Autor: Beatrice Aline Zimmermann (EESP-FGV)* RESUMO



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O SETOR EXTERNO COMO UM LIMITANTE AO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO NO PERÍODO DE 1960 2008: UMA ANÁLISE DOS PERÍODOS DE DIVERGÊNCIA E CONVERGÊNCIA INSUSTENTÁVEL DE RENDA Autor: Beatrice Aline Zimmermann (EESP-FGV)* RESUMO O objetivo do presente artigo é analisar a trajetória de crescimento do Brasil entre 1960 e 2000, buscando identificar se o país alcançou taxas de crescimento convergentes com a renda mundial e se essas taxas foram sustentáveis no longo prazo em termos do setor externo. Além disso, visando compreender os resultados no âmbito do crescimento, é analisada a trajetória da especialização da pauta de exportação e importação brasileira. Os resultados indicam que, apesar de ter alcançado em determinados anos convergência de renda com o resto do mundo, o Brasil em nenhum momento do período alcançou taxas de crescimento sustentáveis, mesmo tendo apresentado alterações na estrutura da pauta de exportações ao longo dos anos. Palavras-chave: Crescimento Econômico; Convergência; Setor Externo. ABSTRACT This paper aims to analyze the Brazilian s growth performance between 1960 and 2000, based on convergence and external sector sustainability approaches. Therefore, the paper compares the Brazilian economic growth to the average world economic growth for identifying a process of income convergence or divergence. In addition, it analyzes if these processes were sustainable or not in the long run, in terms of external sector. Last but not least, the recent trajectory of the Brazilian export and import specialization are examined. In conclusion, this paper indicates that, although Brazil has achieved income convergence in some of the years considered, it has not achieved external sector sustainable growth at any time, even though there has been noticed some important changes in its export specialization over the years. Key words: Economic Growth, Convergence, External Sector. Código JEL: O33; O14; O54 Área 2: Desenvolvimento Econômico * Doutoranda em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, São Paulo.

INTRODUÇÃO Durante as últimas cinco décadas o setor externo se mostrou um fator fundamental na determinação das taxas de crescimento do Brasil. Observando a trajetória de evolução da renda nacional o que se verifica é que na maioria dos anos em que o país obteve taxas de crescimento consideráveis ele também acumulou déficits em Transações Correntes. Tal situação fez com que, nas ocasiões em que a economia internacional vivenciava crises e os capitais se afugentavam de economias menos sólidas, o Brasil apresentasse taxas de crescimento bastante tímidas, quando não negativas. Tal cenário trás a tona a relevância das exportações para o crescimento de longo prazo, dado a sua capacidade de diminuir a restrição imposta pelo setor externo. Tal argumento se baseia nos modelos de crescimento com restrição no Balanço de Pagamentos, com abordagem keynesiana que enfatiza o papel das exportações como o único componente da demanda capaz de custear as importações, de maneira a não levar a economia a resultados negativos nas contas externas, evitando dessa forma a necessidade de financiamento e relaxando a restrição externa ao crescimento de longo prazo. Adicionalmente, essa reflexão encontra respaldo na abordagem Estruturalista que argumenta que as exportações estão intimamente ligadas com a elasticidade-renda da demanda, e que essa, por sua vez, se relaciona com o nível tecnológico dos bens exportados, determinado pela estrutura produtiva do país, de forma que tal estrutura passa a ser um fator relevante para o resultado em termos de crescimento econômico. No mais, além da estrutura da produção nacional, a espécie de bens importados também se mostra relevante para o resultado de crescimento econômico, na medida em que interfere no resultado das contas externas. Desta forma, constitui-se uma questão central na compreensão do processo de crescimento econômico de longo prazo a idéia de que a estrutura produtiva importa, uma vez que ela determina o nível de inserção de um país no fluxo de comércio internacional e os respectivos resultados relativos ao setor externo. O objetivo do presente trabalho é analisar a trajetória de crescimento do Brasil, buscando identificar se durante as últimas décadas (1960-2000) o país alcançou taxas de crescimento convergentes com a renda mundial e se essas taxas foram sustentáveis no longo prazo em termos do setor externo. Além disso, um exame da trajetória de especialização da pauta de exportação e importação brasileira será realizado visando compreender os resultados obtidos na primeira análise. A importância do trabalho consiste na relevância de se atingir um crescimento convergente e sustentável no longo prazo para alcançar níveis superiores na escala de desenvolvimento econômico. Além desta introdução, o trabalho se organiza da seguinte maneira: a seção 1 trás o referencial teórico que fundamentará as análises; na seção 2 é promovida uma contextualização da economia brasileira e internacional de 1960 a 2008; na seção 3 é realizada a análise da trajetória de crescimento do Brasil segundo os conceitos de convergência internacional e de sustentabilidade do crescimento; a seção 4 trás uma avaliação da trajetória de especialização da pauta de exportações e importações do Brasil; e na seção 5 são exportas as conclusões. 1. REFERENCIAL TEÓRICO O modelo desenvolvido por Thirlwall (1979) evidencia o papel da demanda para o crescimento econômico, no sentido que exprime a relação entre ele e a restrição externa, demonstrando o papel das exportações nesse processo. A conclusão central do modelo é que um país não consegue crescer no longo prazo a taxas maiores do que as compatíveis com o equilíbrio do seu Balanço de Pagamentos. Esse modelo de Thirlwall posteriormente foi expandido e passou a considerar mais variáveis como, por exemplo, o fluxo de capitais incluído no trabalho de Trirlwall e Hussain (1982), e a restrição inserida por Moreno-Brid (1998) que impõe que o crescimento do déficit em conta corrente tem que ser proporcional a renda doméstica. Cabe ressaltar, contudo, que mesmo nos trabalhos estendidos a conclusão central do modelo básico se manteve. ** Agradeço ao professor Marcio José Vargas da Cruz pelos comentários e sugestões feitos ao longo do desenvolvimento desse trabalho, eles foram essenciais para a sua conclusão.

