Contribuições da Energia Sustentável do Brasil ESBR para a Audiência Pública 32/2015 4ª Fase Energia Sustentável do Brasil S.A, ESBR, concessionária de uso de bem público para exploração da Usina Hidrelétrica Jirau ( UHE Jirau ), vem, por meio desta, encaminhar suas contribuições para a repactuação do risco hidrológico mediante transferência do risco para os consumidores. A ESBR reafirma o conteúdo, em todos os seus termos, das Contribuições encaminhadas pela mesma para a 1ª e 2ª fases desta Audiência Pública. Antes de discorrer sobre suas contribuições, a ESBR gostaria de recordar à esta ANEEL que até a presente data não houve resposta das informações solicitadas em 9 de abril de 2015 através do Ofício nº 112/2015 SRM/ANEEL. A época, o Ofício solicitava diversas informações necessárias para a avaliação dos efeitos financeiros decorrentes do risco hidrológico. Prontamente, em 27 de abril de 2015, a Energia Sustentável do Brasil enviou Carta VP/PB 568/2015 disponibilizando os dados solicitados. Reiteramos a importância da análise destes dados, uma vez que, como será apresentado a seguir, a UHE Jirau é um projeto que necessita de apreciação especial. Regra Especial para Empreendimentos Estruturantes Em suas contribuições para a 1ª e 2ª fases desta AP, a ESBR aborda a dificuldade financeira enfrentada por um empreendimento estruturante durante sua fase de motorização. Este ponto fica claro quando analisamos a capacidade de pagamentos durante esta fase. Esta métrica é amplamente conhecida pelo mercado como Índice de Cobertura do Serviço da Dívida ICSD. Este índice é um compromisso firmado pelo gerador dentro do Contrato de Financiamento com a instituição Financeira, visando demonstrar a saúde financeira do empreendimento, pois traduz a capacidade de geração de caixa da empresa frente as suas obrigações com o financiamento. É de conhecimento desta Agência que os projetos estruturantes possuem os preços mais baixos ofertados ao consumidor cativo, o que justifica uma dificuldade natural de possuir Índices muito favoráveis. Também é de conhecimento, as dificuldades enfrentadas por todos os empreendimentos estruturantes que atravessam uma longa fase de motorização: dificuldades de licenciamento, atos externos que prejudicam o andamento da obra, e a própria aplicação do fator de ajuste do MRE
durante os anos de 2014 e 2015. Todos estes fatos se traduzem em ICSDs incompatíveis com suas obrigações contratuais. Para que a Agência tenha a ordem de grandeza dos números de um projeto estruturante, estima-se, até junho de 2016, um gasto da ordem de R$ 800 milhões para que o Consórcio termine a obra, concluindo o instalação das 50 unidades geradoras. É neste contexto que a ESBR argumenta que justamente neste pior momento do ciclo do empreendimento, imputar ao gerador um pagamento não previsto, que toma 10% da sua receita bruta, torna por inviabilizar o cumprimento da sua obrigação contratual com a instituição financeira. Regra especial para os geradores que foram obrigados a vender 100% de sua Garantia Física nos leilões de energia nova Alguns empreendimentos participantes dos últimos leilões de energia foram obrigados a vender 100% de Garantia Física para o Ambiente de Contratação Regulado. Para estes empreendimentos, não é dada qualquer oportunidade de separar parte de sua garantia física como hedge hidráulico. De fato, estes Geradores são obrigados desde a partida a realizar compras de energia para cobrir perdas da Rede Básica, Perdas Internas e descontos pela Indisponibilidade de referência. Prêmio a ser pago pelo Estruturante no ACR A ESBR concorda e apoia a linha de raciocínio levantada pela APINE em relação ao valor a ser pago pelo gerador de prêmio no ACR, conforme contribuído pela Associação no âmbito da 2ª fase desta AP. Alternativamente à proposta apresentada pela APINE, entendemos ser relevante a análise da particularidade de cada agente. Neste contexto, por ser a concessionária da exploração da UHE Jirau, a ESBR enxerga a necessidade de uma regra especial para o empreendimento estruturante, conforme explorado no capítulo anterior. Como apontado anteriormente, os empreendimentos estruturantes possuem os preços mais baixos dentre todos os preços de compra do portfólio das distribuidoras. A Minuta de Resolução que trata da repactuação do risco hidrológico traz um prêmio a ser pago pelo gerador, no âmbito do ACR, de 10% do preço do seu Contrato Regulado.
