Perspectivas e desafios do Post Trading Interbolsa A visão do mercado Português

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Transcrição:

Perspectivas e desafios do Post Trading Interbolsa A visão do mercado Português Carlos Ferreira Machado Banco BPI Setembro de 2012 Fórum de Bolsa 2012

Índice 1. Resenha histórica a. Até finais dos anos 90 b. O investimento em mercados estrangeiros generaliza-se c. A migração para o Euronext Market Model e a introdução da CCP d. A DMIF 2. A evolução do mercado em curso: a. A eliminação das barreiras Giovannini b. Harmonização das práticas a nível Europeu c. T2S d. EMIR e. FATCA f. FTT Francês, Espanhol, Europeu e Português (?) 3. Perspectivas e desafios a. Oportunidades e ameaças Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 2 visão do mercado Português 2

1. Resenha Histórica Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 3

1. Resenha Histórica Até finais dos anos 90 O investimento, em termos geográficos, era maioritariamente realizado em Portugal. Conhecer a realidade portuguesa (regulação, fiscalidade) e ter os sistemas adaptados a essa mesma realidade era suficiente para estar compliant e ser eficiente. Com as OPV s ocorreu a democratização do investimento em Bolsa O número de pequenos investidores cresceu exponencialmente. Começam a surgir os novos canais de recepção de ordens destinados a clientes de retalho (canais web, telefónicos, plataformas multicanal, Wap ) No início da década, aconteceu a separação do mercado a contado para a Bolsa de Lisboa e surge a Bolsa de Derivados do Porto em 1996. Mais tarde, ocorre a fusão da Bolsa de Lisboa com a do Porto e surge a BVLP. O surgimento do mercado de derivados foi uma realidade nova, relativamente à qual os IFs se tiveram que adaptar e formar, assim como os próprios clientes. A procura de investimentos em novas localizações geográficas começou a ganhar significado, mesmo para clientes de retalho. O surgimento do Euro impulsionou o investimento na zona euro de um modo muito significativo, pois eliminou o risco cambial. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 4

1. Resenha Histórica Até finais dos anos 90 O circuito das ordens de bolsa a contado e a liquidação das operações (clientes com custódia) Balcões Ordem Ordem Ordem Call Center Negócio Broker Negócio Investidor Negócio Internet Sala Negociação Especificação Negócios Sistema de Custódia Registo operação (Liquidação Titulos) Liquidador e Custodiante Liquidação Titulos / Reconciliação Liquidação $ Liquidação de Liquidação $ / Reconciliação mercado CVM Sist. Contas DO Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 5

1. Resenha Histórica O investimento em mercados estrangeiros generaliza-se Criação de redes de subcustodiantes Novas realidades regulamentares, fiscais e operacionais Cliente Ordem Ordem Ordem $ Novos tipos de eventos corporativos Activos cada vez mais exóticos Ciclos de liquidação distintos BPI (broker) Regista Negócio no sistema de Back-Office Custódia e Liquidações Negócio Contratas Fax/mail Broker Negócio Broker s Middle Office Coloca IL DVP/RVP (OTC) Negócio Negócio Stock Exchange Negócio Adaptação dos sistemas à nova realidade é crucial! Necessidade de formação dos RH Recolha e análise de uma quantidade imensa de informação sobre eventos corporativos, regulamentação, fiscalidade, procedimentos operacionais a observar. Maior risco operacional Novos serviços: Tax-reclaim, proxy voting, Qualified Intermediary do IRS Americano. Comunica Negócio (IL) + recebe Status liquidação SWIFT Network Broker s Custodian Envia IL DVP/RVP (OTC) + Recebe Status Liquida operação contra mercado (Titulos) Liquidação Financeira (Mercado) Custodiante do BPI Envia IL DVP/RVP (OTC) + Recebe Status MATCH CSD Liquidação Financeira (Mercado+OTC) $ Central Bank Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 6

1. Resenha Histórica A migração para o Euronext Market Model e a introdução da CCP (2003) A migração para o Euronext Market Model e a introdução da Central Counterparty (CCP): 1. Mudança do modelo de funcionamento, quer no trading, quer no post-trading 2. Mudança do sistema de negociação e no de Back-Office 3. Interacção com uma Clearing House (CCP) no mercado a contado 4. Alteração dos procedimentos e formação de RH para a nova realidade 5. Alinhamento de práticas de post-trading com os standards internacionais (DVP/RVP) 6. Os IFs portugueses passaram a ter a possibilidade de, mais facilmente, se tornarem membros dos outros mercados Euronext e vice-versa. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 7

