ADOÇÃO: uma possibilidade de prevenção secundária ao adoecimento de crianças institucionalizadas.

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Transcrição:

ADOÇÃO: uma possibilidade de prevenção secundária ao adoecimento de crianças institucionalizadas. Carolina M. M. de Albuquerque Edilene F. Queiroz A iniciativa de adotar pode ser explicada como uma tentativa de compor uma relação de parentalidade entre adultos e crianças/adolescentes que não possuem uma vinculação consanguínea. Primordialmente é um ato provocado por pessoas ou casais que não puderam ter filhos biologicamente ou optaram por não tê-los por esse caminho e buscam através da adoção essa composição familiar (LEVINZON, 2006). Durante muito tempo, de fato, o "adotar" foi visto como uma maneira de conseguir filhos para as famílias que não obtiveram êxito em alcançá-los pelas vias biológicas. A própria legislação brasileira deixava claro que os interesses avaliados estavam sendo os dos requerentes à adoção, quando a limitavam para casais sem filhos, ou retiravam os direitos de herança para os filhos adotados, caso essa família viesse a gerar biologicamente. Foi em meados do século XX que a mentalidade acerca da adoção começou a se voltar para as necessidades das crianças e adolescentes, sendo essa preocupação materializada na assinatura da Carta dos Direitos Universais da Criança e do Adolescente pelos países que então compunham a Organização das Nações Unidas. A partir daquele momento, amparar as crianças e adolescentes em situação de risco ou em privação de algum direito passou a ser foco de ações governamentais, legislações e ainda dever de toda a sociedade (QUEIROZ, 2012). No Brasil, foi apenas após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, em 1990, que se percebeu um novo direcionamento para os propósitos da adoção. Com o exercício da doutrina de "proteção integral da criança e adolescente" e do "melhor interesse da criança", adotar deixou de ser visto como uma maneira de legitimar as necessidades do adulto e passou a ser interpretado como um modo de garantir às crianças e aos adolescentes, retirados do seu contexto familiar original, o direito de convivência familiar e comunitária (COSTA, ROSSETTI-FERREIRA, 2007).

Impulsionada por essa mudança de perspectiva, ficam evidentes, nos dias de hoje, diversas modificações nos planos de acolhimento e atendimento às necessidades desse público, seja no que se refere às instituições que recebem de maneira provisória e excepcional as crianças e adolescentes, mas prioritariamente no que concerne às políticas voltadas para suas colocações em família adotiva. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Lei 8.069, capítulo II, artigos 90 e 92, hoje, no Brasil, a instituição de acolhimento, visando os sujeitos institucionalizados, seria responsável pelo planejamento e execução de programas de amparo sócio-educativo, pela preservação dos vínculos familiares ou pela integração a uma família substituta, quando for impossível a manutenção da família original, promovendo a participação na vida comunitária em que os indivíduos se encontram, preparando-os gradualmente para o desligamento. De fato, conforme afirma Caro (1998), as casas de acolhida se destinam a atender a um público que, por uma desestruturação dos laços familiares, por não ter onde morar, por estar impedido de viver com os pais, ou por não possuir um tutor ou guardião que assuma a responsabilidade de sua guarda, necessita de amparo até a estabilização da situação familiar; pretendendo essas casas serem um espaço de acolhimento saudável, de proteção e guarda temporária desses indivíduos. Portanto, torna-se papel das casas de acolhimento o encaminhamento das crianças e adolescentes às atividades educacionais e sócio-culturais disponíveis na comunidade. A convivência desses indivíduos deve, na medida do possível, assemelhar-se à vida familiar, proporcionando condições mais estáveis e se transformando, assim, em um rito de passagem para um novo projeto de vida (CARO, 1998). Contudo, como ressalva Arpini (2003), na realidade, tais medidas e condições institucionais favorecem o surgimento de identidades negativas e, por isso, devem ser evitadas. A priorização do processo de socialização e de convivência familiar vista dentro dessa prática seria a medida mais eficiente contra o adoecimento infanto-juvenil. Ocorre que essas casas de acolhida acabam se transformando em residência permanente ou prolongada para muitas crianças e adolescentes se transformando no que Goffman (1974) chama de Instituições Totais, ou seja, ambientes com um grande

