FISSURAS LABIOPALATAIS: UMA DISCUSSÃO TEÓRICA DOS DESDOBRAMENTOS PSICOLÓGICOS EM PACIENTES E FAMILIARES

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Transcrição:

FISSURAS LABIOPALATAIS: UMA DISCUSSÃO TEÓRICA DOS DESDOBRAMENTOS PSICOLÓGICOS EM PACIENTES E FAMILIARES ROUBUSTE, Leandro da Silva 1 LÜDTKE, Lucas 2. RESUMO O resumo consiste de uma revisão de literatura que teve como objetivo avaliar os aspectos psicológicos da relação dos pacientes com fissura labiopalatal e seus familiares. Bem como a fissura labiopalatina, sendo uma malformação pode provocar graves problemas funcionais, psíquicos e estéticos. Dentre as disfunções mais comuns estão dificuldades com mastigação, deglutição, audição, arcada dentária, respiração e voz nasalizada. Devido à dificuldade de comunicação e com a aparência física comprometida, as implicações psicossociais são relevantes e tornam o indivíduo alvo de discriminação no grupo social. Palavras-chave: Fissura labiopalatal, avaliação psicológica, promoção da saúde INTRODUÇÃO A fissura labiopalatina é uma malformação que provoca graves problemas funcionais, psíquicos e estéticos. Dentre as disfunções mais comuns estão dificuldades com mastigação, deglutição, audição, arcada dentária, respiração e voz nasalizada. Devido à dificuldade de comunicação e com a aparência física comprometida, as implicações psicossociais são relevantes e tornam o indivíduo alvo de discriminação no grupo social. Para isto, é necessária uma atuação de equipe interdisciplinar especializada para dar início a reabilitação após o nascimento da criança e acompanhá-la até seu crescimento (MORAES; BUFFA; MOTTI, 2009). Segundo a Associação Americana de Fissuras Palatinas (ACPA) e a Associação Europeia de Fissura Palatina (Eurocleft), a equipe multidisciplinar deve ser minimamente composta por cirurgiões plásticos, psicólogos, odontólogos, fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas (RAPOSO-DO-AMARAL; KUCZYNSKI; ALONSO, 2011). A estes somam-se profissionais da pediatria, cirurgia craniofacial, serviço social, nutrição e equipe de enfermagem (MÉLEGA, 2004). O tratamento das fendas lábio palatinas deve se iniciar após o 1Acadêmico do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde SOBRESP. 2Prof.º.Ms.do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde SOBRESP.

nascimento e este se prolonga até o fim da adolescência, aproximadamente aos 18 anos, sendo este complexo e longo, e variando conforme o grau da severidade. A fissura labiopalatina é considerada de origem multifatorial, com componentes hereditários, maternos (multiparidade, uso de drogas, desnutrição, etc.), placentários, fetais (isquemia transitória, interposição de língua), ambientais (fumo, estresse, radiação) e como parte de síndromes (somente 5% dos casos) (CARREIRÃO, 2011; MÉLEGA, 2004; FENHA; SANTOS; FIGUEIRA, 2000). Importante ressaltar que a suplementação com ácido fólico no período de concepção possui efeito protetor e reduz a chance de fissura labiopalatal em 25 a 65%. Outro fator de risco é o uso pela mãe de fenitoína, medicação que tem relação de causa direta e aumenta em mais de 10 vezes a incidência de fendas labiais (MÉLEGA, 2004). A fenda labial Por volta da 5 a e 7 a semana de vida intrauterina, ocorre a fusão dos processos embrionários da face. O lábio e o arco alveolar normais são formados pela fusão do palato primário, constituído pelo pró-lábio, pré-maxila e septo cartilaginoso, e que se desenvolve a partir do processo frontonasal, e pelos processos maxilares (porções laterais do lábio e dos alvéolos). As células do neuroectoderma causam um adelgaçamento e rompem o epitélio através de sua ação lítica, levando a uma fusão dos processos. Os diferentes níveis nesta fusão embrionária darão origem aos diferentes graus de fissura ao nascimento (CARREIRÃO, 2011). Nesse sentido, o presente estudo se justifica ao passo que é de grande importância que se saiba como o processo de reabilitação é vivido pelo paciente e pela família, visto que a boa adaptação resultará de atitudes em relação à fissura, como no caso de hospitalizações para procedimentos corretivos de forma médico cirúrgica. E nesse processo o profissional de psicologia exerce um grande papel, pois vai colaborar com o processo de entendimento e na forma como o paciente e familiares irão lidar com o tratamento. O objetivo geral aplicado no trabalho se concentra em discutir como ocorre os processos psicológicos e seus impactos em casos de fissura labiopalatina. A presença da psicologia nesse processo torna-se imprescindível, pois vai ao encontro do conceito de promoção da saúde, ao passo que busca também a prevenção de doenças de ordem psicológica e não o de reparar a doença já estabelecida. Busca auxiliar e fortalecer o paciente frente ao tratamento, independente de sua dificuldades. METODOLOGIA A metodologia empregada no presente resumo foi uma revisão bibliográfica de autores da área da saúde bem como uma coleta de material feita por meio de leitura dos artigos,

