MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE ARAXÁ: ANÁLISE DO MERCADO DE TRABALHO



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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ NÚCLEO DE PESQUISAS ECONÔMICAS E SOCIAIS INFORMATIVO ANO II Nº V AGOSTO 2008 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE ARAXÁ: ANÁLISE DO MERCADO DE TRABALHO Prof. Dr. Vitor Alberto Matos ARAXÁ MG

Introdução Ao analisarmos a formação e composição do produto interno bruto da Microrregião Geográfica Araxá (MGA) identificamos que 75% da produção regional concentravam-se em apenas dois de seus municípios e que em uma única cidade geravam-se 50% do produto total da região. Estes pólos de produção dinamizam a microrregião por concentrarem algumas empresas de elevado potencial produtivo para a economia nacional. No entanto, à época não dispúnhamos de informações mais detalhadas sobre o comportamento dinâmico dos principais segmentos construtores dessa produção. Durante o período entre o informativo sobre o PIB da Microrregião Araxá e este último buscamos compartilhar de vários bancos de dados nacionais para incrementarmos sempre mais a qualidade das informações oferecidas às diversas organizações demandantes desses serviços e possibilitar aos diversos usuários o acesso a um volume cada vez maior de informações regionais. Neste sentido, e com este objetivo, o Centro Universitário do Planalto de Araxá e o Ministério do Trabalho e Emprego estabeleceram entre si, em 2008, um convênio para a disseminação destas informações, o que possibilitou a expansão das atividades do Núcleo de Pesquisa com a introdução das análises sobre o mercado de trabalho e a dinâmica de suas alterações. O presente informativo tem como objetivo principal apresentar o estudo do mercado de trabalho formal 1 da MGA, procurando analisar sua composição e seus movimentos evolutivos a partir de meados da última década do século XX. Esse mercado possui dois eixos analíticos principais em contínua interação e relacionamento: o primeiro deles representa o lado da oferta de produtos e demanda de empregados, ou seja, os estabelecimentos produtivos; e o segundo congrega a oferta de trabalho ou a demanda de produtos, reunindo os diversos grupos de trabalhadores/consumidores, os empregados. Quando analisamos o número de estabelecimentos produtivos em atividade e suas variações anuais, observamos a disposição dos empreendedores para o investimento resultante dos cenários (expectativas) criados por eles em decorrência de determinado momento conjuntural da economia. Entretanto, no âmbito macroeconômico, as metodologias utilizam níveis de agregação muito elevados que tornam inviáveis as 1 As séries de dados obtidos na RAIS e no CAGED se referem ao mercado de trabalho formal em 31/12 de cada período, ou seja, aos trabalhadores com carteira assinada naquela data e intervalo.

análises sobre a diversidade dos movimentos expansivos ou contráteis que ocorrem internamente em cada setor. Neste momento, pretendemos realizar uma análise que identifique os principais componentes da dinâmica do emprego nos principais setores produtivos regionais e, ao mesmo tempo, que permita o contato com a capacidade produtiva regional. Além do estudo dos estabelecimentos empresariais existentes, também pretendemos avaliar o comportamento e as diversas especificidades do segmento trabalhador, analisando o nível do emprego existente na microrregião e suas diversas características. Esta análise focaliza aspectos como: a faixa etária dos trabalhadores, a sua distribuição de acordo com o gênero e o grau de conhecimento formal adquirido, a massa de rendimentos recebidos e o rendimento médio de acordo com os fatores elencados. Ao possibilitarem a elaboração do perfil do mercado de trabalho formal da região, estas informações contribuem para um melhor conhecimento tanto do setor produtivo quanto do setor trabalhador, uma vez que o volume de rendimentos recebidos por todos os participantes, seja em termos globais (massa salarial), seja em valores médios (rendimentos médios) expressos em reais ou em salários mínimos, nos dá uma idéia do potencial da demanda existente, elemento essencial para se entender a dinâmica do mercado local. Sendo assim, propomo-nos neste informativo a realizar uma análise preliminar desse mercado, observando-o a partir dos principais setores da classificação do IBGE. Posteriormente, pretendemos realizar algumas desagregações para melhor entendermos os segmentos regionais específicos indústria, serviços, comércio, agropecuária, construção civil. As informações aqui apresentadas abrangem o intervalo entre os anos 1995 e 2006 e foram tabuladas pelo NUPES/UNIARAXÁ, a partir da base de dados RAIS/CAGED 2 do Ministério do Trabalho e Emprego http://www.mte.gov.br e estão disponíveis em www.uniaraxa.edu.br/pesquisa. Assim sendo, a estrutura do texto está organizada em três seções na seguinte ordem: 1 Composição e evolução dos estabelecimentos produtivos; 2 Evolução do emprego formal 2 A base de dados RAIS permite obtermos informações de caráter sócio-demográfico e profissional a partir de movimentos de agregação/desagregação segundo os seguintes eixos: temporal (com informações do período 1985 2006), espacial (para os espaços nacional, regional, estadual, mesorregional, microrregional e municipal) e econômico (com dados sobre a natureza jurídica e o porte dos estabelecimentos empregadores).