contingente de indivíduos, em situações similares, segregados da sociedade mais ampla, por um tempo considerável, o que os leva a uma vida reclusa e formalmente administrada. As instituições remodeladas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente propõem mais abertura, com um grupo alvo melhor definido, em um espaço que pretende respeitar e preservar a individualidade e um caráter temporário, mas não asseguram que alguns dos abusos e violências ocorram, nem muito menos conseguem suprir o papel de figuras parentais constantes na vida das crianças e adolescentes. Ainda com a proposta do Estatuto da Criança e do Adolescente com seus eixos direcionadores das ações voltadas para o problema do acolhimento, em relação às instituições, não se alcançou o desejado. Muitas vezes, ao invés do fortalecimento da família de origem ou a preparação desse público para a sua colocação em uma família adotiva, as casas de acolhida defendem um ideal de família e um modelo de perfeição impossíveis de serem alcançados pelas famílias reais, biológicas ou adotivas (SILVA, BESSET, 2012). Funcionários colocados em uma instituição, sem que haja uma adequação de suas habilidades e aptidões, acabam reproduzindo a mesma lógica que se pretende combater, criando as mesmas dificuldades, sofrimentos e abandonos vividos por essas crianças, reeditando a mesma relação que a sociedade estabelece com esses sujeitos, ao abandoná-los e isolá-los (BLEGER, 1984) Mesmo aqueles educadores que tentam atender as necessidades desse público e com quem as crianças desenvolvem relações de vinculação ainda há um abismo entre o que as crianças precisam e o que as casas de acolhida podem oferecer, como pontua Silva e Besset (2012). As instituições, por melhores que sejam, não podem assegurar as mesmas funções de constituição do sujeito, como as desempenhadas pelos pais ou as figuras que nesse papel atuam. Nesse sentido, para aquelas crianças cujas possibilidades de retorno para o seio da família biológica se esgotaram, o que seria a prevenção primária de seu adoecimento, a adoção se apresenta como uma possibilidade de cuidado e manejo dos danos já causados por esse abandono. Ainda que a falta de desejo dos pais biológicos em permanecer com seus filhos possa deixar marcas permanentes, como propõe Silva e Besset (2012), adotar se apresenta como uma possibilidade de prevenção secundária ao adoecimento das crianças e

adolescentes abandonados, sendo missão da adoção constituir esses sujeitos como atores do novo enredo familiar, aliviando suas dores e servindo de curativo para as feridas narcísicas causadas pela relação com os genitores, como coloca Flavigny(2012). Adotada, a criança ou o adolescente tem a possibilidade de desenvolver sua história pessoal, dando um novo sentido ao seu tempo de espera nas instituições de acolhimento pela fala de seus novos pais, que agora falam sobre a espera deles pela chegada desse filho. Adotadas, essas crianças e adolescentes podem não apagar as marcas permanentes inscritas pelo abandono, mas conseguem ressignificá-lo. Através da adoção, elas ganham o direito de acalantar essas dores, tornando essa parte de sua história uma cicatriz antiga e não uma ferida viva. Referências Bibliográficas: ARPINI, D.M. Repensando a Perspectiva Institucional e a Intervenção em Abrigos para Crianças e Adolescentes. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v.21, n. 3, p. 70-75, 2003. BLEGER, J. (1984). Psico-higiene e Psicologia institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. BRASIL.Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. CARO, S.M.P. Adolescentes Desprotegidos e Necessidades Psicológicas. São Paulo: Salesiana Dom Bosco, 1998.C1, p.21-25.

FLAVIGNY, C. O Anonimato: O Direito de Esquecer. A Clínica da Adoção. Recife:Editora Universitária, 2012 GOFFMAN, E. (1961). Manicômios, prisões e conventos. 7ªEd. São Paulo: Perspectiva, 2001. LEVIZON, G.K. A adoção na clínica psicanalítica: o trabalho com os pais adotivos Mudanças - Psicologia da Saúde,. 14 (1), jan-jun 2006, 24-31p. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistasims/index.php/mud/article/download/630/629>. Acesso em: 03 dez. 2013. NEVES, A.S. O Psicólogo e o Paciente-Instituição: Considerações teóricas acerca da intervenção. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v.12, n.2, p. 44-49, 1999. QUEIROZ, E. O Romance Familiar na adoção. A Clínica da Adoção. Recife:Editora Universitária, 2012 SILVA, G.V.D e BESSET, V L. Filiação e Herança Subjetiva: Sobre o Desejo e a Transmissão. A Clínica da Adoção. Recife:Editora Universitária, 2012