1. Resenha Histórica A migração para o Euronext Market Model e a introdução da CCP Investidor Ordem Negócio (Broker) Ordem Negócio Negócio Confirmação do Negócio Instrução de Liquidação (Compensador) Instrução de Compensação Depósito de Margens Reconciliação Gestão de falhas $ Instrução de Liquidação Instrução de Liquidação Custodiante do Investidor Instrução DVP/RVP SLRT (DVP/RVP) MATCH CVM Instrução RVP/DVP (Liquidador e Custodiante) Liquidação($) / Reconciliação Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português Liquidação (Títulos) / reconciliação Liquidação de mercado 8 CVM

1. Resenha Histórica A DMIF (Novembro 2007) A DMIF é uma directiva comunitária que obrigou à introdução de novas regras no exercício de actividades de intermediação financeira na União Europeia. A DMIF rege a oferta de serviços de investimento em instrumentos financeiros (designadamente corretagem, consultoria, negociação, gestão de carteiras, etc.) por bancos e empresas de investimento, bem como o funcionamento das bolsas valores tradicionais e das plataformas de negociação alternativas (conhecidas como sistemas de negociação multilateral), que veio permitir e regular. Um dos principais objectivos da DMIF foi o de proporcionar aos investidores um nível de protecção adequado, reforçar a confiança nos mercados, designadamente através da imposição aos IFs de um conjunto de deveres de conduta harmonizados dos quais se destacam: O dever de recolher informação sobre os seus Clientes (KYC - Know Your Costumer) ; A classificação dos Clientes numa de três categorias: Clientes profissionais, Clientes não profissionais e contrapartes elegíveis, com deveres de prestação de informação e verificação de adequação das operações distintos; A prestação de informação mais completa sobre: o próprio intermediário financeiro, os serviços por si prestados, a natureza e os riscos dos instrumentos financeiros, as estruturas de execução de ordens utilizadas e os custos associados; O dever de apreciar previamente a adequação das operações solicitadas pelo Cliente; A definição e divulgação de políticas de boa execução de ordens e o dever de efectuar sua reavaliação periódica; A imposição de regras de transparência na divulgação da informação, antes e após a negociação de instrumentos financeiros, designadamente no que respeita às carteiras de instrumentos financeiros e às transacções realizadas. 1. Mudança do modelo de funcionamento no trading e adaptações no post-trading 2. Adaptações nos sistemas de negociação, websites e Aplicações de Pessoas e Contas, extractos, testes de adequação, etc 3. Alteração dos procedimentos e formação de RH para a nova realidade 4. Alinhamento de práticas a nível Europeu Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 9 visão do mercado Português 9

2. A Evolução do mercado em curso Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 10

2. A Evolução do mercado em curso Alterações de Mercado e Regulamentares Harmonização europeia de regras mercado (Eliminação das Barreiras de Giovannini) Harmonização de Corporate Actions e de regras de participação em Assembleias Gerais Melhorias na notificação de Eventos coroprativos Outras: FATCA (Jun 2013 Mar 2018) FISCO (estudo viabilidade de um sistema de isenção de retenção na fonte nos pagamentos de rendimentos de instrumentos financeiros) T2S (Jun 2015 Jul 2016) FTT Francês (Agosto 2012) FTT Espanhol (Janeiro 2013) EMIR FTT Português (??) Emitente pode escolher a CSD SD = TD+2 (Janeiro 2015) DMIF II (2013??) OTC Derivatives Report & Clearing (Janeiro 2013) Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 11

