2123) 5(158) 6(55) 7(29) 30(38) 10(10) 26695(28327) 9476(9730) 4964(5133) 3837(3893) 1645(1679) 268(269) 5116,43 218,04 157,85 100,34 158,84 160,5 146734 46704 30285 27095 14204 5057 531981 548772 234578 350370 228512 17108 662852 657748 373169 458450 255544 21627 268(2413) 46.885(49.031) 5912,04 270.080 1.911.321 2.429.390 Fonte: dados do censo Idaron, da amostragem e levantamento de safra cafeeira. CONCLUSÕES - O censo Idaron revelou a presença de 49.099 cafeicultores, dos quais 90% possuem área inferior a 15 hectares (ha) de café. Um total de 95,8% dos cafeicultores revelaram áreas inferiores a 250 hectares com café. - A amostra selecionada, com seis estratos de área total com café, revelou corte do quinto estrato de até 86 hectares e a alta variância dos valores supostamente equivocados, nos estratos muito maiores, revistos sob a hipótese de número de plantas, em lugar de área cultivada. A grande variância em área nesses estratos maiores condicionou a inclusão de grande número de elementos nos dois estratos maiores, totalizando a amostra com 495 elementos. - O trabalho de campo permitiu localizar um total de 378 dos cafeicultores indicados, e as médias das variáveis, expandidas para os números de cafeicultores nos estratos, revelaram a existência de um total de 275.992 ha de café, 270.080 ha em produção e 5.912 ha em formação. - A produção estimada de café para o ano 2000 nesse exercício ficou em 1.911.321 sacas. - Estima-se para 2001, com base nas informações colhidas na amostra de cafeicultores, que a produção no Estado de Rondônia será de 2.429.390 de sacas. - Esses dados de área estimada e produção são corroborados pelas previsões recentes da safra cafeeira realizada pela Conab. Estima-se, nos dados oficiais, que a safra cafeeira de Rondônia, em 2001, será de 2,100 mil sacas de café beneficiado. - Esses resultados levam a supor que os dados do censo Idaron poderão constituir base para oferecer continuidade a estudos amostrais de previsão de safra cafeeira no Estado de Rondônia, não devendo ser ignorados, em razão do pequeno contingente de informações em posições equivocadas dos formulários de campo e, principalmente, dos altos custos envolvidos em levantamentos de campo com objetivo abrangente, como o censo já realizado pelo Idaron. 2135