Debora Klingenberg Acompanhamento Sistematizado do 5 Workshop de Restauração Florestal, organizado pelo GADE, nos dias 25 e 26/08/2016.

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Transcrição:

Debora Klingenberg Acompanhamento Sistematizado do 5 Workshop de Restauração Florestal, organizado pelo GADE, nos dias 25 e 26/08/2016. Seção 1: Ecologia da Restauração Palestra 1: Entendendo os aspectos ecológicos, legais e sociais da relação água-floresta com importância para serviços ecossistêmicos (Dra. Paula Meli ESALQ/USP). A palestra deu foco, no início, sobre histórico do termo serviços ecossistêmicos, abordando o intervalo de 1970 até 2009. A partir de 2009 os serviços passam a entrar no planejamento político. Os serviços ecossistêmicos podem ser de suporte, provisão, regulação ou cultural, sendo que nesse último se encaixa, também, a educação ambiental. O enfoque da apresentação era a relação água-floresta, indicando a importância da água como provedora de serviços ecossistêmicos, estando diretamente ligada aos de provisão, regulação e cultural, mas indiretamente ligada a vários, sendo um componente transversal, que afeta diversos serviços. Sempre que temos floresta, temos água, foi uma frase que a palestrante disse, completando que a floresta altera a disponibilidade e qualidade da água no local, tendo impacto direto e indireto nos corpos d água. Deve se avaliar os aspectos sociais, ecológicos e legais para a decisão da melhor cobertura vegetativa do solo. Outra abordagem foi sobre os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), que apresentou em estudos que o governo estima os PSAs muito abaixo do que a população acha que eles valem. Sobre a parte socioeconômica da restauração florestal, deve haver atenção à certificação florestal, acordos e às leis. No Brasil, após a Lei 12.651, iniciaram os esforços para o cumprimento de leis florestais e houve oportunidade para os PSAs e REDD, porém, exige maior coordenação entre as políticas. Palestra 2: Dê tempo ao tempo: Padrões globais e priorização espacial em restauração florestal (Dr. Renato Crouzeilles UFRJ). A influência sobre o sucesso da restauração vem de diversos aspectos que devem ser analisados, como o tipo de distúrbio sofrido na área, a paisagem como um todo (proximidade e qualidade de fragmentos florestais, cursos d água e presença de polinizadores e dispersores), o histórico do uso do solo, o tempo de restauração e do uso

que degradou a área e fatores abióticos. O maior retorno em áreas a serem restauradas será em áreas intermediárias, pois estudos indicam que áreas muito grandes ou muito pequenas, a restauração não é efetiva com retorno viável economicamente. Por isso, deve se buscar métodos de restauração que as levem mais rápido ao sucesso. Um questionamento interessante foi se os fatores socioeconômicos podem influenciar o sucesso da restauração. Para explicar melhor isso, foi utilizada uma adaptação da ideia de curva ambiental de Kuznet, que indicava o que os países, dependendo do seu IDH, tinham como realidade em relação à poluição como algo paralelo à restauração. Palestra 3: Diferenças e Semelhanças entre florestas estabelecidas pela regeneração natural e restauração ecológica (MSc. Ricardo G. César ESALQ/USP). Para o estabelecimento de um indivíduo dentro da floresta, ele deve sobreviver aos filtros abióticos e bióticos. Podemos ajudar a espécie a se estabelecer (ação humana) retirando artificialmente alguns dos filtros, podendo assim, obter sucesso. O Ricardo trouxe questionamentos importantes, numa posição imparcial da parte dele, para que possamos decidir e julgar o que fosse melhor no nosso ponto de vista. Alguns dos dados analisados em seus estudos, o observado era diferente do que esperávamos, entre a restauração de áreas degradadas ou regeneração natural. Os aspectos observados eram: serviços ecossistêmicos (biomassa, diversidade de espécies e proteção do solo) e comunidades florestais (estrutura, riqueza de arvoretas e síndrome de polinização e dispersão). Alguns exemplos são que não houve diferença na porcentagem de cobertura do solo, a riqueza de espécies foi semelhante, porém, a diversidade de espécies (que se refere à abundância e distribuição de espécies), foi maior na restauração. Seção 2: Métodos de Restauração Florestal Palestra 1: Semeadura direta de adubação verde para redução do uso de herbicida na restauração (Dr. André Gustavo Nave BioFlora). A definição de adubação verde, resumidamente, é que aumenta a capacidade produtiva do solo com espécies de planta utilizadas em rotação, podendo haver recuperação do solo física, química e biologicamente. Os benefícios atrelados a essa prática são diversos, entre eles a descompactação do solo, diminuição de insumos químicos, rápida cobertura do solo, diminuição da erosão, ciclagem de nutrientes, redução da infestação

