ESTUDO DA ERGONOMIA INFORMACIONAL SOBRE O USO DE MAPA DE RISCOS E SINALIZAÇÕES VOLTADOS AS ROTAS DE FUGA EXISTENTES NUMA PLANTA DE PROCESSAMENTO



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1. Introdução O sistema de sinalização é responsável pelo deslocamento do indivíduo no espaço possibilitando a tomada de decisão, de tal modo que, durante a ocorrência de uma emergência, o conduza para uma rota de fuga ou área segura. Além disso, as sinalizações devem prover o indivíduo com informação suficiente para minimizar o tempo gasto na tomada de decisão. Os sistemas de sinalização, de acordo com os objetivos a que se propõe, se dividem em (PADOVANI apud CAVALCANTI, 2003): sinalização de orientação (facilita a movimentação do usuário em um determinado espaço físico); sinalização de segurança (adverte o usuário sobre situações de perigo; sobre ações proibidas em determinado ambiente; indica condições seguras e instrui sobre equipamentos de proteção para evitar acidentes). Estando de acordo com o tipo de informação que visam transmitir, têm-se as seguintes classificações abrangendo as sinalizações de segurança: a) mensagens reguladoras (informam as regras vigentes no sistema); b) mensagens de indicação de condição segura (transmitem informações em que o usuário poderá encontrar segurança numa emergência); c) mensagens de ação mandatória (ordenam que o usuário obedeça às normas de segurança); d) mensagens de proibição (informam às ações que não são permitidas); e) mensagem de advertência ao risco (adverte os usuários sobre os riscos); f) mensagens de identificação de perigo (isolam as áreas perigosas). O uso de rota de fuga se dá pela ocorrência de um sinistro que podem ser de três tipos: incêndio, explosão ou emissão. Ocorrendo um destes tipos de sinistro, o tempo de evacuação da área deve ser suficiente para que a retirada de todos seja segura. Um dos tipos de informação comumente utilizado em indústrias é a advertência ou warning, que, segundo Wogalter apud Pettendorfer & Mont alvão (2006), têm três propósitos: comunicar informação relacionada à segurança a um público específico; promover um comportamento seguro, reduzindo o risco; e reduzir ou prevenir problemas de saúde, ferimentos e danos à propriedade. Dentre as sinalizações de orientação destaca-se, pela sua relevância, o mapa de risco, o qual deve existir obrigatoriamente em qualquer indústria, segundo ao disposto na Norma Regulamentadora 5 (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO, 1996). Assim, visando mostrar como esses tipos de informação são importantes numa situação de emergência, neste artigo será apresentado o estudo realizado sobre a adequação aos requisitos da ergonomia informacional e as recomendações normativas, das mensagens visuais existentes numa planta química localizada no pólo industrial de Pernambuco. Partindo de uma análise do sistema homem-tarefa-máquina (SHTM), neste estudo buscou-se levantar e identificar as sinalizações existentes, através de uma apreciação ergonômica, para avaliar os problemas detectados na etapa da diagnose ergonômica através do modelo proposto por Spinillo et al apud Cavalcanti (2003), deixando algumas recomendações ergonômicas para a planta. 2. A importância da ergonomia informacional nas plantas de processamento 2

Uma planta de processamento é formada por diversas unidades que interagem entre si e o meio ambiente, sendo que algumas dessas interações são previsíveis pelos projetistas e outras não. Pelo fato de existirem diversos fatores de risco presentes na unidade industrial como, por exemplo, equipamentos elétricos, entre outros, podem criar situações de emergência. Os textos e as palavras de advertências indicam a seriedade do perigo. De acordo com Silver e Wolgater apud Cavalcanti (2003), são três os sinais utilizados com freqüência: perigo, atenção e cuidado. As imagens presentes nas advertências podem ser de três tipos, dependendo do teor e da