2. A Evolução do mercado em curso A eliminação das Barreiras Giovannini O Grupo de Giovannini era um grupo composto por especialistas em mercados financeiros, constituído em 1996 para aconselhar a Comissão Europeia em assuntos relacionados com os mercados financeiros. O trabalho do Grupo de Giovannini consistiu em identificar as barreiras existentes nos mercados financeiros da União Europeia que dificultavam as transacções cross-border e propor soluções práticas para melhorar a integração desses mercados. Os dois relatórios do Grupo identificaram um total de 15 barreiras específicas que impediam a eficiência transfronteiriça nas actividades de clearing e settlement, na União Europeia. A Interbolsa criou o grupo MIG-PT com a função de monitorizar a implementação, a nível nacional, 1. Diferenças nacionais em termos de tecnologias de informação e interfaces; dos standards relativos ao exercício de direitos (Market Standards for 2. Restrições nacionais em termos de clearing e settlement que requeiram a utilização de múltiplos sistemas; Corporate Actions) e às Assembleias Gerais (Market Standards for General 3. Diferenças nas regras nacionais relativas a eventos corporativos, beneficiários finais e custódia Meetings), com o objectivo de 4. Ausência de liquidação intra-day irrevogável eliminar a barreira 3 de Giovannini, 5. Impedimentos, de ordem prática, para aceder remotamente a sistemas nacionais de clearing e settlement 6. Diferenças nacionais nos ciclos de liquidação; 7. Diferenças nacionais no horário de trabalho/deadlines de liquidações 8. Diferenças nacionais de ordem prática na emissão de valores mobiliários 9. Restrições nacionais na localização de títulos 10. Restrições nacionais para a actividade de Primary dealers e market makers 11. Legislações fiscais nacionais, em termos de retenção de imposto, que possam ser desvantajosas para os intermediários estrangeiros; 12. Taxas de transacção cobradas através de uma funcionalidade integrada num sistema de liquidação local 13. A ausência de um quadro comunitário para o tratamento de juros em títulos 14. Diferenças nacionais no tratamento legal das compensações bilaterais para as transacções financeiras 15. Conflitos de legislação entre países O T2S irá ajudar a eliminar algumas das seguintes barreiras: As barreiras realçam diferenças técnicas, legais e fiscais entre Países da EU/EEA, que tornam difícil aos fornecedores de serviços financeiros alargar a sua actividade para lá do seu pais de origem Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 12 visão do mercado Português 12

2. A Evolução do mercado em curso A eliminação das Barreiras Giovannini O grupo MIG-PT, promovido pela Interbolsa, tem a função de monitorizar a implementação a nível nacional dos standards relativos ao exercício de direitos (Market Standards for Corporate Actions) e às Assembleias Gerais (Market Standards for General Meetings), com o objectivo de eliminar a barreira 3 de Giovannini, harmonizando o mercado de capitais nacional com os demais mercados europeus. 1. Desenvolvimentos recentes efectuados com o objectivo de harmonizar as Corporate Actions do mercado de capital nacional com os demais mercados europeus: a) A conectividade com mensagens electrónicas ISO; b) A notificação de eventos; c) O ajustamento automático (market claims) de direitos, dividendos, juros e amortizações. 2. Próximos desenvolvimentos a efectuar com o objectivo de harmonização das Corporate Actions: a) Implementação das mensagens ISO (Central Emitente->Participantes->cadeia de Custódia); b) Implementação da comunicação em língua inglesa; c) Comunicação das instruções dos investidores utilizando mensagens ISO (Cadeia de Custódia->Central Emitente->Entidade Emitente); d) Implementação dos procedimentos de Buyer Protection. 3. Harmonização das regras de mercado para as Assembleias Gerais a) Primeiro Processo: Notificação da Assembleia Geral notificação ao Investidor Final da Emitente da data de realização da Assembleia-Geral; b) Segundo Processo: Record date e Entitlement Processo para determinar e comunicar a quantidade de acções que são elegíveis para poder participar e votar na Assembleia-Geral; c) Terceiro Processo: Notificação da participação na Assembleia Geral notificação ao Emitente da participação do Investidor Final na Assembleia Geral, bem como dos seus votos. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 13 visão do mercado Português 13

2. A Evolução do mercado em curso Target2Securities (T2S) O T2S é um novo sistema europeu de liquidação de valores mobiliários que pretende oferecer centralmente liquidações DVP em Central Bank Money em todos os mercados de valores mobiliários europeus. O Projecto iniciou-se em 2006 e continua em desenvolvimento. Prevê-se a sua entrada em produção em 2015. O objectivo fundamental do projecto T2S é integrar e harmonizar a altamente fragmentada infra-estrutura de liquidação de títulos na Europa. Por exemplo, em 2009 ainda existiam 19 CSDs a operar na Zona euro, e quase 40 nos 27 países da União Europeia. O T2S tem como objectivos: 1 - reduzir os custos de liquidação transfronteiriça de títulos na área do euro e de países não-euro participantes, bem como; 2 - aumentar a concorrência entre os prestadores de serviços post-trading. Será, portanto, um passo fundamental na criação de um mercado único de serviços financeiros na União Europeia, cumprindo um dos objectivos da Agenda de Lisboa. Os EUA estavam numa posição muito semelhante à Europa há várias décadas, com uma infra-estrutura altamente fragmentada quer ao nível do trading, quer do post-trading. As ineficiências do sistema nos EUA forçaram o governo a intervir, daí resultando um alto grau de consolidação. Os EUA agora têm agora um ambiente muito linear de trading e liquidação, com a Depository Trust & Clearing Corporation (DTCC), a ser responsável pela compensação e liquidação de todas as acções e obrigações de empresas, e o Sistema de Reserva Federal responsável pelas obrigações soberanas. As autoridades da UE até agora não recorreram a medidas tão drásticas. As iniciativas até agora tomadas têm-se concentrado em remover os obstáculos à concorrência entre infra-estruturas nacionais de mercado, de modo a deixar as forças do mercado trabalhar. O mercado determinará qual a estrutura de mercado ideal, designadamente se deverá existir um fornecedor único em monopólio, como os EUA, ou vários fornecedores. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 14