na Microrregião Geográfica Araxá; 3 Análise do perfil do trabalhador da Microrregião Geográfica Araxá. Advertimos que os dados que utilizados se referem unicamente ao emprego formal (carteira de trabalho assinada), portanto não incluem aqueles trabalhadores do mercado informal. Também julgamos relevante salientar que a extensão do intervalo temporal apresentada possibilita maior e melhor visualização dos movimentos ocorridos neste espaço regional. 1 Composição e evolução dos estabelecimentos produtivos Nesta seção analisamos o setor produtivo da MGA, representativo da demanda por empregados em um determinado período, focalizando inicialmente o número de estabelecimentos existentes, de acordo com os principais setores produtivos constantes da classificação do IBGE, segmentados de acordo com seu porte avaliado pelo número de empregados formais existentes. Esse perfil está estruturado em dois momentos principais: inicialmente, uma análise dos dados globais e das relações existentes entre eles; posteriormente, observações sobre a distribuição setorial das diversas classes de estabelecimento avaliando seu comportamento dinâmico utilizando como indicadores a participação setorial relativa e a taxa média de crescimento anual de cada uma delas. A evolução do número de estabelecimentos empresariais na MGA, embora apresentando dinâmicas setoriais diferenciadas, no seu todo indica crescimento. Em termos globais notase que o número total dos estabelecimentos evoluiu a uma taxa média de crescimento anual igual a 2,87%. No entanto, ao analisarmos segmentadamente cada um dos setores observa-se a ocorrência de dinâmicas diferenciadas demonstrando comportamentos estratégicos assimétricos por parte dos empresários em razão dos impactos da conjuntura econômica sobre suas expectativas quanto ao ambiente dos negócios. Ainda em termos totais, observa-se que o comportamento crescente só se consolida a partir de 1999, uma vez que, até então se verifica certa aversão ao risco, principalmente nos setores indústria, e construção civil (Tabela 1) onde se observa pequena variabilidade no formato das curvas representativas de cada setor (Gráfico 1a). Entretanto, mesmo considerando uma conjuntura econômica bastante desfavorável ao investimento produtivo neste período, principalmente em decorrência da política monetária contracionista desenvolvida pela autoridade monetária, os dados mostram grande disposição do empresariado regional para o crescimento de suas atividades e melhora de suas posições no ambiente competitivo que existia.

TABELA 1 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de estabelecimentos segundo os principais setores produtivos Setores Anos 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Indústria 527 573 582 583 623 655 675 690 693 724 733 835 Const. Civil 257 262 249 248 283 296 319 309 272 262 301 267 Comércio 2.695 2.806 2.734 2.773 3.129 3.369 3.586 3.787 3.887 3.952 4.051 3.859 Serviços 1.568 1.674 1.721 2.224 2.186 2.412 2.594 2.765 2.990 3.029 3.129 3.275 Agropecuária 1.726 1.748 1.709 1.760 1.843 1.886 1.942 2.002 1996 2.057 2.113 2.025 TOTAL 7.511 8.082 7.607 7.704 8.071 8.619 9.116 9.553 9.838 10.024 10.327 10.261 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES/UNIARAXÁ. A desagregação dos valores pelos grandes setores do IBGE identifica um movimento acentuadamente assimétrico dos comportamentos estratégicos associado ao ambiente competitivo setorial (Gráfico 1b). O comércio, a prestação de serviços e a agropecuária destacam-se como os principais setores da economia microrregional. Neste período, notase que o setor de serviços apresentou a maior taxa média de crescimento (6,92%), indicativa de franca expansão do segmento representada por movimentos crescentes de aumento do número de estabelecimentos. GRÁFICO 1 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de estabelecimentos segundo os principais setores econômicos (a) (b) FONTE: Tabela 1 e Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT.