mensagem transmitida: descritiva (quando a imagem identifica uma fonte de perigo); prescritiva (quando a imagem prescreve alguma ação a ser tomada); e proscritiva (quando quer impedir a tomada de determinada ação). Quanto à disposição das informações, as sinalizações, instruções e advertências devem ser posicionadas em locais adequados em todas as unidades da planta. A Ergonomia Informacional é a disciplina envolvida na análise e design da informação de forma que possa ser usada de maneira eficaz e eficiente pelos usuários, tendo como conseqüência a sua satisfação e respeitando a sua diversidade em termos de habilidades e limitações (SOARES apud CAVALCANTI, 2003). Sob este enfoque, as informações transmitidas pelos pictogramas e mapas de riscos são elaboradas na tentativa de eliminar as falhas que surgem no seu entendimento. A ergonomia informacional aborda parâmetros ergonômicos que são considerados na linguagem verbal, como (EPSTEIN apud CAVALCANTI, 2003; SOUZA, 2004): Legibilidade: indica a facilidade com que as partes podem ser reconhecidas e organizadas num modelo coerente. Visibilidade: qualidade de um caractere ou símbolo que torna possível sua separação visual do suporte em que é apresentado ou em seu entorno. Leiturabilidade: qualidade responsável pelo reconhecimento da informação textual quando apresentada em grupamentos significativos como palavras, sentenças ou textos contínuos; Compreensibilidade: qualidade de entendimento correto do significado do símbolo, como também a compreensão da informação para tomar ou tornar segura a decisão de um ato; Orientabilidade: define uma seqüência lógica de mensagens para facilitar a locomoção em uma edificação (SOUZA, 2004). Logo, a preocupação com a ergonomia informacional na indústria é extremamente importante, pois pode auxiliar as pessoas a não alterarem significativamente seus comportamentos. O sistema responsável pela transformação das mensagens visuais em pensamentos e no seu armazenamento ou não na memória, é o sistema humano-mensagem visual. A mensagem visual se bifurca apresentando-se sob a forma de dois estímulos, estabelecendo, assim, dois sub-sistemas que devem ser ativados paralelamente, os quais são chamados de sub-sistema fisiológico e sub-sistema cognitivo (MORAES & MARTINS, 2002). Logo, o tempo de tomada de resposta dos indivíduos é diferente, pois os indivíduos impulsivos requerem menor tempo para a tomada de decisão do que aqueles que têm personalidade reflexiva (SOUZA, 2004). O design da informação aborda uma série de fatores que podem provocar o entendimento das mensagens visuais e o estudo desses fatores constituintes são: texto; cor e; ilustração (CAVALCANTI, 2003). As cores estão associadas a inúmeros significados, os quais podem 3

indicar um risco específico nas representações gráficas contidas em mapa de riscos, ou alertar quanto ao perigo, caminho de fuga, cuidado, entre outros. 3. Metodologia O presente estudo abordou os assuntos que dizem respeito à comunicação visual comum em plantas de processamento. Foi realizada uma visita a uma planta a fim de conhecer as mensagens visuais existentes, mais especificamente voltados às rotas de fuga e as suas adequações aos aspectos relacionados à ergonomia informacional. A metodologia utilizada no estudo constituiu-se de três etapas, as quais fazem parte da análise sistêmica homem-tarefa-máquina de Moraes & Mont alvão: a) Apreciação ergonômica: diz respeito ao levantamento das mensagens visuais locais, verificando se existem aspectos que possam interferir na transmissão da informação; b) Diagnose ergonômica: diz respeito à verificação da padronização das sinalizações, da presença de elementos simbólicos, a compreensibilidade, visibilidade, entre outros; c) Recomendações ergonômicas: estão relacionadas aos dados levantados, propondo algumas sugestões para a melhor compreensão de algumas sinalizações. Estas estão apresentadas nas considerações finais. A análise