Produção de cultivares de alface do tipo lisa conduzidas sob manejo orgânico no outono de Seropédica-RJ Fernanda Emília Vital de Oliveira Duarte 1 ; Fernando Bernardes Geronimo 1 ; Cibelle Vilela Andrade Fiorini 1 ; Patrícia da Silva Eccard de Macedo 2 ; Rebeca Lourenço 3 ; Maria do Carmo Ferreira de Araújo 4 (1) UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Agronomia/Departamento de Fitotecnia. BR 465, Km 7, 23890-000 Seropédica - RJ; (2) UCB Universidade Castelo Branco. Av. Santa Cruz 1631, 21710-250 Rio de Janeiro - RJ; (3) Engenheira Agrônoma/UENF; (4) PESAGRO-RIO, Estação Experimental de Seropédica. BR 465 km 7, 23890-000 Seropédica-RJ; fernanda_vital6@hotmail.com; bernardes_ufrrj@yahoo.com.br; cibellefiorini@yahoo.com.br, eccard.patricia@yahoo.com.br; rebecalourencoo@gmail.com; araujofernandes@gmail.com RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar em sistema de cultivo orgânico sete cultivares de alface do tipo lisa no outono de Seropédica- RJ. O experimento foi conduzido em campo, adotando-se o delineamento em blocos casualizados, com três repetições e 16 plantas por parcela. As cultivares utilizadas foram Lídia, Regina 2000, Elisa, Floresta, Stella, Regina de Verão e Repolhuda Todo Ano. Desde a produção de mudas à colheita, realizada aos 86 dias após a sememadura, o manejo adotado foram aplicações semanais de biofertilizante Agrobio e calda bordalesa. Foram avaliados os seguintes caracteres: massa fresca da parte aérea, diâmetro de cabeça, número de folhas, massa fresca de folhas e comprimento do caule. Através do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, observou-se que a cultivar Simpson se destacou em algumas características, como na de produção massa fresca da parte aérea, diâmetro da cabeça e massa fresca da folha. Entretanto, a Simpson também apresentou o maior valor para comprimento de caule. A cultivar Floresta apresentou o pior desempenho no experimento, além de ter sido considerada suscetível ao pendoamento. Já a cultivar Stella apresentou o melhor desempenho, obtendo elevados valores para massa fresca da parte aérea, diâmetro de cabeça e massa fresca de folhas, além de ter sido considerada tolerante ao pendoamento no outono de Seropédica. PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa L., competição de cultivares, agricultura orgânica ABSTRACT Production of looseleaf lettuce cultivar conduced in organic cropping system in the autumn of the Seropédica-RJ The aim of this study was to evaluate in organic cropping system seven varieties of lettuce Butterhead types in the fall of S1540
Seropédica-RJ. The experiment was to grow in some features, such as the conducted in the field, adopting the randomized block design with three replications and 16 plants per plot. The cultivars were Lydia, Regina 2000, Elisa, Forest, Stella, Regina Summer and All Year Since cabbage seedling production, the harvest was done at 86 days after sememadura, the adopted management applications were weekly Agrobio fertilizer and lime Bordeaux. Evaluated the following characters: shoot fresh weight, head diameter, leaf number, fresh weight of leaves and stem length. Through the test of Tukey at 5% probability, it was noted that Simpson stood production of shoot fresh weight, head diameter and leaf fresh weight. However, the 'Simpson' also showed the highest value for stem length. Cultivar Forest was the worst in the experiment, and has been considered susceptible to bolting. The cultivar Stella had the best performance, obtaining higher values for shoot fresh weight, head diameter and fresh weight of leaves, and has been considered more tolerant to bolting in the fall of Seropédica. Keywords: Lactuca sativa L., cultivar competition, organic agriculture INTRODUÇÃO A alface de folhas lisas está entre os três tipos de alface mais comercializados no Brasil. Apesar de seu volume de comercialização estar diminuindo, vários consumidores prefem esse tipo de alface, alegando que ela é mais saborosa, em comparação com os outros