A construção civil apresentou crescimento de pequena significância (0,34%) contrastando com a histórica contribuição que o setor sempre oferece para o aumento do emprego, uma vez que é considerado setor dinamizador da expansão dos negócios e do investimento em qualquer economia. Os setores comércio e agropecuária tiveram crescimento de 3,31% e 1,46%, respectivamente. A indústria como um todo, nestes últimos períodos, tem passado por significativa reestruturação produtiva orientada para o aumento da produtividade, redução de custos e introdução de inovações produtivas e organizacionais. Tais movimentos estratégicos têm ocasionado sucessivas fusões de grupos provocando reduções de empreendimentos no segmento industrial, também verificadas na MGA, mesmo assim contribuindo com destacada participação na produção total bruta. Relativamente à quantidade de estabelecimentos, este segmento apresenta-se como um dos com menor número de unidades no total regional. Entretanto, a partir de 2004, o movimento expansivo deste setor mostra-se mais evidente, salvo melhor juízo decorrente da elevada atratividade exercida pelos recursos do subsolo regional sobre grandes empresas mineradoras, o que explica o valor de 4,27% para sua taxa média de crescimento. TABELA 2 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de estabelecimentos segundo o tamanho avaliado pelo número de empregos formais 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 Número de Número de Estabelecimentos de acordo com o ano Empregados 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Nenhum 4.513 5.046 4.454 4.272 4.484 4.792 5.177 5.371 5.490 5.538 5.600 5.593 Até 4 2.319 2.350 2.410 2.609 2.715 2.888 2.951 3.119 3.198 3.297 3.449 3.384 De 5 a 9 336 348 399 442 460 500 526 554 618 610 675 652 De 10 a 19 185 174 182 207 221 245 254 283 296 325 333 341 De 20 a 49 96 102 101 112 115 117 131 143 159 168 170 195 De 50 a 99 35 38 37 34 45 37 35 45 34 31 52 46 De 100 a 249 21 17 15 18 20 27 28 22 28 33 26 24 De 250 a 499 5 6 8 7 7 10 9 12 9 14 13 19 De 500 a 999 - - - 2 3 2 4 3 5 7 8 6 1000 ou mais 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Total 7.511 8.082 7.607 7.704 8.071 8.619 9.116 9.553 9.838 10.024 10.327 10.261 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. Dirigindo nosso foco de análise para o tamanho dos estabelecimentos avaliado pelo número de empregados (Tabela 2) verificamos que os pequenos estabelecimentos - negócios individuais sem nenhum vínculo empregatício e aqueles com até 4 empregados são predominantes. Em 1995, eles correspondiam a 90,9% do total de estabelecimentos existentes na microrregião, participação que diminui em 2006 para 87,5%, resultante da expansão que se observa nos estratos de tamanho acima de 5 até 99 empregados. Relativamente às estratégias de expansão, o segmento dos pequenos estabelecimentos,

embora o de maior número de unidades, cresceu neste período a uma taxa média de 2,51%, bem abaixo do crescimento apresentado pelos empreendimentos até 99 empregados, onde este desempenho chega a 5,97%. Nos estratos acima de 100 empregados encontram-se os maiores responsáveis pela produção regional que, apesar de sua baixa representatividade no total dos estabelecimentos produtivos (0,35%), somente neste novo século apresentam crescimento no número de unidades. 2 A evolução do emprego formal na microrregião geográfica Araxá O período compreendido entre os anos 1995 e 2006 possui características muito específicas, uma vez que nele pudemos assistir ao ciclo Fernando Henrique e ao primeiro período do ciclo denominado Governo Lula, duas formas de gestão pública diferenciadas nas ações e estratégias, embora parecidas na formulação da política econômica. Seguindo a mesma estrutura de apresentação desenvolvida na seção anterior, observa-se nesse período aumento nos valores totais do volume de empregos formais na MGA à taxa média anual de 5,73% (Tabela 3 e Gráfico 2), embora com trajetórias caracterizadas por estabilidade e expansão: na primeira, entre os anos 1995 e 1997, verifica-se decréscimo da formalidade segundo taxa média de 17,87%; entre 1997 e 2000, o emprego apresenta maior evolução e cresce à taxa média de 15,68%; no período posterior, 2000 e 2003, verifica-se novo momento de relativa estabilidade com a formalidade crescendo à taxa de 1,91%; finalmente, no pós 2003, verifica-se relativa expansão até 2005 à taxa média de 12,60%, mas que em 2006 atinge somente 2,66%. TABELA 3 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de empregos formais segundo grandes setores de atividade Setores Número de empregos de acordo com o ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Indústria 6.617 5.446 6.072 7.515 8.051 8.699 9.227 8.800 9.764 12.008 12.544 12.725 Const. Civil 3.393 2.861 3.412 4.447 4.059 6.769 5.756 3.975 3.829 5.079 6.835 6.864 Comércio 5.593 6.574 5.979 6.617 6.903 7.770 8.449 9.325 10.223 11.508 12.682 12.081 Serviços 11.227 11.286 12.044 12.955 13.367 15.113 16.720 17.756 18.198 19.324 22.637 22.824 Agropecuária 9.652 8.993 8.148 12.147 14.516 16.856 15.713 16.681 16.412 18.464 19.384 21.562 Outro/Ignorado 488 73 5 1 - - - - - - - - Total 36.970 35,233 35.660 43,682 46.896 55.207 55.865 56.537 58.426 66.383 74.082 76.056 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. Observando com mais detalhe o Gráfico 2 encontramos duas diferentes trajetórias de expansão associadas ao mercado de trabalho: pelo lado do investimento empresarial a expansão de unidades produtivas cresce mais lentamente; entretanto, pelo lado da demanda por empregos, este segmento apresenta-se bastante aquecido, uma vez que percentualmente ele é superior 100%.