No que tange às evidências empíricas, a Lei de Thirlwall (como é conhecida a relação entre crescimento de longo prazo e resultado do Balanço de Pagamentos) já foi amplamente testada. Para o caso brasileiro se pode citar, por exemplo, os trabalhos de Bertola et al. (2002), Jayme Jr. (2003) e Santos et al. (2005), todos indicando a confirmação da relação entre a restrição externa e crescimento econômico verificada no modelo. Na Lei de Thirlwall, como exposto anteriormente, as exportações têm papel fundamental para explicar o desempenho de cada país no que se refere a crescimento econômico e, como colocado por Porcile (2008), os setores exportadores (mais dinâmicos) e o grau de dinamismo de suas demandas (elasticidade-renda da demanda de exportações) são delimitados pela estrutura da economia. É nesse ponto que a Teoria Estruturalista corrobora para a análise do crescimento limitado pelo Balanço de Pagamentos. Em trabalho que relaciona a abordagem da Structural Economic Dynamics (SED) com a teoria do crescimento limitado pelo Balanço de Pagamentos, Araujo e Lima (2006) colocam que o equilíbrio da Balança de Pagamentos depende, em última instância, da competitividade estrutural de um país. Considerando essas questões, a seguir será exposto o referencial teórico que sustentará a análise da trajetória de crescimento do Brasil, buscando identificar se entre a década de 1960 e os anos 2000 o país alcançou taxas de crescimento convergentes com a renda mundial e se essas taxas foram sustentáveis no longo prazo em termos do setor externo. 1.1 A TEORIA DO CRESCIMENTO LIMITADO PELO BALANÇO DE PAGAMENTOS Ao enfatizar uma teoria de crescimento econômico com abordagem keynesiana, cabe ressaltar que a demanda cumpri um papel central neste processo. Thirlwall (2005) coloca que as limitações pelo lado da demanda são muito mais significativas para o crescimento econômico do que os efeitos das restrições pelo lado da oferta. Dessa forma, partindo a análise da observação da demanda agregada, de todos os componentes que a compõem o que efetivamente tem um papel determinante no crescimento econômico, de acordo com Thirlwall (2005), são as exportações. Os demais componentes também participam desse processo, entretanto, não com a mesma intensidade. As exportações se diferenciam dos demais componentes da demanda em três principais pontos. Primeiro, formam o único componente da demanda autônoma de um sistema econômico, no sentido de a demanda provir literalmente de fora do sistema. Segundo, são elas as únicas capazes de custear a procura por importações para o crescimento no longo prazo, pois todos os outros componentes da demanda agregada têm em si um conteúdo de importações. Logo, quando a receita das exportações não existe para custear tais conteúdos, a demanda tem que ser reprimida. E por último, as importações (permitidas pelas exportações) podem ser mais eficientes do que os recursos internos no que se refere ao fato de alguns bens essenciais ao crescimento não serem produzidos internamente (THIRLWALL, 2005). Sendo assim, ao se tratar de economias abertas, o principal obstáculo ao crescimento da demanda e, portanto, ao crescimento econômico sustentável, é o balanço de pagamentos. [...] nenhum país consegue crescer mais depressa que a uma taxa compatível com o equilíbrio no balanço de pagamentos [...] (THIRLWALL, 2005, p. 61). Desse modo tem-se o que se convencionou chamar de Lei de Thirlwall: taxa de crescimento de longo prazo é igual a taxa de crescimento da renda mundial, multiplicada pela elasticidade-renda das exportações e dividida pela elasticidade-renda das importações (THIRLWALL, 2005). Abaixo segue a derivação da Lei de Thirlwall. (MCCOMBIE e THIRLWALL, 1994, p. 234-236). O equilíbrio do Balanço de Pagamentos de uma economia depende da igualdade entre os valores exportados e importados: onde: P d X = P f ME (1)

X = quantidade exportada P d = preço doméstico M = quantidade importada P f = preço internacional E = taxa de câmbio Considerando uma economia em crescimento, tal equilíbrio se dá através da igualdade entre as taxas de crescimento dos valores exportados e importados: p d + x = p f + m + e (2) onde: x = taxa de crescimento do volume de exportações p d = taxa de variação do preço doméstico m = taxa de crescimento do volume de importações p f = taxa de variação do preço internacional e = variação da taxa de câmbio Partindo das funções de demanda de exportações (3) e importações (4) se deriva as equações de variação dos volumes exportados (5) e importados (6) Onde: a = uma constante n = elasticidade-preço da demanda de exportações (< 0) Z = renda mundial ε = elasticidade-renda da demanda de exportações (> 0) b = uma constante ψ = elasticidade-preço da demanda de importações (< 0) Y = renda nacional π = elasticidade-renda da demanda de importações (> 0) z = taxa de crescimento da renda mundial y = taxa de crescimento da renda nacional X = a (P d / P f E) n Z ε (3) M = b (P f E / P d ) ψ Y π (4) x = n (p d p f e) + εz (5) m = ψ (p f + e - p d ) + π y (6) Substituindo as equações (5) e (6) na equação (2) e resolvendo para a taxa de crescimento da renda nacional, se chega à taxa de crescimento compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos (y B ): y B= [(1 + n + ψ) (p d p f e) + εz] / π (7) Assumindo que os preços relativos são constantes (p d p f e = 0), a equação (7) se reduz às igualdades descritas na equação (8): 4

