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Transcrição:

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Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Magali Rosa de Sant Anna Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2015 Ângela Maria Silveira Portelinha Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. P843 Portelinha, Ângela Maria Silveira A Pedagogia nos Cursos de Pedagogia: Teoria e Prática Pós-Diretrizes Curriculares Nacionais/Ângela Maria Silveira Portelinha. Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 248 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0210-2 1. Pedagogia 2. Formação de professores 3. Docência 4. Currículo. I. Portelinha, Ângela Maria Silveira. CDD: 371.3 Índices para catálogo sistemático: Pedagogia 371.3 Formação de professores 370.71 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br

Ao meu esposo Eduardo, companheiro e amigo, pela presença amorosa e cuidadosa fortalecedora em todos os momentos. Aos meus filhos Victor e Gabriel cuja existência é um alerta constante de que outra educação é necessária e possível. Aos meus pais, José (in memoriam) e Dirce pela educação recebida alicerçada no amor, na fé, na exigência e na determinação em nunca desistir.

Agradecimentos À minha grande e amada família, pelo cuidado e pelo amor, expressos em orações, apoio e confiança. Obrigada, meus queridos, por estarem sempre presentes ensinando-me que este trabalho é apenas uma parte da minha vida. Há mestres que nos orientam apenas para a produção científica e há outros que nos orientam também para a vida. Meu agradecimento especial à professora orientadora Dra. Elizabeth Diefenthaeler Krahe, pelo envolvimento efetivo em todo o processo do doutorado, pelas experiências partilhadas, pela presença amiga revestida de muita sensibilidade para entender minhas fragilidades, minhas resistências e minhas inquietações. Aos colegas de profissão e aos estudantes do curso de Pedagogia de todas as etapas de minha carreira profissional, os de longe, os de perto, os que estiveram presentes e os que se afastaram pelas circunstâncias da vida. Aos meus amigos, simplesmente por fazerem parte de minha vida.

Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça. (Cora Coralina)

Sumário Apresentação...11 Prefácio...15 Introdução...17 Capítulo 1 As reformas curriculares para formação de professores...33 1. O contexto das reformas curriculares dos anos de 1990...34 2. A concepção de Pedagogia nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica...54 Capítulo 2 Da Pedagogia da competência à competência da Pedagogia...67 1. A Pedagogia e a constituição dos aspectos teórico-científicos...69 2. A relação teoria e prática como o problema central da Pedagogia...89 Capítulo 3 A influência dos aspectos teórico-científicos da Pedagogia na constituição dos aspectos prático-organizacionais do curso de Pedagogia...95 1. Os rumos da Pedagogia nos cursos de Pedagogia no Brasil...97 2. As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Pedagogia...108 3. A dimensão curricular do curso de Pedagogia e a Pedagogia...109 Capítulo 4 Os cursos de Pedagogia da Unioeste e a adequação às Diretrizes Curriculares Nacionais: a especificidade de cada Projeto Político-Pedagógico...117 1. A constituição dos cursos de Pedagogia da Unioeste: campi de Cascavel, Francisco Beltrão e Foz do Iguaçu...122 2. O curso de Pedagogia campus de Cascavel...122 3. O curso de Pedagogia campus de Francisco Beltrão...124 4. O curso de Pedagogia campus de Foz do Iguaçu...126 5. A reformulação dos PPPs dos cursos de Pedagogia da Unioeste...129

6. Da regulamentação à implementação das DCNCP: as concepções de docência e Pedagogia e os desdobramentos para a formação do professor...134 7. As concepções traduzidas nos PPPs dos cursos de Pedagogia da Unioeste...148 8. Os aspectos prático-organizacionais dos cursos de Pedagogia da Unioeste...160 9. Turno de oferta...161 10. Distribuição da carga horária e integralização curricular dos cursos...164 11. Dinâmica da organização curricular dos cursos...165 12. Componentes curriculares indicativos dos conhecimentos contemplados nas matrizes curriculares...174 13. Estágios supervisionados e suas ênfases...187 Capítulo 5 Das concepções anunciadas às concepções consentidas: a Pedagogia nos cursos de Pedagogia da Unioeste...193 1. A identidade sócio-histórica da Pedagogia e a relação com a identidade sócio-histórica da formação profissional do curso de Pedagogia...195 2. A abrangência dos estudos destinados às áreas de profissionalização docente e as práticas como componente curricular...203 3. Desvelando a Pedagogia a partir das disciplinas integrantes das matrizes curriculares...213 Conclusão...219 Referências...233