das mensagens visuais será realizada segundo o modelo proposto por Spinillo et al apud Cavalcanti (2003), cujas mensagens gráficas podem ser apresentadas contendo as variáveis apresentadas na Tabela 1. Variáveis Modo simbolização de Estrutura da ilustração Estilo da ilustração Palavra de advertência Atributos no texto Apresentação texto Elementos simbólicos Teor da ilustração Descrição do risco Descrição da conseqüência Direção/instrução ou ação do Descrição Refere-se a como a linguagem gráfica é visualmente simbolizada, podendo ser verbal/numérica, pictórica, verbal/numérica pictórica. Refere-se à utilização ou não de bordas, linhas ou outro elemento nos ícones ou símbolos, delimitando sua área. São classificadas em: abertas e fechadas. Refere-se ao tipo de ilustração que é utilizada para representar. Exemplo: setas. Uso de palavras que chamem a atenção do leitor. Exemplo: cuidado, atenção; perigo. Refere-se aos recursos gráficos que enfatizam ou hierarquizam aspectos ou elementos específicos do texto. Refere-se à maneira como o texto é apresentado em relação às ilustrações. Pode ser: legenda (texto e imagem formam um bloco), texto-colorido (ilustrações inseridas no corpo do texto; caso de placas sem ilustrações), rótulo (texto inserido dentro da ilustração). Refere-se às convenções usadas para representar ação (e.g. setas) ou negação (e.g. barra na diagonal). Pode ser descritivo, prescritivo ou proscritivo. Presença ou não de texto que descrevem os riscos. Presença ou não da descrição das conseqüências decorrentes dos riscos. Presença ou não de texto explicitando uma ação a ser executada. Tabela 1 Variáveis do modelo proposto por Spinillo et al apud Cavalvanti (2003) 4

A seguir serão apresentados os resultados das observações das sinalizações encontradas na planta de processamento visitada e a análise destas voltada à ergonomia informacional. 4. Resultados e análise 4.1 Apreciação ergonômica Nesta etapa, fez-se o levantamento das sinalizações de segurança e observou-se que não havia problemas com barreiras visuais impedindo a visibilidade das mesmas. O próprio layout da planta contribuiu para que as sinalizações de segurança fossem fixadas nas máquinas e nos produtos químicos que representavam perigo, em posições que permitiram a sua visualização.basicamente, todas as informações estavam nos locais onde são tomadas as precauções. Não foi notado excesso de sinalizações. Foi constatado também que a sinalização de segurança de rota de fuga atendia a Lei 12.111/93, a qual diz que as sinalizações das rotas de saída devem ser localizadas de modo que a distância de percurso de qualquer ponto da rota de saída até a sinalização seja de, no máximo, 15 metros. Também se pôde perceber que a instalação dessas sinalizações atendia a Lei no que diz: a sinalização de orientação das rotas de saída deve ser instalada de forma que na direção de saída de qualquer ponto seja possível visualizar o ponto seguinte, respeitando o limite máximo de 30 metros. Ou seja, ao longo dos corredores de circulação das rotas de saída, pôde ser vista a localização aproximada das placas, indicando o sentido da rota de fuga. Notou-se também que as expressões escritas utilizadas nas sinalizações de emergência atendiam o que é exigindo pela Lei 12.111/93, no que diz respeito a seguir as regras, termos e vocábulos da língua portuguesa. Por exemplo, a mensagem escrita SAÍDA estava grafada no idioma em português. A própria planta entrega aos seus visitantes um guia, com o intuito de descrever o processo e algumas recomendações básicas como a utilização de EPI s e uso de trajes apropriados, por exemplo. A Figura 1 está contida neste guia, a qual mostra as sinalizações de rotas de fuga e a localização das áreas. As setas vermelhas contendo inscrita a mensagem ROTA DE FUGA dão à orientação para fora da planta. Figura 1 Mapa de rotas de fuga. 5