Y B = εz / π = x / π (8) No longo prazo, Thirlwall postula que, a taxa de crescimento observada (y) é igual a taxa de crescimento compatível com o equilíbrio do BP (y b ). (THIRLWALL, 2005, p.92) Y B = y = (ε / π)z = (1 / π)x (9) Essa equação estabelece que no longo prazo a expansão de uma dada economia é restringida pelo equilíbrio da conta corrente do balanço de pagamentos. (THIRLWALL, 2005, p.92) Thirlwall (2005) coloca que inúmeros países, mesmo contando ainda com uma economia com capacidade produtiva excedente, têm que cessar o crescimento quando se vêm com problemas no balanço de pagamentos. Tal argumento se sustenta na questão de que um país ao crescer com déficits em transações correntes fica dependente do financiamento externo para fechar suas contas. Tal financiamento, contudo, não tende a ser infinito de modo que em casos de elevada relação entre o déficit e o PIB (MORENO- BRID, 1998) ou em situações de incertezas (geradas pelo próprio país requisitante ou então pelo cenário internacional) esses capitais tendem a se afugentar e o país dependente a enfrentar problemas em termos de crescimento. 1.2 CONVERGÊNCIA INTERNACIONAL E A TEORIA DO CRESCIMENTO LIMITADO PELO BALANÇO DE PAGAMENTOS A obtenção ou não de convergência pelos países com baixos níveis de renda per capita se coloca como uma das relevantes questões tratadas na literatura de crescimento econômico. Ela permite averiguar se esses países tendem ao longo do tempo a se equiparar às nações mais bem sucedidas em termos de renda ou se as disparidades entre eles aumentarão ainda mais. Segundo Cimoli et al.(2009), na discussão de crescimento econômico assume-se que um país está convergindo com a economia internacional quando a taxa de crescimento do país é maior que a taxa média de crescimento do resto do mundo. A relação entre tal conceito e a Teoria do Crescimento Limitado pelo BP se verifica ao se rearranjar a Lei de Thirlwall (equação 6). y / z = ε / π (10) Como se percebe, o termo descrito no lado esquerdo da equação 10 (y/z) formaliza o conceito de convergência exposto acima. Desse modo ele permite concluir se um país está convergindo ou não em termos de renda com o resto do mundo. Contudo, além dessa constatação a reorganização da equação 6 permite alcançar outras conclusões importantes. Ela demonstra que, ao se supor a vigência da Lei de Thirlwall, o resultado alcançado no longo prazo por determinado país no âmbito da renda nacional, e consequentemente, no de convergência, depende da estrutura produtiva instalada nele, pois a elasticidade-renda da demanda de exportações e importações (ε / π) do país se delineia através dela. Conforme Cimoli et al. (2009) expõe, de acordo com a literatura de crescimento e mudança estrutural, as elasticidades dependem do padrão de especialização da estrutura da economia. Dessa maneira a equação (10), demonstrando a dinâmica de convergência ou não de renda na economia internacional, revela que a estrutura de produção da economia desempenha um papel chave na obtenção de crescimento econômico e na sustentabilidade do processo de convergência. Objetivamente, conforme Mccombie e Thirlwall (1994), ela demonstra que a taxa relativa de crescimento de um país (y/z) é equiproporcional a razão entre as elasticidades-renda da demanda (ε / π). 5

Se a razão entre as rendas for superior a 1 (um) há convergência, caso contrário há divergência de renda 1 (CIMOLI et al., 2009). Sintetizando a relação entre o conceito de convergência e a Teoria do Crescimento Limitado pelo BP, conforme Cimoli et al.(2009), quatro possíveis cenários se caracterizam: Convergência Sustentável ε / π y / z > 1 Divergência Sustentável ε / π y / z < 1 Convergência Insustentável ε / π < y / z > 1 Divergência Insustentável ε / π < y / z < 1 Gráfico 1. Cenários de crescimento econômico convergente e divergente segundo a Teoria do Crescimento limitado pelo BP y/z Convergência Insustentável Convergência Sustentável y/z = 1 Divergência Insustentável 45º (C) (B) Divergência Sustentável (D) (A) ε/π Fonte e elaboração: Cimoli et al. (2009, p.6) Os termos sustentável e insustentável se referem à relação entre as elasticidades (ε / π), a qual, por sua vez, assume-se que representa na análise o resultado da conta de Transações Correntes (TC) 2 : sustentável quando há superávit ou equilíbrio e insustentável quando há déficit. Por exemplo, quando se obtém convergência sustentável significa que o país cresceu mais que a média do resto do mundo com superávit ou equilíbrio em TC. Tais cenários podem ser melhores identificados no gráfico 1. 1.3 O ESTRUTURALISMO Nas formulações teóricas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que teve como base o trabalho de Prebisch (1948) a respeito da Teoria do Estruturalismo, se coloca como principal elemento para explicar os diferentes níveis de desenvolvimento dos países a difusão lenta e desigual do progresso técnico em escala internacional (PORCILE, 2008). 1 Assume-se que o crescimento populacional é idêntico entre os países, o que significa que a variação do PIB per capita segue a mesma tendência da variação do PIB. 2 Tal suposição se deve ao fato de as elasticidades-renda da demanda de exportações e importações determinarem as quantidades exportadas e importadas dado um nível de renda, ou seja, determinarem em última instância o resultado da conta de transações correntes do País. 6

