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Transcrição:

Page 1 of 5 AGRAVO EM AGRAVO DE I STRUME TO º 2008.04.00.028336-7/PR RELATOR : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSO FLORES LE Z AGRAVA TE : JOAO FER A DO CAFFARO GOIS e outro ADVOGADO : Eduardo Kutianski Franco AGRAVADO : U IÃO FEDERAL ADVOGADO : Luis Antonio Alcoba de Freitas D.E. Publicado em 30/10/2008 EME TA COOPERATIVA DE TRABALHO. UNIMED. COTAS SOCIAIS. DÍVIDA PARTICULAR DO SÓCIO. PENHORABILIDADE. 1. São penhoráveis as cotas sociais de cooperativa de trabalho porque para que o médico cooperado possa atender pacientes (usuários) pelo convênio médico da Unimed não se faz necessária a condição de sócio cotista da cooperativa, porquanto basta a inscrição como médico cooperado perante as Unimeds locais. 2. Agravo improvido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 21 de outubro de 2008. Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz Relator AGRAVO EM AGRAVO DE I STRUME TO º 2008.04.00.028336-7/PR RELATOR : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSO FLORES LE Z AGRAVA TE : JOAO FER A DO CAFFARO GOIS e outro ADVOGADO : Eduardo Kutianski Franco AGRAVADO : U IÃO FEDERAL ADVOGADO : Luis Antonio Alcoba de Freitas

Page 2 of 5 RELATÓRIO Trata-se de agravo contra decisão de fls. 200/202 que, em execução de título extrajudicial, manteve a decisão que indeferiu o pedido de decretação de impenhorabilidade "haja vista que, mesmo em se tratando de cooperativa de trabalho, as cotas sociais são penhoráveis, conforme decidiu este Juízo com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (fl. 184). A parte agravante sustenta que "as cotas sociais não devem ser penhoradas, uma vez que elas são necessárias e imprescindíveis para o sustento dos embargantes, ora agravantes, e de sua família" (fl. 209). É o relatório. Em mesa. VOTO A decisão agravada reconheceu que são penhoráveis as cotas sociais, fls. 200/202, nos seguintes termos, verbis: "Vistos, etc. Trata-se de agravo de instrumento contra decisão que, em execução de título extrajudicial, indeferiu o pedido de decretação de impenhorabilidade "haja vista que, mesmo em se tratando de cooperativa de trabalho, as cotas sociais são penhoráveis, conforme decidiu este Juízo com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (fl. 184). A parte agravante sustenta que "as cotas sociais da referida 'sociedade de médico', representam o instrumento de trabalho do peticionário, pois sem estas, o agravante não conseguirá desenvolver suas atividades profissionais de médico no atendimento de pacientes usuários do convênio Unimed" (fl. 05). A parte agravante apresentou embargos de declaração contra a decisão de conversão do agravo em retido. DECIDO. Recebo os embargos de declaração como agravo regimental, reconsidero a decisão de conversão do agravo de instrumento em agravo retido, julgo prejudicado o agravo e passo ao julgamento do recurso. A decisão agravada indeferiu pedido de decretação da impenhorabilidade das cotas sociais, fl. 184, nos seguintes termos, verbis:

Page 3 of 5 "Indefiro o pedido de decretação de impenhorabilidade, formulado pelos Executados, haja vista que, mesmo em se tratando de cooperativa de trabalho, as cotas sociais são penhoráveis, conforme decidiu este Juízo com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (fls. 102/102v). Com efeito, nem mesmo a Lei nº 5.764/71, que dispõe sobre o sistema cooperativo, contém dispositivo legal que prevê a impenhorabilidade de cotas sociais de cooperativas (de produção ou de trabalho). Ademais, para que o médico cooperado possa atender pacientes (usuários) pelo convênio médico da Unimed não se faz necessária a condição de sócio cotista da cooperativa, porquanto basta a inscrição como médico cooperado perante as Unimeds locais (também denominadas Unimeds singulares) que atuam no âmbito dos Municípios, ou perante as Federações Estaduais, conforme informações constantes dos sites Unimed do Brasil - Portal acional de Saúde (www.unimed.com.br) e Central acional Unimed (www.centralnacionalunimed.com.br), em consulta realizada por esta magistrada no dia 30/06/2008, às 14:09 horas e às 14:10 horas, respectivamente." O Eg. STJ firmou o entendimento no sentido de ser possível a penhora de cotas sociais da empresa, por inexistir vedação legal e por não afrontar o princípio da affectio societatis, como se vê dos seguintes precedentes, verbis: "DIREITO COMERCIAL - RECURSO ESPECIAL - PE HORA DE COTAS SOCIAIS - VIOLAÇÃO A DISPOSITIVO CO STITUCIO AL (ART. 93, IX, DA CF/88) - IMPOSSIBILIDADE DE A ÁLISE - OFE SA AO ART. 458 DO CPC E AO ART. 292 DO CÓDIGO COMERCIAL - SÚMULA 211/STJ - ÃO ALEGAÇÃO DE I FRI GÊ CIA AO ART. 535 DO CPC - EXECUÇÃO - DÍVIDA PARTICULAR DE SÓCIO - COTAS DE SOCIEDADE DE RESPO SABILIDADE LIMITADA - PE HORABILIDADE - SÚMULA 83/STJ. 1 - Encontrando-se o v. aresto guerreado em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior de Uniformização Infraconstitucional no sentido da penhorabilidade das cotas de sociedade de responsabilidade limitada por dívida particular de sócio, não se conhece da via especial pela divergência. Aplicação da Súmula 83/STJ. 2 - ão cabe Recurso Especial se, apesar de provocada em sede de Embargos Declaratórios, a Corte a quo não aprecia a matéria (art. 458 do Código de Processo Civil e art. 292 do Código Comercial), omitindo-se sobre pontos que deveria pronunciar-se. Incidência da Súmula 211/STJ. Para conhecimento da via especial, necessário seria a recorrente interpô-la alegando ofensa, também, ao art. 535 da Lei Processual Civil (cf. AgA nº 557.468/RS e AgREsp nº 390.135/PR). 3 - Esta Corte Superior não se presta à análise de matéria constitucional (art. 93, IX, da Constituição Federal), cabendo-lhe, somente, a infraconstitucional (cf. REsp nºs 72.995/RJ, 416.340/SP, 439.697/ES). 4 - A previsão contratual de proibição à livre alienação das cotas de sociedade de responsabilidade limitada não impede a penhora de tais cotas para garantir o pagamento de dívida pessoal de sócio. Isto porque, referida penhora não encontra vedação legal e nem afronta o princípio da affectio societatis, já que não enseja, necessariamente, a inclusão de novo sócio. Ademais, o devedor responde por suas obrigações com todos os seus bens presentes e futuros, nos termos do art. 591 do Código de Processo Civil. 5 - Precedentes (REsp nºs 327.687/SP, 172.612/SP e 147.546/RS). 6 - Recurso não conhecido." (STJ, REsp 317.651/AM, 4ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 22/11/2004, RSTJ 191/364) "RECURSO ESPECIAL - PROCESSUAL CIVIL E COMERCIAL - PE HORA DE QUOTAS SOCIAIS DE SOCIEDADE POR COTAS DE RESPO SABILIDADE LIMITADA - POSSIBILIDADE. I - É possível a penhora de cotas pertencentes a sócio de sociedade de responsabilidade limitada, por dívida particular deste, em razão de inexistir vedação legal. Tal possibilidade