Em relação à participação setorial no valor total do emprego, na MGA identifica-se pequena variabilidade dos valores durante esse período, mas apesar desta proximidade na construção civil, nos serviços e na agropecuária foram encontrados intervalos de variação mais acentuados. Entre 2000 e 2003, assistimos a uma queda bastante acentuada da participação da construção civil, movimento que no período 2003 e 2006 inverte seu comportamento e apresenta-se crescente. Movimentos semelhantes também aconteceram nos setores de serviços (1997 2000), na agropecuária (2002 2005) e no comércio (1996 2000), embora em momentos diversos estas quedas foram acompanhadas de reversões nos períodos posteriores em todos estes setores. A análise desagregada revela algumas variações interessantes: os setores agropecuária e serviços, em conjunto, atingem percentuais de participação bem elevados com números que ficam muito próximos de 60% em todos os períodos; o comércio é o setor onde as oscilações ocorridas não alteraram sua participação setorial, sempre oscilando em torno de 16% aproximadamente. Embora as oscilações no setor industrial também ocorram com freqüência, seja em decorrência das mudanças na conjuntura econômica ou das reestruturações que aconteceram no setor, sua participação modificou-se muito pouco, permanecendo sempre em torno de 17%. GRÁFICO 2 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Evolução do número de estabelecimentos produtivos e do emprego formal FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabelas 1 e 3 - Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. Apesar da ligeira queda entre 1995 1997, o emprego formal a partir de 1997 começa a crescer demonstrando posteriormente que a microrregião experimentaria significativo crescimento na formalidade, em grande parte decorrente da continuidade da política

econômica anterior, mas também como resultado do aumento da participação das classes mais baixas no consumo nacional. Comparando a evolução do movimento expansivo dos estabelecimentos empresariais (Tabela 2) e do emprego formal (Tabela 4) nos principais setores de acordo com o tamanho dos estabelecimentos avaliado pelo número de empregados, podemos destacar alguns padrões de comportamentos bem distintos: a) o estrato dos negócios individuais sem nenhum vínculo empregatício e aqueles com até 4 empregados apresentam aumento do número de estabelecimentos, e oscilações no emprego mais fortes no segmento dos empreendimentos com até 4 empregados; b) nos estratos entre 5 e 49 empregados, caracterizados por crescimento dos estabelecimentos, embora com pequenas oscilações durante o período e com destaque para o estrato de tamanho entre 5 e 9 empregados, ocorrem aumento dos empregos com oscilações mais fortes; c) no segmento de empresas maiores, cujo tamanho varia entre 50 e 499 vínculos, além de possuir poucas unidades, apresenta crescimento com oscilações pequenas, mas com evolução dos empregos alternando oscilações pequenas até 2000 e mais aceleradas nos períodos posteriores, principalmente no segmento entre 50 e 99 empregados; d) nas empresas de tamanho acima de 1000 empregados é onde se verifica inalterabilidade no número de estabelecimentos e crescimento dos empregos. TABELA 4 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de empregos formais segundo o tamanho do estabelecimento avaliado pelo número de empregos Número de Empregados 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Nenhum 1.612 1.649 1.927 2.492 2.182 2.569 3.133 2.626 2.464 2.445 3.800 2.775 Até 4 6.938 6.965 6.852 8.877 9.084 11.087 9.835 10.313 9.700 10.664 11.271 13.326 De 5 a 9 3.976 3.748 4.638 5.923 5.600 6.394 6.936 6.722 7.329 7.568 8.718 7.591 De 10 a 19 4.691 3.952 3.890 5.514 6.159 6.669 7.112 6.302 6.796 8.126 7.688 8.530 De 20 a 49 4.898 5.216 4.976 5.054 5.532 6.954 7.339 7.684 9.024 9.244 9.359 11.196 De 50 a 99 4.449 5.153 4.366 3.982 4.998 3.854 4.303 6.357 4.892 3.838 6.977 6.041 De 100 a 249 5.962 3.967 3.315 3.982 4.827 6.534 6.915 5.602 7.611 9.589 8.987 7.205 De 250 a 499 2.578 2.784 3.930 4.214 2.946 7.165 4.624 5.479 4.174 7.073 6.804 11.766 De 500 a 999 - - - 1.651 3.492 1.748 3.313 2.697 3.777 5.062 6.663 4.415 1000 ou > 1.866 1.799 1.766 1.993 2.076 2.233 2.355 2.755 2.659 2.774 3.815 3.211 Total 36.970 35.233 35.660 43.682 46.896 55.207 55.865 56.537 58.426 66.383 74.082 76.056 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. Esta diversidade estratégica, verificada em relação ao investimento e ao emprego, a partir da análise setorial dos estabelecimentos produtivos e do volume de empregos confirma 3 a diversidade das expectativas formadas pelos empresários em decorrência das oscilações conjunturais que se verificam no ambiente dos negócios como resultado da política 3 As decisões de crescimento em uma economia capitalista em um determinado momento do tempo além de exprimirem o ambiente competitivo existente no setor, também exprimem o espírito empreendedor do empresário e dependem do ambiente econômico (juros, câmbio e inflação) vigente. Este conjunto de variáveis define o conjunto de cenários formados para orientação decisória refletindo as diversas expectativas a respeito do comportamento dos seus stake holders.