Apresentação Este livro é resultado da tese de doutorado defendida no ano de 2014 e insere-se no campo das discussões da Linha de Pesquisa Universidade: teoria e prática do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). As investigações elegem como objeto de estudo as funções da instituição universidade na perspectiva sócio-histórico- -política e das dimensões e inter-relações macro e microinstitucionais, que caracterizam e sustentam seus processos de formação educativa e decisão pedagógica. Nessa linha filia-se o Grupo de Estudos sobre Universidade: Inovação e Pesquisa, (GEU/IPESQ), cujas investigações voltadas à Educação Superior, Pedagogia e Mudança assumem a investida na dimensão docente e na reconfiguração curricular a partir de uma perspectiva crítica. As discussões decorrentes dessa linha sobre os movimentos na trajetória da Pedagogia, políticas públicas e reformas curriculares e papéis e conhecimento profissional na formação do professor de educação superior aliado as experiências profissionais decorrentes da atuação como professora dos cursos de Pedagogia, desde o ano de 2000, contribuíram para delinear o objeto dessa investigação: A Pedagogia nos cursos de Pedagogia. A opção em tomar a Pedagogia e o curso de Pedagogia pós- -DCNCP nos instigou a explicitar os desdobramentos característicos da implementação dos aspectos prático-organizacionais como também a incorporação de concepções e princípios decorrentes das normativas legais e da produção acadêmica. Esse processo conteve em si o desafio de estabelecer complexas e ricas relações abrindo muitas possibilidades de análise. No sentido da afirmação de Suchodolski (2002, p. 12), ao afirmar que [...] as posições pedagógicas defendidas nunca foram homogêneas; no entanto, quer pela genealogia, quer pelas suas repercussões, revelam sempre numerosos elementos de contato. 11

Ângela Maria Silveira Portelinha O primeiro desafio concentrou-se na elaboração de uma linha de raciocínio capaz de situar o contexto no qual se produziram as reformas curriculares, especificamente, para a formação de professores em curso de Pedagogia sem esvaziar a discussão do objeto em si. Para tanto, foi necessário optar por uma abordagem teórico-metodológica na qual possibilitasse uma interlocução constante com a historicidade do próprio objeto como, também, dos elementos políticos, sociais e culturais presentes no processo de regulamentação e de implementação das DCNCP. Isso está longe de um ser uma escolha neutra, pois ao assumir uma posição perante os fenômenos da realidade concreta, marcamos nossa posição político-ideológica que, por sua vez, expressa uma concepção de mundo. Gramsci (1991) afirma que, pela própria concepção de mundo, pertencemos a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos sociais que partilham de um mesmo modo de pensar e agir. Também sublinha que pertencemos a uma multiplicidade de homens-massa e que, quando a concepção de mundo não é crítica e coerente, configuram-se elementos tanto de uma cultura antepassada como elementos de uma ciência moderna e progressista, preconceitos de todas as fases históricas como também intuições de uma futura filosofia. Desse modo, para Gramsci (1991) não existe filosofia geral, e sim uma variedade de filosofias ou concepções do mundo; o que se faz é uma escolha entre elas. A preocupação do autor reside em evidenciar como acontece esta escolha e se ela é um fato meramente intelectual ou algo mais complexo. Para tanto, levanta um questionamento sobre qual a verdadeira concepção do mundo: será aquela vinculada ao fato intelectual ou aquela resultante da atividade real de cada um, que está implícita em sua ação? [...] A ação é sempre uma ação política, não se pode dizer que a verdadeira filosofia de cada um se acha inteiramente contida em sua política? (Gramsci, 1991, p. 14). Nesse aspecto específico, o pensamento de Gramsci contribuiu para elucidar as questões relativas aos princípios e concepções 12

