UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO

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1 UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO UTILIZATION OF HYDROGEL BIOSYNTHETIC MEMBRANE WITH NANOPRACT IN THE CICATRICIAL PROCESS OF DERMAL BURN CAUSED DURING TRANS- OPERATIVE Hênio Dorgival Lima ALVES¹; Lylian Karlla Gomes de MEDEIROS¹; Gracineide da Costa FELIPE¹; Ana Clara de frança SILVA²; Kalyne Danielly Silva de OLIVEIRA³, Thiago Dantas Gomes GONÇALVES 4 e Pedro Isidro da Nóbrega NETO 5 1 Residente em Anestesiologia veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, heniodorgi@gmail.com 2 Residente em Cirurgia de Pequenos Animais, Universidade Federal de Campina Grande 3 Residente em Cirurgia de Pequenos Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido 4 Médico veterinário, graduado pela Universidade Federal de Campina Grande 5 Professor de Anestesiologia e Técnica Cirúrgica, Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande Resumo: As feridas por queimadura normalmente são de difícil resolução, sendo considerada uma afecção sistêmica grave que causa inúmeras alterações. O ideal é que cada região afetada receba atenção individualizada, sendo assim, novas técnicas de terapias vem sendo desenvolvidas na tentativa de acelerar a formação de tecido de granulação e estimular a cicatrização. O uso da membrana de hidrogel associada à nanoprata tem a função de auxiliar o tratamento de feridas cutâneas. Desta forma, este trabelho tem como objetivo relatar o uso membrana biosintética de hidrogel com nanoprata no processo cicatricial de queimadura dérmica causada durante trans-operatório em uma cadela. Uma cadela sem raça definida, de cinco anos, apresentou uma ferida localizada nas regiões torácica e lombar dorsais ocasionadas por uma queimadura de terceiro grau, devido ao uso de colchão térmico elétrico. Após o debridamento do tecido necrosado, foi iniciado o uso de curativos com uma membrana de hidrogel aplicado a cada 48 horas com auxilio de gazes, associado à antibioticoterapia sistêmica e analgésicos. Após a aplicação do hidrogel, as regiões foram mantidas com uma bandagem. A evolução da cicatrização foi avaliada a cada sessão de limpeza e troca da membrana de hidrogel, como também foi realizada uma avaliação fotográfica e clínica, da progressão dos novos tecidos quanto ao tamanho, vitalidade e sensibilidade ao toque. Os resultados obtidos no final do período de tratamento de 30 dias, mostram que houve a Anais do 38º CBA, p.2190

2 formação de um novo tecido epitelial, indicando eficiência desse tratamento, concluindo que o mesmo pode ser utilizado no auxílio do processo de cicatrização de queimaduras de cães sem alterações indesejáveis. Palavras-chave: cicatrização, ferida, cão Keywords: healing, wound, dog Revisão de literatura: As queimaduras acontecem quando algum tecido vivo entra em contato por um longo período com um objeto ou substância aquecida. Mesmo não sendo comum na rotina de atendimento, as queimaduras são verdadeiros desafios terapêuticos, pois além da gravidade das lesões cutâneas geram instabilidade sistêmica no animal. Diferente dos demais tipos de lesões cutâneas, as queimaduras possuem características únicas e condutas terapêuticas diferenciadas, e seu tratamento requer reconstrução cirúrgica em determinados casos, pois a cura ocorre por contração e reepitelização, gerando deformidades (ALBERNAZ, 2015). O avanço das tecnologias trouxe consigo diferentes métodos de tratamentos, tornando-se mais acessíveis aos profissionais da saúde, inclusive médicos veterinários. Lembrando que cada região afetada deve receber atenção individualizada, novas técnicas de terapia vêm sendo desenvolvidas na tentativa de apressar a cura e estimular a cicatrização. A utilização da membrana de hidrogel com nanoprata faz com que o colágeno e os fibroblastos continue sendo produzidos, quando comparados ao processo fisiológico normal, que é benéfico por se conhecer a importância dos mesmos no processo cicatricial (GONÇALVES, 2016). De acordo com Smaniotto (2012), os íons de prata são indicados em casos de queimaduras ou em feridas que necessitem de ação antibacteriana. Desta forma objetivou-se avaliar a cicatrização tecidual utilizando a membrana de hidrogel com nanoprata em queimadura de terceiro de uma cadela. Descrição do caso: Anais do 38º CBA, p.2191