de daninhas e proteção das plantas de interesse contra vento e radiação solar. A utilização das espécies pode ser o plantio de apenas uma espécie, mas pode ser mais, podendo haver até uma mistura de diversas espécies. Uma característica importante para a restauração florestal com adubação verde é que as espécies escolhidas devem secar após o sombreamento que as árvores nativas geram ao crescer e desenvolver. O uso de múltiplas espécies combina diferentes funções de cada uma delas, gerando um resultado positivo. A intenção da palestra foi de mostrar como é possível utilizar o mínimo de produtos químicos possível para a utilização de adubação verde na restauração florestal, que mostrou ser um método efetivo comprovado por estudos mostrados durante a palestra. Palestra 2: O que se planta na restauração da Mata Atlântica? (Prof. Ricardo Viani UFSCar). Essa palestra foi um estudo de dados existentes sobre as espécies plantadas em restauração florestal da Mata Atlântica. O estudo apontou que apenas 12% das espécies registradas da Mata Atlântica estão plantadas em restauração, sendo 16 espécies ameaçadas de extinção. Houve também a distinção entre espécies de diversidade e recobrimento, sendo que a segunda deve reter a radiação fotossinteticamente ativa para que as outras possam se desenvolver na sombra das mesmas. O interessante dessa palestra foi justamente saber que das espécies conhecidas, pouco se planta por causa da falta de estudo e conhecimento nessa área de nativas e restauração florestal. É importante saber a distinção das espécies de diversidade e recobrimento ao se realizar plantios de restauração ou ao analisar uma regeneração natural para que simule, da melhor forma possível, um ambiente natural. Palestra 3: Impactos ecológicos do uso e colheita de eucalipto na recuperação da Reserva Legal (Carina C. Silva ESALQ/USP). Aqui, foram abordados os impactos do uso do eucalipto como uso econômico da Reserva Legal. Em dois estudos abordados, na Bahia e no Espírito Santo, mesmo após a colheita do eucalipto, 90% das nativas, assim como nos tratamentos sem colheita do eucalipto, sobreviveram. Eles mostraram, portanto, que não houve grande impacto nas nativas pós-colheita do eucalipto; houve bom recobrimento do solo com espécies

nativas, então, quando houve colheita do eucalipto, não teve grande expressividade de gramíneas invasoras; e algumas áreas mantiveram até as regenerantes depois do corte do eucalipto. Palestra 4: Reintrodução de epífitas em plantio de restauração florestal (Frederico Domene ESALQ/USP). Aqui, ressaltou a importância de epífitas, que são aproximadamente 3 mil espécies no Brasil, que em projetos de restauração florestal, possuem baixa regeneração e recolonização. Essas espécies usam as árvores somente para suporte, sendo que a maioria das espécies são bromeliáceas e orquidáceas. A produção de mudas de epífitas tem pouco estudo, mas já há transplantes para florestas restauradas. Seção 3: Aspectos Socioeconômicos e Políticas Públicas Palestra 1: Avaliação econômica de projetos de restauração (Silvana Nobre Atrium Forest). Essa palestra e seção trouxeram aspectos econômicos da restauração florestal e estudos avaliando o conjunto e combinação de espécies economicamente viáveis. Essa palestrante trouxe a importância das políticas públicas no suporte ao processo de restauração de APPs e RLs. Assim, está sendo feito o estudo e o mapeamento de áreas e espécies possíveis de plantio, para posterior uso em restauração florestal primeiramente em todo o estado, e depois, em escala nacional. Palestra 2: Programa Nascentes: envolvimento de pequenos e médios proprietários na restauração (MSc. Isabel Fonseca Barcellos SMA/SP). Isabel comentou sobre o produtor rural e a dificuldade de implantação do Código Florestal, tendo sempre o viés econômico, sendo uma das soluções o convencimento do produtor a partir de garantir um retorno econômico para o mesmo. O Programa Nascentes foi instituído no ano de 2014 com intuito de proteção dos recursos hídricos e biodiversidade, maximização dos benefícios ambientais fomentados por recursos públicos e privados, gerar benefícios sociais e promover e incentivar o plantio de