É em consequência desse processo que surge o conceito de heterogeneidade estrutural, ou mais especificamente o conceito de que o mundo é divido entre centro, países desenvolvidos, e periferia, países subdesenvolvidos, e que cada um desses pólos tem uma estrutura própria com dinâmicas específicas de acumulação. (CARVALHO, 2007). Segundo Prebisch, o atraso da periferia advém da baixa elasticidade-renda da demanda por produtos primários, os quais tais economias produzem e exportam em contraposição a alta elasticidaderenda da demanda de bens manufaturados produzidos e exportados por países desenvolvidos, fatores que em comércio promoveriam a deterioração dos termos de troca contra a periferia. (MCCOMBIE e THIRLWALL, 1994). Segundo a literatura estruturalista a estrutura de produção da periferia se caracteriza como especializada e heterogênea. A especialização advém do fato de na periferia haver poucos setores, o que gera um baixo nível de divisão do trabalho. Já a heterogeneidade é resultado da existência dentro da mesma economia de setores de alta e baixa produtividade e ainda de haver entre os setores de alta produtividade diferenças significativas. (PORCILE, 2008) O centro, pelo contrário, se caracteriza por uma estrutura diversificada e homogenia. De maneira geral, as economias centrais criam novos setores e introduzem novas tecnologias, tornando a sua estrutura econômica mais completa. Isso faz com que no centro existam vários setores e que o grau de divisão do trabalho seja maior, o que caracteriza a estrutura como diversificada. Além disso, a taxa de produtividade dos setores aumenta e, apesar de os avanços técnicos não ocorrerem de forma idêntica em todos os setores, eles tendem a se expandir de maneira que as diferenças de produtividade entre eles se tornem pequenas, caracterizando a estrutura como homogênia. (PORCILE, 2008) Cabe colocar ainda que as diferenças tecnológicas e de renda entre a periferia e o centro não tendem a desaparecer sozinhas ao longo do tempo. Esse fenômeno é denominado pela literatura de crescimento econômico de divergência internacional (PORCILE, 2008). Dentre os fatores que explicam a divergência internacional, a teoria estruturalista da Cepal destaca os relacionados às características da tecnologia e ao aprendizado tecnológico. A seguir alguns dos pontos abordados por Porcile (2008, p. 7) a esse respeito são colocados: 1. A distância entre o país e a fronteira tecnológica juntamente com sua habilidade de reduzir tal distância rapidamente é o que delimita sua capacidade de aumentar sua participação no mercado interno e externo sem que para isso tenha que reduzir os salários reais dos trabalhadores; 2. Se a distância com relação a fronteira tecnológica é demasiadamente grande, o país que se encontra atrasado tecnologicamente poderá produzir um pequeno número de bens (os de baixo teor tecnológico) e ainda com uma baixa produtividade relativa. 3. Observando a situação descrita nos itens anteriores e considerando que a produtividade tende a crescer mais nos setores de alta tecnologia do que nos de baixa, tem-se que, mesmo com o passar do tempo, há nas economias atrasadas tecnologicamente um menor potencial de aprendizagem e de aumentos de produtividade. 4. Em decorrência do fato de que quanto maior o nível tecnológico maior tende a ser o dinamismo da demanda (elasticidades-renda), os países atrasados tecnologicamente se defrontam ainda com uma demanda pelos seus bens pouco dinâmica, que combinada com o alto dinamismo das suas importações, leva-os rotineiramente a crises de Balanço de Pagamentos. 5. A restrição imposta pelo setor externo pode, em casos de liquidez internacional, ser amenizada com o endividamento externo, porém é bastante provável que no longo prazo ela reapareça, e algumas vezes com uma maior intensidade, dado que a dívida feita em períodos anteriores terá que ser honrada. Tal situação pode levar a ciclos, onde há períodos de crescimento impulsionado pela dívida seguidos de períodos de ajuste externos bastante custosos à economia. 7

Portanto, a ligação entre a Teoria do Crescimento Limitado pelo Balanço de Pagamentos, da qual se derivam as conclusões quanto à convergência de renda e de sua sustentabilidade, e a Teoria Estruturalista se encontra nas elasticidades-renda da demanda de exportações e importações. Em síntese o que se tem é que o crescimento de longo prazo e a sua sustentabilidade depende das elasticidades, as quais, por sua vez, dependem da estrutura de produção dos países, na medida em que essa determina o nível tecnológico dos bens exportados. Na próxima seção, buscando contextualizar o objetivo da análise do trabalho, um panorama da economia brasileira e internacional dos anos 1960 até os 2000 é apresentado. 2. A ECONOMIA BRASILEIRA E A INTERNACIONAL NO PERÍODO DE 1960 A 2008 Ao se observar o panorama da economia brasileira ao longo das últimas cinco décadas fica bastante claro o desempenho irregular que o país obteve no que se refere a crescimento econômico (Gráfico 2). A década de 1960 se inicia com taxas de variação do Produto Interno Bruto (PIB) declinantes, alcançando em 1963 a casa dos 0,6%. Em 1964 o Brasil entra no que se pode considerar um ciclo de crescimento que se estende até 1980. Nesse período a média de crescimento fica em torno dos 7,5%, entretanto de 1981 a 1992 (último ano que a taxa ficou negativa) essa média cai para 1,43%. Nos anos seguintes a volatilidade do crescimento do país permanece alta, contudo a taxa de variação do PIB não volta a se tornar negativa, apesar de em 1998 ter ficado praticamente estagnada (0,04%). Tal caminho percorrido pelo país em termos de crescimento econômico está diretamente relacionado aos condicionantes internos e externos da economia. Conforme Curado e Cruz (2008), de 1955 a 1980 o país passou por um processo de industrialização com presença marcante do Investimento Estrangeiro Direto, isso devido a dois fatos: a ainda vigência no Brasil nesse período da estratégia de crescimento através da Substituição de Importações, o que criou fatores internos favoráveis ao investimento estrangeiro direto; e o fato de a partir de 1950 a empresa em escala internacional se afirmar como a responsável pela dinâmica da economia internacional, principalmente a grande empresa norte-americana, que buscava no período a expansão da sua indústria através da internacionalização. Na década de 1980, contudo, o Brasil entra em um período de baixo dinamismo econômico e de elevadas taxas de inflação, sendo a década considerada, segundo Franco (1998), o marco de um processo [...] amplo de exaustão do modelo de crescimento através da substituição de importações. Nesse período o país sofre com os reflexos dos choques externos ocorridos na década anterior e ainda com as políticas econômicas internas mal sucedidas em conter a inflação. Após os anos 1990, dado o resultado em termos de crescimento pouco satisfatório alcançado na década anterior, o Brasil assumiu uma nova estratégia de crescimento, baseada na abertura da economia e na estabilidade monetária. Conforme coloca Carvalho (2007, p. 25), [...] a década de 1990 representou uma virada na história econômica do Brasil, dada a intensidade de transformações econômicas estruturais ocorridas: houve um intenso processo de abertura e de liberalização financeira, um programa de privatizações bastante extenso e uma forte desregulamentação da economia [...] Tal estratégia, contudo, não conseguiu fazer com que as taxas de crescimento retornassem aos patamares alcançados entre 1960 e 1980, conforme demonstra o gráfico 2, de forma que os anos 1990 e 2000 permaneceram com taxas relativamente baixas. Entretanto, esse resultado, segundo Carvalho (2007), não pode ser atribuído somente às ações promovidas internamente no novo modelo de desenvolvimento, mas também se devem à situação macroeconômica do período, marcada por diversas crises externas. 8