tipos comercializados. Além disso, essa hortaliça é excelente fonte de fibras e vitamina A, possuindo ainda quantidades apreciáveis das vitaminas B 1, B 2 e C, além dos elementos cálcio e ferro, e, pelo fato de ser consumida in natura, conserva todas as suas propriedades nutritivas (Katayama, 1993). No Estado do Rio de Janeiro, o cultivo orgânico têm sido uma das formas dos produtores atingirem os consumidores, que clamam por produtos mais saudáveis, que agridam menos o ambiente e preservem melhor a saúde dos produtores, trabalhadores e dos próprios consumidores. Observa-se um crescimento no número de pontos de venda que trabalham com este segmento de produtos, especialmente nas cidades de médio e grande porte. As ofertas normalmente ocorrem em grandes redes de supermercados, lojas independentes que trabalham com estes produtos e feiras livres. Um dos problemas que os produtores enfrentam neste tipo de sistema de cultivo está relacionado com a utilização de cultivares adaptadas à cada região e, para suprir essa crescente demanda por este tipo de produto, é preciso conhecimento do desempenho de cultivares nas regiões produtoras e épocas de cultivo. S1541
O município de Seropédica encontra-se localizado na Baixada Fluminense-RJ, região essa que apresenta elevadas temperaturas durante todo o ano, propiciando condições inadequadas para a produção de alface, que é uma hortaliça de clima ameno. Temperaturas acima de 20 C estimulam o pendoamento ou florescimento da alface. A planta, ao emitir a haste ou pendão floral, passa do ciclo vegetativo para o reprodutivo, tornando-se imprópria para a comercialização, devido à má formação da cabeça e ao gosto amargo que as folhas desenvolvem, em função do rápido acúmulo de látex. Assim, o início do elongamento da haste floral assinala o fim do estádio comercial, fazendo com que os produtores comercializem o produto precocemente, com cabeças ainda pequenas e de má qualidade (Maluf, 1994). Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de sete cultivares de alface do tipo lisa conduzidas sob sistema de cultivo orgânico no outono de Seropédica-RJ. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em campo, sob sistema de cultivo orgânico, na Estação Experimental da PESAGRO-RIO, localizada no município de Seropédica-RJ (22 44 38 S, 43º 42 28 O e 26m de altitude). Os tratamentos foram constituídos por sete cultivares de alface pertencentes ao tipo lisa (Lídia, Regina 2000, Elisa, Floresta, Stella, Regina de Verão e Repolhuda Todo Ano). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com três repetições e dezesseis plantas por parcela, dispostas em quatro fileiras com quatro plantas cada no espaçamento de trinta 30 x 30 cm. As mudas foram produzidas em casa de vegetação, em bandejas de poliestireno expandido de 200 células contendo como substrato composto a base de capim napier, torta de mamona e esterco bovino curtido, sendo o transplantio realizado no dia 17 de maio de 2010. O manejo adotado no experimento foi o seguinte: na fase de mudas foram feitas aplicações semanais com o biofertilizante Agrobio a 4% e calda bordalesa; no preparo dos canteiros foram incorporados ao solo três quilos de esterco de curral m -2 ; na condução das plantas no campo foram feitas duas aplicações semanais com Agrobio a 4% e uma aplicação semanal com calda bordalesa, sendo tais aplicações suspensas uma semana antes da colheita. O Agrobio é um biofertilizante que tem como ingredientes água, esterco bovino fresco, melaço, leite e sais minerais (A LAVOURA, 2000). A irrigação foi feita duas vezes ao dia com o denominado mangueirão e o manejo de plantas daninhas através de capinas manuais durante todo o ciclo. A colheita foi realizada no dia sete de julho de 2010, aos 86 dias após a semeadura, sendo avaliados os caracteres de massa fresca da parte aérea, diâmetro de cabeça, número de folhas, massa fresca de folhas e comprimento do caule. De posse dos dados médios, as análises estatísticas foram realizadas mediante auxílio do programa Genes (Cruz, 2006). S1542