2. A Evolução do mercado em curso Target2Securities (T2S) O Cronograma do T2S 3 fases de migração: Jun 2015 Jul 2016 1 fase de contingência: Jan 2017 Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 15 visão do mercado Português 15

2. A Evolução do mercado em curso Target2Securities (T2S) O Modelo do T2S O T2S é uma plataforma tecnológica para liquidação pan-europeia de Valores mobiliários com liquidação em Central Bank Money Há um outsourcing do sistema de liquidação das CSDs ao T2S As CSDs mantêm o controlo do negócio e o relacionamento legal com os seus clientes e reguladores A Custódia e o Asset Servicing estão fora do âmbito do T2S no entanto: 1 - irá existir inter-operabilidade entre CSDs 2 - As CSDs passarão a prestar serviços de custódia noutras geografias, em concorrência com os custodiantes Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 16 visão do mercado Português 16

2. A Evolução do mercado em curso Target2Securities (T2S) Os novos horários do T2S T2S liquida em Dedicated Cash Accounts (DCAs), que possuem mecanismos de autocolaterilização (para gerar crédito intradiário, necessário para as liquidações ocorrerem), mas têm que ser monitorizadas. Haverá que rever as operativas. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 17 visão do mercado Português 17

2. A Evolução do mercado em curso EMIR (Janeiro 2013) EMIR é um acrónimo para European Market Infrastructure Regulation. A EMIR faz parte de um pacote de legislação europeia que se destina a dar resposta à crise financeira global e que assenta em dois pilares essenciais: 1. Reconhecer e reforçar o papel desempenhado pelas CCPs em mitigar certos aspectos de risco de mercado e risco de contraparte. As CCPs têm sido reconhecidas como um recurso crítico que ajudaram a proteger o sistema financeiro durante a recente crise financeira. 2. A nova legislação deve promover e implementar medidas de transparência sobre os mercados OTC de derivados, passando a ser obrigatória a sua compensação numa CCP (caso seja possível) ou o seu reporte a um trade repository para efeitos de supervisão. Adicionalmente, Os emitentes podem escolher a CSD da sua preferência. A Liquidação passará para TD+2 Aumenta a concorrência entre CSDs Embora a EMIR tenha começado como uma Directiva, rapidamente se tornou num Regulamento, o que faz com que a sua entrada em vigor tenha efeitos imediatos e em todos os Estados Membros. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 18 visão do mercado Português 18

2. A Evolução do mercado em curso FATCA (Jun 2013 a Maio 2018) A FATCA representa um conjunto de medidas de natureza fiscal, introduzidas no âmbito do Programa Hire dos EUA, com o objectivo de aumentar a transparência e a receita fiscal relativamente a rendimentos obtidos por sujeitos passivos norte americanos (US Persons), fora dos EUA,. Estas medidas consistem essencialmente na imposição, às Instituições Financeiras Estrangeiras, (FFIs) e às Entidades Estrangeiras Não Financeiras (NFFE s), de um conjunto de obrigações de recolha (due diligence) e reporte de informação, bem como de retenção de imposto relativamente às contas detidas por US Persons (US Accounts). A FATCA obriga à celebração de acordos entre os FFIs e o Internal Revenue Service (IRS) - Acordo FFI. Reporte 1. Elevado esforço que os IFs vão ter de fazer para identificar as contas abrangidas e realizar adaptações nos sistemas. 2. a não celebração do acordo por um IF, implica que os Subcustodiantes reteriam 30% de todos os rendimentos de fonte americana que lhe fossem devidos 3. Relativamente às contas de clientes, em relação às quais haja indícios de poderem ser uma US Account e o respectivo titular recuse o fornecimento de informação ou forneça informação insuficiente, o IF é obrigado a reter 30% dos rendimentos de fonte americana (em 2014, sobre os rendimentos em sentido estrito; a partir de 2015, também sobre as mais valias) Due Dilligence Acordos FFI Retenção Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 19 visão do mercado Português 19