Gráfico 2. Taxa de variação real do PIB brasileiro (R$ de 2008) - 1960 a 2008 Fonte: IBGE e BCBb Elaboração Própria com base nos dados do IBGE e do BCB. No âmbito das contas externas, o gráfico 3 permite identificar que até o ano de 2002 a Conta de Transações Correntes (TC) permaneceu deficitária na maioria dos anos. Essa situação se deveu em grande medida pelo resultado da Balança de Serviços e Rendas, que ao longo de todos os anos manteve resultados negativos (gráfico 4). Cabe ressaltar, entretanto, a dinâmica distinta da conta de TC entre 2003 e 2007, quando seus resultados foram positivos. Apesar de a conta de Serviços e Rendas ter acentuado o seu déficit nesse período, a Balança Comercial sofreu um grande impulso. Tal impulso teve sua origem em pelo menos dois fatores. O primeiro refere-se à desvalorização cambial ocorrida após 1999, ano em que o país adotou a política de câmbio flutuante. O segundo fato refere-se à ocorrência em 2002 do início da elevação dos preços das commodities a valores bastante acima dos verificados nas últimas décadas, conforme colocado por Prates (2007). Essas circunstâncias fizeram com que as exportações nacionais se elevassem significantemente e culminassem em um resultado da Balança Comercial e da conta de TC superavitário. Outra conta que acumulou superávits na maior parte do período (1960 a 2008) foi a de Capital e Financeira (Gráfico 3). Foi através dela que se atingiu o relativo equilíbrio do resultado do Balanço de Pagamentos em grande parte dos anos. Gráfico 3. Brasil: Transações Correntes e Conta Capital e Financeira (Saldo em US$ milhões) 1960 a 2008 Fonte: BCBb Elaboração Própria com base nos dados do BCB. 9

Gráfico 4. Brasil: saldo da Balança Comercial e de Serviços e Rendas (US$ milhões) 1960 a 2008 Fonte: BCBb Elaboração Própria com base nos dados do BCB. É interessante explicitar que grande parte do fluxo de capital utilizado para cobrir a conta de transações correntes em seus períodos deficitários adveio da conta Financeira (Tabela 1), sendo que até 1978 apenas essa conta apresentou ingressos de capitais. Na média as rubricas que mais acrescentaram à conta Financeira foram as de investimento estrangeiro direto e de investimento estrangeiro em carteira, sendo que nas rubricas de investimento nacional na maioria dos períodos os débitos e aplicações (no caso do investimento em carteira) foram superiores aos créditos e retornos, fazendo com que as contribuições dos investimentos nacionais fossem negativas para o resultado final (Tabela 2). Analisando conjuntamente a trajetória do PIB e a do setor externo do Brasil, percebe-se que até 2002 existe entre os dois uma correlação negativa (gráfico 5). Nota-se que em boa medida o resultado em termos de crescimento econômico brasileiro de 1960 até 2008 foi alcançado basicamente através do financiamento externo (tabela 2). No período de 1964 a 1980, quando o Brasil atinge elevadas taxas de crescimento, a conta de Transações Correntes apenas não fica deficitária nos anos de 1964 e 1965. Colocando em outras palavras isso significa que o Brasil não conseguiu ao longo da maior parte do período custear o seu próprio crescimento, tendo que, desse modo, recorrer ao exterior para financiálo. Cabe relembrar, entretanto, que essa tendência se alterou a partir de 2002, muito em decorrência da combinação de taxa de câmbio desvalorizada e do elevado preços das commodities, o que resultou em um crescimento com superávit em transações correntes. Tabela 1. Brasil: Conta Capital e Financeira (milhões US$) Média por período Conta 1960-1979 1980-1993 1994-2001 2002-2008 Conta Capital e Financeira 3.090 5.501 23.869 18.695 Conta Capital 0 14 283 664 Conta Financeira 3.090 5.488 23.586 18.031 Fonte: BCBa Elaboração Própria com base nos dados do BCB.. 10

Tabela 2. Conta Financeira Brasil: contribuição % das rubricas - Média por período Conta Financeira 1960-1979 1980-1993 1994-2001 2002-2008 Investimento Direto 29,34 64,36 78,84 32,65 Investimento brasileiro direto -0,72-56,19-4,78-21,74 Investimento estrangeiro direto 30,06 120,55 83,62 54,39 Investimento em Carteira 2,82 171,41 107,70 25,29 Investimento brasileiro em carteira -0,02-1,02-6,29 4,82 Investimento estrangeiro em carteira 2,84 172,43 113,99 20,47 Derivativos (líq.) 0,02 1,36-0,78-0,09 Outros Investimentos 67,82-137,13-85,77 42,15 Outros investimentos brasileiros -5,58-136,05-37,79-38,84 Outros investimentos estrangeiros (líq.) 73,40-1,08-47,98 80,99 Fonte: BCBa Elaboração Própria com base nos dados do BCB. Gráfico 5. Brasil: taxa de variação real do PIB e Transações Correntes (% PIB) 1960 a 2008 Fonte: BCBb Elaboração Própria com base nos dados do BCB. Assim como o Brasil a economia mundial também apresentou um comportamento bastante oscilante em termos de crescimento econômico ao longo do período em análise. Verifica-se, contudo, que ao contrário do caso brasileiro, a taxa de crescimento do PIB mundial em nenhum momento do período se tornou negativa. Até 1973 o crescimento mundial ficou em torno dos 5% caindo, entretanto, para a casa dos 2% entre os anos de 1974 e 1982, fase em que as economias de todo o mundo passavam por dificuldades devido aos dois choques do petróleo, (GREMAND et al., 2002). Após esse período a taxa volta a aumentar e fecha com um crescimento médio entre 1983 e 2007 de 3% (Banco Mundial, 2007). No âmbito das contas externas, o resultado mundial demonstra que as exportações de bens e serviços apresentam tendência de crescimento de sua participação no resultado do PIB ao longo do período. Em 2004 seu valor chegou a 26% do PIB Mundial, sendo que no início do período girava em torno de 11% (Banco Mundial, 2007). Com esse panorama da economia brasileira e internacional, na próxima seção é apresentada a análise do crescimento do Brasil, buscando identificar se entre a década de 1960 e os anos 2000 o país alcançou taxas de crescimento convergentes com a renda mundial e se essas taxas foram sustentáveis no longo prazo em termos do setor externo. 11

