SÍNDROME DO FILHOTE NADADOR - RELATO DE CASO SWIMMER PUPPY SYNDROME CASE REPORT Carolina Barbosa CARVALHO 1; Amanda Martins dos SANTOS 2 ; Jéssica Azevedo COSTEIRA 1 ; Dayanny de Sousa ALENCAR 3 ; Aline de Sousa ALVES 4 ; Almir Pereira de SOUZA 5 1. Médica Veterinária Residente em Clínica Médica de Pequenos Animais, Universidade Federal de Campina Grande, câmpus Patos PB. carol_zoo@hotmail.com. 2. Estudante de graduação do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, câmpus Patos - PB. 3. Médica Veterinária Residente em Diagnóstico por Imagem, Universidade Federal de Campina Grande, câmpus Patos - PB. 4. Médica Veterinária mestranda do programa de pós-graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, câmpus Patos-PB. 5. Professor Doutor, Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, câmpus Patos - PB. Resumo: A síndrome do filhote nadador acomete os membros pélvicos, os membros torácicos, podendo ainda afetar ambos ao mesmo tempo, sendo caracterizada pelo retardo no desenvolvimento do músculo esquelético e fraqueza ligamentar. Embora sua etiologia seja incerta, sabe-se que tem origem multifatorial. Este trabalho tem por objetivo relatar um caso desta síndrome atendido no Hospital Veterinário do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande (HV-UFCG), câmpus Patos-PB. Foi levado, a instituição, um canino, da raça poodle, fêmea, com 30 dias de idade, apresentando membros pélvicos estendidos e deslocados lateralmente. Com base nos achados clínicos, o diagnóstico foi síndrome do filhote nadador e o tratamento consistiu na utilização de bandagens, fisioterapia manual e estimulação do animal a caminhar em piso áspero. O paciente demonstrou resposta satisfatória após a primeira semana de tratamento, recebendo alta clínica com 21 dias. O diagnóstico precoce e o estabelecimento de uma terapia adequada são essenciais para recuperação e reabilitação da qualidade de vida do paciente. Palavras-chaves: Pediatria. Sistema locomotor. Fisioterapia Keywords: Pediatrics. Locomotor system. Physiotherapy Anais do 38º CBA, 2017 - p.0076
Revisão de Literatura: A síndrome do filhote nadador, também conhecida como hipoplasia miofibrilar, surge entre a segunda e a terceira semana de vida do animal, justamente o período no qual o animal passa a se locomover estavelmente. Manifesta-se principalmente em raças condrodistróficas de patas curtas como Buldogue Inglês, Basset Hound e Scottish Terrier; e não apresenta predisposição sexual. Embora sua etiologia seja incerta, tem sido associada com fatores genéticos que ocasionariam modificações na função da junção neuromuscular e retardo na mielinização dos neurônios motores, além de fatores ambientais como, piso liso ou dieta materna com excedente de proteínas (MICHELETTI, 2009; RAMOS et al, 2013). Os membros anteriores e/ou os posteriores podem ser acometidos. Se os membros pélvicos forem os afetados o animal apresenta movimentos rastejantes e o seu deslocamento assemelha-se a uma foca nadando, se acometer os membros anteriores, a perda da capacidade de sustentação do tronco pode levar o animal a rastejar sobre o esterno, o que pode provocar aplainamento dorsoventral do tórax (MISTIERI et al., 2005; PRATS et al., 2005). O diagnóstico é baseado na anamnese e nos achados do exame clínico (PRATS et al., 2005). Não existe tratamento específico, nem protocolo definido para esta síndrome. Os animais tratados precocemente apresentam uma maior chance de regressão das lesões e passam a se desenvolver normalmente após a instituição do tratamento, o que permite uma melhor qualidade de vida ao paciente (MICHELETTI, 2009). Diante do exposto o objetivo deste trabalho é relatar um caso desta síndrome atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande (HV-UFCG), câmpus Patos-PB. Descrição do Caso: Um canino, da raça poodle, fêmea, com 30 dias de idade, pesando 2.100 Kg foi atendido pelo serviço clínico médico de pequenos animais no HV-UFCG, apresentando dificuldade em se manter na posição quadrupedal e com alteração bilateral nos membros pélvicos. Na anamnese foi relatado que o animal vivia em ambiente com piso liso e era único na ninhada. Ao exame físico constatou-se hiperextensão bilateral das articulações tíbio-femoro-patelar e tíbio-társica; e Anais do 38º CBA, 2017 - p.0077