Está claro, que apesar da busca da isonomia entre todos os agentes do mercado, com a aplicação de um único prêmio a ser pago, o peso destes 10% é distinto para cada gerador em função do seu preço de venda. Para o Estruturante estes 10% representam uma perda significativa, tendo em vista que seu preço já é baixo, não permitindo a esse gerador obter grandes receitas que o fariam suportar o pagamento do prêmio. O arcabouço do Acordo visa que este pagamento, atrelado a um prêmio de 10% do valor do seu preço regulado, se dê através da postergação do próprio pagamento do prêmio. Este conceito é empregado até que se quite o saldo das perdas incorridas com o GSF no ano de 2015. Ou seja, a partir de 2016, este prêmio termina por definir o período que o gerador postergará o pagamento do prêmio. Para o caso concreto da UHE Jirau, este período de postergação coincide justamente com o período final de sua motorização. Aleijar o empreendimento com 10% de sua receita bruta neste período, significará não cumprir com suas obrigações com o término da obra. Neste contexto, a ESBR reitera sua contribuição feita à 2ª fase desta AP, onde acredita que a percepção de risco de cada agente deva ser proporcional ao seu horizonte de contratação. Outra percepção clara para a ESBR, é que mesmo que se avalie o desconto de 10% da receita do agente, que se faça isso sobre a recita líquida deste agente. Esta premissa permite expurgar o peso dos encargos setoriais e dos encargos da transmissão, que variam de agente para agente. Com esta premissa, você mantém a isonomia com o mercado, resguardando a especificidade de cada agente. Prêmio a ser pago pelo Estruturante no ACL Notadamente nesta 4ª fase da AP houve uma alteração da proposta de contratação da energia de reserva por parte do gerador interessado em repactuar o risco hidrológico. Nas fases anteriores a ANEEL sustentava que deveria haver um período mínimo de contratação, quais seja 2 ou 3 anos. Na minuta de resolução observamos que a ANEEL impõe a contratação por todo o horizonte restante da outorga.
Entendemos que esta obrigação inviabiliza a contratação por parte do gerador, ainda mais considerando o custo estimado da energia de reserva atual. É necessário que exista um período mínimo de contratação, para que cada agente possa viabilizar a repactuação. Este ponto, também poderá ser sanado com a proposta de ESBR de repactuação a cada período de 5 anos do Acordo, conforme será demostrado mais adiante. A possibilidade da renovação permitiria aos geradores novos estudos sobre a viabilidade desta contratação da reserva. Sazonalização cálculo das perdas de GSF A minuta de resolução traz em seu art. 3º a equação que a CCEE utilizará para calcular o risco hidrológico mês a mês que será transferido ao consumidor. Segundo esta equação, o cálculo do risco deve expurgar o efeito da sazonalização sobre sua garantia física do MRE. Em seu lugar, deve-se utilizar a garantia física com sazonalização uniforme do MRE. Fica claro a intensão da ANEEL com este expurgo, que é isolar o efeito comercial da estratégia de cada agente. Observe-se que, conforme a Resolução ANEEL 584/2013, os geradores em motorização têm sua garantia física sazonalizada (para fins de MRE) pelo perfil de sazonalização dos demais agente do MRE (que optaram por realizar a sazonalização). Portanto, a sazonalização para a UHE Jirau e demais geradores em motorização em 2015 teve caráter involuntário. Também neste ponto a ESBR acompanha integralmente a argumentação desenvolvida pela APINE em sua contribuição. Deve ser considerado o perfil real de sazonalização do ano de 2015. Alternativamente, observando que não se pode suprimir a sazonalidade natural da geração do próprio MRE, que seja utilizada a garantia física sazonalizada segundo o perfil de geração do MRE, para fins do cálculo das perdas de GSF. Expurgos de fatores exógenos ao GSF Hoje podemos constatar nos relatórios do ONS, um elevado patamar do despacho térmico fora da ordem de mérito, ou seja, fora da ordem econômica de despacho. Adicionalmente também podemos observar que a geração das usinas contratadas a título de energia de reserva
também cresce a grandes taxas. Em um período de baixa hidraulicidade, toda essa geração acaba por deslocar o gerador hidráulico, uma vez que todo este bloco de energia (despacho fora da ordem de mérito + geração de reserva) não compõe a pilha do despacho econômico retratado nos modelos de otimização do SIN. A ESBR entende que todos estes fatores exógenos ao despacho econômico devam ser expurgados do cálculo do GSF buscando que o mesmo retrate nada mais do que a real possibilidade de geração hidráulica do MRE frente a sua garantia física. Prazo para a Repactuação do Acordo A UHE Jirau possui sua concessão vigente até o ano de 2042. Ao cogitarmos um pagamento de prêmio pelo restante de toda a outorga do gerador, estamos inferindo sobre condições financeiras e sistêmicas do longo prazo, período completamente obscuro a qualquer gerador na presente data. Entendemos que o Acordo para a repactuação do risco hidrológico deva abarcar um período ao qual o agente tenha alguma previsibilidade. Pela estrutura atual do setor este período se estende por no máximo 5 anos, período dos estudos oficiais do Operador Nacional do Sistema e da Câmara de Comercialização de Energia. Ao final deste período o gerador deveria ter a possibilidade de reestudar as futuras condições sistêmicas, avaliando a viabilidade da repactuação ou não do Acordo. Esta opção de renovação ou não, poderia desonerar o gerador e o consumidor caso o gerador opte por voltar a assumir o risco hidrológico. Pelo exposto a ESBR entende ser pertinente que o Acordo abarque o prazo de 5 anos com possibilidade de renovação a cada quinto ano.