3. CONVERGÊNCIA INTERNACIONAL E A TEORIA DO CRESCIMENTO LIMITADO PELO BP, UMA ANÁLISE PARA O BRASIL Tendo como base a estrutura de análise desenvolvida por Cimoli et al. (2009), que une o conceito de convergência internacional com o da teoria do crescimento limitado pelo BP (descrita no item 1.2), apresenta-se uma análise para o Brasil ao longo do período compreendido entre 1963 e 2004. Para tanto se utiliza dados do PIB do Brasil e do Mundo em dólares constantes de 2000, obtidos junto ao Banco Mundial (2007), e as elasticidades-renda da demanda de exportação e importação disponíveis em Carvalho (2007) 3. Os períodos de análise derivam da disponibilidade dos dados das elasticidades 4. Os cálculos da variação percentual média do PIB do mundo e do Brasil foram efetuados através da média aritmética da variação anual do produto mundial e brasileiro em cada período. Observando os resultados para o Brasil, verifica-se que de 1963 a 1987 o país apresentou convergência de renda em relação à renda mundial, pois as razões entre as variações das rendas (y/z) apresentaram valores superiores a 1 (um), indicando que o país cresceu a uma taxa mais elevada do que a renda mundial nesses períodos. Contudo, nos períodos seguintes o resultado de (y/z) demonstra que a situação se inverteu, passando a renda nacional a divergir em relação à mundial (Tabela 3). No âmbito das contas externas, o que se observa na tabela 4 é que ao longo dos períodos a razão entre as elasticidades (ε / π) apresentou um declínio contínuo, apesar de nem mesmo nos primeiros anos ter propiciado valores superiores à razão das rendas, indicando que o crescimento alcançado em cada período não foi sustentável. Tais constatações podem ser resumidas de modo a caracterizar os períodos de crescimento do país conforme a tabela 5 e o gráfico 6. Tabela 3. Relação entre o PIB do Brasil e o do Mundo por período (US$ 2000) Período Ano* PIB Mundo (z) PIB Brasil (y) Variação % (Média) Variação % (Média) y/z 1963-1977 1970 4,7 7,49 1,59 1973-1987 1980 3,2 5,29 1,65 1983-1997 1990 3,2 2,8 0,88 1991-2004 2000 2,8 2,55 0,92 Fonte: Banco Mundial (2007) Elaboração Própria com base nos dados do Banco Mundial. * Ponto médio do período Tabela 4. Brasil: relação entre as elasticidades-renda da demanda de exportação e importação por período. Período Ano* ε π ε / π 1963-1977 1970 0,97 1,1 0,88 1973-1987 1980 0,4 1,34 0,3 1983-1997 1990 0,45 1,36 0,33 1991-2004 2000 0,41 4,28 0,1 Fonte: CARVALHO (2007, p. 151) Elaboração Própria com base nos dados de CARVALHO (2007, p. 151). * ponto médio do período para o qual a elasticidade foi calculada. CARVALHO (2007, pg. 151) 3 Os cálculos das elasticidades, segundo a autora, foram efetuados utilizando a técnica de mínimos quadrados ordinários, através do qual foram estimadas as funções de exportação e importação em primeiras diferenças. Ainda foi inserida uma variável dummy de declividade (CARVALHO, 2009, p. 151). Maior detalhamento do método utilizado se encontra em Dougherty (2007). 4 Como o objeto do presente estudo se situa nas últimas 5 décadas, as informações anteriores a esse período foram descartadas. 12

Tabela 5. Resultado do Crescimento do Brasil segundo o conceito de Convergência e Divergência de Renda (In)Sustentável por período. Período y/z ε / π Resultado do Crescimento 1963-1977 1,59 0,88 Convergência Insustentável 1973-1987 1,65 0,3 Convergência Insustentável 1983-1997 0,88 0,33 Divergência Insustentável 1991-2004 0,92 0,1 Divergência Insustentável Fonte: Banco Mundial (2007) e CARVALHO (2007, p. 151) Elaboração Própria com base nos dados do Banco Mundial (2007) e de CARVALHO (2007, p. 151). Gráfico 6. Brasil: Convergência e Divergência de Renda (In)Sustentável. Fonte: Banco Mundial e CARVALHO (2007, p. 151) Elaboração Própria com base nos dados do Banco Mundial (2007) e de CARVALHO (2007, p. 151). Como já mencionado, as elasticidades-renda das exportações e importações, segundo a teoria do estruturalismo, derivam da estrutura produtiva dos países, de maneira que os resultados encontrados para o Brasil e resumidos no gráfico 11 podem ser melhor compreendidos ao se verificar a trajetória de especialização da estrutura de produção nacional, o que se buscará fazer a seguir. 4. A PAUTA DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO E A TRAJETÓRIA DE ESPECIALIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE PRODUÇÃO Conforme descrito anteriormente, supondo a vigência da Lei de Thirlwall para o Brasil o resultado alcançado pelo país no âmbito de crescimento econômico depende da estrutura produtiva nacional, inserida na análise anterior através das elasticidades-renda das exportações e importações. Dessa maneira, buscando verificar os motivos do resultado alcançado na análise anterior, se promoverá um exercício de análise da pauta de exportação e importação nacional. Primeiramente uma análise de 1964 a 2008 da configuração das exportações do Brasil por fator agregado será realizada com dados disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC). Posteriormente uma análise das exportações e importações será promovida para o período de 1996 a 2008, anos para os quais os dados são disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC) em níveis desagregados e padronizados. Para a segunda etapa os produtos exportados e importados foram separados segundo a intensidade tecnológica, seguindo para isso a metodologia utilizada por Nakabashi et al (2008), baseada 13