3 Uma cadela sem raça definida, 5 anos de idade, pesando 23 kg, submetido ao procedimento de ovariohisterectomia na Cirúrgica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da UFCG em Patos-PB retornou no décimo dia pós-operatório para uma avaliação pós-cirúrgica. Na ocasião, a proprietária relatou a presença de lesões na pele do animal. Foi realizada ampla tricotomia para melhor avaliar o grau de comprometimento da pele, pois os pelos longos e grossos dificultava a visualização das lesões. Nos exames clínico e físico do animal foram encontradas lesões circulares escurecidas de aproximadamente 10 cm, estavam localizadas na região torácica dorsal e na região lombar dorsal, existindo ainda a presença de sensibilidade dolorosa a palpação e a manipulação das feridas. No exame clínico observou-se áreas de necrose, acentuada hiperemia, edema, inflamação e crostas, caracterizando uma queimadura de terceiro grau ocasionada pelo uso de colchão térmico no momento da cirurgia. Foi realizado debridamento cirúrgico da ferida. Para realização do procedimento o animal recebeu administração de ceftriaxona (30mg/kg IV) e em seguida foi pré-medicado com morfina 0,2 mg/kg associado com acepromazina 0,05 mg/kg ambos por via intramuscular. A indução anestésica foi realizada com propofol (4mg/kg IV) e a manutenção foi obtida com isofluorano por via inalatória diluído em oxigênio a 100%. Após o debridamento realizou-se limpeza da ferida com solução de Nacl 0,9% e aplicou-se a membrana de hidrogel, e realizou-se um curativo com gaze e atadura. O paciente recebeu como recomendação o retorno ao hospital veterinário a cada 48h para limpeza da ferida e aplicação de hidrogel durante 30 dias. Realizouse ainda antibioticoterapia com Cefalexina (25mg/kg BID/VO) durante 7 dias e tramadol (4mg/kg TID/VO) durante 10 dias. Os curativos eram removidos após o umedecimento com NaCl 0,9% para evitar o descolamento da membrana da ferida ou agressão aos tecidos em regeneração. Em seguida era aplicada a membrana de hidrogel com nanoprata e proteção das feridas com gazes estéreis, que foram fixadas por uma bandagem compressiva sobre as feridas. Discussão: Anais do 38º CBA, p.2192

4 Queimaduras provenientes do uso de colchão térmico sem constante monitoramento são relatadas com pouca frequência na clínica médica de pequenos animais, entretanto, se faz necessário que o profissional tenha bastante atenção ao fazer uso dos mesmos, visto que estes podem apresentar defeitos e atingir temperaturas elevadas, causando queimaduras. O tratamento de queimaduras pode ser demorado, desta forma é importante que se faça uso de terapias eficazes, melhorando o bem estar do paciente, o tempo e os custos. O uso da membrana de hidrogel associada à nanoprata tem a função de auxiliar o tratamento de feridas cutâneas, serve também como barreira mecânica para a entrada de microrganismos, apresentando bons resultados na redução ou inibição da contaminação das feridas, devido à presença da prata (GONÇALVES, 2016). O progresso da cicatrização foi avaliado a cada sessão de limpeza e troca do hidrogel. Branco Neto et al. (2006) cita que a solução de continuidade criada pela remoção do fragmento de pele é inicialmente preenchida por coágulo, fibrina e exsudato inflamatório, que originam a crosta fibrinoleucocitária. Os quesitos avaliados eram o tamanho, características do tecido de granulação e sensibilidade ao toque. O paciente também foi submetido avaliação fotográfica, mensuração de suas feridas e avaliação clínica quanto à vitalidade tecidual. Após 30 dias de tratamento, observou-se a formação de um novo tecido epitelial, bem como cicatrização total da ferida, afirmando que esse tratamento pode ser utilizado no auxílio do processo de cicatrização de queimaduras sem alterações indesejáveis. Resultados encontrados por Gonçalves (2016) onde a membrana de hidrogel foi utilizada na cicatrização tecidual de coelhos, também foram considerados satisfatórios. Conclusão: Pode-se concluir que a membrana de hidrogel com nanoprata pode ser utilizada com segurança no tratamento das queimaduras de terceiro grau em cães, sendo uma opção de tratamento eficaz para esta afecção. Anais do 38º CBA, p.2193

5 Referências: ALBERNAZ, V. G. P.; FERREIRA, A. A.; CASTRO, J. L. C. Queimaduras térmicas em cães e gatos. Veterinária e Zootecnia, v.22, n.3, Disponível: [Capturado em 16 fev. 2017]. BRANCO NETO, M. L. C.; RIBAS FILHO, J. M.; MALAFAIA, O.; OLIVEIRA FILHO, M. A.; CZECZKO, N. G.; AOKI, S.; CUNHA, R.; FONSECA, V. R.; TEIXEIRA, H. M.; AGUIAR, L. R. F. Avaliação do extrato hidroalcoólico de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) no processo de cicatrização de feridas em pele de ratos. Acta Cirúrgica Brasileira [online], v.21, p , Disponível: v [Capturado em 15 fev. 2017]. GONÇALVES, T. D. G. Cicatrização tecidual de feridas cutâneas com aplicação de membrana biosintética de hidrogel com nanoprata, em coelhos. Trabalho de conclusão de curso. UFCG. 41p SMANIOTTO, P. H. S.; FERREIRA, M. C.; ISAAC, C.; GALLI, R. Sistematização de curativos para o tratamento clínico das feridas. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica [online], v.27, n.4, p , Disponível: html [Capturado em 15 fev. 2017]. Anais do 38º CBA, p.2194