4.2 Diagnose ergonômica Na diagnose ergonômica buscou-se analisar como as mensagens visuais se adequam aos parâmetros estudados na ergonomia informacional como: legibilidade, leiturabilidade, compreensibilidade, visibilidade e orientabilidade. Utilizou-se ainda do modelo proposto por Spinillo et al apud Cavalcanti (2003), para a análise das variáveis utilizadas para transmitir informações, as quais podem influenciar significativamente a sua interpretação. Como não foi permitido o uso de câmera fotográfica, o estudo limitou-se a análise de algumas sinalizações principais existentes na planta, as quais são padronizadas pela norma regulamentadora 26 - Sinalização de Segurança (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 1996). As sinalizações de segurança apresentadas na Figura 3 possuem modos de simbolização do tipo verbal/numérico-pictórico, tendo em vista a presença de um elemento simbólico. Figura 3.1-Indicação de condição Figura 3.2 Indicação de condição Figura 3.3-Advertência segura segura de risco Figura 3.4 - Advertência de risco Figura 3.5 - Advertência de risco Figura 3.6 Advertência de risco Figura 3 Tipos de sinalizações com símbolos. A presença de elementos simbólicos nas mensagens visuais permite facilitar a tomada de decisão mais rápida de um indivíduo quando ocorre um sinistro. A cor vermelha é usada para distinguir e indicar equipamentos de incêndio em geral, para advertir um perigo e também serve para indicar a direção em caso de evacuação. A cor verde, segundo a NR 26, caracteriza SEGURANÇA e é utilizada, entre outros, em emblemas de segurança, como é o caso apresentado na Figura 3.3. Já a cor de fundo amarela (Figura 3.4) referente à sinalização de segurança, é recomendada para indicar CUIDADO (Revista SETON, 2006). A sinalização apresentada na Figura 3.2 foi observada nos ambientes internos do prédio administrativo. Este tipo de placa fotoluminescente indica as saídas de acordo com a regulamentação vigente. O material fotoluminescente assegura que o ambiente esteja sinalizado mesmo quando houver falta de energia elétrica (Revista SETON, 2006). De acordo com a NR 26, a placa apresentada na Figura 3.3 orienta quanto aos procedimentos em situações de emergência, incentivando as pessoas a terem procedimentos seguros. Pode-se encontrar a sinalização do tipo apresentado na Figura 3.4 em áreas onde existiam equipamentos com correntes elétricas de alta voltagem, próximos às rotas de fuga. No caso da sinalização mostrada na Figura 3.6, esta estava fixada em um recipiente que continha um tipo de gás altamente inflamável. 6

As mensagens transmitidas pelas Figuras 3.1, 3.2, 3.5 e 3.6 têm o teor descritivo, ou seja, a imagem identifica uma fonte de perigo, enquanto que a Figuras 3.3 e 3.4 possuem o teor prescritivo, ou seja, a imagem prescreve uma ação a ser tomada. No que diz respeito à orientabilidade, foi observado que havia uma seqüência de sinalizações indicando as rotas de saída tanto nos corredores de circulação, quanto no prédio administrativo. Quanto à visibilidade destas sinalizações, observou-se que as mesmas atendiam as especificações da NR 26, e podiam ser vistas sem problemas, pelo fato da própria planta ser um espaço aberto onde o nível de iluminação ambiente contribui para isto, além de existir um esquema de iluminação noturna suficiente em toda a usina. As Figuras 4.1, 4.2 e 4.3 não possuem teor descritivo, prescritivo ou proscritivo (ou seja, quando quer impedir a tomada de determinada ação), pois não possui elementos simbólicos e o modo de simbolização destes é do tipo verbal/numérico. O uso das palavras AVISO e PERIGO chamam a atenção do receptor da mensagem. Da mesma forma, estas sinalizações ou placas também atendiam aos padrões da NR 26 e apesar de não conterem elementos simbólicos, suas cores exercem a função de atrair a atenção das pessoas. A sinalização apresentada na Figura 4.3 não é encontra na NR 26. Essa é uma das sinalizações que servem apenas para indicar os setores e as áreas administrativas. Figura 