A Pedagogia nos Cursos de Pedagogia engendrados nas práticas institucionais. No caso dessa pesquisa, como os princípios e as concepções anunciadas em relação aos aspectos teórico-científicos da Pedagogia e dos aspectos prático-organizacionais do curso de Pedagogia são materializadas nas práticas institucionais, especificamente na organização curricular. O que estas concepções revelam? A que grupo pertencem? A que propósitos servem? Quais os desdobramentos para a formação de professores? O primeiro passo residiu no esforço em entender que toda concepção de mundo não se caracteriza por ser singular, única, reduzida à criação individual de cada sujeito e, portanto, baseada num relativismo em que coexistem tantas concepções de mundo como de verdade. Mas é, antes de tudo, resultado do processo da construção histórica da humanidade marcada pelas relações sociais. O que faz com que cada homem, a partir de sua história, incorpore por meio de sua prática todas as formas da humanidade, como os instrumentos, símbolos e códigos que pertencem à cultura. Então, uma concepção antes de pertencer ao indivíduo é uma produção sócio-histórica, significa dizer que toda concepção é resultado do modo como os homens vão produzindo a vida, e nesta também se insere o processo de conhecimento. Logo, nesta pesquisa tanto o aspecto objetivo (no sentido de referir-se ao objeto do qual há um reflexo específico) quanto o aspecto subjetivo (relativo ao papel ativo do sujeito) passaram a ser entendidos como dimensões indissociáveis. Ou seja, permeado por uma historicidade, tanto do objeto como do sujeito que pesquisa. Isso porque consideramos que, para se apropriar do real, do fenômeno em questão, o sujeito, sendo aquele que conhece e fruto das relações sociais, introduz algo de si na produção do conhecimento. Nessa perspectiva o sujeito é ativo, pois a maneira de analisar, de construir seus argumentos e escolher o referencial teórico exclui toda passividade ou neutralidade política e científica que separa sujeito e objeto. Por conseguinte, a construção dos caminhos dessa pesquisa resulta de nossa inserção política nas discussões sobre os rumos para o curso de Pedagogia. No processo evidenciamos as posições que 13

Ângela Maria Silveira Portelinha estiveram em disputa tanto na elaboração das DCNCP como no processo de implementação em âmbito local. Requer compreender que os caminhos seguidos na educação, especificamente para a formação de professores no curso de Pedagogia, não são lineares e únicos, são permeados por movimentos que expressam conflitos e contradições. Sob este prisma, foi necessário ampliar nossa visão da problemática estudada, considerando a constituição histórico- -social desses problemas. Esperamos que as análises e os resultados dessa pesquisa possam subsidiar os debates que estão ocorrendo nas instituições formadoras sobre a reformulação dos cursos de Pedagogia. Consideramos, também, que estamos prestes a completar 10 anos da publicação das DCNCP e isso sugere a necessidade de avaliar as condições nas quais vem se desenvolvendo a formação de professores em curso de Pedagogia a partir de diferentes contextos da realidade brasileira. Francisco Beltrão, 15 de outubro de 2015 Ângela Maria Silveira Portelinha 14

Prefácio Foi com orgulho e alegria que recebi o convite para prefaciar esse livro, fruto de uma caminhada acadêmica que acompanhei passo a passo, inicialmente como uma vontade de investigar um fenômeno educacional, logo projeto de pesquisa e se concretizando em tese, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFFRGS, cuja apresentação e defesa se deram de forma elogiável. Agradeço sobremaneira a Ângela Maria Silveira Portelinha pela oportunidade em acompanhá-la de forma tão próxima nessa construção e agora como parte do livro advindo de seus estudos e achados. Lembro bem de nossos primeiros encontros de orientação, as certezas e dúvidas com as quais discutíamos, pois nossas posições não eram as de uma aluna com saber restrito e sua professora experiente, porém de duas pesquisadoras com fortes bagagens intelectuais que dialogavam, procurando a melhor maneira de entender um fenômeno que se construía em nossas universidades, a partir do desafio da implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores. Tínhamos clareza que os documentos tanto os de governo quanto os resultantes nas instituições de ensino superior para a formação de professores traziam em seu bojo concepções de projeto hegemônico de nossa sociedade capitalista contemporânea, das necessidades emergentes trazidas pelas dinâmicas do mundo digital, contudo havendo a necessidade de análises e reflexões para desvelar estas tensões nas propostas curriculares em construção. Daí a questão norteadora do estudo e agora do livro que se desdobra a partir da tese: A reconfiguração dos cursos de Pedagogia, pós DCN- CP, constituiu-se pelos conflitos e contradições gerados entre os aspectos externos, os aspectos internos e as concepções anunciadas e consentidas em relação aos elementos teórico-científicos e prático-organizacionais da Pedagogia. 15