2. A Evolução do mercado em curso FTT Francês, Espanhol, Europeu, Português (Ago 2012 a ) As autoridades Francesas impuseram a cobrança de um imposto (0.20%) na compra (com netting) de Valores Mobiliários de emitentes Franceses (com um Cap. Bolsista > 1 bi Eur), independentemente do local onde se realizem as transacções. Implica necessidades de reporte de informação e entrega do Imposto ao Euroclear France. A Espanha já anunciou uma medida similar, para entrar em vigor em Janeiro de 2013. Já foi aprovado pelo Parlamento Europeu um imposto similar. Em Portugal, existem rumores da criação de um imposto idêntico. 1. Elevado esforço que os IFs fizeram para cobrarem aos Clientes o FTT francês de acordo com as suas especificidades, designadamente o netting, bem como para elaborar os reports exigidos. 2. Deseja-se que o FTT Espanhol, Europeu (?) e Português (?), caso avancem, não possuam particularidades distintas, de modo a reduzir o esforço de desenvolvimento. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 20 visão do mercado Português 20

3. Perspectivas e desafios Oportunidades e Ameaças Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A visão do mercado Português 21

3. Perspectivas e desafios Oportunidades e Ameaças 1. O trading e o post-trading estão em constante alteração, requerendo um esforço de adaptação e de desenvolvimentos tecnológicos significativos. 2. O aumento da Regulação e Fiscalidade, quer nacional, Europeia ou estrangeira, implica custos de adaptação significativos, como se acabou de demonstrar, que nem sempre conseguem ser repercutidos nos clientes. Constrangimento à margem do negócio 3. O T2S é sem dúvida a maior alteração do modelo de funcionamento dos mercados e a que tem maior impacto nos IFs e demais stakeholders. Apesar dos custos do projecto terem de ser recuperados, a MLP os objectivos do Projecto serão alcançados: a) a redução dos custos de liquidação crossborder ocorrerá b) haverá maior concorrência entre CSD s, ou mesmo M&A. c) Os emitentes poderão preferir estarem listados e com os títulos centralizados no mercado mais líquido e com menores custos. d) haverá concorrência entre CSD s e Custodiantes globais/regionais e) os Custodiantes locais tenderão a perder os seus clientes institucionais estrangeiros, quer porque estes obtêm acesso à CSD local directamente, quer porque preferem ligar-se a um Major Player da Custódia ao nível Europeu (i.e. um Custodiante Regional na Europa). Restar-lhes-á os clientes de retalho, empresas não financeiras, pequenas empresas financeiras e as carteiras próprias. f) A velocidade a que se processar a harmonização do tratamento das Corporate Actions e da Fiscalidade (Barreiras 3 e 11 de Giovannini, respectivamente) ditarão o ritmo a que ocorrerá o referido na alínea anterior. Mas recordemo-nos, existem iniciativas em curso para eliminar essas barreiras embora demorem o seu tempo; mas o T2S será uma catalisador da mudança! Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 22 visão do mercado Português 22

3. Perspectivas e desafios Oportunidades e Ameaças 3. g) No entanto, os custodiantes locais poderão também almejar tornarem-se custodiantes regionais da Zona T2S e tentar competir com os Major Players, em determinados segmentos de clientes, através da prestação de serviços mais personalizados e de valor acrescentado superior. h) Os IF nacionais poderão também aproveitar o acesso alargado e a redução de custos que o T2S proporcionará para, partilhando essa redução de custos com os clientes, fomentarem o seu investimento nos mercados mais líquidos (e com uma maior diversidade de sectores listada), cuja maior liquidez e volatilidade normalmente provoca um aumento do número de negócios realizados. 4. Existem assim ameaças, mas também oportunidades, pelo que os IF nacionais deverão desde já analisar este tema e começar a definir estratégias de posicionamento. Fórum de Bolsa 2012 - Perspectivas e desafios do Post Trading - Interbolsa A 23 visão do mercado Português 23

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