dissertações e elaboração de resumo do material selecionado para o desenvolvimento do texto. Com isso buscou-se uma articulação de conceitos entre a relação dos pacientes com fissura labiopalatal e seus familiares para com aspectos psicológicos em relação ao tratamento na direção da promoção da saúde. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para dar inicio a discussão sobre o objetivo do trabalho é importante o aumento da informação sobre a doença, pois a falta de comunicação em relação a aparência física comprometida, trará implicações psicossociais relevantes tornando o portador da fissura alvo de discriminação na sociedade (MORAES; BUFFA; MOTTI, 2009). Os procedimentos médicos-cirúrgicos provocam estresse psicológico e emocional na maioria das pessoas, mesmo nas que possuem certo equilíbrio. Conforme Tabaquime Marquesini (2013) na situação da família, quando os pais já experimentaram as condições de risco cirúrgico de uma criança, os níveis de estresse tornam-se elevados e deixam os pais, em geral, em um estado de alarme. Nos estudos de Moraes, Buffa e Motti (2009) e Tabaquime Marquesini (2013) mostraram que os familiares antes da cirurgia apresentavam sentimentos positivos como tranquilidade, satisfação e segurança, e também sentimentos negativos como ansiedade, vontade de chorar, agitação, saudade e uma minoria apresentou vontade de desistir da cirurgia. Mas demonstrou também que os cuidados recebidos por seus filhos foi muito positivo, dando uma boa condição emocional para as crianças dentro do ambiente hospitalar, o que amenizou os efeitos negativos da internação e da cirurgia. E quando os pais aceitam e participam dos grupos de apoio e orientação, eles criam contingências favoráveis para a diminuição dos sintomas negativos o que reflete positivamente na criança. A situação após a cirurgia diminui os níveis de estresse e tensão vividos pelos familiares, o que é demonstrado por Tabaquime Marquesini (2013) no pré-operatório os baixos níveis de stress variaram de 50% para 71,4%, enquanto no pós-operatório o alto nível de stress baixou de 21,4% para 7,1%, além disso, a percentagem de indivíduos que estavam na média de stress caiu de 28,6% no pré-operatório para 21,4% no pós-operatório. A hospitalização para a criança é uma experiência estressante, que pode ser amenizada pela presença dos familiares, além da disponibilidade afetiva dos profissionais da saúde como as atividades recreativas, entre outros fatores. A família é muito importante para a adaptação da criança no ambiente hospitalar, o que lhe traz segurança e colabora para esta enfrentar as adversidades e promove uma melhor aceitação da sua condição, e auxiliam no tratamento