Page 4 of 5 encontra sustentação, inclusive, no art. 591, CPC, segundo o qual "o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei". II - Os efeitos da penhora incidente sobre as cotas sociais devem ser determinados em levando em consideração os princípios societários. Destarte, havendo restrição ao ingresso do credor como sócio, deve-se facultar à sociedade, na qualidade de terceira interessada, remir a execução, remir o bem ou concedê-la e aos demais sócios a preferência na aquisição das cotas, a tanto por tanto (CPC, arts. 1117, 1118 e 1119), assegurando-se ao credor, não ocorrendo solução satisfatória, o direito de requerer a dissolução total ou parcial da sociedade." (STJ, REsp 221.625/SP, 3ª Turma, Relª. Minª. ancy Andrighi, DJ 07/05/2001) "CIVIL E PROCESSUAL. LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO. EXECUÇÃO. PE HORA. SOCIEDADE POR COTAS DE RESPO SABILIDADE LIMITADA. POSSIBILIDADE. 1 - É possível a penhora de cotas de sociedade limitada, porquanto prevalece o princípio de ordem pública, segundo o qual o devedor responde por suas dívidas com todos os seus bens presentes e futuros, não sendo, por isso mesmo, de se acolher a oponibilidade da affectio societatis. É que, ainda que o estatuto social proíba ou restrinja a entrada de sócios estranhos ao ajuste originário, é de se facultar à sociedade (pessoa jurídica) remir a execução ou o bem, ou, ainda, assegurar a ela e aos demais sócios, o direito de preferência na aquisição a tanto por tanto. 2 - Recurso conhecido mas improvido." (STJ, REsp 201.181/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 02/05/2000) "EXECUÇÃO. Penhora. Quotas sociais. Sociedade de responsabilidade limitada. Execução contra sócio. É possível a penhora de quota social por dívida individual do sócio. A cláusula que garante a preferência aos outros sócios na alienação não impede a penhora. Recurso não conhecido." (STJ, REsp 327.687/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU 15/04/2002) "PROCESSO CIVIL E DIREITO COMERCIAL. PE HORABILIDADE DAS COTAS DE SOCIEDADE DE RESPO SABILIDADE LIMITADA POR DÍVIDA PARTICULAR DO SÓCIO. CPC, ART. 591. DOUTRI A. PRECEDE TES. RECURSO DESPROVIDO. I - A penhorabilidade das cotas pertencentes ao sócio de sociedade de responsabilidade limitada, por dívida particular deste, porque não vedada em lei, é de ser reconhecida, com sustentação, inclusive, no art. 591, CPC, segundo o qual "o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei". II - Os efeitos da penhora incidente sobre as cotas sociais hão de ser determinados em atenção aos princípios societários. Assim, havendo restrição ao ingresso do credor como sócio, deve ser facultado à sociedade, na qualidade de terceira interessada, remir a execução, remir o bem ou conceder-se a ela e aos demais sócios a preferência na aquisição das cotas, a tanto por tanto (CPC, arts. 1117, 1118 e 1119), assegurado ao credor, não ocorrendo solução satisfatória, o direito de requerer a dissolução total ou parcial da sociedade." (STJ, REsp 147.546/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU 07/08/2000) "SOCIEDADE POR COTAS DE RESPO SABILIDADE LIMITADA. DÍVIDA PARTICULAR DO SÓCIO. COTAS SOCIAIS. PE HORABILIDADE. São penhoráveis as cotas sociais, ainda que o contrato social condicione a transferência das mesmas cotas a estranhos à prévia e expressa anuência dos demais sócios. Precedentes do STJ. Recurso especial não conhecido." (STJ, REsp 172.612/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, DJU 28/09/1998)

Page 5 of 5 O entendimento de que o devedor responde por suas obrigações com todos os seus bens presentes e futuros, se coaduna com o disposto no art. 591 do CPC, que dispõe: "Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei." A Terceira Turma desta Corte também manifestou o mesmo posicionamento, verbis:: "PROCESSO CIVIL E COMERCIAL. PE HORA DE ÁREA DE TERRAS ÃO MAIS DISPO ÍVEL PELO EXECUTADO EM RAZÃO DE DECISÃO PROFERIDA EM EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS POR SUA EX-ESPOSA. IMPOSSIBILIDADE. PE HORA DE COTAS DE SÓCIO. POSSIBILIDADE, AI DA QUE O CO TRATO SOCIAL VEDE A TRA SFERÊ CIA OU CESSÃO. (...) 2. As cotas da sociedade limitada são penhoráveis, para cobertura de dívidas particulares do sócio, ainda que o contrato social vede a transferência ou cessão. Hipótese em que se reconhece apenas o direito de preferência dos demais sócios na aquisição das ditas cotas. 3. Agravo parcialmente provido." (TRF da 4ª Região, AG 95.04.17685-2/SC, Rel. Des. Paulo Afonso Brum Vaz, DJ 07/04/1999) Por esses motivos, com fulcro no art. 37, 1º, II, do R.I. da Corte, nego provimento ao agravo de instrumento, prejudicado os embargos de declaração recebidos como agravo regimental. Transcorrido o prazo sem recurso, dê-se baixa na distribuição e remetam-se os autos à Vara de Origem." Não vejo motivos para alterar o entendimento exposto na decisão acima transcrita, razão pela qual a mantenho por seus próprios fundamentos. Por esses motivos, voto por negar provimento ao agravo. É o meu voto. Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz Relator