A AUSTERIDADE DE ESPARTA PROFª TEREZA SODRÉ MOTA
A cidade-estado de Esparta, situada nas beiras do rio Eurotas, na região do Peloponeso, na Grécia, foi um dos fenômenos mais fascinantes da história em todos os tempos. ESPARTA
Os espartanos atribuíam a existência da sua severa e abrangente legislação a Licurgo, tido entre eles como emérito estadista, uma espécie de pai da nação. O grande homem teria implantado o seu rigoroso código, o código licúrgico, chamado de a Grande Rhetra, famoso em todo mundo antigo.
CARACTERÍSTICAS GERAIS A sociedade espartana era agrária, patriarcal, aristocrática, estamental ou estratificada (mobilidade social praticamente impossível), eugênico (não se admite defeitos físicos nos cidadãos). Economia : baseada na agricultura. O comércio era realizado pelos estrangeiros (periecos). A base de produção em Esparta era servil (Hilotismo).
. O governo de Esparta tinha como um de seus principais objetivos fazer de seus cidadãos modelos de soldados, bem treinados fisicamente, corajosos e obedientes às leis e às autoridades.. Sociedade militarista, um militarismo de defesa pois tinha como objetivo proteger seu território, controlar o trabalho servil dos Hilotas. Não era um militarismo expansionista.
A AGOGÊ, A EDUCAÇÂO ESPARTANA Agogê = adestramento, treinamento. O objetivo maior dela era formar soldados educados no rigor para defender a coletividade.assim sendo, temos que entendê-la como um serviço militar estendido à infância e à adolescência.
A educação espartana, supervisionada por um magistrado especial, o paidónomo,compreendia três ciclos: Dos 7 aos 11 anos: Os pais não mais comandavam a educação dos filhos. As crianças eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores especializados para esse fim.os jovens viviam em grupos,realizavam exercícios de treino com armas e aprendiam a táctica de formação.
Dos 12 aos 15 anos: Instruíam-nos nas letras e nos cálculos e, naturalmente, no canto de hinos patrióticos do poeta Tirteu que ressaltavam a bravura e a coragem destemida. Dos 16 aos 20 anos: Eram adestrados em armas, na luta com lanças e espadas.
Com 20 anos, o jovem espartano entrava no exército. Mas só aos 30 anos de idade adquiria plenos direitos políticos, podendo, então, participar da Assembléia do Povo (Ápela). Depois de concluído o período de formação educativa, entre os 20 e os 60 anos, estavam obrigados a participar na guerra.continuavam a viver em grupos e deviam tomar uma refeição diária nos chamados syssitia.
O que Esparta desejava do seu jovem: silencioso. Disciplinado, antiintelectual e antiindividualista, obediente aos superiores, vigoroso, ágil, astuto, imune ao medo, resistente às intempéries e aos ferimentos, odiando qualquer demonstração de covardia, fiel ao espírito de corpos e fanaticamente dedicado à cidade. A fim de dotar de coragem os seus infantes, os legisladores espartanos criaram a Críptia (Kryptia),um esquadrão de extermínio, que estimulava os jovens selecionados a caçarem, sozinhos ou em grupos, os hilotas, os escravos que por acaso andassem desgarrados ou que,de alguma forma, representassem pelo seu vigor físico uma ameaça à segurança deles. Admitiam o ardil e o roubo como artifícios válidos na formação das suas crianças e dos seus jovens. Pegos em flagrante, no entanto, ministravam-lhes castigos violentíssimos, sendo submetidos a chiamastigosis, às suplicantes provas de flagelação pública.
A EDUCAÇÃO DAS MULHERES As mulheres recebiam educação quase igual à dos homens, participando dos torneios e atividades esportivas.o objetivo era dotá-las de um corpo forte e saudável para gerar filhos sadios e vigorosos. Gozavam de algumas liberdades inexistentes em outras cidades-estado. Por exemplo, as espartanas praticavam ginástica e participavam de jogos. Também podiam comparecer às reuniões públicas, além de administrarem o patrimônio familiar juntamente com seus maridos.
RELIGIÃO EM ESPARTA A religião em Esparta ocupou um lugar mais importante do que em outras cidades. As divindades femininas desempenharam em Esparta um papel bastante importante : A deusa Atena era a mais adorada de todas.
O deus Apolo tinha poucos templos, mas a sua importância era crucial: desempenhava um papel em todas as festas espartanas e o monumento mais importante na lacônia era o trono de Apolo em Amyclai.
Outro traço distintivo era o culto aos heróis da Guerra de tróia. Segundo Anaxágoras, Aquiles era aqui adorado como um deus e Esparta tinha dois santuários dedicados a ele. Outros personagens de Tróia honradas por Esparta foram Agamenon,Cassandra, Clitemnestra, Menelau e Helena.
Héracles era em Esparta uma espécie de herói nacional. Segundo a tradição, o herói teria ajudado Tíndaro a reconquistar o seu trono. O tema dos Doze Trabalhos foi largamente explorado pela iconografia espartana.
Os sacerdotes espartanos desempenhavam um papel importante em Esparta. Os dois reis tinham eles próprios um estatuto de sacerdotes : estavam encarregados de realizar os sacrifícios públicos, que eram bastante valorizados, sobretudo em tempos de guerra. Antes da partida de uma expedição militar, efetuava-se um sacrifício a Zeus ; no momento em que se passavam as fronteiras realizava-se a Zeus e Atena e antes da batalha a Ares.