4.1 Ação mandatória Figura 4.2 Identificação de perigo Figura 4.3 Ação mandatória Figura 4 Tipos de sinalizações sem símbolos. Segundo a NR 26, a cor azul é empregada, entre outros, em avisos colocados no ponto de arranque. Esta sinalização é indicada na sinalização de riscos diretos ou indiretos relacionados com a segurança pessoal ou patrimonial (Revista SETON, 2006). A mensagem visual AVISO estava fixada no corredor que dá acesso a sala de controle. No caso da mensagem mostrada na Figura 4.3, esta estava localizada em um dos lados do estacionamento. As sinalizações de perigo, de acordo com FUNDACENTRO (1981) apud Cavalcanti (2003), devem vir acompanhadas da palavra PERIGO, em caixa alta, fonte branca sobre fundo oval vermelho, com dimensões variantes. A sinalização apresentada na Figura 4.2 estava fixada nas máquinas servindo para advertir que apenas o pessoal da manutenção tem a permissão de acessá-las. A legibilidade mostrada nessas sinalizações (tamanho do texto, cores, símbolos, etc.) indica que as pessoas que se encontram na planta, conseguem distinguir principalmente através das cores, do que se trata cada uma das sinalizações, pois as cores utilizadas além de serem padronizadas, podem ser percebidas pelas pessoas como um sinal. Na tabela 2 é apresentado o resumo de algumas sinalizações de variáveis com natureza informacional encontradas na planta. Com relação às sinalizações de orientação têm-se os mapas de risco, os quais costumam ser uma planta baixa do local de trabalho, contendo círculos coloridos que representam os riscos existentes. Todos eles possuíam modo de simbolização verbal/numérico pictórico, contendo 7

detalhes fiéis ao real e a fixação destes foi feita em locais visíveis, dispostos em quadros de moldura metálica e em todos os setores da planta. Setores como, por exemplo, recepção, refeitório, chão de fábrica, sala de controle, entre outros, dispunham de mapa de riscos setoriais, para que tanto os visitantes quanto os trabalhadores pudessem visualizá-los e manterem-se informados. Constatou-se na representação gráfica do mapa de risco completo, a predominância de um conjunto de fatores presentes no chão de fábrica como, por exemplo, a indicação de riscos ergonômicos (cor amarela), físicos (cor azul), mecânicos (cor verde) e riscos químicos (vermelho), os quais podem acarretar prejuízo à saúde dos trabalhadores. Isso se justifica por se tratar de um sistema complexo que se subdivide em unidades ou subsistemas, os quais exigem dos trabalhadores o uso de equipamentos de proteção individual (EPI s) para se submeterem ao calor, ao ruído e as vibrações (risco físico), exigem também responsabilidade e grande esforço físico na manutenção das máquinas (risco ergonômico), além de existir à possibilidade de incêndio e explosão (risco mecânico ou de acidente), e a presença de substâncias químicas (risco químico). 8

Sinalização Modo de simbolizaçã o Descrição do risco e conseqüênci a Teor da ilustração Apresentaç ão do texto Elementos simbólicos Estrutura da ilustração Estilo da ilustração Atributos no texto Palavra de advertência Direção/inst rução ou ação rico rico rico Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui Não possui Descritivo Descritivo Prescritivo Prescritivo Não possui Não possui Não possui Descritivo Descritivo Rótulo Seta Rótulo Seta, fotoluminesc ente Título (segurança) e legenda Pessoa correndo Título (cuidado) e legenda Título (aviso) e texto colorido Título (perigo) e texto colorido Texto colorido Título (perigo) e legenda Legenda Máscara Não possui Não possui Não possui Caveira Chama Aberta Aberta Aberta Aberta Não possui Não possui Não possui Aberta Fechada Esquemática Esquemática Sombra Sombra Não possui Não possui Não possui Esquemático Esquemático Não possui Cor (fonte e boxe) Cor (fonte e boxe); tamanho da fonte Cor (fonte e boxe); tamanho da fonte Cor (fonte e boxe); tamanho da fonte Tamanho da fonte e cor (fundo oval, boxe e fonte) Não possui Tamanho da fonte e cor (fundo oval, boxe e fonte) Não possui Não possui Não possui Não possui Cuidado Aviso Perigo Não possui Perigo Não possui Possui Possui Possui Possui Possui Possui Possui Não possui Não possui Tabela 2 Resumo de algumas sinalizações com variáveis de natureza informacional