florestas e possível uso econômico. Ele vigorou apenas em 2014 por causa da crise hídrica pela qual São Paulo passou, sendo agora parte do programa de governo. No ano de 2016, a meta é de plantar 4646 hectares de vegetação nativa. Para participar do programa, há duas maneiras: 1. Via banco de áreas: setor privado e prefeituras podem acessar áreas declaradas no CAR, áreas do ITESP (assentamentos) e áreas de UCs, podendo se candidatar a restaurá-las; 2. Via projeto de prateleira: restaurador pode cadastrar seu projeto que, se aprovado, poderá ser financiado por outra pessoa. Nessa palestra, houve breve abordagem das obrigações, segundo a legislação, de reposição florestal, como e onde deve ser feita a compensação e o que o programa aceita como projeto, tentando superar o que é obrigatório pela lei. Palestra 3: O PRA no Estado de São Paulo como ferramenta para promoção da restauração (Rafael Barreiro Chaves SMA/SP). Aqui houve ampla abordagem sobre a legislação vigente, iniciado pelo fato de que o PRA ainda não pode gerar regularização ambiental de propriedades, pois a lei estadual onde ele se encaixa está temporariamente suspensa. A ideia de o PRA promover a restauração florestal é pela obrigatoriedade de recomposição de APPs, como um mecanismo de incentivo (além de muitos outros uso econômico de espécies, compensação ambiental, PSA, CRA, possível desoneração) e aliado ao banco de dados que está sendo gerado sobre a vegetação brasileira atual e o uso do solo (parte sendo gerada, com confiança nos dados, pelo CAR, após análises). O PRA funcionará da seguinte maneira: o proprietário requer adesão ao programa, que é analisada e homologada pelo órgão responsável, depois é assinado um termo de compromisso pela pessoa que requereu, sendo executado o projeto e assim, regularizado após certo tempo. Quem não quiser aderir, segue à risca a lei 12.651, sem algumas regalias do programa, que desobriga alguns detalhes da mesma. Foi comentado o uso rural consolidado e o que se pode fazer com a RL: compensação (mesma titularidade), servidão (arrendamento), doação para regularização fundiária (doação de áreas de UC para o governo) e CRA. Palestra 4: Unindo esforços para avançar a restauração no Brasil: a Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Luiz Fernando Duarte EMBRAPA).

Esse palestrante apresentou o histórico de esforços tomados para a restauração florestal, indicando que havia redes no mundo, como a REDLAN (que era uma rede latinoamericana). Essa possuía até uma sede e um representante no Brasil, mas surgiu a ideia de fazer uma rede brasileira, isonômica, com estrutura horizontal (sem hierarquia), autônoma e com diversidade de opiniões. A viabilização financeira foi em 2010, havendo uma primeira reunião, com poucas pessoas, criando a Rede Brasileira de Restauração Ecológica, gerando discussões de temas, focos e formas de atuação. A segunda reunião foi feita em 2011, com discussões que gerariam ações que seriam aplicadas às políticas públicas e formação de recursos humanos. Na terceira reunião, realizada em 2014, com muitas pessoas envolvidas, foi escrita a Carta de Antonina, que englobava diversos aspectos a serem abordados pela rede, como uso de herbicidas, espécies a serem usadas, a geração de neoecossistemas, priorização espacial para restauração, ciência e prática, monitoramento, entre outros. Nessa carta, também se cria a SOBRE Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica, e cria um foco grande em políticas públicas, mencionando também a falta de participação do produtor rural e a dificuldade de atingi-lo. Seção 4: Restauração em larga escala Palestra 1: Potencial de recuperação natural de área agrícola visando à restauração em larga escala (Sebastião Venâncio Martins UFV). Nessa palestra, houve melhor caracterização de projetos que aproveitam a regeneração natural para a restauração, diminuindo a necessidade de mudas, insumos, mão de obra e consequentemente, dinheiro. Em áreas mais declivosas, se constatou em diversos estudos que, por causa da inclinação do terreno, pouca agricultura intensiva ali foi feita, pela dificuldade de mecanização. Assim, o potencial de regeneração natural é muito alto, podendo assim isolar aquela área de qualquer uso, permitindo que ela se regenere e restaure parte da vegetação sozinha, sem necessidade de uma restauração ativa por parte dos humanos. Portanto, dependendo do local, é possível bater a meta de restauração que está sendo colocada. No Estado do Espírito Santo já foram regenerados 106554,87 há, tendo as áreas de 12 a 33 anos de isolamento. Ou seja, é possível não gastar dinheiro e permitir que a natureza faça seu papel na regeneração natural e restaure áreas em pouco tempo, dependendo do uso do solo, histórico da área, declividade etc.