econômica. Analisando o desempenho de 2006 comparado com o ano anterior observa-se que as condições mais favoráveis de 2006 possibilitaram crescimento no número de empregos, apesar da redução ocorrida nos estabelecimentos. Entretanto, ainda necessitamos analisar o comportamento da empregabilidade confrontando dados sobre a situação do trabalhador no que se refere ao seu perfil econômico e social para que tenhamos uma visão completa de todos os aspectos que interferem neste mercado. 3 Análise do perfil do trabalhador da Microrregião Geográfica Araxá Seguindo o mesmo roteiro dos itens anteriores, o estudo do conjunto de variáveis definidoras dos principais atributos individuais do trabalhador da MGA analisa os aspectos faixa etária, grau de instrução adquirida, gênero e rendimento obtido enfatizando inicialmente os resultados globais para, em seguida, se centrar no desempenho setorial. Sendo assim, quando focalizamos o comportamento dos empregos formais de acordo com o gênero do trabalhador, o aspecto de maior relevância que se identifica é a inversão que se observa na participação dos indivíduos, uma vez que, embora ainda se verifique o predomínio masculino no ingresso ao mercado de trabalho regional, assistimos nos últimos tempos ao aumento da participação feminina concomitante à queda do ingresso masculino. TABELA 5 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de empregos formais segundo gênero e grandes setores de atividade Indústria Construção Civil Comércio Serviços Agropecuária Total Ano Sexo Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % H 5.440 14,71 3.255 8,80 3.756 10,16 6.734 10,16 7.935 21,46 27.301 73,85 1995 M 1.177 3,18 138 0,37 1.837 4,97 4.693 4,97 1.717 4,64 9.669 26,15 H 4.464 12,67 2.759 7,83 4.432 12,58 6.194 17,58 7.579 21,51 25.487 72,34 1996 M 982 2,79 102 0,29 2.142 6,08 5.092 14,45 1.414 4,01 9.746 27,66 H 5.211 14,61 3.289 9,22 3.886 10,90 6.462 18,12 6.775 19,00 25.626 71,86 1997 M 861 2,41 123 0,34 2.093 5,87 5.582 15,65 1.373 3,85 10.034 28,14 H 6.551 15,00 4.301 9,85 4.347 9,95 6.716 15,37 9.353 21,41 31.269 71,58 1998 M 964 2,21 146 0,33 2.270 5,20 6.239 14,28 2.794 6,40 12.413 28,42 H 6.798 14,50 3.902 8,32 4.500 9,60 6.956 14,83 10.937 23,32 33.093 70,57 1999 M 1.253 0,33 157 0,33 2.403 5,12 6.411 13,67 3.579 7,63 13.803 29,43 H 7.243 12,86 6.590 12,09 5.038 9,25 7.571 13,61 12.323 22,23 38.765 70,22 2000 M 1.456 2,64 179 0,33 2.732 5,01 7.542 13,70 4.533 8,29 16.442 29,78 H 7.265 13,00 5.450 9,76 5.387 9,64 8.545 15,30 11.851 21,21 38.498 68,91 2001 M 1.962 3,51 306 0,55 3.062 5,48 8.175 14,63 3.862 6,91 17.367 31,09 H 6.603 11,68 3.813 6,74 5.954 10,53 9.220 16,31 12.786 22,62 38.376 67,88 2002 M 2.197 3,89 162 0,29 3.371 5,96 8.536 15,10 3.895 6,89 18.161 32,12 H 7.449 12,75 3.650 6,25 6.285 10,76 9.226 15,79 12.186 20,86 38.796 66,40 2003 M 2.315 3,96 179 0,31 3.938 6,74 8.972 15,36 4.226 7,23 19.630 33,60 H 9.727 14,65 4.919 7,41 7.023 10,58 10.215 15,39 14.099 21,24 44.983 69,27 2004 M 2.281 3,44 160 0,24 4.485 6,76 9.109 13,72 4.365 6,58 20.400 30,73 H 9.523 12,85 6.598 8,91 7.614 10,28 11.342 15,31 14.986 20,23 50.063 67,58 2005 M 3.021 4,08 237 0,32 5.068 6,84 11.295 15,25 4.398 5,94 24.019 32,42 H 9.450 12,43 6.702 8,81 6.982 9,18 11.713 15,40 16.324 21,46 51.171 67,28 2006 M 3.275 4,31 162 0,21 5.099 6,70 11.111 14,61 5.238 6,89 24.885 32,72 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. Em 1995, as mulheres assumiam 26,15% dos postos de trabalho e os homens tinham uma participação relativa igual a 73,85%. Nestes doze anos de intervalo estes números sofrem

significativa alteração com a participação feminina, atingindo 32,72% e a masculina, 67,28%. A expansão feminina no mercado de trabalho da MGA corresponde ao aumento de 6,57% no seu índice de participação relativa identificada por uma taxa de crescimento médio de 8,97% no período. A contração masculina observada pela queda de sua participação relativa corresponde a um crescimento médio de 5,87%, visivelmente menor do que o ocorrido no contingente feminino (Tabela 5 e Gráfico 3). GRÁFICO 3 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Evolução do emprego formal segundo o gênero FONTE: Tabela 5 Tabulação NUPES / UNIARAXÁ A análise setorial mostra o crescimento da presença feminina, chegando a atingir taxas médias bem mais elevadas do que as dos homens, excluindo-se somente a construção civil, setor onde a participação da mulher é bastante inferior à do homem. Taxas de Crescimento TABELA 6 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Taxa média de crescimento do emprego segundo gênero 1995-2006 Setores Indústria Construção Civil Comércio Serviços Agropecuária Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher 1995/2006 5,14 9,75 6,78 1,46 5,79 9,72 5,16 8,15 4,56 10,67 FONTE: Tabela 5. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. Outro fato interessante verificado nesta expansão diferenciando ambos os gêneros se refere ao comportamento de suas trajetórias de crescimento. No contingente feminino, a expansão parece ocorrer de forma mais suave, ao contrário do que se observa no masculino, no qual o movimento expansivo ocorre alternando períodos de relativa estabilidade e momentos de maior aceleração (Gráfico 3).