hiperflexão bilateral da articulação coxofemoral. Foram realizados exames radiográficos da pelve e dos membros pélvicos para auxiliar na confirmação do diagnóstico de síndrome do filhote nadador. No tratamento clínico optou-se pela utilização da bandagem em 8, com membros pélvicos flexionados em posição anatômica, e fisioterapia; ensinado aos tutores e realizado pelos os mesmos, a cada 6 horas durante 10 minutos cada sessão, até novas recomendações; empregando-se a técnica do corredor, escovação dos coxins e movimentos de extensão e flexão dos membros. Além da recomendação em manter o filhote em piso antiderrapante. Após uma semana o animal já apresentava melhora na deambulação e com 14 dias o animal tinha deambulação próxima da fisiológica, optou-se por uma semana de descanso sem as ataduras para observar o progresso do paciente sem o apoio da bandagem. Os proprietários não compareceram ao retorno e entraram em contato relatando que o animal continuava andando normalmente e mantinha-se em estação sem qualquer dificuldade. Discussão: Os sinais clínicos da síndrome começam a se apresentar geralmente a partir da segunda a terceira semana de vida do paciente (MICHELETTI, 2009). No caso relatado, o animal foi trazido ao veterinário após quatro semanas de idade, entretanto, não interferindo nos resultados do tratamento. O diagnóstico dessa anormalidade foi baseado na anamnese, exame físico e pela radiografia; conforme preconizado por Prats et al. (2005). O exame radiográfico deve ser feito em buscas de alterações como escápula horizontal, compressão dorsoventral torácica, luxação de patela e descolamento de coração e pulmões (GALLES et al., 2009). O paciente não apresentou nenhum problema adicional além do deslocamento lateral dos membros pélvicos. Segundo Ramos et al. (2013) a fisioterapia se mostra benéfica ao aumentar o tônus e força muscular e promover uma melhor irrigação dos tecidos, associado às ataduras que mantém os membros na posição anatômica, tornando-se ambas o tratamento de eleição e demonstrando resultados satisfatórios em relação à síndrome do filhote nadador. No entanto, a utilização das ataduras pode provocar isquemia e edema, além de infecções de pele (NETO, 2013). O estabelecimento da fisioterapia manual e uso de bandagens mostrou-se eficaz para reparação do Anais do 38º CBA, 2017 - p.0078
quadro clínico do animal e o paciente não teve problemas secundários pelo uso das mesmas. O prognóstico dos animais acometidos pela doença está associado a um diagnóstico precoce, acompanhamento periódico, cuidados com a alimentação e a realização de exercícios monitorados (SILVA et al., 2012). Os exercícios preconizados no tratamento do paciente descrito foram ensinados pelo médico veterinário responsável pelo caso e executados pelos tutores do mesmo, juntamente com os demais cuidados clínicos. Conclusão: Conclui-se que um diagnóstico precoce e a instituição de fisioterapia associada ao uso de bandagens, assim como a acomodação do animal em local com piso antiderrapante, mostraram-se eficazes no tratamento do paciente com a síndrome do filhote nadador permitindo uma total reabilitação de sua capacidade locomotora e melhora na qualidade de vida do animal. Referências: GALLES, D. P.; ERNANDES, M. C.; SMYNNIUK, J. C. S.; SERENO, D.; FERNANDES, T. P.; KOLBER, M. Estudo comparativo entre pectus excavatum e síndrome do cão nadador relato de caso. In: Anais do Congresso Brasileiro de Reprodução Animal; 2009. Out 26-28; Belo Horizonte. Minas Gerais: Brasil; 2009. p. 18. LIMA, D.B.C., ROCHA NETO, H.J. e KLEIN, R.P. Utilização de fisioterapia na síndrome do filhotenadador em felino doméstico. PUBVET, Londrina, V. 7, N. 20, Ed. 243, Art. 1605, Outubro, 2013 [online]. Disponível em: http://www.pubvet.com.br/uploads/fca3b50e6d35debf81e97fd7e4dd4981.pdf. [Capturado em: 3 jan. 2017]. MICHELETTI, L. Síndrome do cão nadador: relato de caso. 2009. 29 f. Monografia Centro Universitário FMU. São Paulo, 2009 [online]. Disponível em:http://arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/lm.pdf. [Capturado em: 3 jan. 2017]. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0079
MISTIERI, M. L. A.; ISOLA, J. G. M. P.; NADRUZ, R. F.; COSSI, L. B.; SAITO, L. M. Síndrome do filhote nadador: relato de caso em gato. Revista Universidade Rural, v.25, suplemento, p.163-164, 2005. NETO, A. Síndrome do cão nadador e sua relação com fisioterapia- uma revisão bibliográfica e relato de caso. 2013. 25 f. Monografia- Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2013 [online]. Disponível em:http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/95137/000917796.pdf?seque nce=1. [Capturado em: 3 jan. 2017]. PRATS, A.; DUMON, C.; GARCIA, F.; MARTI, S.; COLL, V. Neonatologia e pediatria canina e felina. 1ª ed. São Caetano do Sul: Interbook. 2005, 469p. RAMOS, R. et al.síndrome do cão nadador: estudo retrospectivo de 26 casos.rev. Bras. Med. Vet. 35 (Supl. 1): 96-100, dezembro 2013 [online]. Disponível em: http://www.rbmv.com.br/pdf_artigos/23-12-2013_16-19rbmv045.pdf. [Capturado em: 3 jan. 2017]. SILVA, T. O. B.; MUNIZ, I. M.; BÓBANY, D. M.; CARVALHO, R. M. M.; CASTRO, J. C. O. Síndrome do cão nadador: descrição de caso. Revista CFMV, v. 18, n. 56, p. 43-47, 2012. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0080