Nos mapas de risco (completo e setorial) havia a presença de cores correspondentes aos riscos encontrados e todos esses estavam de acordo com as regulamentações. Entretanto, os mapas completos apresentaram problemas na legibilidade por apresentarem muitas informações e muitos detalhes. Em contrapartida, em cada mapa estava representando uma legenda com os tipos de riscos, como também as rotas de fuga, para facilitar a compreensibilidade. O fundo branco dos mapas permitiu um contraste melhor para ajudar na legibilidade. Já nos mapas de riscos setoriais, o problema de legibilidade não foi notado por ser restrito ao setor o qual se referia, apresentando o desenho do layout e o texto em tabelas. Como fator importante numa situação de emergência, faz-se necessário que a sinalética ciência aplicada à orientação do indivíduo em um espaço seja levada em consideração, tendo em vista que quanto mais clara a informação for apresentada, mais rápido o indivíduo tomará a decisão. 5. Considerações finais Analisando-se as sinalizações de segurança encontradas na planta de processamento, viu-se que estas estavam padronizadas, ou seja, estavam de acordo com a norma regulamentadora NR 26. Percebeu-se também que nos locais de trabalho (prédio administrativo), as sinalizações de saída estavam dispostas em número suficiente e de modo que permitia a sua visualização. No geral, as sinalizações de emergência não estavam neutralizadas pelas cores de paredes, o que influenciaria a sua visualização, nem tampouco havia excesso de sinalizações. Mesmo não havendo entre as sinalizações analisadas a descrição do risco e a conseqüência do risco, a padronização das mesmas não prejudica a sua credibilidade. Com relação às sinalizações de orientação, apesar de haver legendas no mapa de risco completo e o uso de sinalização de circulação e localização, houve problemas na legibilidade por apresentar muitas informações, podendo existir interpretações distorcidas. No entanto, os locais onde estavam os mapas de riscos, tanto o completo quanto os setoriais, permitiam a visualização dos mesmos, deixando-os visíveis a todos que transitavam nas áreas. Como recomendações ergonômicas podem ser colocadas as seguintes: a) Detalhamento dos riscos potenciais dos produtos químicos e as suas conseqüências quando não identificado pelas pessoas; b) Buscar uma forma do mapa de risco completo ter um visual limpo, menos carregado de informações, ou seja, deixa-lo mais legível, possibilitando que as pessoas sintam curiosidade e as compreendam por estarem mais destacadas. Referências CAVALCANTI, J. F. Análise ergonômica da sinalização de segurança: um enfoque da ergonomia informacional e cultural, tese de dissertação, PPGEP/UFPE, 2003. LEI 12.111. Sinalização de orientação e salvamento, 1993. MORAES, A. & MARTINS, L. B. Ergonomia Informacional: algumas considerações sobre o sistema humano-mensagem visual. In: Gestão da Informação na Competitividade das Organizações. Recife. Editora Universitária da UFPE, 2002, v.1, p. 165 a 181. MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. 33 ed., Vol. 16, 1996. 10

PETTENDORFER, M; MONT ALVÃO, C. As advertências visuais enquanto objeto de estudo da ergonomia informacional. 14º Congresso Brasileiro de Ergonomia, 2º ABERGO JOVEM, Curitiba/PR, 29 de outubro a 02 de novembro de 2006. Revista SETON Sinalização e Segurança, n. 1 AB, 2006. SOUZA, V. D. C. C. Análise da compreensão da sinalização de orientação e salvamento: sistemas de sinalização das saídas de emergência. Monografia apresentada no Curso de Desenho Industrial do Centro de Artes e Comunicação. UFPE, Recife, 2004. 11