na classificação dos segmentos da economia da OCDE. Desse modo, de acordo com a intensidade tecnológica, as exportações brasileiras foram classificadas em cinco segmentos: (1) recursos naturais; (2) trabalho; (3) escala; (4) diferenciação; e (5) ciência. Como colocado por Nassif (2006, p. 22): [...] nas indústrias com tecnologias intensivas em recursos naturais, o principal fator competitivo é o acesso a recursos naturais abundantes existentes no país; nas intensivas em trabalho, o mais relevante é a disponibilidade de mão-de-obra de baixa e média qualificação com custos relativos reduzidos em relação a outros países; nos setores intensivos em escala, as plantas produtivas são caracterizadas por indivisibilidades tecnológicas e, por isso mesmo, o principal fator de competitividade é a possibilidade de explorar ganhos por produzir em grande escala; nos setores com tecnologia diferenciada, os bens são fabricados para atender a diferentes padrões de demanda; e nas indústrias sciencebased, o principal fator competitivo é a rápida aplicação da pesquisa científica às tecnologias industriais. Observando a evolução das exportações do Brasil por fator agregado, como demonstrado no gráfico 7, se verifica que, em termos de estrutura de produção, a economia nacional sofreu alterações entre a década de 1960 e os anos 2000. Como verificado no gráfico, nesse período a economia deixou de ter sua base situada nos bens básicos para passar a se situar nos produtos manufaturados. Contudo, apesar de a economia ter se voltado durante o período para setores relativamente mais dinâmicos (conforme o conceito da teoria estruturalista de que quanto maior o nível tecnológico maior tende a ser o dinamismo da demanda pelo produto - elasticidade-renda demanda), o Brasil não conseguiu alcançar ao longo das décadas taxas de crescimento sustentáveis. O motivo de tal situação está no cenário em que se deu o crescimento do país durante esses anos. Gráfico 7. Exportações brasileiras por fator agregado: Participação % sobre o Total Geral - 1964 a 2008 Fonte e elaboração: MDIC/SECEX. 14

Gráfico 8. Brasil: variação da participação das manufaturas no PIB e evolução do PIB per capita Fonte: MDIC/SECEX e IPEA Elaboração Própria com base nos dados do MDIC/SECEX e do IPEA. Até a década de 1980, conforme Franco (1998), o crescimento do país foi guiado pelo Processo de Substituição de Importações (PSI), o qual, por um lado, gerou a situação verificada no gráfico 7, de um crescimento da participação da indústria na produção nacional, porém, por outro, levou à necessidade de captar recursos externos para promovê-lo, pois para que o plano fosse efetivado os insumos necessários para produzir internamente o que se deixava de importar precisavam ser adquiridos ou então trazidos pelas próprias empresas estrangeiras (multinacionais). Esse processo levou o país a taxas de crescimento elevadas, o fazendo convergir em termos de renda com a economia mundial. Como pode se observar no gráfico 8, de 1960 a 1980, principalmente, a taxa de crescimento do PIB per capita brasileiro apresentou uma relação direta com o percentual de participação dos produtos manufaturados nas exportações, o que indica que de fato foi o setor industrial o principal responsável pelo crescimento do país nesse período. Entretanto, essas taxas de crescimento foram atingidas através da deterioração das contas externas nacionais, ou seja, se deu através de um processo insustentável no longo prazo, pois como dependia do financiamento estrangeiro, a partir do momento que o cenário internacional apresentasse baixa liquidez, tal ímpeto de crescimento seria contido. Foi o que aconteceu nos anos 1980, quando em decorrência de crises externas (os choques do petróleo na década anterior) o capital estrangeiro se afugentou, fazendo com que o Brasil atingisse nos primeiros anos de 1980 taxas negativas de crescimento com déficit em transações correntes. Após esses primeiros anos, o que se verificou de modo geral na década foi certo equilíbrio das contas externas e taxas de crescimento bastante inferiores as alcançadas nas décadas anteriores, confirmando a dependência das taxas de crescimento do país com relação ao capital externo. Nos anos 1990, apesar da relativa estabilidade da estrutura de produção, devido a políticas econômicas voltadas ao controle da inflação e à nova estratégia de crescimento baseada na liberalização da economia (CARVALHO, 2007), o Brasil voltou a apresentar déficits em suas contas externas para manter seu crescimento, que, contudo, ficou bastante distante do alcançado até a década de 1970. Dessa forma a década de 1990, apesar da nova estratégia, não libertou o Brasil da dependência externa, fazendo com que seu crescimento continuasse intimamente ligado ao capital estrangeiro. Nos anos 2000 a situação de crescimento do país se alterou, passando a apresentar crescimento com superávits em transações correntes. Tal fato advém, entretanto, de um cenário até então não testemunhado pela economia brasileira, marcado principalmente por dois fatores: desvalorização cambial e aumento dos preços das commodities. 15