RESULTADOS E DISCUSSÃO Exceto para a variável número de folhas, pelo teste F (P<0,01), foram observadas diferenças significativas quanto à produção e tolerância ao pendoamento. Conforme Tabela 1, pelo teste Tukey, as cultivares Regina de Verão e Stella apresentaram as maiores massa fresca da parte aérea, 208,61 e 201,91g, respectivamente, não diferindo estatisticamente das cultivares Repolhuda Todo Ano, Lídia e Regina 2000. Entretanto, no que diz respeito ao diâmetro de caule, a Regina de Verão não se destacou, apesar de não diferir estatisticamente da cultivar Elisa, que apresentou maior diâmetro de cabeça no presente trabalho. Já a cultivar Stella obteve um dos maiores diâmetros de cabeça. Para o caráter massa fresca de folhas, novamente destacaram-se as cultivares Regina de Verão e Stella, as quais não diferem estatisticamente das cultivares Lídia, Repolhuda Todo Ano e Regina 2000. Em programa de melhoramento genético de alface visando tolerância ao pendoamento precoce, Souza et al. (2008) consideraram o comprimento do caule na diferenciação de genótipos tolerantes e suscetíveis ao pendoamento. A cultivar que apresentou o pior desempenho com relação ao comprimento de caule foi a Repolhuda Todo Ano. As demais cultivares avaliadas não diferiram estatisticamente entre si para comprimento de caule, entretanto apresentaram melhor desempenho Regina 2000 e Stella, 2,98 e 3,15 cm, respectivamente. Observa-se que a cultivar Floresta apresentou o pior desempenho, obtendo os menores valores para massa fresca da parte aérea, diâmetro de cabeça e massa fresca de folhas; adicionalmente, podemos considerá-la como suscetível ao pendoamento, devido aos elevados valores para comprimento de caule. Dentre as cultivares utilizadas, para as características avaliadas, a que apresentou melhor desempenho foi a Stella, obtendo elevados valores para massa fresca da parte aérea, diâmetro de cabeça e massa fresca de folhas, além de ser considerada tolerante ao pendoamento. Para o município de Seropédica no outono, nas condições de manejo orgânico, recomenda-se a utilização da cultivar Stella. AGRADECIMENTOS Ao Programa Interno de Bolsa de Iniciação Científica PROIC/DPPG-UFRRJ, pela concessão da bolsa de iniciação científica da primeira autora e a PESAGRO-RJ, pelo suporte e auxílio na condução do experimento. REFERÊNCIAS A LAVOURA. Rio de Janeiro, v. 103, n. 634, p. 42-43, set. 2000. CRUZ CD. 2006. programa Genes. Viçosa: Imprensa Universitária. 480 p. KATAYAMA M. 1993. Nutrição e adubação de alface, chicória e almeirão. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE HORTALIÇAS. Anais... Jaboticabal: POTAFOS. p. 141-148. S1543
MALUF WR. 1994. Produção de sementes de hortaliças. Lavras: UFLA. 118p. (Apostila de aulas da disciplina DAG-509). SOUZA MCM de; RESENDE LV; MENEZES D; LOGES V; SOUTO TA; SANTOS VF dos. Variabilidade genética para características agronômicas em progênies de alface tolerantes ao calor. Horticultura Brasileira v. 26, p. 354-358, 2008. Tabela 1. Médias de massa fresca da parte aérea (MFPA), diâmetro de cabeça (DC), número de folhas (NF), massa fresca de folhas (MFF) e comprimento do caule (CC) de sete cultivares de alface do tipo lisa produzidas sob sistema de cultivo orgânico. (Average of shoot fresh mass (FMAP), head diameter (AD), number of leaves (NL), fresh leaves (MFF) and stem length (CC) of the seven cultivar looseleaf lettuce produced in system cropping organic). Seropédica, UFRRJ, 2010. Tratamentos Médias MFPA (g) DC (cm) NF MFF (g) CC (cm) Lídia 188,55 ab 28,27ab 33,8a 164,38a 3,76b Regina 2000 152,09 ab 27,91abc 34,87a 133,49ab 2,98b Elisa 140,74b 29,48a 32,86a 118,17b 3,64b Repolhuda Todo Ano 192,61ab 26,58bc 30,57a 154,11ab 5,74a Floresta 136,82b 26,06c 34,67a 118,06b 3,91b Regina de Verão 208,61a 27,81abc 38,08a 171,53a 3,53b Stella 201,91a 28,19ab 32,47a 175,32a 3,15b Média 174,48 27,76 33,90 147,87 3,81 CV (%) 11,39 2,38 7,26 10,04 15,73 Médias com a mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. S1544