Relativamente à escolaridade do trabalhador traduzida em anos de estudos seriados observa-se que a empregabilidade se dirigiu para os segmentos com maior escolarização. O fato a ser destacado inicialmente é a queda significativa da participação relativa do número de trabalhadores analfabetos em relação ao total do emprego formal da MGA: em 1995, era 4,62% e, em 2006, atinge 1,05%, diferença que corresponde a uma taxa média de crescimento negativo igual a 6,71%, evidenciando que a empregabilidade atual exige maiores níveis de escolarização e qualificação. A exigência por níveis mais elevados de escolaridade também atingiu aqueles com instrução até a 4ª série do ensino fundamental, uma vez que são observados índices cadentes de sua participação no emprego formal. Em 1995, 40,67% dos trabalhadores formais possuíam formação até a 4ª série, percentual que em 2006 cai para 24,36%, correspondendo a uma taxa média de crescimento de 1,91% (Gráfico 4 e Tabelas 7 e 8). GRÁFICO 4 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Distribuição do emprego formal segundo o grau de instrução FONTE: Tabela 7 As reestruturações nos processos produtivos das empresas e as novas exigências da tecnologia informacional impunham a demanda por um trabalhador com maior capacidade

de interpretação e maior velocidade de decisão, atributos que se obtém com maior volume de informação estruturada. Isto fica evidente quando observamos o aumento da participação dos trabalhadores: com 8ª série de 31,32%% para 35,87% a uma taxa média de crescimento de 8,10%, com formação até o segundo grau, de 17,23% para 30,20%, com incremento médio anual de 12,36% e os com nível de escolaridade superior, de 5,81% para 8,51%, correspondendo a 10,54% de taxa de crescimento médio. Relativamente aos trabalhadores com formação superior completa, a demanda por eles apresentou-se crescente em todo o período e, a partir de 2006, já se observa a presença de profissionais com mestrado. Em outras palavras, o mundo do trabalho nesta microrregião dava passos importantes em direção às novas tecnologias, a nosso juízo, pressionado pela presença de empresas com participação em negócios globais. TABELA 7 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de empregos formais segundo grau de instrução do trabalhador 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2003 2004 2005 2006 Analfabeto 1.709 1.086 623 669 851 1.124 1.060 931 595 595 721 638 796 4ª série inc. 5.991 4.976 3.934 5.702 6.444 6.947 6.722 6.284 6.223 6.223 6.230 6.111 6.005 4ª série com. 9.045 9.309 8.034 9.090 9.364 11.363 10.991 10.825 11.653 11.653 12.253 12.174 12.523 8ª série inc. 7.316 7.226 7.412 9.646 9.813 11.834 10.956 11.348 10.406 10.406 11.532 12.536 13.143 8ª série com. 4.264 4.067 6.481 8.010 8.224 9.091 9.516 9.421 9.253 9.253 11.713 14.435 14.141 2º grau inc. 2.473 2.362 2.573 2.803 3.147 3.688 3.698 3.833 4.388 4.388 5.393 6.461 7.090 2º grau com. 3.897 3.873 4.529 5.448 6.060 7.679 9.188 9.969 11.451 11.451 13.624 15.428 15.879 Superior inc. 559 487 533 585 679 794 861 876 1.020 1.020 1.298 1.832 1.886 Superior com 1.589 1.621 1.513 1.717 2.314 2.687 2.873 3.050 3.437 3.437 3.619 4.467 4.587 Mestrado - - - - - - - - - - - - 6 Doutorado - - - - - - - - - - - - - Total 36.970 35.233 35.660 43.682 46.896 55.207 55.865 56.537 58.426 58.426 66.383 74.082 76.056 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. TABELA 8 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Grau de escolaridade Participação relativa e Taxa média de crescimento 1995, 2006 Alterações Percentuais Grau de Escolaridade Participação Relativa Taxa Média de Crescimento (%) 1995 2006 1995 2006 Analfabeto 4,62 1.05-6,71 4ª Série 40,67 24,36 1,91 8ª Série 31,32 35,87 8,10 2 0 Grau 17,23 30,20 12,36 Superior 5,81 10,54 10,54 FONTE: Tabela 7 e Tabulação NUPES/UNIARAXÁ Quanto à distribuição da demanda por empregados formais de acordo com a faixa etária, observa-se que o aumento do número total de empregos não ocorreu de forma similar em todas as idades. A faixa etária inicial (até 17 anos) e a que compreende 30 e 39 anos perderam participação no volume total de empregos. No período que estamos analisando, a primeira sofreu queda mais acentuada no mercado de trabalho, de 4,53% em 1995 para 1,82% em 2006, redução que corresponde a uma perda de 292 postos de trabalho. No