Tal cenário se delineou a partir de 1999 quando ocorreu uma maxidesvalorização 5 da taxa de câmbio. Esse processo repercutiu nas contas externas do Brasil, visto que colaborou para a elevação do volume de exportações o que, por sua vez, culminou em 2003 em superávit em transações correntes. Quando esse processo se reverteu (após 2002) e a moeda se valorizou de forma significativa, outra variável entrou em cena, os preços das commodities no mercado internacional, que se elevaram de maneira relevante (ao se comparar com os últimos anos) e geraram outro impulso para o resultado das contas externas nacionais, que obtiveram resultados positivos até 2007, com destaque para os setores intensivos em recursos naturais e escala (gráfico 9). Dessa forma, apesar de a economia ter crescido com superávits nas contas externas a partir de 2000, isso só foi possível devido a variáveis favoráveis relacionadas ao cenário internacional. Sendo assim, de certa maneira, mesmo nesses anos o resultado nacional em termos de crescimento continuou dependente de condicionantes externos à economia. Ou seja, o tipo de dependência externa se alterou, mas não deixou de existir. Além disso, como verificado no gráfico 7 e mais detalhadamente no gráfico 10, após o ano 2000 os produtos de menor teor tecnológico voltaram a ganhar participação nas exportações nacionais enquanto os mais dinâmicos de maneira geral perderam. No gráfico 10 se constata que os bens intensivos em recursos naturais passaram a representar 48% do total exportado em 2007, frente a uma participação de 43% em 1996 e 37% em 2000. Soma-se a isso ainda o incremento ocorrido após 2003 nas importações, como se observa no gráfico 11. Além de o volume de importações ter aumento no final do período, o que se verifica no gráfico 12 é que entre 1996 e 2008 os produtos com maior teor tecnológico (os intensivos em escala e diferenciados) representaram a maior parte do volume importado. Gráfico 9. Evolução das exportações brasileiras (US$), por intensidade tecnológica: 1996-2008 Fonte: MDIC Alice Web Elaboração Própria com base nos dados do Alice Web. 5 Em 1999 a política cambial brasileira foi alterada para o regime de câmbio flutuante, o que, dado a situação do mercado nacional e internacional, fez com que a moeda nacional se desvalorizasse (GREMAND et al., 2002). 16

Gráfico 10. Variação % das exportações brasileiras, por intensidade tecnológica: 1996-2008 Fonte: MDIC Alice Web Elaboração Própria com base nos dados do Alice Web. Gráfico 11. Variação das importações brasileiras (US$), por intensidade tecnológica: 1996-2008 Fonte: MDIC Alice Web Elaboração Própria com base nos dados do Alice Web. Gráfico 12. Variação % das importações brasileiras, por intensidade tecnológica: 1996-2008 Fonte: MDIC Alice Web Elaboração Própria com base nos dados do Alice Web. 17

Sendo assim, além da dependência externa descrita anteriormente, nos anos 2000 as exportações indicam que a estrutura interna de produção tenha se voltado mais para bens de menor dinamismo, ao mesmo tempo em que as importações de produtos de maior teor tecnológico representaram a maior parte do volume de importações do Brasil. Tais fatos colaboram para um resultado de crescimento insustentável no longo prazo, dada a baixa elasticidade-renda da demanda de produtos básicos frente à de produtos de maior intensidade tecnológica, conforme coloca a teoria estruturalista. 5. CONCLUSÕES Os resultados encontrados para o crescimento do Brasil ao longo das últimas cinco décadas demonstram que o país alcançou até os anos 1980 taxas de crescimento convergentes com o resto do mundo, indicando que nesse período a renda brasileira se aproximou da média mundial. Contudo, nos anos seguintes a situação se inverteu fazendo com que o país divergisse em termos de renda com o resto do mundo. No âmbito do conceito de sustentabilidade relativa ao setor externo, ao longo de todo o período o crescimento se mostrou insustentável. Quando o país atingiu taxas de crescimento consideráveis fez isso através da deterioração da conta de transações correntes, de maneira que o resultado do país permaneceu ao longo das décadas condicionado ao financiamento externo. Sendo assim, nos momentos em que os fluxos de capitais para o Brasil diminuíram, como, por exemplo, nos períodos de crises financeiras internacionais, as taxas de crescimento do Brasil também diminuíram consideravelmente. Tais resultados têm sua origem nos cenários em que se deu a trajetória de crescimento do Brasil, pois, apesar de a estrutura de produção ter se alterado para bens mais dinâmicos ao longo das décadas (principalmente até 2000), o que permitiu um aumento das exportações, nesse mesmo período o volume importado aumentou mais que proporcionalmente, sendo que nas décadas de 1960 e 1970 isso ocorreu justamente para promover a modificação da estrutura produtiva nacional. A única fase em que a dinâmica de crescimento do país foi diferente, apresentando crescimento com superávit em transações correntes, foi após os anos 2000, contudo, dado as condições econômicas em que isso ocorreu, as restrições externas ao crescimento do país parecem não ter se extinguido em função de uma mudança na estrutura produtiva capaz de propiciar níveis elevados de crescimento que caracterizem um processo de convergência sustentável de renda. BIBLIOGRAFIA ARAUJO, R. A.; LIMA, T. L. A Structural Economic Dynamics Approach to Balance-of-Payments- Constrained Growth, Cambridge Journal of Economics, 2007 BANCO MUNDIAL. Wolrd Development Indicators. Disponível em CD. Washington, Banco Mundial, 2007. BCBa (BANCO CENTRAL DO BRASIL). Balanço de Pagamentos. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?seriebalpag>. Acesso em: 27/03/2009. BCBb (BANCO CENTRAL DO BRASIL). Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarseries.do?method=preparartelalocalizarseries >. Acesso em: 27/03/2009. BERTOLA, L.; HIGACHI, H.; PORCILE, G. Balance-of-payments-constrained growth in Brazil: a test of Thirlwall s law. Journal of Post Keynesian Economics, v. 25, n. 123, 2002. CARVALHO, V. R. S. A restrição externa e a perda de dinamismo na economia brasileira: investigando as relações entre estrutura produtiva e crescimento econômico. Rio de Janeiro: BNDES, 2007. CIMOLI, M.; PORCILE, G; ROVIRA, S. Structural Change and the BOP-Constraint: Why did Latin America fail to converge? Cambridge Journal of Economics, 2009 18

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