aliviando as tensões (MORAES; BUFFA; MOTTI, 2009). Para Tabaquime Marquesini (2013) as fissuras labiopalatais podem trazer grandes transtornos psicológicos quando mal abordadas, quando são tratadas com criatividade e oportunismo, podem tornar-se uma pequena cicatriz, uma pequena memória. Fenha, Santos e Figueira (2000), Andrade e Angerami (2001) e Silva et al. (2013) a auto percepção do aspecto facial é diferente dos pais e dos pares e não se relacionam a percepção dos próprios portadores. A presença de malformações na adolescência podem se agravar, pois é um período caracterizado de variadas e profundas modificações psicossomáticas, e muitas vezes estão relacionadas a sentimentos de inferioridade. Nesse sentido, pode ser uma barreira no desenvolvimento psicológico satisfatório, pois estas muitas vezes estão associadas ao desejo de um corpo perfeito, de uma boa imagem impostos pela sociedade, o que por vezes influenciam a autoimagem a autoestima. Portadores de fissura labiopalatinas encaram seu defeito físico como uma parte de sua identidade dentro do meio social. Uma das primeiras situações vivenciadas pelas crianças com fissura labiopalatina e por seus familiares é o preconceito, na relação com outras crianças estas são discriminadas de forma agressiva ou mesmo discretamente, o que gera tristeza e desconforto. Isto faz com que a criança portadora de fissura labiopalatina sinta-se envergonhada, constrangida e inferiorizada. Por isso é importantíssimo o esclarecimento sobre a doença nas instituições escolares e nas comunidades, estas pessoas devem ser desmistificadas, pois um bom suporte na família, na escola e na sociedade contribuirá para a saúde e o bem estar, reforçando o encorajamento e a autoconfiança destes pacientes. A extinção do preconceito trará apenas consequências benéficas para a saúde (SILVA et al., 2013). CONSIDERAÇÕES FINAIS A psicologia, assim como os demais profissionais envolvidos no tratamento buscam minimizar os impactos na saúde de indivíduos que possuem a fissura lábiopalatina. O passo para isso é apresentar uma devida orientação e explicação sobre a doença, evitando danos e reações inesperadas. As equipes de profissionais devem dirigir os seus esforços para uma abordagem completa à criança com fissura labiopalatina. Uma intervenção precoce de equipes multidisciplinares e interdisciplinares de um modo geral, fazem com que se observem cada vez menos diferenças entre crianças com fenda e crianças normais, no mesmo nível etário de desenvolvimento.

Moraes, Buffa e Motti (2009) uma assistência humanizada não é uma condição técnica, os profissionais da saúde devem favorecer condições de crescimento, desenvolvimento e equilíbrio emocional do paciente, preocupando-se com a criança como um todo. O trabalho de uma equipe qualificada e treinada compreenderá os anseios, medos e dará apoio e atenção, com solidariedade e respeito ao ser humano. Portanto, promovendo o cuidado biopsicossocial completo da criança e da família, resolvendo e atendendo os problemas e as necessidades emergentes, contribuindo para a melhora física e emocional. REFERÊNCIAS ANDRADE, D.; ANGERAMI, E. L. S. A auto-estima em adolescentes com e sem fissuras de lábio e/ou de palato. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 6, nov, 2001. CARREIRÃO, S. Cirurgia Plástica: para a formação do especialista. São Paulo: editora Atheneu, 2011. FENHA, M.; SANTOS, E. C.; FIGUEIRA, L. Avaliação das dimensões cognitivas e sócioafectivas de crianças com fenda lábio-palatina. Psicologia, Saúde & Doenças, Lisboa, v. 1, n. 1, nov., 2000. MÉLEGA, J. M.; VITERBO, F.; MENDES, F. H.Cirurgia Plástica: os princípios e a atualidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. MÉLEGA, J. M. Cirurgia Plástica Fundamentos e Arte: cirurgia reparadora de cabeça e pescoço. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. MORAES, M. C. A. F.; BUFFA, M. J. M. B.; MOTTI, T. F. G. As atividades expressivas e recreativas em crianças com fissura labiopalatina hospitalizadas: visão dos familiares. Revista Brasileira de EducaçãoEspecial, Marília, v. 15, n. 3, dez, 2009. RAPOSO-DO-AMARAL, C. E.; KUCZYNSKI, E.; ALONSO, N. Qualidade de vida de crianças com fissura labiopalatina: análise crítica dos instrumentos de mensuração. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, São Paulo, v. 26, n. 4, dez, 2011. SILVA, C. M.et al. A escola na promoção da saúde de crianças com fissura labiopalatal. Texto & Contexto - enfermagem, Florianópolis, v. 22, n. 4, dez, 2013. TABAQUIM, M. L. M.; MARQUESINI, M. A. M. Study of the stress of parents of patients with cleft lip and palate in a surgical process. Estudos de psicologia, Campinas, v. 30, n. 4, dez, 2013.