entanto, na segunda, apesar de sua participação ter sofrido queda de 28,78% para 26,36% não se verificou perda de emprego, mas crescimento menor em relação aos demais estratos. TABELA 9 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Número de empregos formais segundo faixas de idade do trabalhador Anos Faixas de Idade 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Até 17 anos 1.677 1.479 1.281 1.563 1.331 1.245 1.131 1.064 1.088 1.436 1.508 1.385 18 a 24 anos 8.483 8.086 8.014 10.150 11.157 13.429 13.962 14.143 14.445 16.764 19.034 19.042 25 a 29 anos 6.357 6.129 5.977 7.185 7.776 9.172 9.396 9.627 10.087 11.716 13.354 13.902 30 a 39 anos 10.643 10.179 10.409 12.598 13.535 15.608 15.577 15.657 16.066 17.800 19.517 20.054 40 a 49 anos 6.318 6.071 6.621 8.099 8.650 10.352 10.424 10.514 10.892 12.098 13.276 13.762 50 a 64 anos 3.163 3.009 3.081 3.810 4.178 5.013 5.010 5.171 5.443 6.132 6.880 7.439 65 anos e mais 213 228 244 253 258 361 347 340 405 437 513 472 Idade ignorada 116 52 33 24 11 27 18 21 - - - - Total 36.970 35.233 35.660 43.682 46.896 55.207 55.865 56.537 58.426 66.383 74.082 76.056 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. O restante dos estratos da distribuição do emprego segundo faixas de idade experimentou crescimento de sua participação na empregabilidade total. O aumento de 22,94% para 25,03% nas idades entre 18 e 24 anos indica uma mudança da demanda por trabalhadores, deslocando-se dos mais jovens para pessoas jovens, mas preferencialmente com maior maturidade. Os aumentos ocorridos nas faixas etárias entre 25 e 29 e entre 40 e 49 anos, embora sejam pequenos percentualmente, contribuíram fortemente para o aumento da empregabilidade total, uma vez que corresponde a dobrar o número de postos de trabalhos do início do período. GRÁFICO 5 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Rendimento médio do trabalhador formal segundo o sexo FONTE: Tabela 8 De acordo com os dados pode-se inferir que o incremento mais relevante foi o do grupo das pessoas entre 50 e 64 anos de idade. Nesta faixa de idade estão os indivíduos já considerados idosos e prestes a deixar o mercado, mas que atualmente desempenham na