Palestra 2: Modelo de priorização espacial para otimizar o custo efetividade da restauração florestal em paisagens agrícolas (Dr. Paulo Guilherme Molin ESALQ/USP). O primeiro questionamento que essa palestra nos trouxe foi: o aumento da cobertura florestal em larga escala é viável? Deve-se então, pesar cada custo de acordo com cada área para saber a viabilidade do projeto. Os lugares onde a restauração ficaria mais barata estão associados com alto poder de regeneração natural, onde não é necessária uma restauração ativa, porém, essa não é a realidade de muitos dos locais estudados no Brasil. A ação mais cara de restauração seria o plantio de mudas e manutenção, seguido de plantio, semeadura e manutenção e por fim, a regeneração natural. Para conseguir decidir as áreas prioritárias foi desenvolvido um modelo espacial com diversas variáveis de solo, clima, terreno, histórico do local e outras. Assim, foi possível encontrar os melhores locais para realização da restauração por um preço menor do que a mais ativa. Fatores importantes para a regeneração são a declividade e a proximidade de rios e florestas. A palestra concluiu que haveria grande impacto econômico, reduzindo custos de restauração em larga escala a partir do modelo de priorização espacial. Palestra 3: Aplicações de LIDAR para o monitoramento remoto de projeto de restauração (Eric Bastos Görgens UFVJM). Hoje, o monitoramento florestal, bem como a mensuração e o inventário, é dificultado no Brasil pelas extensões das florestas e também por sua estrutura. Com o surgimento do sensor LIDAR, o monitoramento está mais próximo da viabilidade. Ele analisa a estrutura em três dimensões ao emitir pulsos de laser, e através da resposta obtida, ele gera imagens. Os pontos positivos são a viabilidade de monitoramento de grandes áreas, possibilidade de estar embarcado em qualquer veículo (podendo ser manuseado até por nós mesmos, andando com um sensor) e sua tridimensionalidade (em contraposição ao LANDSAT e imagens de satélite, bidimensionais). Apesar disso, ainda está em estudo, e não é tão efetivo em larga escala. Alguns dos estudos geraram imagens da medida da homogeneidade do dossel, zonas fotossintéticas, estrutura da floresta e do dossel e também possível habitat de animais.

Palestra 4: Mapeamento de métodos de restauração em escala nacional (Marcelo Matsumoto WRI: World Resources Institute). Essa palestra nos mostrou como mapear os métodos de restauração de acordo com diversos mapas diferentes, gerando um de áreas prioritárias e otimizando recursos para atingir, o quanto antes, as metas de restauração do país. O maior problema da restauração em escala nacional são os prazos e o desconhecimento dos melhores métodos para cada área. Por isso, um mapa que usa de diversos aspectos para gerar áreas prioritárias de regeneração natural, ou de restaurações um pouco mais ativas pode ser muito útil para diminuir custos e mesmo assim cumprir a lei e alcançar as metas de restauração florestal em grande escala. Considerações Finais: O evento teve como objetivo discutir o tema de restauração florestal, apresentando ideias, pesquisas e aplicação de técnicas relacionadas a essa área. Para a matéria de Políticas Públicas, Legislação e Educação Florestal, foram diversas as palestras que se baseavam nesse tema. Achei interessante que, neste ano, o evento focou muito nas políticas públicas, nos incentivando também a participar ativamente, e na lei vigente mais conhecida como Código Florestal, indicando algumas falhas e alterações. Algumas citações comuns que permeavam todas as apresentações foram o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, o CAR, a priorização espacial para ajudar na restauração, sobre o déficit de áreas com cobertura vegetal florestal no Brasil, o fato de a regeneração natural (que é diferente a partir de diversos aspectos) diminuir os custos da restauração e outros meios de diminuir custos e seguir as leis.