economia brasileira papel de grande relevância por participarem com maior intensidade da formação da produção nacional, ora como ativos participantes do mercado de trabalho, ora como responsáveis diretos por grande parte dos domicílios residenciais de muitos grupos familiares brasileiros. Em termos percentuais, observou-se crescimento correspondente a mais de 100% no número destes indivíduos. TABELA 10 MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA ARAXÁ Rendimento Médio do trabalhador formal segundo sexo e grau de instrução TOTAL 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Analf. 1,95 1,92 2,18 2,19 1,92 1,84 2,49 1,72 1,61 1,55 1,63 1,68 4ª s. inc. 2,22 2,11 2,08 2,08 2,00 2,15 2,07 1,81 1,82 1,92 1,93 1,82 4ª s. c. 2,57 2,36 2,44 2,27 2,12 2,14 2,05 1,97 1,88 1,87 1,93 1,85 8ª s. inc. 2,48 2,42 2,35 2,34 2,34 2,21 2,13 1,94 1,94 1,95 1,88 1,81 8ª s. c. 3,88 2,79 3,20 3,35 2,95 3,16 2,40 2,20 2,12 2,09 2,04 1,98 2º g. inc 3,98 2,86 2,90 2,61 2,45 2,64 2,18 2,01 1,86 1,93 1,86 1,78 2º g. c. 4,70 4,60 4,68 4,35 4,01 3,82 3,32 3,01 2,78 2,69 2,54 2,36 Sup. inc 5,03 8,83 6,30 6,16 5,38 6,06 5,10 3,99 3,58 3,62 3,24 3,09 Sup. c. 9,66 8,63 11,35 9,76 8,39 7,70 7,96 7,43 6,59 6,28 5,71 5,28 Mestr. - - - - - - - - - - - 7,08 Doutor. - - - - - - - - - - - - Total 3,28 3.03 3,27 3.08 2,92 2,91 2,71 2,49 2,40 2,37 2,32 2,20 MASCULINO 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Analfab 1,98 1,99 2,19 2,23 2,02 1,97 2,38 1,70 1,70 1,61 1,68 1,69 4ª s. inc. 2,34 2,20 2,14 2,20 2,15 2,29 2,19 1,89 1,91 2,03 2,01 1,92 4ª s. c. 2,76 2,51 2,55 2,42 2,27 2,30 2,20 2,13 2,02 1,99 2,07 1,96 8ª s. inc. 2,70 2,55 2,49 2,48 2,48 2,39 2,32 2,09 2,10 2,12 2,04 1,94 8ª s. co. 4,55 3,10 3,44 3,25 3,30 3,55 2,62 2,44 2,35 2,27 2,21 2,15 2º g. inc 4,36 3,33 3,39 3,01 2,84 3,09 2,57 2,32 2,12 2,20 2,11 1,94 2º g. co. 6,86 6,50 6,52 6,04 5,59 5,21 4,29 3,88 3,56 3,38 3,23 2,90 Sup. Inc 6,40 13,14 8,93 8,92 7,63 8,84 7,08 5,33 4,87 4,88 4,44 4,18 Sup. Co 13,98 12,30 15,85 13,14 12,39 11,42 11,80 11,42 9,87 9,15 8,26 7,73 Mestr. - - - - - - - - - - - 6,92 Doutor. - - - - - - - - - - - - Total 3,36 3,21 3,46 3,23 2,02 3,17 2,93 2,70 2,64 2,59 2,54 2,39 FEMININO 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Analfab 1,86 1,66 2,13 2,04 1,68 1,52 2,85 1,79 1,37 1,34 1,38 1,64 4ª s. inc 1,67 1,68 1,76 1,64 1,52 1,66 1,69 1,53 1,57 1,55 1,63 1,45 4ª s. c. 1,69 1,70 1,93 1,66 1,63 1,62 1,59 1,47 1,51 1,50 1,49 1,50 8ª s. inc 1,58 1,95 1,71 1,62 1,75 1,50 1,49 1,47 1,50 1,36 1,38 1,41 8ª s. c. 1,99 2,01 2,75 3,55 1,75 1,86 1,69 1,51 1,49 1,45 1,49 1,53 2º g. inc 3,25 1,97 2,08 1,90 1,78 1,83 1,55 1,48 1,38 1,35 1,36 1,47 2º g. co 2,82 3,07 3,00 2,73 2,67 2,53 2,34 2,13 1,90 1,83 1,77 1,69 Sup. inc 3,61 4,93 4,15 3,62 3,55 3,73 3,40 2,80 2,33 2,40 2,16 2,14 Sup. co. 5,58 5,67 6,84 6,61 5,76 5,32 5,25 4,87 4,39 4,25 4,02 3,71 Mestr. - - - - - - - - - - - 7,39 Doutor. - - - - - - - - - - - - Total 2,47 2,56 2,78 2,73 2,38 2,30 2,21 2,05 1,93 1,88 1,87 1,82 FONTE: Relação Anual de Informações Sociais RAIS / Ministério do Trabalho e Emprego MTE / Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Tabulação NUPES / UNIARAXÁ. A análise da distribuição do rendimento médio obtido pelos trabalhadores formais identificou ganhos médios declinantes em todos os períodos com reflexos mais acentuados sobre o gênero feminino. Para os homens, os rendimentos sempre estiveram acima da média do setor, embora se constate que no ano de 2006 eles atingiram valores próximos à média setorial. Como a presença de profissionais com mestrado e doutorado só se verifica

em 2006 podemos constatar que nestes níveis a remuneração das mulheres apresenta-se maior do que a dos homens e acima da média do total (Tabela 10 e Gráfico 5). A observação mais detalhada da Tabela 10 mostra que, embora cadentes, os rendimentos do trabalho formal, de acordo com a escolaridade, permitem identificar dois momentos distintos em sua dinâmica evolutiva. O primeiro deles caracteriza-se por relativa assimetria de ganhos seja para os trabalhadores de nível de escolaridade até a 8ª série ou para aqueles com formação média e superior. Deve-se ressaltar que nestes últimos níveis a assimetria revela-se bem mais acentuada e que o grupo feminino recebe esses impactos de forma mais severa. O segundo momento ocorre a partir de 2001, marcado pelo achatamento dos níveis médios de rendimento em todos os estratos de escolaridade, mas com alguma diferença para os trabalhadores de nível superior, embora ainda se verifique que as mulheres continuam sofrendo perdas decorrentes da discriminação de gênero. A precarização do mercado de trabalho pode ser observada a partir da média dos rendimentos obtidos mostrada na Tabela 10. Em 1995, o trabalhador médio recebia 3,28 SM; se este trabalhador pertencesse ao contingente masculino recebia 3,36 SM e se fizesse parte do feminino seus ganhos médios seriam apenas de 2,47 SM. No final de nosso período de estudo, estas remunerações caíram de forma abrupta para 2,20 SM, 2,39 SM e 1,82 SM respectivamente. A política macroeconômica de superávit primário desencadeada anteriormente, como parte dos acordos de renegociação do endividamento brasileiro associada à acirrada competição interna e externa por incrementos de market share nos negócios e à luta por manutenção dos empregos por parte dos diversos representantes dos trabalhadores, são fatores que justificam este movimento de contenção das remunerações. 4 Referências MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (Brasil), Relação Anual de Informações Sociais, Brasília DF, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006.